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“Casa de Papel”: o perfil dos ladrões com mais salero da televisão

Já está disponível na Netflix a terceira parte de “Casa de Papel”. Hugo van der Ding examinou a psicologia dos nove bandidos e gostou deles todos. A polícia ficou de fora.

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Diz o povo que “de Espanha nem bom vento nem bom casamento”. O povo e um tio meu no casamento da minha prima, que casou com um espanhol. Foi uma barracada, que ficou tudo calado a olhar para o prato durante uns cinco minutos. Mas a verdade é que de vez em quando nos chegam de Espanha coisas bem boas, como é o caso que me traz aqui hoje: a série espanhola que causou sensação em 2017, Casa de Papel.

Estive, mais uma vez, a ver quinze episódios de enfiada para poder fazer um resumo, uma revisão da matéria dada para quem já não se lembra, agora que estreou a segunda (na verdade, a terceira) temporada. No fundo, sou uma espécie daqueles livrinhos da Europa-América, de capa preta e amarela, que traziam os resumos das obras literárias que os alunos preguiçosos ou burros não liam.

A Casa de Papel centra-se à volta de um assalto genial, pelo menos no plano e da quadrilha de nove valdevinos que o executaram.

É uma série dramática, mas, como tudo o que é falado em espanhol, esquecemo-nos por vezes de que não é um filme do Almodóvar, e damos connosco a pensar por que raio é que ainda não apareceu um travesti a cantar uma música da Luz Casal. Foi o que me aconteceu, de cinco em cinco minutos. E há muito tempo que não me divertia tanto, confesso.

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Segue abaixo a lista das personagens principais de Casa de Papel. Dos ladrões, claro.

Da polícia, ninguém quer saber. Falta Lisboa, que é a polícia transformada em má da fita, e dois bandidos que só agora vamos conhecer. Mas depois de ver a terceira parte inteira talvez vos diga o que acho destes três que por agora ficam ausentes. Não fiquem tristes, vai correr tudo bem.

O professor: o Ricardo Salgado da operação

Nome de código de Sergio Marquina, é o mastermind do plano do assalto. É, digamos assim, o Ricardo Salgado da operação. Só que, no caso desta série, não é um banco o que ele pretende assaltar, mas sim a Casa da Moeda, que em Espanha se chama Fábrica da Moeda. É um homem discreto, inteligente, cerebral, que urdiu um plano diabolicamente detalhado para se abotoar com vários milhões de euros. Mas falemos agora do Professor: é também ele um homem discreto, inteligente, cerebral e também ele urdiu um plano diabolicamente detalhado para se abotoar com vários milhões de euros, neste caso 2400 milhões de euros. E não são muitos. E não são poucos. Não é? Bastantes!

Fisicamente, poderia ser um professor de Filosofia, num colégio privado em Santo Tirso ou em Alcobaça, daqueles que sonha ser tratado pelos alunos como Robin Williams em Clube dos Poetas Mortos, mas de quem, invariavelmente, os alunos se esquecem no dia em que começam as férias de Verão. Também é parecido com um vizinho que eu tive, que me batia à porta a queixar-se do volume da televisão assim que soavam as dez da noite. Um dia, tive de lhe perguntar: «Está a ver ali aquele taco de hóquei?», «Sim», respondeu ele, meio perplexo. «Pois fique sabendo duas coisas: eu não jogo hóquei, e às vezes salto a medicação». Nunca mais me chateou.

O Professor é o único do bando de assaltantes que não tem cadastro criminal. E o seu plano para este golpe é digno de nada menos do que um génio. A parte menos genial terá sido talvez ter-se rodeado de oito criminosos, que parecia logo óbvio que iam arranjar maneira de mandar tudo pelo cano abaixo. A parte mais genial é que está fora da Casa da Moeda, num barracão, pronto a zarpar se aquilo desse mesmo chatice à séria. Que deu.

Vamos então ao plano, que o Professor vinha desenvolvendo há uma data anos, que estas coisas não são assim de um dia para o outro: a ideia era fazer entrar na Casa da Moeda os oito meliantes, fazer uma data de reféns — uma delas a filha do embaixador do Reino Unido em Espanha, imaginem — simular um assalto falhado, cair nas boas graças da opinião pública, como uma espécie de Robin dos Bosques, e não roubar dinheiro, mas — muito melhor — imprimir os tais dois mil milhões de euros. E depois sair de lá mais livre que um arguido da Operação Marquês.

