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Dua Lipa no Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras, num concerto que integra a digressão Radical Optimism, nome do álbum lançado em maio
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Dua Lipa no Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras, num concerto que integra a digressão Radical Optimism, nome do álbum lançado em maio

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Dua Lipa no Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras, num concerto que integra a digressão Radical Optimism, nome do álbum lançado em maio

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Ao segundo dia, o NOS Alive foi o Festival Dua Lipa

O brilho de uma das maiores estrelas pop mundiais ofuscou tudo o resto. Durante uma hora e meia, um concerto imaculado fez do Passeio Marítimo de Algés uma discoteca a céu aberto.

O NOS Alive arrisca-se a, esta sexta-feira, ter encontrado o melhor concerto desta edição. O que Dua Lipa protagonizou no palco principal, no momento mais aguardado e aclamado do segundo dia do festival de música em Algés prova como a cantora anglo-albanesa é uma diva pop que sabe como dar um concerto digno de tal, com um entendimento apurado sobre aquilo deve ser um espetáculo para massas em 2024.

Se é habitual que os cabeças de cartaz sejam escolhidos pela sua capacidade de mover multidões, é seguro dizer que todos os que rumaram esta sexta-feira até ao Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras, o fizeram pela cantora de New Rules.

Foi ela a responsável por todos os que compraram bilhete diário. Foi por ela que correram os que às 15h em ponto galgaram as portas do recinto. Foi por ela que muitos esperaram sob o sol tórrido ao longo da tarde e que aguentaram a descida da temperatura das primeiras horas da noite (o concerto estava marcado para as 23h45). E foi, de novo, por ela que houve quem jantasse pizzas em caixas de cartão em pé sob pena de não a avistar de perto.

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A cantora de 28 anos, que ocupou o mesmo destaque no recente festival de Glastonbury, veio ao Passeio Marítimo de Algés apresentar o seu álbum mais recente, Radical Optimism, numa digressão que começou no início de junho e já passou por vários países europeus. Com inteligência, diluiu as músicas do novo álbum no do anterior, Future Nostalgia, um dos “discos da pandemia”, editado em 2020, que pôs o mundo fechado em causa a sonhar com o tempo de dançar fora de portas temas como Love Again, Levitating ou Don’t Start Now. Afinal, não tirar proveito de um repertório de hits por todos reconhecíveis seria não só pouco ajuizado, como um desperdício.

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Com pontualidade britânica, Dua Lipa surgiu em palco sem atrasos. “Foi um dia incrível. Isto é a cereja no topo do bolo”, disse, referindo-se ao que ao longo das últimas 24horas partilhara nas redes sociais: em minutos, a artista esgotou os bilhetes para os dois concertos no Estádio de Wembley, em Londres, com capacidade para receber 90 mil pessoas. Quem pediu um fenómeno pop? Ei-lo.

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Durante hora e meia, o concerto obedeceu a um milimétrico guião, com coreografias executadas com precisão e interações com o público singelas. Havia quem esperasse pelo menos uma mudança na indumentária, mas tal não aconteceu. A artista manteve-se com o bustier e hot pants brancos da marca francesa Courrèges e limitou-se a sobrepôr ao coordenado um colete do mesmo tom aquando da balada Happy For You — de longe o ponto mais baixo do concerto, com um público desconhecedor da canção.

O alinhamento não teve surpresas, em tudo semelhante ao da atuação de Madrid, um par de noites antes. Gym Tonic, de Bob Sinclar, funcionou como breve interlúdio, aquecendo para Training Season e logo One Kiss, canção originalmente cantada em dueto com Calvin Harris, que culminou numa explosão de corações vermelhos de papel (numa altura em que os festivais apregoam práticas de sustentabilidade, onde param — ou, neste caso, porque não param — os confetti?)

