A consulta do spam sempre pediu assiduidade, já que muitos das propostas de trabalho iam lá parar. Um lapso desviou-o da vigilância — tardou numa resposta e perdeu a hipótese de ver os seus desenhos numa retrospetiva de peso. “Nada de relevante, não faz parte do curriculum”. António Soares (Angola, 1973) nunca chegou a trabalhar com Alexander McQueen, o génio que arranca “uaus”, mas para ser honesto garante que todos os trabalhos reclamam a mesma dose de empenho. Como todos os seus alunos acabam por fazer de mestre. E como o mundo está recheado de pequenos nadas para observar e registar no papel. “O desenho é a minha caligrafia”, descreve, sobre esse gesto tão primitivo quanto natural.
Desde pequeno que se atreve no risco. Nunca abandonou o traço, mesmo quando os desvios académicos ou profissionais impunham pausas no trajeto artístico. Adorou trabalhar numa cozinha e tanto investiu nos tachos que chumbou por faltas. Deu aulas a uma legião de criadores que dão hoje cartas na Moda. E no email continuam a cair tarefas como as que lhe abriram as portas de grandes nomes como Fendi, Karl Lagerfeld, Dolce & Gabbana ou Givenchy. Dos designers nacionais ou revista Portuguese Shoes à presença em meios como The Guardian, Vogue e The New Yorker, do vestuário à joalharia, entre o editorial e o comercial, o portuense segue firme na ilustração de Moda. Hoje, no cuidado da mãe, regressou “à raiz do amor”, uma outra forma de desenhar com talento e dedicação. Até abril, no Museu do Calçado, “António, sem título” reúne uma generosa coleção de sapatos com o seu cunho.
O que sentiu naquele ano em que a sua mãe o matriculou em biologia em vez de desenho?
Isso já foi há algum tempo… no décimo ano. E agora a relação com a minha mãe é completamente diferente, voltei a ser o que era. Mas nessa altura, por mais dependente que fosse das vontades do meus pais, custou-me, apesar de não ser uma coisa que eu não quisesse. No nono ano ela deixou-me seguir as tecnológicas que havia na altura para ver se me safava. Tinha a preocupação natural, com alguma ignorância, claro. Ela sabia que Artes não seria um futuro alegre para um filho dela.
Foi preocupação natural de mãe?
Foi por preocupação e amor que me inscreveu em Biologia, e eu gostava muito de ciências.
Que se nota muito na sua obra, curiosamente. As referências da natureza, dos animais.
Sim, também. Claro que o primeiro período do décimo ano andei lá um bocadinho chateado com a minha mãe, mas depois de alguma forma tentei convencê-la.
Ia desenhando sempre?
Sim, nunca parei, o desenho era a minha caligrafia normal, fazia parte da minha representação. Não como uma vontade de querer ser alguma coisa, mas fazia bastante. Depois lá experimentei o segundo período. A minha mãe informou-se que havia a possibilidade de ser arquiteto.
Sempre era mais pacífico?
Nunca pintor, cruzes credo canhoto! Estudei no Carolina Michaelis, que era muito académica, sou da geração que ainda apanhou muitos dinossauros. Foi fantástico aquela exigência. Não gostava na altura, mas anos mais tarde damos valor. Sou grato por nunca ter ido para a Soares dos Reis, como todos os meus colegas, tinham muito mais valias nas parte instrumental, mas também não ia com vícios, o que é ótimo. Temos que desprender para aprender.
Acabou por fazer sentido esse percurso académico?
Não foi nada traumático este percurso académico até chegar à faculdade.
Deixe-me só recuar um pouco, quando falávamos da sua mãe. O que significa isso de voltar a ser o que era?
Sim, porque naquela altura o que era eu? Era um pré adolescente que admirava e respeitava imenso a mãe, mais presente em quase tudo, e depois vem a adolescência e os amigos, o amor, e a escola, e abandonei a minha mãe, entre aspas. Infelizmente faz parte este processo. Agora voltei a essa raiz do amor, ao cuidado. É aprender todos os dias com ela.