A ideia era fazer entrar na Casa da Moeda os oito meliantes, fazer uma data de reféns — uma delas a filha do embaixador do Reino Unido em Espanha, imaginem — simular um assalto falhado, cair nas boas graças da opinião pública, como uma espécie de Robin dos Bosques, e não roubar dinheiro, mas — muito melhor — imprimir os tais dois mil milhões de euros. E depois sair de lá mais livre que um arguido da Operação Marquês.

Para isto, os nove assaltantes passaram cinco meses juntos numa quinta, que em espanhol se diz finca, em Toledo, a aprender coisas tão diversas como cavar túneis, fazer notas com números de série de vários países ou tirar balas do corpo sem vazar uma artéria. Fez-me lembrar os meus tempos de escuteiro.

Mas claro que as coisas nem sempre correm como se quer, e uma série de erros e contratempos vão obrigá-lo a engendrar mais e mais planos em cima do joelho. Mas se não, não havia série, claro.

Vai também vestir a pele, expressão que nunca tinha escrito na vida, de Salva, e fazer-se ao piso à negociadora da polícia, Raquel, que tem uma filha adolescente, uma mãe choné e um ex-marido de estalo. Primeiro para lhe sacar informações sobre a investigação, mas depois parece que mesmo apaixonado. Sem querer fazer um spoiler, eles ficam juntos no fim. Ai, desculpem! Que grande spoiler!

Berlim: aristocrata espanhol ou dono de um puticlub?

Nome de código de Andrés de Fonollosa, é o tipo que fica responsável pela operação dentro da Casa da Moeda. É um antigo ladrão de joias, em sítios como Genebra, os Campos Elísios, o Mónaco e assim. O que faz sentido, não é? Ia roubar tiaras para onde? Para a Cova da Moura?

Tem bastante bom ar e, dos oito, é o mais civilizado. Não se chega a ver na série, mas é capaz de ser também o único que sabe comer com um garfo e uma faca simultaneamente, e não apenas com uma colher. Mas sei lá… isto hoje em dia as pessoas enganam tanto…

Fisicamente, podia ser tanto um aristocrata espanhol com mau aspeto como o dono de um puticlub com bom aspeto. Puticlub é como os espanhóis chamam às casas de alterne. É por estas pequenas coisas que adoro os espanhóis. Puticlub é das melhores palavras de sempre. Sou capaz de passar horas a dizer «puticlub, puticlub, puticlub». Que pena, aquilo de 1640.

Fisicamente, podia ser tanto um aristocrata espanhol com mau aspeto como o dono de um puticlub com bom aspeto. Puticlub é como os espanhóis chamam às casas de alterne. É por estas pequenas coisas que adoro os espanhóis. Puticlub é das melhores palavras de sempre. Sou capaz de passar horas a dizer «puticlub, puticlub, puticlub». Que pena, aquilo de 1640.

Na verdade, Berlim é meio-irmão do Professor, da mesma mãe, mas de pais diferentes. Apesar dos seus modos mais refinados, também sabe ser um refinadíssimo filho da mãe, e chega a ser mau como as cobras em determinados momentos. Não é o tipo de pessoa que se queira ter como inimigo. Se fosse meu vizinho, era bom dia boa tarde, nada de muitas confianças, mas se ele se queixasse que o meu cão tinha feito xixi no elevador, também não ia arranjar chatices, que se vê logo que ele não joga com o baralho todo. Não fecha bem a mala, como dizem no Norte. De maneiras que passa grande parte da série a ameaçar pessoas de morte. Aquilo foi qualquer coisa quando era pequeno, de certeza. Dizem que não há crianças más, mas eu cá acho que as há que parece que já nasceram com o diabo no corpo. É o caso.

Quando as coisas começam a dar para o torto, vai aterrorizar toda a gente psicologicamente e tenta fazer com que os outros assaltantes se matem uns aos outros.

Tem um grande segredo, que vou já contar, que não posso com ele: pois que tem uma doença gravíssima, e tem os dias contados. Mas olha, não parece nada. É daqueles casos que se um dia acordasse morto, ia toda a gente dizer: «Ai, mas ele estava tão bem! Isto foi qualquer coisa que lhe deu». Sem querer fazer um spoiler, é morto pela polícia no fim. Ai, desculpem! Que grande spoiler!

