Luís de Almeida Sampaio, embaixador de Portugal na Alemanha, foi o melhor embaixador português a promover a economia do país em 2015. Em entrevista ao Observador, disse que o feito foi facilitado pela recuperação da confiança internacional do país através da saída limpa do programa de ajustamento, mas também graças a “uma significativa coesão social e estabilidade” do sistema político-partidário português. Elementos cruciais para a relação económica e política que a Alemanha mantém atualmente com Portugal.
O embaixador, natural do Porto e com passagem pela SciencePo em Paris, entrou no Ministério dos Negócios Estrangeiros em 1983, exercendo o cargo de representante diplomático em países como a Argélia ou Sérvia. Chegou à embaixada na Alemanha em 2012 e desde aí, tem promovido diversos eventos para a promoção da internacionalização das empresas portuguesas. Almeida Sampaio refere que a estabilidade é um factor político crucial para o gigante europeu não só em termos internos, mas também nos seus parceiros europeus. Sobre movimentos que crescem na Alemanha como o PEGIDA – Europeus patriotas contra a islamização do Ocidente – ou outras manifestações eurocéticas ou mais populistas, o embaixador diz que fazem parte de um “quotidiano previsível” em tempo de crise, embora confesse estar preocupado.
Luís de Almeida Sampaio recebeu a distinção de melhor embaixador português a promover a economia portuguesa no passado dia 6 de janeiro, numa ação promovida pela Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa e inserida no Seminário Diplomático que junta anualmente todos os representantes do país no estrangeiro em Lisboa.
Como é que se consegue a distinção de ser reconhecido como o melhor embaixador económico do país?
Com muito trabalho obviamente, mas sobretudo com trabalho de equipa. É um prémio que eu recebo mas que está destinado a toda a Embaixada na Alemanha e tem várias componentes: a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), a vertente cultural, o turismo, a língua portuguesa e a rede de consulados na Alemanha. É um trabalho exigente, porque na Alemanha, também do ponto de vista económico, o que mais importa é a confiança e a credibilidade.
Pensa que manter essa confiança tem sido um desafio para Portugal?
Eu julgo que Portugal tem dado boas provas nessa área. Percebo o que se ouve em termos de credibilidade internacional, mas penso que essa credibilidade foi acentuada com o cumprimento exemplar do programa de ajustamento.
Isso teve impacto na relação económica de Portugal com a Alemanha?
Eu muitas vezes penso como seria a minha tarefa de embaixador, se eu em vez de ser embaixador de Portugal, fosse embaixador de outro país – e eu não vou dizer nomes, por alguma coisa sou diplomata – que tivesse tido um percurso diferente daquele que tivemos. Eu digo muitas vezes que é muito fácil ser embaixador de Portugal na Alemanha no sentido em que nós adquirimos uma credibilidade internacional e a minha tarefa é reforçá-la. Isto do ponto de vista económico é decisivo. Não há nenhuma commodity mais valiosa que a confiança e é isso que temos de perceber de forma estratégica em relação ao futuro de Portugal. Não se consegue confiança nem dos mercados, nem dos parceiros financeiros internacionais com profundas turbulências. O facto de termos conseguido, apesar de todas as dificuldades, manter uma significativa coesão social e estabilidade do nosso sistema político-partidário e governativo e o facto de termos conseguido sair do programa de ajustamento económico sem recurso a programa cautelar – e como é sabido, havia um enorme debate em Portugal sobre isso, a maioria das vozes era a favor de um programa cautelar -, sem recurso a mais tempo e mais dinheiro, torna a minha tarefa num país tão exigente como a Alemanha, mais fácil.
Essa credibilidade facilita a captação de investimento para Portugal?
