Está encontrada uma alternativa a Francisco Rodrigues dos Santos? No que depender de João Gonçalves Pereira, sim. O dirigente democrata-cristão entende que Cecília Meireles, deputada, antiga vice-presidente de Assunção Cristas e ex-líder parlamentar, tem tudo para devolver o partido ao caminho certo. “É uma ótima deputada, uma política competente, que serve o país a dizer o que pensa e não apenas o politicamente correto. Poderia ser uma boa solução“, diz.
Em entrevista ao Observador, o deputado, vereador e líder da distrital do CDS/Lisboa não se compromete, ainda assim, com calendários: o tempo é de Francisco Rodrigues dos Santos e não faz sentido estar a falar já antecipação de eleições internas; mas o presidente do CDS tem de organizar rapidamente um Conselho Nacional para que o partido possa refletir sobre os últimos meses. “A pior coisa que há é percebermos que há um problema, que o rumo que está a ser seguido não é o rumo mais correto e fingir que está tudo bem. Não me parece uma coisa normal, nem é a tradição do CDS. É momento de fazer essa reflexão interna”, nota.
E uma das questões a debater é, precisamente, a relação com o Chega. Nesta entrevista, Gonçalves Pereira sugere que Francisco Rodrigues dos Santos faltou à verdade quando disse que o CDS não tinha assinado qualquer acordo com o Chega e que “não pode haver hesitações”: “Não tenho grandes ilusões sobre o que pensa André Ventura. Tem uma linha política, não se vai afastar dela. Colou-se à extrema-direita. É uma espécie de Trump português que hoje diz uma coisa e amanhã diz outra. O CDS tem de se distanciar daquele mesmo partido.”
Disse há dias, ainda antes das eleições nos Açores, que a liderança do CDS estava a “falhar” e que havia um “problema de afirmação” do partido. Francisco Rodrigues dos Santos foi eleito há menos de um ano e, naquele que foi o seu primeiro teste eleitoral, o CDS manteve-se como terceira força política e acaba de se tornar parceiro de governo nos Açores num contexto muito difícil. É caso para dizer que a sua frase envelheceu mal?
Há algo de positivo: o CDS participa naquilo que é uma solução governativa. Mas isso não significa que não tenhamos de fazer uma avaliação daquilo que foi o resultado eleitoral. Perdemos eleitores, perdemos mandatos e infelizmente tivemos o pior resultado dos últimos 25 anos. Esta é a realidade do resultado. Houve uma reação de algum excesso da parte do presidente do partido.
Telmo Correia falou em euforia despropositada.
Foi um reparo assertivo e bem dado. Quando se perdem eleitores, quando se perdem mandatos e quando se tem o pior resultado dos últimos 25 anos, não me parece que haja razão para grandes euforias. É certo que se podia esperar uma hecatombe eleitoral. Felizmente isso não aconteceu, mas o resultado dos Açores tem de ter uma leitura completa e não enviesada.
Quando se esperava que o CDS desaparecesse do mapa, o partido acaba como parceiro de governo. Isso não é mérito da atual direção?
É mérito essencialmente do CDS/Açores, que conseguiu segurar ali um resultado e a presença do CDS. Houve um empenhamento do presidente do partido mas há ali um grande trabalho do CDS/Açores.
Sente-se confortável em ter a assinatura do CDS ao lado da assinatura do Chega?
Haverá uma discussão no Conselho Nacional sobre essa matéria. Estive na conferência de imprensa [em que Francisco Rodrigues dos Santos disse não existir acordo algum com o Chega nos Açores], ouvi — e está gravado — o que foi dito, saí dessa conferência de imprensa com alguma tranquilidade e depois houve um momento seguinte… Vou ouvir o que o presidente do partido tem a dizer sobre essa matéria.
Francisco Rodrigues dos Santos mentiu deliberadamente?
Conheço Francisco Rodrigues dos Santos e não acho que seja mentiroso. Agora, há algo que foi dito na conferência de imprensa e depois apareceram documentos assinados. Convinha que houvesse alguma coincidência ao nível da informação prestada aos jornalistas, ao país e aos militantes. Vamos aguardar o Conselho Nacional.
A aliança nos Açores não é benéfica para o CDS?