Tóquio: tal qual a Letizia

Nome de código de Silene Oliveira — não confundir com a cantora, representante portuguesa na Eurovisão em 1965, com Sol de Inverno, e em 1969, com Desfolhada Portuguesa, onde obteve, respetivamente, o 13º e o 15º lugar — é a giraça do grupo de bandidos. Lembra assim Uma Thurman em Pulp Fiction, nas cenas em que está de peruca. Antes do assalto, era procurada pela polícia. Bom, como todos os outros. Começou nessa vida aos catorze anos, não estou a julgar, não tenho nada contra, factos são factos, fazendo assaltos com o namorado, que tinha o dobro da sua idade, não estou a julgar, nada contra, quem sou eu, olha é o que é. O namorado foi morto durante um assalto, e aquilo ficou-lhe uma marca para a vida, convenhamos que também não é para menos. É daquele tipo de mulher durona, sempre com uma resposta torta na ponta da língua, sempre com maus modos, sempre a levar tudo como um ataque pessoal, que reage a tudo cheia de agressividade, mas que, no fundo, tem um coração de ouro. Eu, pessoalmente, não tenho pachorra para este género, mas há imensos homens que adoram. Olha, por exemplo, e já que estamos numa série espanhola, faz todo o tipo do rei Felipe, que se vê logo que é daqueles que gosta que a mulher seja assim de pelo na venta, quem manda aqui sou eu. A Tóquio é tal e qual a Letízia, até são vagamente parecidas, agora que penso nisso. E de certezinha que também era mulher para fazer uma escandaleira com a sogra, como aquela com a rainha Sofia à porta da igreja.

A Tóquio é tal e qual a Letízia, até são vagamente parecidas, agora que penso nisso. E de certezinha que também era mulher para fazer uma escandaleira com a sogra, como aquela com a rainha Sofia à porta da igreja.

Bom, mas voltemos à Casa de Papel. É ela que vai ser responsável pelo primeiro desaire do assalto, quando espeta um tiro num polícia. O Professor bem os tinha avisado que era importante que não morresse ninguém, para não perderem o apoio da opinião pública. Para não lhes acontecer o mesmo que ao João Miguel Tavares, que um dia era um herói e no outro um grande filho da mãe, segundo o barómetro das redes sociais. Ah, e não sabem vocês a melhor! Então não é que anda a comer um miúdo doze anos mais novo? A Tóquio, não o João Miguel Tavares, que, como se sabe, é casado e tem filhos, aqueles de quem o António Costa tomou conta.

O tal miúdo mais novo que ela andar a comer é Rio, de quem falarei a seguir. Sem querer fazer um spoiler, eles ficam juntos no fim. Ai, desculpem! Que grande spoiler!

Rio: o millennial do grupo

Nome de código de Anibal Cortés, é o mais novo do grupo. Como é o mais novo, é o que percebe de computadores, de alarmes, de desativar câmaras de videovigilância, de entrar em sistemas informáticos. Enfim, terça-feira para um millennial. Fazendo jus ao seu nome de código, leva com uma bala perdida da polícia logo no primeiro episódio. Fisicamente, não sei bem como descrevê-lo. Não é feio nem bonito. É aquele género que, quando sai à noite, nunca saca a miúda mais gira, mas também nunca vai sozinho para casa. Estão a ver? Todos os grupos de amigos têm alguém assim. Se, por acaso, no grupo de amigos do leitor não há nenhum, o mais provável é ser o próprio leitor.

Como é o mais novo, é o que percebe de computadores, de alarmes, de desativar câmaras de videovigilância, de entrar em sistemas informáticos. Enfim, terça-feira para um millennial.

Rio passou grande parte dos cinco meses de preparação na tal quinta de Toledo enfiado na cama de Tóquio. Ai, agora lembrei-me de uma expressão ordinaríssima com a palavra «Tóquio», mas não vou usar. E fica de beicinho por ela. Faz assim a linha do ingénuo, e acredita que vão ficar juntos para sempre. É da idade, com certeza.