Temos de conseguir mostrar que há em Portugal condições para negócios e também de investimentos a longo prazo, investimentos estruturantes – algo que caracteriza os investimentos alemães. Quando falamos de investimento alemão, falamos de investimento muito sério com certos efeitos colaterais benéficos como a formação profissional, a criação de emprego e a criação de parcerias inscritas no longo prazo. Basta pensar que a Siemens e a Bayer estão há 100 anos em Portugal, que a Bosch está há dezenas de anos em Portugal. O facto de ser um investimento estruturante, dificulta a sua captação.
A mensagem da credibilidade tem estado a passar para os empresários alemães?
Para os empresários alemães sim, para a comunicação social portuguesa não. Há uma diferença muito grande entre o que se diz e o que se escreve sobre Portugal lá fora e cá dentro. É mesmo assim, somos muito críticos.
Organizou cerca de 39 eventos que juntaram mais de 155 mil pessoas entre alemães e portugueses. Atrair esse investimento para Portugal foi uma prioridade para a Embaixada em 2014?
Foi uma prioridade absoluta, embora não seja a única dimensão da nossa ação económica. Paralelamente à captação de investimento, há a promoção da internacionalização das nossas empresas e nós temos setores muito promissores para o tão cobiçado mercado alemão. São já conhecidos os setores das nanotecnologias e das energias renováveis, o que é talvez menos conhecida é a nossa capacidade de produzir componentes para a indústria automóvel alemã, para a indústria aeronáutica e nós temos conseguido penetrar nesses mercados. Por outro lado, os nossos setores tradicionais têm demonstrado grande vitalidade.
De que forma?
Eu dou muitas vezes o exemplo da indústria do calçado, que era considerada há 15 anos completamente condenada em Portugal, e hoje temos calçado, especialmente o de senhora, para o mercado alemão com componentes de design, materiais e de venda, que põem o nosso calçado ao nível do calçado italiano e atraem o gosto de uma camada da população alemã muito afluente. Com os vinhos isto também acontece e há ainda o turismo. Mais na perspetiva do que é possível fazer, especialmente se pensarmos que apenas 1% dos alemães que fazem férias fora do seu país vêm para Portugal, ao contrário de 14% para Espanha ou 13% para a Grécia. Mas esse 1% que vem para Portugal representa o segundo maior grupo de estrangeiros que faz turismo em Portugal e não era assim há uns anos. E há um potencial de crescimento enorme já que se duplicássemos essa quota, mesmo assim, teríamos apenas 2% dos turistas dos alemães.
“Temos uma mentalidade diferente dos italianos, dos gregos, dos espanhóis. Às vezes até temos inveja de não sermos tão exuberantes, tão alegres. Mas temos uma mentalidade que casa bem com a mentalidade alemã”, diz o embaixador.
O que é que ainda há a fazer?
Ainda há muito trabalho a ser feito. O que se tem feito é construir com grande seriedade, acentuando as virtudes do país, não contando falácias até porque no mundo empresarial, as decisões são feitas na base de critérios muito objetivos, não é possível estar a dizer coisas que não se verifiquem. O investimento alemão inscreve-se na nossa capacidade de criar capital de confiança que se confirma nos factos.
Essa é a sua receita para vender o país na Alemanha? Quais são as principais características que refere quando é abordado por alguém que quer saber mais sobre o país?
É uma pergunta difícil, mas respondo com um exemplo. Muito recentemente num dos eventos organizados pela embaixada um presidente da administração de uma grande empresa alemã disse-me: “Estou a ouvir com atenção o que o senhor embaixador me está a dizer e isso não soa muito a mediterrânico”. Eu respondi: “Isso é interessante porque nós não somos um país mediterrânico, não temos as virtudes desses países. Somos um país atlântico e isso moldou a nossa mentalidade. É uma mentalidade que, sem desprimor para os povos mediterrânicos, é mais fácil de conciliar com a mentalidade alemã. Este não é um argumento falacioso porque temos uma mentalidade diferente dos italianos, dos gregos, dos espanhóis. Às vezes até temos inveja de não sermos tão exuberantes, tão alegres. Mas temos uma mentalidade que casa bem com a mentalidade alemã.