Não teria seguido esse caminho. A coligação CDS, PSD e PPM tem uma coerência histórica e política. Devia ter sido colocada a votos essa solução de compromisso governativo para que o Chega e a Iniciativa Liberal pudessem clarificar o seu voto. Acho um erro a direita entrar numa negociação com o Chega. Não deve haver hesitações. Nas últimas eleições autárquicas, eu e Assunção Cristas mostrámos um cartão vermelho ao PSD e a André Ventura em Loures. Não tenho grandes ilusões sobre o que pensa André Ventura, tem uma linha política e não se vai afastar dela. Colou-se à extrema-direita. É uma espécie de Trump português que hoje diz uma coisa e amanhã diz outra. O CDS tem de se distanciar daquele mesmo partido. No Chega, há saudações nazis.
Mas do que se conhece do acordo nos Açores há algum aspecto que fira a matriz do CDS?
Não sei o que este CDS pensa em relação à redução de deputados…
Historicamente é contra.
Não sei se mudou entretanto… Há matérias que temos de falar internamente e o Conselho Nacional é o espaço próprio para se poder fazer essa discussão.
Certo. Mas qual era a alternativa nos Açores? O Chega teve 5% e menos 500 votos que o CDS. A direita não deve dialogar com um partido que tem esta expressão significativa no contexto açoriano?
Uma coisa é diálogo, outra são compromissos. Ou o Chega apoiava uma solução de centro e de direita, ou entendia perpetuar no poder o PS. Era a escolha que teriam de fazer. Eu não teria ido para negociações com o Chega.
Mas a questão é que este dilema — ou seja, negociar ou não negociar com o Chega — vai colocar-se no futuro. Se entende que o CDS nunca deve negociar com o Chega, dentro de uma hipotética e futura maioria de direita, isso não vai atirar o CDS para fora do arco de governação à direita?
Neste momento, temos um determinado contexto. Não sei qual será esse contexto daqui a quatro ou cinco anos. O Chega tem apenas um deputado. Havendo eleições, os eleitores decidem e vamos ver qual é o resultado. Mediante isso, teremos de ver que soluções terão ou não de ser encontradas. Agora, na minha perspetiva, a direita só se deve coligar com aqueles que são parceiros confiáveis. E não com partidos intermitentes. André Ventura diz uma coisa e o seu contrário. Nós temos de nos reencontrar, conseguir fazer uma afirmação e essa afirmação só pode ser feita se houver políticas alternativas. É nesse programa, nessa alternativa, que esta direção não tem conseguido ter sucesso. Apelo a um Conselho Nacional onde, de uma forma construtiva, possamos apontar algum tipo de caminhos e soluções.
“Cecília Meireles poderia ser uma boa solução”
Dizia que a atual direção do CDS estava a falhar. Em que medida?
Percebe-se que o CDS não está a gerar grande entusiasmo no eleitorado.
Porquê?
Precisamente porque não está a afirmar uma verdadeira alternativa. E tínhamos espaço para isso.
Mesmo com a emergência de novos partidos à direita?
Sim, porque as coisas se tornaram muito claras. Tenho ouvido a desculpa da pandemia… Há partidos à direita que têm conseguido crescer apesar da pandemia. No atual quadro político, à direita, temos Rui Rio, que posicionou o seu partido como centro-esquerda; temos André Ventura que se posiciona na extrema-direita; e temos a Iniciativa Liberal que vai tendo a sua afirmação. Há todo um espaço ao centro-direita para um projeto político. O CDS tem uma oportunidade de ouro, o que passa por mostrar uma alternativa credível com soluções concretas e medidas concretas. E isso não temos conseguido afirmar.
Se a direção do CDS é tão má assim devia convocar já eleições internas?
Vamos organizar um Conselho Nacional, falar internamente e, de uma forma séria e construtiva, ter esse diálogo. Cada coisa a seu tempo.
Já houve um Conselho Nacional desde o último congresso. E, apesar de ser público e notório que existe uma tensão enorme dentro do partido, não consta que tenha havido grandes críticas à direção do partido.
Cada dirigente tem a responsabilidade de dizer o que pensa em cada momento. Eu fiz uma intervenção crítica no último…
Foi o único, aparentemente.