Volta a fazer borrada já depois do assalto começar em grande, quando deixa que a filha do embaixador, que é espertíssima, nem parece filha de um diplomata, que a maior parte das vezes são umas enjoadas sem graça nenhuma, quando a deixa, dizia eu, tirar-lhe inadvertidamente uma fotografia, que a polícia intercepta. É logo dos primeiros a ser identificados pelos investigadores. Ainda pensa, a páginas tantas, colaborar com a polícia, mas acaba por decidir ficar do lado dos maus, que nesta série são os bons. Sem querer fazer um spoiler, fica com a Tóquio no fim. Ai, desculpem! Que grande spoiler!

Moscovo: o mineiro bonacheirão

Nome de código de Agustín Ramos, é um antigo mineiro e, como tal, responsável pelo túnel por onde a quadrilha fugirá no final com a pipa de massa. Eu acabei mesmo de chamar «pipa de massa» a dois mil milhões de euros? Acho que isto foi o momento mais blasé da minha vida. Bom, adiante. Moscovo está muito afanado de saúde, todo cheio de asma, de silicose, que é uma doença dos pulmões. Coisas de mineiros, vá. Mas desconfio que há ali algum exagero, isto deve ser por causa das baixas médicas ou dos seguros de saúde, que ele também não tem um ar assim tão doente. Estou a brincar. Está sempre a tossir e assim. Tem um filho, Denver (ver abaixo), fruto da sua relação com uma carocha, perdão, com uma toxicodependente, que ele abandonou um dia no meio da estrada. É muito protetor do filho, pelo menos na medida em que se pode considerar protetor um pai que leva o filho para cometer o maior crime do século. Mas olhem, o meu pai nem ao cinema me levava. Cada um com a sua cruz.

Moscovo não é muito inteligente — é ele próprio que o diz, não estou a ser preconceituoso, lá porque ele era mineiro — e está satisfeito de entrar na operação com alguém que pense por ele, no caso o Professor. Tem um pormenor engraçado para um mineiro: sofre de claustrofobia. Isto não faz sentido nenhum! Um mineiro com claustrofobia é tão ridículo como um burgesso qualquer com uma das maiores coleções de arte contemporânea do mundo. Ou seja, coisas que só acontecem na ficção.

Sofre de claustrofobia. Isto não faz sentido nenhum! Um mineiro com claustrofobia é tão ridículo como um burgesso qualquer com uma das maiores coleções de arte contemporânea do mundo. Ou seja, coisas que só acontecem na ficção.

Mas é um bom tipo, no fundo. Assim bonacheirão, whatever that means. Nunca percebi o que quer dizer bonacheirão, mas se algum dia ouvisse alguém dizer de mim que sou bonacheirão, acho que me fechava em casa durante quinze dias, atirado para cima da cama a chorar convulsivamente. Mas Moscovo tem todo o ar de adorar que lhe chamem bonacheirão. E é ele quem, por causa da bonacheirice, tenta manter o grupo sempre unido, quando as coisas começam a descambar e os reféns a tentar virar o bico ao prego, que também é uma expressão ótima. É uma espécie de figura paterna, Moscovo, o contrário de Berlim. Por falar em Moscovo e Berlim, inventei uma piadinha: nos anos 60, Moscovo bate à porta da casa de banho. Berlim responde: «Está ocupada». Não dá vontade de rir, eu sei, que a Guerra fria não tem graça nenhuma. Sem querer fazer um spoiler, ele morre no fim. Ai, desculpem! Que grande spoiler!

Denver: burro, mas um querido

Nome de código de Ricardo Ramos, que já tem nome daqueles programas de proteção de testemunhas. Por amor de Deus, ninguém se chama Ricardo Ramos. É filho de Moscovo. O menino é filho de quem? De Moscovo. Teve uma infância péssima, coitado. A mãe era drogada e o pai era mineiro. Ai, não me entendam mal! Não estou a dizer que é péssimo ser filho de um mineiro! Nem sequer de uma drogada! É ótimo! Cada um tem os pais que tem, e não é vergonha nenhuma. Vergonha é roubar. Bom, se calhar neste contexto, a frase não faz muito sentido, mas vá. Denver é muito burro, coitado, mas um querido. Gosta muito do pai, até descobrir que, ao contrário do que sempre tinha acreditado, não foi a mãe que os abandonou quando ele era criança, mas sim o pai que a largou no meio da estrada com uma moca daquelas que até via o Cristo Rei vestido de noiva do Minho. Não sei se sabem do que falo. Bom, e claro que ficou piurso com o pai.

