Os vencedores destacaram o sucesso das suas estratégias, os derrotados apontaram a explicações dentro e fora dos seus partidos — alguns com recursos a teorias da conspiração. Nos discursos da noite eleitoral também se falou muito de abstenção, de política nacional e das eleições que só são em outubro, mas que parecia que eram já hoje — as legislativas.
[Difamações, frustrações e outras lamentações. A noite eleitoral num minuto]
Rui Rio, PSD
“Claro que tenho condições para levar o PSD a um bom resultado. Que fique aqui claro: ando há 61 anos nesta vida e há muitos anos na vida pública. Eu não abandono. Eu assumo as minhas responsabilidades. Só se eu estivesse completamente farto é que aproveitava esta desculpa para me ir embora e fugir às minhas responsabilidades. Uma eleição europeia não tem a ver com as legislativas.”
“Se já foi difícil andar um ano com turbulência interna e chegar a estas eleições assim, como não será chegar a outubro se entretanto vierem fazer a mesma coisa?
Paulo Rangel, PSD
“Isso é algo que só um astrólogo poderá dizer. (…) o que eu digo é: sinceramente eu acho que aí não há grandes conclusões a tirar. Nós tínhamos um objetivo que não foi cumprido e isso é motivador para nós porque permite-nos tocar a rebate, se quiser uma expressão mais popular.”
“Houve uma espécie de OPA nacional, de nacionalização da campanha tomada pelo primeiro-ministro e isso dificultou a passagem da mensagem europeia. (…) É evidente que só houve uma figura do PS na campanha e até na pré-campanha.”
António Costa, PS
“Este resultado significa um voto de confiança no PS e assumimos este voto de confiança com humildade e profundo sentido de responsabilidade. É evidente destes resultados a derrota muito clara que o PSD e o CDS sofreram. E é também muito claro que os partidos da solução governativa que junta o PS, o Bloco de Esquerda e o PCP tiveram uma vitória na noite de hoje.”
“Interpretamos este resultado não como um cheque em branco, mas como exigência de responsabilidade. As contas certas são o objetivo que vai ficar até ao fim.”
Pedro Marques, PS
“A vitória do PS nestas eleições é um verdadeiro farol de esperança. Ganhámos de forma clara, crescemos em votos e em percentagem. E ficámos a mais de 10% do nosso adversário principal. Isso ganha particular significado porque estamos a governar o nosso país.”
Assunção Cristas, CDS-PP
“Sabíamos nestas eleições que a abstenção seria o nosso maior obstáculo — e assim foi. A polarização de votos à direita foi outro fator relevante e a ter em conta. (…) Compreendemos bem o sinal que os eleitores nos quiseram dar, contarão com mais empenho, mais trabalho na construção de uma política positiva e na construção de uma alternativa aos socialistas e às esquerdas.”
Nuno Melo, CDS-PP
“Preliminarmente, percebemos que o PCP perde candidatos, o CDS mantém, mas não conseguimos atingir os nossos objetivos. Eu, pessoalmente, não transformo derrotas em vitórias e assumo os resultados como eles são.”
Catarina Martins, BE
“Em dias de europeias, fazer sondagens de legislativas é precipitado. Reconheço que o resultado é simpático, mas não é momento para isso.”
Marisa Matias, BE
“O Bloco afirma-se nestas eleições como a terceira força política em Portugal e reforça assim a sua presença no Parlamento Europeu. E a todos e todas que confiaram o seu voto no BE eu quero deixar aqui o compromisso muito claro: nós vamos usar cada um desses votos para respondermos à emergência climática, para lutarmos pelo emprego com direitos, para defendermos as pensões, para defendermos os serviços públicos.”
Jerónimo de Sousa, CDU
“Ninguém tem dúvidas que durante meses, meses, onde campeou a mentira, a difamação, a desvalorização e o apoucamento da CDU e da sua campanha, [isso] teve consequências, tendo em conta que eram desferidas por importantes órgãos de comunicação social e pelos seus comentadores”
“Se as eleições agora realizadas se revestiam de inegável significado, as eleições legislativas serão o momento decisivo para determinar o rumo da vida política nacional e a vida do povo português nos próximos anos.”
João Ferreira, CDU
Cada resultado deve ser considerado e apreciado em função do quadro concreto em que é construído. É para nós claro que o quadro em que este resultado foi construído é muito diferente do quadro em que o resultado de 2014 foi construído. Desde logo, estávamos perante um quadro de intervenção da UE e do FMI que durante vários anos deixou muito evidentes o que foram consequências de políticas no plano nacional. Foi diferente este quadro também porque, desde muito cedo e durante vários meses, a CDU teve de enfrentar dificuldades que passaram por uma óbvia menorização da sua intervenção, uma desvalorização dessa intervenção e mesmo, não é altura de o esquecermos agora, teve de enfrentar campanhas difamatórias que alimentaram preconceitos a partir de aspetos da situação internacional e não só e que obviamente colocaram acrescidas dificuldades à intervenção da CDU.
André Silva, PAN
O PAN não é uma moda. Há cada vez mais pessoas a pensar como nós, há cada vez mais pessoas a sentir que temos de ter respostas difíceis, respostas corajosas para problemas difíceis, respostas e desafios do século 21 que, do nosso ponto de vista, os partidos do sistema não têm estado a altura, não têm apresentado respostas para esses problemas. Estão na origem dos problemas e não têm sido capazes de apresentar soluções.
Santana Lopes, Aliança
“Se este fosse um partido com a idade dos partidos que têm representação parlamentar, seria uma derrota. Fizemos o nosso congresso fundador há quatro ou cinco meses. Com certeza que não é uma vitória. Não é também um empate.”