Chegou à Alemanha em 2012, numa altura em que Paulo Portas era ministro dos Negócios Estrangeiros e em que havia orientações para os diplomatas promoverem a economia portuguesa. Que alterações é que introduziu na embaixada para implementar estas orientações?
A ação económica e comercial da embaixada era essencialmente realizada pela AICEP. A partir do momento em que assumi funções na Alemanha, a ação económica passou a ser uma tarefa prioritária e quotidiana de todos os diplomatas, de todos os consulados e de todos os setores da Embaixada. É evidente que faço política diplomática no sentido mais tradicional, porque é óbvia a importância da Alemanha. Há sim uma coordenação e sinergia com a Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, mas também com a Câmara de Comércio e Indústria luso-alemã, com o apoio da AICEP, Turismo de Portugal e Governo. Esta articulação é muito bem vista pelos alemães. Na Alemanha existe também uma câmara de comércio nacional a nível federal que coordena as câmaras de comercio a nível nacional. Por exemplo, a câmara de comércio de Hamburgo tem 180 mil empresas associadas, são números gigantescos. Se eu for falar a essa câmara de comércio sem coordenar Câmara de Comércio e Indústria luso-alemã, isso não é percebido pelos alemães porque eles têm a prática de coordenar. Os roadshows que faço pelo menos uma vez por semana por toda a Alemanha, têm-me permitido contactar com jornalistas, empresas e câmaras de comércio são plataformas únicas para explicar Portugal.
Para além desses roadshows, organizou outras iniciativas. Qual é que pensa que foi a mais representativa do trabalho da embaixada em 2014?
Talvez as iniciativas com o Portugal Fresh, Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal. A Fruit Logistica, que é a maior feira de frutas e legumes do mundo, vai ter lugar em fevereiro em Berlim e é uma plataforma global. São enormes máquinas de produzir eventos e criar networking. Portugal vai ser em 2015 o país parceiro desta feira, através do Portugal Fresh, com o apoio do Ministério da Agricultura. Este trabalho foi desenvolvido ao longo dos últimos dois anos. Não era possível que Portugal fosse parceiro do dia para a noite. Qual é relevo disto? É um cluster que se desenvolve em Portugal e que é apelativo para o mercado global.
Quais é que considera serem as oportunidades na Alemanha para as empresas portuguesas e que tipo de investimentos podemos esperar das empresas alemãs em Portugal nos próximos anos?
Eu diria que em todos os setores que habitualmente identificamos como os mais fortes da economia portuguesa, há oportunidades na Alemanha. Trata-se de um grande mercado e um mercado que procura empresas portuguesas para fazer parcerias de penetração de interesses económicos alemães em países onde as empresas alemãs não se sentem à vontade como Brasil, Moçambique e Angola. A triangulação com empresas portuguesas é um factor que deve entrar na consideração das empresas. Por outro lado, o produto português é um produto com muita qualidade e é reconhecido. Por exemplo, a única fábrica da LEICA, famosa empresa de ótica e de lentes fotográficas, é em Vila Nova de Famalicão, onde é produzido o binóculo de observação de pássaros que é reputadíssimo e considerado o melhor do mundo. Estes binóculos são produzidos com a etiqueta “Made in Portugal by LEICA”. Toda a gente com quem tenho falado deste setor confirma-me que o facto de dizer “Made in Portugal” em vez de dizer “Made in Germany”, não afeta minimamente o comportamento do cliente. As oportunidades são muitas e é claro que a embaixada está à disposição das empresas portuguesas e isso tem acontecido.
O prémio que recebeu, como já mencionou, foi atribuído à embaixada em si. São 25 mil euros para investir na atividade da embaixada no próximo ano. Como é que está a pensar usar este dinheiro?
Tenho muitas ideias. É muito importante como estímulo e é muito importante que sirva para alavancar um projeto muito significativo. Já discuti algumas ideias com o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, mas para já não as posso revelar. Acho que o prémio é muito interessante porque é a sociedade civil a reconhecer o serviço público e isso é muito significativo e inovador.
