A tiara da rainha Amélia, uns brincos da mãe e outros da avó, uma pulseira real emprestada e um vestido que se anuncia de princesa, com cauda e véu. A pouco mais de duas semanas do seu casamento, marcado para o dia 7 de outubro na Basílica de Mafra, a infanta Maria Francisca tem já muitos elementos dos seus looks de noiva decididos. Manda a tradição das noivas reais que haja uma tiara, ou pelo menos, joias com história, e um vestido que será o segredo mais bem guardado das celebrações.
A filha dos duques de Bragança e a mãe falaram com o Observador e revelaram alguns dos pormenores que já estão pensados para o grande dia e outros que ainda estão em discussão. O bouquet, por exemplo, ainda não está fechado. A noiva gosta de hortenses, mas a mãe teme que fiquem amachucadas. O que já se sabe é que depois do casamento, a infanta vai oferecer o seu ramo a Nossa Senhora de Soledade, na própria Basílica de Mafra.
Duas festas e dois vestidos
“Já há vestido!”, disseram mãe e noiva quase em simultâneo. Na verdade, a infanta terá dois vestidos de noiva: um para a cerimónia do casamento, outro para a festa que segue na casa dos pais, em Sintra. A autoria e confeção das duas peças coube a Luzia do Nascimento. “Tem feito os meus vestidos todos e também da minha mãe. Ela é muito muito boa”, conta a noiva que, quando conversou com o Observador tinha ido fazer uma das últimas provas do vestido na véspera. “A prova foi ontem e adorei!”, ficando apenas a faltar “acertos”, acrescenta a mãe. “Teve imensa graça, porque fez o meu vestido numa semana e poucos dias e era exatamente o que eu imaginava, com o corte certo.”
O vestido terá uma silhueta princesa, com cauda e sem bordados. A noiva queria “uma linha muito simples, mas elegante”, conta Isabel Herédia. “Por vezes o mais simples é o mais difícil. Em conversa chegamos mais ou menos à ideia. A Francisca disse do que gostava, desenhámos as duas o vestido.” A noiva revela que o desenho passou por muitas transformações e que disse à costureira: “a Luzia conhece-me, sabe do que eu gosto, tem liberdade criativa”. Quando experimentou o modelo em pano cru, ficou realizada com o resultado e até teve “pena de ter de o desmontar”, para fazer os moldes.
O vestido para o copo de água será “mais leve, não tem cauda” e também aposta na simplicidade com o objetivo de permitir liberdade de movimentos à noiva. “Dá para dançar. Foi um dos meus requisitos, tenho mesmo de dançar a noite toda.”
Sendo os vestidos de noiva da realeza verdadeiras peças de história, porque não perguntar à infanta Maria Francisca se chegou a considerar usar o vestido de noiva da mãe. “O vestido da mãe tem uma história trágica”, responde a filha. “O meu vestido infelizmente queimou”, conta a duquesa de Bragança. “Por isso o meu vestido foi só para mim e foi uma pena.” A peça estava na casa da mãe da duquesa de Bragança, aliás, tal como todos os seus vestidos, porque temia a humidade de Sintra e o seu efeito na roupa — na realidade, aconteceu um incêndio que ditou o fim da peça. “A minha mãe é do Alentejo, tenho raízes alentejanas e o meu vestido tinha bordados de Nisa, que era uma homenagem ao Alentejo. Estamos sempre a ver como, em pequenos detalhes, podemos homenagear as nossas regiões e a nossa cultura.”
As joias da rainha Amélia
Para a cerimónia de casamento na Basílica de Mafra, a noiva vai usar véu e o mesmo diadema que a mãe usou no seu casamento, em 1995. Trata-se do diadema com brilhantes de Dona Amélia, a última rainha de Portugal. A joia foi um presente do Rei D. Luís I para Dona Amélia de Orléans, pelo seu casamento com o então príncipe herdeiro, D. Carlos, em 1886. A futura sogra, a rainha Maria Pia, também ofereceu um colar espelhado a fazer jogo. O diadema foi herdado por D. Duarte e tem sido usado pela sua mulher. No dia 7 de outubro vai voltar a ser protagonista na cabeça de Maria Francisca. “Eu sinto-me muito honrada, com muita sorte, por me terem emprestado, porque é uma tiara com muito valor. A minha mãe casou com o meu pai, que é o duque de Bragança e eu sinto que não sou tão merecedora de usar a tiara e fico mesmo muito feliz por me terem dado esta oportunidade.”
Mas esta não será a única joia de antiga rainha, que era também madrinha do atual duque de Bragança. “Um amigo meu, muito querido, que tem um antiquário vai me emprestar uma pulseira da rainha Amélia”, revelou a noiva ao Observador, e também à própria mãe. É uma joia com brilhantes e safiras em estilo riviére. “Ele disse-me ‘eu tenho esta pulseira da rainha Dona Amélia que comprei numa leiloeira e faço questão que uses porque é da tua família e tem valor sentimental e histórico’.”
Maria Francisca vai ainda completar o look de noiva com os mesmos brincos que a mãe usou no casamento. “Vai usar os brincos que a minha mãe me deu quando me casei, com brilhantes, [que jogam] com a tiara”, segundo explicou Isabel Herédia.
Há mais joias com histórias para contar. Para o copo de água, depois do casamento, na casa da família em Sintra, a noiva tem reservados uns brincos da avó Francisca, mãe de Dom Duarte. Foi destas joias que saiu o diamante central do anel de noivado, um projeto que uniu o noivo, Duarte de Sousa Araújo Martins, e os duques de Bragança com o objetivo de surpreender a noiva. O noivo substituiu depois os diamantes dos brincos por duas esmeraldas. “Tanto no anel, como nos brincos, tenho a minha avó Francisca e o Duarte representados”, resume a infanta.