Confessava que cuidar da sua mãe passou a ser uma nova profissão. Continua a encontrar tempo para desenhar?
Menos tempo, menos paciência, mas vou conseguindo. Aparecem trabalhos e consigo organizar-me. Para a exposição do Museu do Calçado consegui organizar-me. Mas o processo expositivo nunca foi algo que eu quisesse, mesmo depois de terminar o curso de Belas Artes. Nunca enjeitava por exemplo a ideia de ser professor. Tenho uma mãe professora e apaixonei-me pela maneira como ela se dedicava aos alunos. Gostava de experimentar isso.
É verdade que lhe pedia desenhos para levar para a escola?
Sim, era professora primária. Eu ia fazendo coisas, pintando para mim. O meu percurso artístico acaba por ser bastante acidental mas muito trabalhado também. Ainda por cima Moda. Fui convidado para dar aulas no CITEX, atual MODATEX, que era algo novo para mim. Aprender uma linguagem completamente diferente. Aí comecei a desenvolver este projeto, mas também a título pessoal. A divulgação online é que foi algo que eu não controlei e as coisas foram aparecendo.
Mas tinha consciência do que podia fazer antes de concluir o ensino artístico, ou mesmo depois?
Nada, nada. Acabei por mudar da Ciências para a área de Artes e concluí o ensino artístico. Mas isto não era o meu sonho, os meus sonhos eram outros. Gostava, claro, estava a adorar conhecer os professores, e conhecer-me. Isso seduziu-me, e estamos a falar de uma adolescência e de turmas de artes, que eram interessantes, mais abertas, era um mundo novo para mim. Em casa não consumíamos isto. O cinema, o teatro, museus, não havia nada. Tinha um pai polícia, militar, rígido, uma mãe professora primária que trabalhava para sustentar filhos. Não era permitida essa abertura cultural que colegas meus tinham, com pais artistas. As portas abriram-se para mim.
Quando diz que os seus sonhos eram outros, que sonhos eram esses?
Não sei… na altura era sobreviver [risos]
Mais modestos, então. Já nessa altura preferia os bastidores?
Era, não era um gajo muito ambicioso, queria ser feliz, que toda a gente gostasse de mim, queria passear, viajar, ir a museus, queria conhecer o mundo.
Quando é que o caminho se afunila para a Moda?
Quando começo a dar aulas no CITEX. Já na altura gostava de roupa, era vaidoso, estava atento, também trabalhei para isso. Não era a minha mãe que me sustentava, tinha trabalhos paralelos.
Que fazia?
Olhe, fui cozinheiro. Há muitos, muitos anos. Agora ser chef é um must, está num status digno de top model. Na altura, estava na faculdade, a minha mãe sabia que eu gostava de cozinhar, e conhecia uma senhora cujo filho tinha um restaurante e eu lá fui trabalhar nas férias. Gostei muito. Comecei do zero, a lavar panelas, era o meu primeiro dinheiro. Gostei tanto que fui aprendendo, fiquei lá três anos, e acabei por chumbar por faltas no terceiro ano de faculdade. Gostava muito de cozinhar e não ia às aulas.
E a mãe?
Perguntou-me: “Carlitos, [o segundo nomes é Carlos e a mãe chama-o assim] tu queres estudar ou cozinhar?”. E eu disse que queria acabar o curso. A parte de Moda veio enquanto consumidor. Havia uma loja aqui no Porto, que já não existe, A Barraca, que vendia designers portugueses. Foi o meu primeiro contacto com designers. Depois fiquei amigo da dona da loja, a Júlia, dei aulas lá porque ela abriu ateliers. E depois as coisas foram aparecendo, os convites. A Joana Bourbon, do CITEX, falou comigo, passei as entrevistas e comecei a dar aulas. Comecei a perceber a narrativa de todo o processo de design de Moda.
E a ilustração de moda, em particular?
A parte ilustrativa de comunicar a peça, de termos meios para falar, não deixava de ser o sítio de onde já vinha, porque o desenho é um meio de comunicação. Não era assim tão diferente, era mais específico e seduziu-me bastante.