O movimento PEGIDA – Europeus patriotas contra a islamização do Ocidente – tem marchado todas as segundas-feiras em várias cidades alemãs, incluindo Berlim. Muitas pessoas saíram à rua contra a islamização da sociedade. Qual é a sua opinião sobre este movimento? Está preocupado?
Em tempo de crise económica e financeira como aquela que ainda persiste na Europa e em tempos de conflitualidade internacional, como acontece no Médio Oriente ou entre a Ucrânia e na Rússia, num mundo tão turbulento e carregado de tensões, populismo e discursos radicalizantes fazem parte do quotidiano previsível. Aquilo que é fundamental perceber é o seguinte: os alemães são um povo de uma tolerância e de uma abertura notáveis. Entristecem-me paralelos e comentários que leio em Portugal e lá fora que são muito básicos e redutores que tentam colar a Alemanha de hoje a uma Alemanha do passado. É uma sociedade que está progressivamente a transformar-se numa sociedade de abertura à imigração, tal como aconteceu no passado na sociedade americana. Seria espantoso se numa época de crise e reconstituição da ordem mundial, não houvesse movimentos eurocéticos, populistas ou nacionalistas. É claro que é preocupante e exige uma consciência acrescida dos valores que fundaram a Europa, esses valores têm de ser protegidos. Mas não tenho nenhuma dúvida que a sociedade alemã encontrará naturalmente o seu caminho.
“Aquilo que é fundamental perceber é o seguinte: os alemães são um povo de uma tolerância e de uma abertura notáveis”, afirma o embaixador
Não considera que uma possível reforma da política de imigração alemã, muito falada ultimamente, venha a afetar a livre circulação na União Europeia?
Eu julgo que na Alemanha existe uma consciência, como em muito poucos outros países da União Europeia, de que há um aspeto essencialmente ligado ao projeto europeu na dimensão da liberdade de circulação. Nós nesse aspeto somos uma sociedade diferente, temos uma imigração com a qual lidamos naturalmente e que não nos coloca problemas de natureza aritmética. O número de imigrantes na Alemanha é muito significativo. Essas questões sobre a tolerância e multiculturalismo estão na ordem do dia, mas não afetam essa consciência.
Essa ideia atualizada da confiança que diz que os alemães têm de Portugal, tem de alguma forma a ver com a comunidade portuguesa? Com os novos imigrantes?
Se pensarmos que a imigração recente na Alemanha celebra 50 anos, porque houve em 1964 um acordo para a receção de trabalhadores convidados e imigrantes portugueses, concluímos que atualmente estamos a falar de dois países muito diferentes. Naturalmente, a imigração portuguesa também não é a mesma. A comunidade portuguesa na Alemanha é uma comunidade muito ativa, muito vibrante. São 140 mil pessoas, que estão dispersas e muito bem integradas. A qualificação dos imigrantes tem vindo a aumentar. Em Berlim, a maioria dos imigrantes são professores, artistas, todos com um nível de qualificações muito diferentes de há 50 anos. Mas todos os portugueses contribuem para a imagem de Portugal e a comunidade portuguesa é uma comunidade onde não há problemas, e são, cada um, magníficos embaixadores do país. Por outro lado, na Alemanha há cada vez mais a consciência que a língua portuguesa é um ativo importantíssimo para o futuro. Nós partilhamos a língua que é muito possivelmente a próxima língua da globalização e isso torna-nos muito apelativos e mais interessantes. As novas gerações de portugueses contribuem efetivamente para uma imagem mais jovem e dinâmica.
A Alemanha é vista como motor da Europa, mas não deixa de ter problemas internos como as dívidas dos seus estados federados, desemprego e a questão da sustentabilidade demográfica. Como é que a Alemanha vai ultrapassar estes problemas internos?