Denver vai viver uma história bem gira na série, com Mónica, uma das reféns, que às tantas faz das suas e Berlim manda Denver matá-la. Só que ele, em vez de matá-la, fecha-a dentro de um cofre. Não é romântico? Por acaso, é mesmo, que lhe salva a vida. Claro que se vão apaixonar e pinam imenso.

Denver vai viver uma história bem gira na série, com Mónica, uma das reféns, que às tantas faz das suas e Berlim manda Denver matá-la. Só que ele, em vez de matá-la, fecha-a dentro de um cofre. Não é romântico? Por acaso, é mesmo, que lhe salva a vida. Claro que se vão apaixonar e pinam imenso. É normal, não é? Aquilo no fundo, é como estar fechado numa prisão. Pelo menos, foi com uma mulher. A tal Mónica era amante do diretor da Casa da Moeda, Arturo, que também é um dos reféns e que, cheio de ciúmes, quase limpa o sebo a Denver. Sem querer fazer um spoiler, ele pede Mónica em casamento no fim e ela acaba por juntar-se ao bando. Ai, desculpem! Que grande spoiler!

Nairobi: a especialista em falsificações

Nome de código de Ágata Jiménez. Adoro o nome Ágata Jiménez. Ágata Jiménez. Ágata Jiménez. É daquelas personagens muito brutas, mas que ficamos a gostar logo desde o início. Mas uma coisa é gostar dela, outra coisa é gostar que ela fosse minha irmã. Não gostava nada. Acho que tinha imensa vergonha de ir com ela jantar fora. E acho que se me perguntassem: «É tua irmã?», eu respondia: «Não, não. É uma amiga… andei com ela na escola primária…. Nem sequer somos muito amigos… Na verdade, nem sequer a conheço bem… olha, nem sei como é que ela se chama…».

Nairobi teve uma vida lixada. Teve um filho quando era mais nova, e um dia foi presa por tráfico de droga e a Proteção de Menores tirou-lhe o miúdo. Imaginem! E quando saiu da cadeia, nem sequer a deixaram saber para onde tinha ido o rapaz. Mas ela sabe que ele está com uma família de acolhimento nas Canárias. Não sei se já foram às Canárias, mas venha o diabo e escolha. Estou a brincar, as Canárias são bem giras, assim para ilhas. Não é Portofino, mas também não é Quarteira. É um género.

Bom, de maneira que o seu plano é pegar na sua parte dos milhões e fugir com o filho para o fim do mundo. Se isto não é bonito, não sei o que será.

Está sempre a ver as notas com uma lupa, a ver se estão bem feitas. Só podia, não é? Que aquilo não é uma loja de fotocópias, é a própria da Casa da Moeda. Se não ficassem bem feitas ali, não sei onde ficariam.

É a especialista do grupo em falsificações. Está sempre a ver as notas com uma lupa, a ver se estão bem feitas. Só podia, não é? Que aquilo não é uma loja de fotocópias, é a própria da Casa da Moeda. Se não ficassem bem feitas ali, não sei onde ficariam. Cheia de pelo na venta, vai ter um papel fundamental quando uma data de reféns se revolta e consegue fugir. E vai ser ela quem vai tomar as rédeas da coisa, e explicar aos restantes reféns que ou ficam com eles ou se vão embora. Que é mesmo assim! Sem querer fazer um spoiler, consegue fugir com o dinheiro no fim. Ai, desculpem! Que grande spoiler!

Oslo e Helsínquia: os sérvios que servem para dar pancada

Nomes de código de Radko Dragic e de Yashin Dasáyev, sérvios. São a força bruta do grupo, só servem para dar pancada nas pessoas. Mal falam espanhol, e são resvés Campo de Ourique atrasados mentais, pareceu-me. Mas, se calhar, estou só a ser xenófobo. Estou a brincar, que até tenho amigos que são. Sérvios, claro. Bom, e atrasados mentais também, agora que penso nisso.

Seja como for, e sem querer fazer um spoiler, Oslo morre e Helsínquia consegue fugir com os outros bandidos no fim. Ai, desculpem! Que grande spoiler!

E pronto.  Eis as personagens de Casa de Papel. A saga continua numa televisão perto de si. Estou a brincar, já ninguém vê televisão.

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