Estou confortável e tranquilo com a minha consciência. O CDS vive um momento crítico porque é um momento de sobrevivência. E isso sente-se. A pior coisa que há é percebermos que há um problema, que o rumo que está a ser seguido não é o rumo mais correto, e fingir que está tudo bem. Não me parece uma coisa normal, nem é a tradição do CDS. É momento de fazer essa reflexão interna.
Mas se o caminho seguido vai conduzir a tão maus resultados onde está o partido? A sensação que dá é que os herdeiros do portismo, a ala que foi derrotada no Congresso do partido, desistiu do CDS. Nomes como Adolfo Mesquita Nunes, Pedro Mota Soares, Lobo Xavier, Diogo Feio, João Almeida, Nuno Magalhães têm estado praticamente em silêncio. E o mesmo vale para Paulo Portas. Estão conformados com o destino do CDS, é isso?
Todos eles gostam muito do CDS, não tenho a mais pequena dúvida. Alguns deles sei que comungam desta mesma preocupação. Agora, vamos dar tempo ao tempo e vamos discutir de forma civilizada. Tem é de haver disponibilidade da direção do CDS e de Francisco Rodrigues dos Santos para ouvir aquilo que forem críticas, para ser questionado e para dar explicações.
E se nada mudar, há alternativas a Francisco Rodrigues dos Santos?
As soluções futuras poderão passar por Bruxelas ou pelo grupo parlamentar na medida em que são as soluções dão mais alguma visibilidade ao partido e isso é relevante.
De Bruxelas imagino que esteja a falar de Nuno Melo. E do grupo parlamentar, está a pensar em quem?
Dou-lhe a minha opinião: Cecília Meireles, que é uma ótima deputada, uma política competente, que serve o país a dizer o que pensa e não apenas o politicamente correto, poderia ser uma boa solução. Agora, todos no CDS temos de dizer presente porque a situação é muito delicada. O problema é grave. O CDS tem quadros, uma história e capacidade de poder dar a volta por cima.
E Cecília Meireles conseguiria fazer isso?
Acho que sim. É um quadro que vejo e reconheço que tem uma enorme qualidade e vejo a boa aceitação que tem mesmo quando falo de pessoas fora da política.
Cecília Meireles teria uma linha próxima de Assunção Cristas, que teve a estratégia que teve, o resultado que teve nas eleições e que acabou castigada no congresso. Fazer a mesma coisa duas vezes não é receita para o desastre?
Cada pessoa é uma pessoa. Não vamos estar a dizer que por alguém ter pertencido a uma determinada direção…
A uma direção e a uma linha dentro do partido.
Tem um pensamento próprio. Adolfo Mesquita Nunes e Nuno Melo eram vice-presidentes de Assunção Cristas e são muito diferentes. Isso é normal no CDS, essa é a verdadeira riqueza do CDS. Cada um tem o seu estilo. Conheço bem Assunção Cristas, conheço bem Cecília Meireles e são pessoas muito diferentes. E ainda bem que são.
Uma curiosidade: Manuel Monteiro, no Público, disse desejar boa sorte a Francisco Rodrigues do Santos, mas não se punha fora de uma eventual corrida à liderança do CDS. Seria uma boa solução?
Acho estranho que alguém que chegou há três meses ao partido de repente queira ser candidato a presidente do partido. Acho muito estranho. Admito que possa ser algo irrefletido. Vamos dar o devido desconto. Acho que há assuntos mais prioritários. Tudo que se desvie daquilo que é a importância de encontrar soluções é um erro.
Que soluções é que o CDS devia oferecer e não está a oferecer?
O CDS tem de liderar uma agenda política. E, para isso, tem de ter propostas, um caminho e um rumo. O CDS devia defender a classe média, que está sem voz. A esquerda gosta muito de discutir o salário mínimo e o rendimento social de inserção. A direita devia estar a fazer outra discussão: como é que vamos poder chegar a um salário médio digno? Devia ter propostas sobre a produtividade — os salários, no público e no privado, deviam estar indexados à produtividade. No combate à corrupção, temos um plano nacional que deixou de fora partidos, governantes e autarcas. Como é que é possível? Ainda bem recentemente foi anunciada a contratação de mais 100 inspetores para a PJ. Não se consegue fazer uma investigação só com inspetores. É preciso ter peritos. É preciso desmontar a narrativa do Governo socialista. Em relação ao abandono do interior do país, no capítulo das Infraestruturas, transportes e mobilidade, este Governo decidiu aplicar apenas 17% do investimento. Isto só pode merecer a nossa completa indignação. Em matéria fiscal, temos de continuar a pugnar por menos impostos. O CDS devia ter várias propostas nestas matérias e tomar a iniciativa.
