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O voto deles conta — e muito. Quase metade dos 85 mil brasileiros que vivem em Portugal — cerca de 40 mil — são eleitores registados. Compõem o maior colégio eleitoral de brasileiros na Europa e o terceiro do mundo, apenas atrás das comunidades brasileiras nos EUA e no Japão. São também o maior grupo de emigrantes em Portugal e estão a crescer: a cada dia que passa, mais e mais brasileiros querem atravessar o Atlântico e vir para cá. A isso não é indiferente o atual momento vivido no Brasil e a eleição do próximo domingo dificilmente poderá inverter essa tendência.
Eduardo. A esperança em Bolsonaro para “corrigir o curso de água” do Brasil
Eduardo Silva já o fez há muito. Foi há 15 anos que veio para Portugal, mas só agora, ao fim de tanto tempo, decidiu voltar a ir às urnas. Pela primeira vez em mais de uma década, foi ao Consulado tratar dos papéis para poder votar, a partir de Lisboa. “Eu estava alienado, não estava para aí virado. Aquilo não muda mesmo”, pensava este carioca sobre o seu país. “Mas, há uns 4 meses, decidi votar.” O responsável pela mudança é só um: “o Mito, pois claro”, diz Eduardo ao Observador, referindo-se a Jair Bolsonaro, candidato do Partido Social Liberal (PSL), e abrindo o rosto num largo sorriso.
Este publicitário é um dos milhares de brasileiros em Portugal que deram a maioria dos seus votos a Jair Bolsonaro na primeira volta — e que, a manter-se a tendência, pretendem repetir a decisão. “Voto no Bolsonaro porque ele é a correção de um curso de água”, resume Eduardo. Nunca gostou do Partido dos Trabalhadores (PT), que classifica como extremista e defensor de um Estado demasiado interventivo. Esse desagrado, contudo, acentuou-se nos últimos tempos, por culpa da corrupção e do clima de “falta de liberdade” que diz que se vive no Brasil, governado pelo PT há 15 anos. “Se você não partilha aquelas ideias, é logo rotulado de ‘extremista’”, desabafa. “A esquerda aparelhou-se para poder manter o PT no poder. Isso sim é fascismo”, atira.
Para provar o seu ponto, Eduardo garante que o problema que tem não é com a esquerda: “Aqui em Portugal há um socialismo responsável, respeita-se a família, o polícia, etc.”, explica o publicitário de 47 anos. “Aqui em Portugal, sou um pai feliz. Mesmo com um governo de esquerda como este da geringonça. E, mesmo antes disso, o Passos aumentou o meu IRS, eu fiquei apertado, mas estava feliz à mesma.”
O motivo é sobretudo um que se torna pessoal para Eduardo: a segurança. Sim, Bolsonaro não foi apanhado em nenhuma suspeita de corrupção, o que anima este eleitor — “ele esteve 30 anos no serpentário sem se corromper”, resume. Mas o principal tema, a que volta repetidamente e que sustenta grande parte do seu voto, é a questão da violência no país. “Não há liberdade no Brasil, sabe porquê? O seu telemóvel vale mais do que a vida. Quem tem um carro desses tem de ter vidros fumados”, diz, enquanto aponta para um Audi que passa na estrada, mesmo em frente ao Consulado. “Vive-se engaiolado. Isso é liberdade?”, questiona. “Quando eu saí do Brasil, matavam-se 14 mil pessoas por ano, não havia uma guerra que matasse tanta gente, nem a do Iraque. Agora são 60 mil! Num país dito democrático…”
[Veja no vídeo como entrámos no mundo das notícias falsas do Whatsapp brasileiro]
É por esse motivo que Eduardo vê como única solução o voto em Bolsonaro, por defender medidas como a revogação do Estatuto de Desarmamento, facilitando aos cidadãos o porte de arma. “Quando eu era miúdo, brincávamos na rua e havia sempre um ou outro bully. Mas se houvesse um que toda a gente sabia que o pai tinha arma em casa, o bully não se ia meter com ele, respeitava”, diz.