Falava desse Porto antigo. De oitentas?
Noventas, já.
Que Porto era esse em termos de Moda, de design nacional, de energia criativa?
Para já, era um Porto muito sujo, uma cidade pacata, não tinha aquela dinâmica que tem agora, excessiva também, não havia galerias, espectáculos de dança como hoje. Havia bares de nicho, coisas pontuais de noite. Era um Porto interessante, que eu consumia e conhecia cada vez mais, mas note que não tinha um Museu de Serralves. Se pudesse ia para o Soares dos Reis ou galerias que iam abrindo. Era uma comunidade muito atenta.
E, refira-se, sem internet.
Claro, com moleskines e a comprar livrinhos. O Porto de agora é cosmopolita, para mim de alguma forma um pouco cansativo e menos sedutor. Tenho atelier na Baixa do Porto e assisti a toda aquela transformação das obras. O Porto ganhou muito com isso mas já me cansa muito. Gosto muito de ver espectáculos fora do Porto, em Guimarães, por exemplo, que tem uma divulgação cultural incrível. Sempre gostei muito de sair do Porto, mesmo vivendo aqui.
Estar fora da capital refletiu-se de que forma no trabalho?
Nunca senti muita diferença porque nunca trabalhei diretamente com portugueses, e a partir de certa altura sempre online. Clientes portugueses são quase todos aqui de cima. Depois coincidiu com este processo da minha mãe e também comecei a evitar ir a alguns sítios mas graças a Deus consegui trabalhar sempre online.
Como vê o setor da Moda, em especial numa fase de incerteza, em que temos grandes eventos como o Portugal Fashion em suspenso?
Há sempre um trabalho por fazer. Já houve um grande boom, o Portugal Fashion trazia grandes tops, muito marketing, esta é a segunda sessão sem certame. Algo se está a passar, claro. Acho que nestes últimos anos de confinamento a Moda encontrou maneiras de sobreviver. Com a ilustração acabo por não estou muito dentro desse mercado, mas acredito que esteja a ser difícil. Fecham marcas, o [Nuno] Baltazar já fechou a loja, o Buchinho… Deve ser muito difícil manter um negócio quando o português não está muito educado a consumir design português.
Entre indústria, design, que evolução vem notando ao longo dos anos?
Vejo a Moda como um produto mais de nicho, porque é um produto com qualidade. Claro que hoje há marcas menos conhecidas que se conseguem desenvolver. O calçado está em alta, temos muita produção em Portugal. Sobre o design de Moda… os anos em que dei aulas no CITEX, a maior parte dos meus miúdos acabaram todos por estagiar no design, os que queriam, mas os que estagiaram na indústria ficaram na indústria.
Mais pragmáticos no rumo a seguir?
É, a Marta e o Paulo [dos Marques’Almeida], que foram meus alunos, tiveram muita sorte mas eram brilhantes. Adorei aqueles meninos. A Marta foi estagiar para a Alexandra [Moura], o Paulo com o [Luís] Buchinho, e depois seguiram para Londres. Queriam estudar lá e trabalharam muito. Aliás, o CITEX preparava mesmo isso. Aquele slogan de uma professora, “neste mundo não há espaço para medriocridades”, acho que o levavam a sério. Era uma turma incrível, essa. Há outros que tentam trabalhar marcas mas é impossível financeiramente. Percebo.
Falamos de um nicho no design de Moda, mas o António não sentiu crise, dizia.
Na ilustração não, não senti. Eu consegui, não sei porquê, mas consegui. Não é todos os dias que tenho trabalho mas fui sempre conseguindo. Tenho clientes fixos e outros que foram aparecendo. Eu também diversifiquei a minha área de ilustração, a moda começou a absorver-me tanto que houve também um cansaço da minha parte. Voltei-me para joalharia, cosmética, até vinho. Acho isso fantástico. Sentir que o ilustrador é procurado não apenas para uma coisa. Gosto dessa parte versátil do meu trabalho.