Nada disso parece contrariar a agenda de Francisco Rodrigues dos Santos. O que é que está a falhar, afinal?
Tem de se ir à questão concreta. Não se pode andar a falar de políticas no sentido lato sem ir ao micro, sem falar na realidade do dia a dia das pessoas.
“Temos em Lisboa uma espécie de Medinolândia”
Disse que Francisco Rodrigues dos Santos devia ser candidato à Câmara Municipal de Lisboa. Se Francisco Rodrigues dos Santos está a falhar como líder, o que faz dele um bom candidato a autarca?
O que eu disse foi o seguinte: tem havido diálogo com o PSD e nesse diálogo o CDS tem de colocar nomes em cima da mesa para candidaturas de coligação; o nome de Assunção Cristas, que tem feito um excelente mandato como vereadora, deve estar em cima da mesa.
Assunção Cristas já deu sinais de que não seria candidata se não encabeçasse uma coligação PSD/CDS.
Há uma tradição que existe entre os dois partidos face àquilo que é o anterior resultado em eleições autárquicas. Basta pensar em Krus Abecasis, que foi cabeça de lista porque nas eleições anteriores a essas o CDS tinha tido mais que o PSD. Nestas últimas, a diferença entre CDS e PSD foi ainda maior. Assunção Cristas é um ativo do partido…
Mas essa hipótese de Assunção Cristas é uma impossibilidade teórica.
Não, não é. Li uma entrevista de Francisco Rodrigues dos Santos onde dizia que a primeira opção dele para Lisboa é Assunção Cristas.
Só não será opção do PSD.
Não sei. Neste momento, temos de colocar nomes em cima da mesa para liderarem uma coligação. O que eu disse é que a carta mais forte de um partido é o seu presidente. À semelhança de outros presidentes, faz sentido que o nome de Francisco Rodrigues dos Santos esteja em cima da mesa. Ainda agora, bem recentemente, Paulo Portas lembrou que foi candidato à Câmara de Lisboa em circunstâncias muito difíceis para o partido.
E isso não será um presente envenenado?
Não. Então estou a defender que o presidente do partido que é a carta mais forte! Isto sempre foi assim. Os nomes falados para Lisboa foram presidentes do partidos. Aliás, eu fiz essas duas campanhas, Paulo Portas em 2001 e Assunção Cristas em 2017, e Francisco Rodrigues dos Santos até tem uma vantagem: tem experiência autárquica, de freguesia e de Assembleia Municipal. Este é um dossier que devia ser acelerado. Não devíamos estar dependentes do calendário do PSD.
De todo o modo, Francisco Rodrigues dos Santos, numa entrevista ao Expresso, pôs-se fora da corrida dizendo não acreditar em “omnipresidentes” do CDS. Acha que o líder do partido tem receio de ir a votos em Lisboa?
Eu tenho direito à minha opinião. Tal como fez sentido no passado, no atual contexto faz sentido o nome de Francisco Rodrigues dos Santos. E se não houver coligação, essa hipótese deve manter-se? Penso que sim.
Põe-se fora dessa corrida?
Nunca disse que não a Lisboa. Estou disponível para ajudar. A disponibilidade que tive em 2017 é a mesmo que terei para dar nas próximas autárquicas se o candidato for, por exemplo, Francisco Rodrigues dos Santos. Quer mais apoio que isto?
Fernando Medina é um candidato batível?
Sim e penso que a direita terá uma enorme responsabilidade se a direita se mantiver como presidente da Câmara de Lisboa. Temos em Lisboa uma espécie de Medinolândia em que temos um presidente que descaracterizou em muito aquilo que era a identidade da própria cidade, que prejudicou objetivamente a qualidade de vida de quem cá vive e de quem cá trabalha, e que fez uma péssima gestão na resposta à pandemia — comparando, por exemplo, com o que fez Carlos Carreiras, em Cascais. Há espaço para apresentar um projeto diferente para Lisboa e que não pense nas meras fotografias.