A seriedade é, para este carioca, algo que se está a perder no Brasil, a par de ideias como a ética e o respeito pela família. E, perante o colapso de uma sociedade, que diz estar a acontecer, a solução é só uma: Bolsonaro. Mesmo que surja como candidato radical, defensor de figuras da ditadura militar e voz de declarações agressivas contra as minorias. Para Eduardo, que, à semelhança de 53% dos brasileiros, não é um homem branco, os media têm tentado destruir a imagem de Bolsonaro: “Isso é fake news”, assegura, abanando a cabeça. “Ele elegeu o negro mais votado, elegeu a mulher mais votada… Ninguém fala disso”, explica, referindo-se à eleição de Hélio “Negão”, deputado federal mais votado no Rio de Janeiro, e Janaína Paschoal, deputada estadual mais votada da História do Brasil.
Para Eduardo, as ações falam mais alto do que as palavras e tem fé que as de Bolsonaro, se for eleito, podem vir a corrigir “os rumos que se perderam” — nomeadamente na segurança e na corrupção. Tudo o resto, segundo defende o ex-capitão do exército, é “coitadismo” das minorias.
Mayara. Na entrevista de emprego que é esta eleição, Haddad é o “candidato mais bem preparado”
Mayara Musot, por seu turno, acha que as palavras têm muita força — e aponta para o exemplo do professor de capoeira que foi morto por um apoiante de Bolsonaro, depois de uma discussão política, em Salvador. “A minha família está em grupos do WhatsApp onde já se avisa ‘não saiam no dia da eleição a não ser para ir votar, não vistam vermelho…’. Isto já é anti-democrático, já dá medo”, conta ao Observador, com os olhos claros muito abertos, em sinal de alerta.
Esta arquiteta de profissão está em Portugal com o marido há quase dois anos. Trabalha num escritório de arquitetos, conciliando o trabalho com um mestrado em Urbanismo. E vai acompanhado a eleição à distância, em telefonemas preocupados com a mãe e contactos esporádicos com o resto da família, no Nordeste. Como é hábito na região, votam quase todos no PT, há muito tempo: “Os governos do PT deram condições de vida às pessoas: o ‘Minha Casa, Minha Vida’, o Bolsa Família… Até na educação, o acesso às universidades de pessoas que antes nem tinham o que comer, tudo isso deu um impulso ao país”, afirma.
Na primeira volta, contudo, Mayara votou em Ciro Gomes, candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Admite que gostaria de ter visto o PT a apoiar Ciro, que crê que teria mais condições para derrotar Bolsonaro, devido ao “ódio que existe contra o PT”. “É muito orgulho do partido. Acho que, com Ciro, tudo teria sido muito diferente”, concede. Acredita, no entanto, que Fernando Haddad é um candidato bem preparado e que foi um bom ministro da Educação. Por isso, no domingo, votará convictamente no candidato do PT. “Se botarmos os dois currículos políticos dos candidatos lado a lado, não tem comparação. Imagine que está a fazer uma entrevista de emprego: qual deles é o melhor dos candidatos?”, questiona. A sombra da corrupção mancha o PT, admite esta nordestina de Recife, de sotaque marcado. “Não coloco o PT como um santo”, justifica. “Mas esse é um problema das pessoas [que cometeram os crimes], não dos partidos.”
A Mayara custa até dizer o nome de Bolsonaro — optando a maior parte das vezes pelas formulações “ele” ou “o candidato”. “Acho que as pessoas não acreditam muito no discurso dele, acham que é bluff. Mas isto não é só o que ele vai fazer, é o que as pessoas já fazem em nome dele”, explica. “Esta eleição, para mim, deixou claro como as pessoas tinham esse ódio e essa raiva contra governos que possibilitaram a igualdade”, afirma. Na cabeça tem os casos de familiares afastados que vão votar em Bolsonaro, como os maridos de algumas amigas, cujos casamentos estão a ser abalados pelas diferenças de posição política entre os cônjuges.