Falamos de editorial, projetos para marcas. Recorda-se da primeira proposta?
Lembro-me perfeitamente assim da primeira, grande, que me assustou. Foi para a Joyce, para Macau, eu nem sabia o que era a Joyce [o gigante da moda multimarca focado nos criadores de vanguarda]. Lá investiguei e claro que me assustei. Ainda por cima fiquei a saber quem era o ilustrador anteri0r que tinha trabalhado com eles, fiquei ainda pior que urso.
Quem era?
O Ignasi Monrial, espanhol, que fez aquela campanha digital lindíssima para a Gucci, há uns quatro ou cinco anos. Correu bem. Foi no começo dos anos 2000. Levei uma bofetada também.
Nesse trabalho?
Eles tinham completa razão. O meu trabalho é muito de autor, e eu respeitava muito o retrato, era muito importante a personagem que eu vestia. Só que com o meu desenho as pessoas olhavam mais depressa para a cara do que para a roupa. E claro que não pode acontecer isso porque eles têm que vender a roupa. Chamaram-me a atenção porque os meus rostos eram de facto muito fortes, valorizava muito isso, gostava dessa hierarquia um bocado imatura. Com o Karl Lagerfeld foi um bocado a mesma coisa, mas aí já fui mais profissional. Estas grandes propostas a nível de processo intelectual fizeram mudar muito o meu registo.
Quando se dá essa ponte com o Karl Lagerfeld? Contactam-no?
Sim, sempre foi online. O Lagerfeld foi depois da Fendi, desenvolvi um trabalho muito grande com eles e o Karl veio depois. Sei que foi no inverno e entrararam em contacto. Eu na altura não era agenciado. Era para fazer ilustrações para o lookbook. Na altura enviaram-me desenhos dele e pensei que não tinha nada a ver com o meu registo. As vezes há clientes que me pedem registos com os quais não me identifico e tenho que explicar de forma politicamente correta que não o faço. Mas ali quando recebi o briefing falei com uma estagiária que trabalhava lá, a Joana, que tinha sido minha aluna, e que agilizou muito o processo. Foi assim. E são coisas para entregar em dias, algo a que não estava habituado.
O seu desenho gosta desse stress?
Gosto da pica que dá, sim, isso é bom. A moda é isso, é um bastidor de uma hora para um desfile que dura cinco minutos. Há uma adrenalina muito engraçada, ótima.
Continua a gostar de desfiles?
Gosto, já não vou a tantos como gostaria. Se me convidarem faço por ir.
Falávamos de nicho. Há espaço para resistirem os formatos mais físicos e analógicos?
Acho que há espaço para tudo. É tão democrática. Aquela ideia de que o digital é muito simples também não é verdade. Eu não enjeito o digital mas gosto de ter o papel na minha mão, de sujar a folha.
Como são esses hábitos de trabalho?
Tudo depende, mas começo por construir uma base de imagens, que espero que o cliente trate, que me envie o possível para eu não perder tempo. Gosto disso mas gosto sobretudo de fazer a minha própria investigação e de conhecer marcas que eu não conhecia. É o mais interessante no meio trabalho. O pintar para mim acaba por ser fácil porque se tiver tudo na minha cabeça, já organizado, eu sento-me e em um dois dias resolvo aquilo.
É quase ao cérebro a ditar de forma automática?
Sim, a minha cabeça tem é que estar muito bem organizada. Risco e risco. Não digo que me saia tudo à primeira mas muitas vezes acontece. E tenho tido a sorte de o cliente gostar à primeira. Mas se correr mal volto ao zero, risco, pinto e está feito.
Mencionou aquele detalhe das caras que esmagavam a roupa, ou pelo menos demasiado salientes. O que o fascina mais neste universo que mistura pessoas e roupa?
Bom, eu desenho e ilustro roupa de outros. Não faço design de Moda.
Nunca pensou fazer?