Acredita que Fernando Medina pode ser castigado nas urnas pela crise social e económica que o país atravessa e vai atravessar? Não seria inédito, basta ver o que aconteceu em 2001, com António Guterres.
Há sempre esse efeito, aquilo que acontece com as lideranças nacionais tem sempre um reflexo naquilo que é o resultado autárquico. Mas, no caso de Fernando Medina, o descontentamento que existe…
Funciona por si só?
Funciona por si só. Esta Medinolândia só funciona na cabeça dele. Não podemos estar a transformar a vida dos lisboetas num autêntico inferno na área da mobilidade quando depois não existem alternativas na área dos transportes públicos.
Mas, a nível nacional, acha que o Governo vai conseguir durar até ao fim da legislatura?
Vimos as dificuldades que António Costa teve para aprovar este Orçamento do Estado. Agora, acho que é muito difícil António Costa conseguir passar o próximo Orçamento. Vamos ter um primeiro semestre muito difícil e estou convencido que o segundo semestre não vai ser tão bom como é a previsão do Governo. Se for em linha com a dificuldade que antevejo, acredito que o Governo estará muito desgastado no próximo Orçamento e nas próximas autárquicas.
Nesse cenário, o de eleições antecipadas, dificilmente Francisco Rodrigues dos Santos irá a votos nas legislativas.
Nesse cenário?
Sim, tem um mandato de dois anos. Não antecipa uma eventual disputa pela liderança do partido antes das legislativas?
Percebo a pergunta, faz parte do papel dos jornalistas provocar um determinado tipo de reações e de respostas, mas, como disse, cada coisa a seu tempo. Vamos discutir internamente e tentar encontrar algum rumo.
Não me parece muito convencido com a sua resposta.
É uma perceção.
“Não apoiar explicitamente Marcelo pode dar um sinal errado sobre Ventura”
Falemos de presidenciais. O CDS cometeria um erro ao apoiar Marcelo Rebelo de Sousa?
Acho que não. Marcelo Rebelo de Sousa já devia ter apresentado a sua recandidatura. Estamos a dois meses do ato eleitoral e era importante a clarificação. Já percebemos que será candidato e era importante. O país vive um momento de grande ansiedade e o país precisou de Marcelo Rebelo de Sousa quando foram os trágicos acidentes de 2017; é importante que o atual Presidente dê um sinal que o país poderá contar com ele também na saída da crise. No caso do CDS, ao não apoiar explicitamente Marcelo Rebelo de Sousa pode estar implicitamente a dar um sinal errado de apoio a André Ventura. Quero acreditar que o CDS vai dar o apoio explícito a Marcelo Rebelo de Sousa. É a única solução equilibrada à direita.
Não concorda com Francisco Rodrigues dos Santos quando diz que Marcelo Rebelo de Sousa foi demasiado íntimo do PS?
Houve coisas correram muitíssimo bem. A causa dos sem-abrigo que o Presidente agarrou é algo extremamente positivo. Agora, houve coisas que também não gostei. Quando o Governo desrespeitou a posição do Parlamento em relação à [suspensão da] linha circular do Metro Lisboa, uma decisão que o Presidente da República depois acomodou, não gostei disso. Agora, penso que é a solução correta num momento em que não podemos abrir a porta aos extremismos. Tem de haver uma espécie de cruzada contra os extremismos sejam eles de direita ou de esquerda. É tão má a extrema-direita do Chega como é a extrema-esquerda do PCP e do Bloco de Esquerda. Quando chegou ao Parlamento, o Bloco de Esquerda votava contra condenações a grupos terroristas como a ETA. Ainda há duas semanas, o PCP votou contra num voto de saudação pela queda do Muro de Berlim. O Bloco de Esquerda absteve-se. Tanto é mau extremismo à esquerda, como à direita.
Já pensou em como vai ser a campanha de Paulo Portas, em 2026?
Não sei se vai ou não ser candidato. Se for candidato, terá o meu voto seguramente.