“Agora as pessoas sentem-se à vontade para dizer os seus preconceitos, porque Bolsonaro propicia isso. Como as pessoas que dizem ‘ai, a minha funcionária tem uma TV igual à minha, que horror’”, ilustra. “Sinto-me como se estivéssemos no Ensaio sobre a Cegueira. Ou na música do Roberto Carlos, ‘Todos estão surdos’. Ninguém escuta o que diz o candidato, que no dia do impeachment invocou o seu maior ídolo, um torturador [o Coronel Ustra]. Eu sei que há a Constituição e que ela impõe limites, mas ele já tem a maioria no Congresso.”
Mayara está certa do seu voto, como Eduardo. Ambos sentem que estão do lado certo para o seu país. “Vou fazer a minha parte no domingo. E vou de vermelho, como sei que todos os meus primos no Brasil gostariam de ir e não vão, por medo. Vamos exercer o nosso direito, é isso a democracia”, afirma a arquiteta. “Já estou um pouco desesperançada. Mas no domingo estou lá, cumprindo a minha obrigação.”
Renato. Quando o voto útil se torna voto por convicção
Eduardo e Mayara são os rostos vivos de um Brasil dividido, com as opiniões a encostarem-se cada vez mais aos extremos. Mesmo a quilómetros do país onde nasceram, sentem tudo como se tivessem deixado o Brasil ontem. No meio de um país rasgado ao meio entre esquerda e direita, estão todos aqueles que não morrem de amores nem por Haddad, nem por Bolsonaro — mas que tomam uma decisão. É o caso de Renato Velasco. Aos 53 anos, este fotojornalista de profissão e artista plástico de coração está no meio dos seus irmãos, não apenas pela idade, mas pelas posições: o mais velho vai votar, seguro, em Haddad; o mais novo é fã incondicional de Bolsonaro.
“O problema é as pessoas acharem que tem de ser tudo olho por olho”, desabafa Renato ao Observador, com as mãos a tremerem ligeiramente. “Os meus irmãos não se falam, brigaram a sério. Num churrasco de família até se empurraram, a minha mãe teve de os apartar.” À distância, a partir de Portugal, onde está há quase ano e meio, Renato abana a cabeça em descrença com o estado em que está o seu país: “O Brasil tem uma coisa muito passional, muito irracional. Quando há algo de errado — como a corrupção ou a violência — tomam-se medidas extremas”, afirma.
Para ilustrar o exemplo, Renato recorda um episódio que viveu há uns anos na Avenida Rio Branco, no Rio, pouco tempo depois de ter começado uma forte campanha anti-tabágica no país. O fotógrafo estava parado numa passadeira, quando um jovem ao seu lado acendeu um cigarro. “Apaga essa merda!”, gritou uma pessoa que estava do outro lado de Renato. Depois juntou-se um terceiro transeunte, aos gritos, de ânimos exaltados. “Eu disse ao rapaz ‘apaga o cigarro e vai embora, senão você é linchado aqui’”, recorda.
A situação no país, diz Renato, é a mesma agora. “A palavra tem força. Quando as pessoas dizem ‘[Bolsonaro] está só a falar, não vai fazer isso’, ele já está a fazê-lo. Porque a fala também tem impacto”, acredita. “E, depois de se incendiar, apaga-se o fogo como? O incêndio parte de uma fagulha, de uma ponta de cigarro acesa. E Bolsonaro está a atirar um cocktail molotov mesmo. Depois vai dizer ‘ah não, não era isso que eu queria dizer’?”.
Por todas estas razões, este eleitor desiludido vai resignar-se e votar no PT, coisa que não fazia desde 2002, quando Lula da Silva foi eleito a primeira vez. Desiludido com o que crê ser falta de ambição revolucionária dos governos de Lula e Dilma, passou a votar nulo. A corrupção incomoda-o, mas acha que não é problema exclusivo do PT: “Falam ‘o Lula, o Lula’ e eu digo ‘que fique preso, mas que se prenda os outros também’. Sou contra todos. Mas não concordo com essa mudança radical que Bolsonaro traz e, pelas características que conheço do Brasil, estou muito preocupado.”