Não, cada macaco no seu galho (risos). Não estava nos meus planos. Olhe, falámos do 12º ano há pouco, o [designer] Osvaldo Martins foi meu colega. Ele metia-nos a todos num sapato a desenhar, era incrível. Encontrei-o anos mais tarde no CITEX. Sabe, já tenho alguns designers que para mim tudo o que fazem é uau! É ajoelhar e agradecer a Deus por existirem. Porque são inspiradores, todo aquela performance no desfile, a dança, a música, o espectáculo.
Por exemplo?
[Alexander] McQueen [1969-2010]. Quando aquele senhor fazia um desfile era “uau”. Não tive oportunidade de ver ao vivo mas adorava ter passado por esse processo inspirador.
Chegou a ter oportunidade de desenhar para a marcar?
Para McQueen não, mas perdi a oportunidade de responder a um email quando foi aquela exposição de retrospetiva dele [Savage Beauty, no V&A, em Londres, em 2015]
O que aconteceu a esse email?
Já me tinha esquecido de ir aos spam [risos] Porque a maior parte dos meus trabalhos ia sempre para o spam e eu comecei a ir ao spam mais vezes. Ali queriam que cedesse umas ilustrações minhas para a exposição, era só isso, mas pronto. Mas falávamos de designers que me inspiram.
Referia o Osvaldo Martins. Que desenhava maravilhosamente e acabou por seguir design de Moda.
Sim. Já eu não me via em design de Moda. Tenho saudades de voltar à escola mas não era de certeza este o curso que tiraria.
Qual seria?
Sempre gostei muito de História, cada vez mais. Já fui professor durante anos, no secundário, na faculdade. Tenho saudades, algumas. Mas acho que agora gostava de ir aos pequeninos. Inscrever-me na Escola Superior de Educação e tirar um curso para professor primário.
Levando o desenho, calculo.
Claro que sim, então. Nós começamos logo a riscar desde cedo e deixamos de desenhar quando começamos a aprender a escrever.
Há ali uma adição e uma subtração ao mesmo tempo.
Não é? Acho que essa parte é tão criativa, sem preconceito, livre no risco. Isso é maravilhoso e gostava que não fosse castrado, que aprendêssemos com ela. Acho isso muito interessante no início do processo de aprendizagem. Gosto de fome, gente com fome de aprender. A criança tem tanta fome, isso é ótimo, pelo menos para mim. Gosto de me sentir útil.
Não tendo McQueen, o que gostava que chegasse ao email, e de preferência não ao spam?
Qualquer coisa, estou a ser muito sincero.
Trabalho é trabalho?
É trabalho. Eu gosto de trabalhar, já trabalhei com grandes marcas conhecidas e outras menos conhecidas. É sempre um cliente. O que marca a diferença é financeiramente, claro que sim, vamos ser sinceros, mas já trabalhei com clientes que nunca sonhei trabalhar. Aquele email que nos cai e nós pensamos ‘o que é que se passa aqui?’ Podem continuar a enviar. Já fiz coisas que não gostava muito mas faz parte.
Por exemplo?
Lembro-me de perder imenso tempo a desenhar pijamas de mulher para uma empresa americana gigante, e era só isso, para pôr nas etiquetas. Um pouco desinteressante, mas tentei dar alguma beleza, e adorei. Ainda por cima foi super bem pago. Não sou um fascinado. Trabalho é trabalho.
Continua a dar aulas?
Ainda mantenho o meu atelier onde dou aulas privadas de desenho, sim. Tenho de tudo, alunos desde os 12, 18, até aos 70. Muito diferentes. Os de 17, a maioria é para preparar para o exame nacional de desenho. Já tive alguns de Moda, outros como a Maria Curado, a Inês Barreto, que venceu o Sangue Novo, e está em Milão. Fico muito contente. As outras estão lá por um questão lúdica.
Esses mais velhos são amadores por completo?
São, professoras reformadas, por exemplo. Há anos dei aulas a professoras em escolas.
Também ensinam algo ao professor?
Claro, eu aprendo imenso com estas pessoas, cada vez mais. Eu espero que eles aprendem algo comigo, mas certeza que aprendo muitas mais com estas senhoras.