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João Cotrim Figueiredo foi um dos oradores do programa eleitoral da IL
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João Cotrim Figueiredo foi um dos oradores do programa eleitoral da IL

LUSA

João Cotrim Figueiredo foi um dos oradores do programa eleitoral da IL

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Cotrim em modo campanha: dez minutos chegaram para arrumar todos os temas e adversários

Cotrim Figueiredo ia só para falar de saúde, mas conseguiu tornar o discurso no Capitólio num pontapé de saída para a campanha eleitoral da IL. Rocha focou-se em apresentar medidas e atirar ao PS.

Não é líder, mas entusiasma como um líder. Não é líder, mas fala como um líder. Não é líder, mas levanta salas como um líder. Não é líder, mas a IL ainda o sente como o seu líder. João Cotrim Figueiredo era um dos oradores responsáveis pela apresentação do programa eleitoral da Iniciativa Liberal, mas fez muito mais do que isso: foi ele que em dez minutos deu uma lição de política à sala e ainda o pontapé de partida para a campanha eleitoral. Já aquele que é mesmo o líder, Rui Rocha, que teve dois discursos ao longo do dia, focou-se na apresentação das medidas do programa eleitoral da IL e foi aproveitando cada tema para atirar ao PS e à esquerda, contrapondo com as soluções liberais.

No Capitólio, em Lisboa, em dia de reflexão nos Açores, a IL reuniu-se para apresentação do programa eleitoral, depois de a Comissão Nacional de Eleições (CNE) ter dito que “obviamente” este evento é “propaganda proibida pela lei”. Os liberais não recuaram e, durante várias horas, apresentaram as ideias com que vão a votos, sendo que as novidades são poucas e as bandeiras se mantêm as de sempre — coerência, chamou-lhe Rui Rocha logo no discurso inicial.

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O momento alto do dia chegou quase no fim, quando arrancou o último painel de apresentação do programa eleitoral da IL, com João Cotrim Figueiredo à cabeça, e cujo tema era o SUA-Saúde — a proposta dos liberais para um sistema nacional de saúde. O ex-presidente do partido era um dos responsáveis por explicar aos portugueses a solução dos liberais para o estado da saúde e fê-lo, ainda que antes tenha vestido um fato de líder capaz de arrumar todos os assuntos e adversários num ápice. Falou 20 minutos e dedicou metade do tempo a lançar a campanha dos liberais, com um mote repetido várias vezes: “Não subestimem a IL.”

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Em cima de um palco cujo formato colocava pessoas à frente e nas costas de quem discursava no púlpito, Cotrim Figueiredo não perdeu a oportunidade para dizer que quem estava atrás de si conseguia aquilo que “muitos adversários gostariam”, vê-lo “pelas costas” e deixou a garantia: “Esperem sentados.” De facto, o que o ex-líder da IL ali foi fazer, perante todos, foi mostrar que não meteu os papéis para a reforma — e, além de candidato pelo círculo da Europa, tem um bilhete para Bruxelas praticamente assegurado, como cabeça de lista da IL para as eleições ao Parlamento Europeu, marcadas para 9 de junho.

Com a ambição de que o partido vai conseguir uma “noite gloriosa” no dia 10 de março, Cotrim Figueiredo deu o primeiro passo para “transformar os 36 dias que faltam de campanha num verdadeiro esforço” rumo a um “enorme resultado”. E quis contribuir ativamente para isso ao investir num discurso político fora da caixa do programa propriamente dito e reconhecendo quem está na “angústia de escolher o voto certo”.

“Olham à vossa volta e já perceberam que não vai ser o PS que vos vai dar as respostas que não deu. Olham para as alternativas e não se entusiasmam muito com o PSD, que não parece trazer assim muita coisa de novo. E o Chega, além da gritaria, da boçalidade e da infantilidade, é tão ou mais estatista do que o PS”, explicou o ex-líder liberal, que acabou por ironizar com “uma diferença: o PS ao menos aprendeu finalmente a fazer contas, o Chega nem isso“.

E nas meia dúzia de frases que se seguiram, resolveu todos os grandes temas da atualidade. Em primeiro lugar, a questão dos subsídios dos deputados com moradas alegadamente falsas, numa referência específica aos casos de Maló de Abreu e Pedro Nuno Santos: “Para nós, quem mora perto, mas diz que mora longe só para receber mais umas ajudas do Parlamento não tem condições para ser candidato a nada e não interessa se diz que mora em Angola ou em Aveiro. Isto é ser liberal.”