O extremar de posições, o “olho por olho, dente por dente” que viu por todo o país, quando o percorreu de lés a lés como repórter fotográfico para publicações como o jornal Globo ou a revista IstoÉ, deixam Renato preocupado. “Eu vivi intensamente esse Brasil”, recorda. “Como repórter, você vai para o lugar de onde os outros estão a fugir. Eu cobri lugares em seca, lugares com pobreza extrema… Estive no lugar e sente-se o cheiro, o tato, tudo.” Agora, à distância, já não pode cheirar ou tocar, mas pode ouvir — e, por isso, telefona para vários conhecidos para auscultá-los. Por vezes, surpreende-se, como com a monja budista para quem ligou e que lhe disse que iria votar no “Coiso” porque “não quer mais o PT mesmo”.
“Está tudo muito irracional”, suspira o fotógrafo. “Quando me dizem ‘vou votar em Bolsonaro para tirar o PT’, eu respondo que a eleição não é Fla-Flu”, diz, referindo-se às equipas de futebol Flamengo e Fluminense. Este domingo, Renato não tem dúvidas do que irá fazer: acordar, dirigir-se à Faculdade de Direito e carregar no botão do candidato do PT, como não faz há anos. “Quero até votar no Haddad para poder fazer-lhe oposição. Quero poder questioná-lo.”
Vinicius. Abstenção é o único remédio numa eleição polarizada
Enquanto Renato se rendeu ao voto útil, Vinicius Lisboa decidiu-se pela abstenção militante, não tratando propositadamente dos papéis necessários para poder votar nesta eleição em Portugal. “O voto não é um rito, é uma escolha”, justifica, sentado à mesa da hamburgueria que montou em tempo recorde, há cerca de um ano. “Tem de se votar em alguém em quem se acredita. Eu também não vou dar o meu coração para uma mulher que não amo.”
Este natural de Porto Alegre, de 47 anos, decidiu sair do país com a mulher e os dois filhos menores (de 15 e três anos) há pouco mais de um ano. “Viemos cá de férias. Estávamos em Cascais e eu olhei para a minha mulher e disse: ‘Imagina criar os nossos filhos aqui’. A situação amadureceu e voltámos.” Com calma, este antigo executivo de marketing tornado chef de cozinha aos 35 anos, preparou a vinda: juntou dinheiro, informou-se, comprou uma casa e um negócio. É um dos muitos brasileiros de classe média-alta que têm procurado refúgio em Portugal nos últimos anos.
Para trás ficou a mesma violência que aflige Eduardo, o eleitor de Bolsonaro. “A minha filha de 15 anos aqui anda de comboio, de autocarro… Lá seria impossível”, reflete Vinicius. Uma semana antes de partirem para Lisboa, registou-se mais um episódio de insegurança, quando assaltaram os dois carros da família e roubaram ainda os pneus. “Mas sabe porquê?”, interroga o chef de cozinha. “Porque há quem compre o pneu. O mesmo cidadão que quer segurança e o fim da corrupção, compra o pneu roubado. O problema não está só nos políticos, está nos brasileiros.”
Em jovem, Vinicius assumia-se como um esquerdista. Fez parte de movimentos políticos juvenis e participou nas manifestações dos “caras-pintadas”, os estudantes universitários que exigiram o impeachment de Collor de Melo. Chegou a votar no PT em 1998, quando Lula perdeu para Fernando Henrique Cardoso. Mas a custo, porque se considerava à esquerda. Com a idade, contudo, Vinicius mudou de ideias. Hoje diz-se próximo da social-democracia e dos partidos do centro ou do centro-direita — como o PSDB ou o PMDB.