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Ilusion, Break my Heart e uma poderosa Levitating cantadas a plenos pulmões pelo público sucederam-se antes de desaguar numa melancolia. Dua Lipa arriscou-se no português para dizer um trôpego “Um grande beijo para vós” e logo quis falar sobre inclusividade nos festivais, isto porque o concerto foi aproveitado para uma iniciativa que resulta da parceria entre o Nos Alive e a Access Lab, que proporcionará, através de tecnologia 5G, “uma experiência multissensorial completa”, lê-se no comunicado.

“If these walls could talk / they’d say ‘Enough’”, cantou eThese Walls, uma canção ligeiramente menos acelerada do que a maior parte das restantes. A julgar pelo público, intergeracional, diverso, ninguém está pronto para dizer Enough (“Basta”, em português) a Dua Lipa. É a quarta vez que a artista passa por Portugal. A estreia aconteceu no Meo Sudoeste, em 2017, ano do seu primeiro e homónimo disco, do qual só se ouviram dois temas neste NOS Alive: Be the One e New Rules. Voltou em 2022, já com estatuto de mega estrela, a Braga e a Lisboa, no Meo Arena.

No palco do Passeio Marítimo de Algés, os cabelos vermelhos esvoaçavam na hora da despedida — falsa, claro. O que seria de um concerto de Dua Lipa sem direito a Houdini? Mas o encore trouxe também Pyshical e Don’t Start me Know. No final, até fogo de artifício houve. Uma megaestrela pop não faria menos do que isso.

O rapper T-Rex foi o primeiro artista a atuar no palco principal no segundo dia da 16ª do festival NOS Alive

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A.D., Antes de Dua Lipa

No palco principal, horas antes, o dia começou em português, com um dos mais destacados rappers da atualidade. T-Rex, que se estreou em 2018 com Chá de Camomila, serviu rap português às 18h30, quando ainda o sol queimava os ombros dos poucos que já deambulavam pelo recinto.

Daniel Benjamim, nascido em 1996, filho de angolanos, mostrou sobretudo Cor D’Água (2023), álbum que lhe valeu o título de músico português mais ouvido do ano, segundo a plataforma de streaming Spotify, e o prémio de Melhor Álbum nos Prémios Play. Para quem esgotou duas datas no Tivoli e dois Coliseus (em Lisboa e no Porto), esperava-se porventura um público mais repleto, ainda para mais quando a chegada ao palco principal tinha sabor de conquista: o rapper da linha de Sintra atuou no NOS Alive em 2022, então no palco WTF Clubbing.

Igual desalento tiveram Ashnikko e Arlo Parks, esta última chamada à última hora para cobrir a baixa de Tyla, que saltou do cartaz — sem surpresas, pois a artista de 22 anos está longe dos palcos desde Março, altura em que cancelou a digressão mundial devido a uma lesão persistente. Nem a primeira nem a segunda conseguiram captar público cirscunstancial que aguardava pela mega estrela pop.

Arlo Parks chegou ao NOS Alive apenas porque a sul-africana Tyla cancelou a sua presença por “motivos de força maior”

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

O que é pena, sobretudo no caso da compositora e poetisa britânica Arlo Parks. A cantora de Water trazia dois discos de indie-pop para mostrar ao público do NOS Alive: Collapsed in Sunbeams (2021) e My Soft Machine (2023). “Why do we make the simplest things so hard?”, questionava em Too Good, ponto alto de um concerto irrepreensível que teria beneficiado de um espaço mais intimista.

Ainda assim, repetiu a doçura que levou ao Primavera Sound, no ano passado, e a Paredes de Coura, em 2022. Elogiou o palco, revelando que era o maior festival em que atuou nesta digressão veranil, e gabou as companheiras de plateux: Dua Lipa, que fez questão de mencionar, admitindo ser “fã”, e Missy Elliot, que homenageou ao envergar uma t-shirt do álbum de estúdio Supa Dupa Fly (1997).

Parks ainda pediu para que o público a acompanhasse no single Caroline, mas este não respondeu à altura. O verso “I was waiting for the bus one day” viria a revelar-se adequado para descrever o fim da noite, na hora de regresso a casa.

A 16ª edição do festival NOS Alive termina este sábado, com Pearl Jam como cabeça do cartaz.

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