E ainda teve tempo para ir ao assunto da corrupção e para sublinhar que “um chefes de Governo, seja nacional ou regional, que seja atingido de perto com suspeitas fundadas de corrupção deixa de ter condições para governar. Seja quem for, na Madeira ou no continente”, atirou em mais uma referência aos casos que levaram à queda de António Costa, em novembro, e de Miguel Albuquerque, na semana passada.

Antes de se debruçar ao tema que ali o trouxe, João Cotrim Figueiredo pediu uma “salva de palmas” para Rui Rocha, destacando a “inteligência, coragem e convicção” que o “inspiram todos os dias”. As palmas para o sucessor de Cotrim vieram de pé, bem como para o próprio — que foi protagonista do discurso mais político da tarde e aquele que mais entusiasmo provocou na plateia.

Rocha, entre propostas e ataques a Pedro Nuno Santos e à “sócia” Mortágua

Durante todo o dia, entre liberais, as críticas foram muito mais dirigidas ao PS e até ao Bloco de Esquerda e ao PCP do que ao PSD — que caso vença as eleições pode mesmo vir a ser um parceiro da IL. Rui Rocha, no discurso em que enumerou algumas das principais propostas da IL, que surgem num programa de 166 páginas, culpou os socialistas de terem feito “tudo errado em matéria de habitação”. “Agora imaginem o que é Pedro Nuno Santos com a sua sócia Mariana Mortágua a terem responsabilidades governativas. Arrasam com o mercado da habitação que resta em poucos meses”, atirou — e mais tarde, no discurso de encerramento, aproveitou as pateadas da plateia para mais uma farpa ao secretário-geral socialista: “Está tremer e não são as pernas dos banqueiros alemães.”

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Nessa área, reiterou algumas das propostas do partido incluídas no Programa Habitação Agora, desde logo a eliminação do IMT — cumprindo o “desejo de Guterres” de eliminar o “imposto mais estúpido do mundo” e ajudando os socialistas “a fazer aquilo que não tiveram coragem de fazer” —, a redução do IVA da construção para 6% porque a habitação “não é um bem de luxo” e a colocação dos “imóveis devolutos do Estado ao serviço dos portugueses”. Rocha anunciou ainda que os liberais querem a revogação do programa Mais Habitação.

O presidente da IL anunciou o “cheque-creche” no valor de 480 euros porque “são os portugueses que decidem o que é melhor para os seus filhos”, alertando para um “problema muito sério” de vagas nas creches e acusando o PS de dizer que “só se pode escolher uma creche privada, mesmo que ela esteja a dez metros da tua casa, se não houver uma vaga no setor social ou nas poucas creches públicas na tua zona de influência”.

No que toca à corrupção, Rui Rocha, sem nunca falar do Chega, deixou a referência: “O combate à corrupção não se faz aos gritos nem a falar muito alto. Os corruptos não têm medo de quem grita.” E explicou que têm de ser tomadas medidas, desde logo com “as nomeações para cargos políticos e administração pública” que devem acontecer baseadas em critérios de “mérito”. Contra os favores que deixam as pessoas mais permeáveis, Rocha pretende ainda que haja “muito menos burocracia e mais simplicidade”, desde logo nas aprovações pelo mérito dos projetos, e realçou que quando um processo “demora muito” a ser aprovado e o Estado não consegue resolver o assunto, é preciso que a “arbitragem resolva”.

Numa das maiores bandeiras do partido — a descida dos impostos —, o presidente da IL sublinhou as propostas da taxa única de IRS de 15% e também uma taxa base de IRC nos 12%, exceto para as grandes multinacionais que será de 15% de acordo com o exigido pela lei europeia, e aproveitou o tema para fazer oposição a Pedro Nuno Santos: “Com Pedro Nuno Santos a mensagem para os jovens é clara: podem subir na vida, mas para isso têm de sair de Portugal. A mensagem da IL também é clara: podem subir na vida mas connosco podem fazê-lo em Portugal.”

No dia em que membros da IL e independentes subiram ao palco para defender o programa do partido para as próximas eleições legislativas, Rui Rocha fez questão de se mostrar certo da nega que os liberais deram à Aliança Democrática, recordando que “houve quem não entendesse”, mas que o programa e o caminho” do partido mostra que estavam “certos” porque “não há ninguém em Portugal que tenha a coragem de apresentar um programa desta natureza”. “Tenho a certeza que tomámos a decisão certa, somos o único partido que não tem uma visão estatista em Portugal.”

Longe do PSD, mas assumidamente ao lado de uma solução de direita que saia das eleições, Chega excluído, Rui Rocha repetiu vezes sem conta a palavra “coragem” e assegura que onde “os outros falam de medo ou de ressentimento”, a IL vê “confiança e esperança” para colocar “Portugal a crescer”.

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