É por isso que, confrontado com a escolha entre Haddad e Bolsonaro, não consegue decidir. “O Lula teve a grande chance da vida dele, durante o seu primeiro Governo não houve nenhuma crise financeira. E ele deu hipóteses às pessoas para se endividarem, e [como consequência] muita gente perdeu a casa e ficou até a morar na rua. E, no entretanto, ele ia roubando. Os verdadeiros saíram do PT e o PT atual foi-se degradando”, analisa.
Do outro lado, contudo, está uma pessoa que também não consegue apoiar. “Estamos a colocar na presidência um deputado que era de um partido nanico [ou seja, pequeno], era ninguém. É como pegarmos em alguém que vai na rua e o colocarmos como CEO da Volkswagen. O que é que acham que vai acontecer?”.
As vertentes mais polémicas da candidatura de Bolsonaro, contudo, nem são o que mais o incomoda — porque, diz, não o surpreendem. “Falam do Bolsonaro ser machista ou racista… Mas a sociedade do Brasil é assim”, resume Vinicius, com um sorriso resignado. “Basta olhar para os media: nas novelas só há um casalzinho de negros, para dizer que os colocaram lá. Isto num país onde a maioria da população é negra ou parda…” O problema está nas fraquezas do próprio povo, acredita: “E não me tiro fora disso: nós, brasileiros, temos de fazer auto-terapia. Chegámos ao fundo do poço.”
Nem o tema de violência e da insegurança, que motiva vários brasileiros a dar o seu voto ao candidato da direita e que o fez pegar nas malas e vir para Portugal, o faz mudar de ideias. Vinicius acha que essa é uma bandeira da qual Bolsonaro se aproveitou, percebendo que era popular, e nada mais. Mas entende qual é o racional por trás da escolha: “Oiço os brasileiros dizerem: ‘O PT a gente já conhece, o Bolsonaro a gente aposta. Se não der, trocamos.’ É um tiro no escuro. Mas é como quando há duas pontes, uma já sabes que vai cair, a outra pode dar para chegar ao outro lado ou pode não dar… Tu vais nessa.”
Na ressaca da eleição, a reconciliação parece quase impossível
Vinicius recusa, contudo, fazer o mesmo que os restantes eleitores de Bolsonaro. Diz que rejeita a ideia de “santos milagreiros” e não vota num homem providencial. Prefere antes apontar as doenças que crê estarem a corromper a sociedade brasileira: o sistema político que traz o pior tanto do presidencialismo como do parlamentarismo, a justiça politizada, a alienação do carnaval e do futebol. Agora preocupa-o o futuro do Brasil, que é uma incógnita, e a polarização da sociedade. Seja com Haddad, seja com Bolsonaro, prevê divisões.
Renato, por seu lado, teme que as fagulhas deem lugar a um incêndio incontrolável. E até os votantes convictos, como Mayara e Eduardo, sabem que os tempos que se avizinham não serão fáceis. “Qualquer lado que ganhe, vai ser complicado. Há um discurso de ódio, as pessoas estão muito intolerantes. Houve um tempo em que a eleição de um Presidente era um dia de festa; hoje não, pode ser um problema até pela cor da camisa que se veste”, reflete a nordestina.
Eduardo, alegre pelas sondagens que dão a vitória ao seu candidato, está mais otimista. Admite que, após uma vitória de Bolsonaro, vai haver “mais sangue”, pelo recrudescimento da oposição de esquerda e pela lógica de mão forte na segurança de uma presidência do PSL. “Vai ter muita violência”, reconhece. “Mas agora era pior, porque já havia essa violência, mas não havia esperança. E agora há.”
“Quando termina a eleição não tem mais ‘nós’ e ‘eles’”, afirma Vinicius de rosto fechado, recostando-se na cadeira de uma das mesas do seu snack-bar, montado no país de onde já não pretende sair. E antes de soltar uma ligeira gargalhada, acrescenta: “Agora é fazer o que o brasileiro sabe fazer melhor: rezar.”