É muito interessante pensar que a crise do euro, que não começou na Europa, foi uma crise que apanhou a Alemanha relativamente bem preparada porque o país fez reformas estruturais a tempo. Essas reformas foram feitas por um governo socialista, chefiado por Gerhard Schröder – que lhe custaram as eleições seguintes. Mas essas reformas corajosas, a chamada agenda 2010, permitiram que a Alemanha estivesse relativamente bem apetrechada para fazer face ao impacto da crise. O que não faz com que a Alemanha não precise continuar com reformas estruturais. A Alemanha beneficiou dessas reformas e persistem problemas, havendo diferenças entre a Alemanha de Leste e a antiga RFA que são visíveis e paradigmáticas. Não há nenhum clube alemão de Leste na primeira divisão da Bundesliga. O que é uma amostra dessa clivagem.
Chegou à Alemanha em 2012, entretanto houve eleições e acompanhou a mudança de coligação no governo. Quais as principais diferenças que notou entre a anterior coligação de Angela Merkel com os liberais e a atual coligação entre a CDU da chanceler e o SPD [equivalente ao PS em Portugal]?
Há alguns aspetos fundamentais a reter sobre a coligação no governo. O acordo entre os partidos de coligação tem 300 páginas e é de um impressionante detalhe e tem vindo a ser cumprido escrupulosamente e estes elementos que estão a ser implementados são em boa parte introduzidos pelo SPD. O governo está assente no compromisso de grande detalhe e isso leva a outra reflexão. Imaginemos uma Europa num período de tanta exigência para ultrapassar a crise e aprofundar a união económica e monetária como solução estruturante para futuras crises, onde a Alemanha, principal motor económico e país incontornável, estivesse numa situação de turbulência política ou radicalização do discurso político. Eu coloco-me nos antípodas de certos observadores que vêm na grande coligação alemã uma diminuição das virtualidades do sistema democrático e criticam o sistema político alemão. Estamos perante um exemplo de enorme responsabilidade europeia. É notável observar o discurso dos políticos alemães dos mais diversos quadrantes que coloca a preocupação do consenso e do interesse coletivo à frente dos interesses partidários.
Nesse sentido, como é que vê a ascensão do partido eurocético AfD, que quase entrou no Bundestag em 2013 e tem vindo a ganhar apoio no país?
Eu já respondi a a essa questão quando disse que esses fenómenos são absolutamente naturais em momentos de crise.
Mas o partido está afirmar-se e uma sondagem levada a cabo pelo jornal alemão Bild, no início do mês, deu-lhe 7,5% das intenções de voto dos alemães. Não há uma parte da sociedade alemã que se revê nas críticas que a AfD faz à União Europeia?
Eu devo dizer que conheço o líder do partido, Bernd Lucke, e ele até já foi à embaixada portuguesa. É uma pessoa com a qual eu já falei e julgo que estamos a falar de um movimento político que não tem nada a ver com outros movimentos políticos em países vizinhos à Alemanha que têm uma narrativa bastante perturbadora, como acontece em França. Dito isto, eu julgo que os eurocéticos são produto de uma situação em que a Europa se encontra num momento em que não é resplandecente.
Nessa mesma sondagem, Angela Merkel continua a ser muito popular entre os seus eleitores, um fenómeno raro entre os líderes europeus. Na sua opinião, qual é o segredo de Angela Merkel para agradar tanto aos alemães?
Se quisesse resumir numa palavra diria: estabilidade. A chanceler alemã obviamente transmite uma estabilidade que é um valor muito querido dos alemães. Há outras sociedades onde mais animação política tem mais sucesso. Na Alemanha, a estabilidade e a segurança são percebidas de uma forma cultural muito mais aprofundada que noutros países. A chanceler encarna isso mesmo. Para além disto, Angela Merkel, no ultrapassar da crise económica e financeira europeia e no momento em que este percurso que todos estamos a fazer coletivamente produzir objetivamente os resultados que todos esperamos que produza, ficará na história como uma grande líder europeia. Eu não tenho nenhuma dúvida sobre isso.