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Cristas de bicicleta na 'volta a Tancos' responde ao 'sprint' ao ataque de Santos Silva

Em mais uma etapa da 'Volta a Tancos', a líder do CDS explicou que os recados que recebeu para não falar de Tancos são "mensagens que andam por aí". Foi atacada e respondeu a Santos Silva.

Artigo atualizado ao longo do dia

Assunção Cristas sabe que tem de ter muita pedalada para evitar um mau resultado e este domingo decidiu fazê-lo de forma literal. Sempre na frente do pelotão, acompanhada pela família, a líder do CDS deu um passeio de bicicleta junto à ria de Aveiro. A líder do CDS tem “sprintado” para chegar antes do PSD à meta da oposição ao governo. Numa verdadeira “volta a Tancos”, Cristas tem falado do assunto em todos os distritos por onde passa para tentar evitar uma bipolarização PS-PSD. E conseguiu resultados quando ouviu o ministro Augusto Santos Silva a acusá-la de “afundar” o debate político com o caso de Tancos. Pouco depois, Cristas devolveu a crítica ao dizer que é o PS quem põe a política na lama e que Santos Silva é o mesmo que falou em “jornalismo de sarjeta” no passado.

Assunção Cristas soube entre o almoço e uma visita à Feira de Arouca do ataque de Santos Silva. Ao início da tarde, em Arouca, a líder do CDS levou um banho de multidão. Ao estilo de Marcelo, as pessoas fizeram fila para tirar fotografias e selfies com “a Cristas”. “Olha ela ali“, “vamos lá tirar uma foto”, “está ali a minha filha que quer uma fotografia consigo”, foi ouvindo.

Mas Cristas não conseguiu avançar muito na feira de Arouca antes de responder aos jornalistas. Como tinha sido atacada diretamente por um ministro do PS, era como se tivesse sido finalmente chamada ao palco e, antes que o holofote se apagasse, começaram a montar-se os tripés para inevitáveis declarações de resposta. Nesse contra-ataque a Santos Silva a líder do CDS voltou a insistir que as palavras do ministro encaixam na “velha máxima de quem se mete com o PS, leva”, mas avisa que “no CDS não há medo de dizer as verdades”. E acrescentou, voltando a visar Tiago Barbosa Ribeiro, que “quem coloca as instituições políticas na lama é quem mantém um candidato a deputado envolvido num processo, que aparentemente soube do que se passou, e quando devia escrutinar o governo, estava de alguma forma a encobrir também o governo”.

Cristas disse ainda que as palavras de Santos Silva “aplicam-se bem ao PS” e é por isso que as devolve “ao senhor ministro Santos Silva”, de quem lembrou o passado corrosivo no combate político: “Nós ainda nos lembramos bem de quando ele acusava o jornalismo de ser jornalismo de sarjeta e, portanto, eu acho que ele deve refletir muito bem sobre aquilo que disse”.

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A líder do CDS afirmou que jamais os centristas podiam ignorar “aquilo que foi uma atuação do governo absolutamente vergonhosa a desprestigiar as nossas instituições e a nossa democracia”. Isso seria estar a “trair as pessoas” que confiaram no CDS.

Afinal “recados” são “mensagens que andam por aí”

Mas se na noite de sábado tocaram as campainhas — quando Cristas disse que recebeu “recados” e “mensagens” a pressionar para não falar sobre Tancos — este domingo não quis fazer saltar a corrente e tentou desvalorizar o que tinha dito: “Isso há muitas mensagens que andam por aí por todo lado”. E negou estar a fazer referência a uma pessoa em específico: “Podem tirar daí a ideia que eu não me estava a referir a ninguém em concreto, nem a nenhuma mensagem em concreto. Aquilo que sinalizei foi que nós não aceitamos que nos digam o que devemos ou não dizer em campanha eleitoral direta ou indiretamente por ninguém.”

Sobre se essas mensagens diretas e indiretas eram públicas ou privadas, Assunção Cristas optou por voltar a ser evasiva: “Andam todas por aí. Não tem mistério nenhum.” Apesar de várias questões, a líder centrista  não saiu desse registo, dizendo que “cada um pensa o que quiser” e que “estava a falar em geral, de um certo ambiente em geral em que há coisas que se podem dizer e há outras que não se podem dizer.” A candidata do CDS promete, no entanto, não abandonar o caso: “Achamos o tema de Tancos muito relevante e vamos continuar a trazê-lo. E, de resto, eu continuo à espera das respostas do primeiro-ministro”.

Assunção Cristas fez parte do percurso do passadiço da ria de Aveiro de bicicleta, mas não foi até ao fim: “O CDS está a pedalar muito bem nesta campanha eleitoral, tivéssemos mais longe e ainda iríamos mais longe neste passadiço“. E acrescentou: “Estamos a trabalhar intensamente para explicar às pessoas porque é que faz sentido votar no CDS.”

Para isso, claro, continua a contar com o mesmo trunfo: “Prejudicial foi o que aconteceu ao país com Tancos, com uma grande fragilização das nossas instituições relevantes, que constituem um Estado de soberania.”A líder do CDS também não perdoou a presença na campanha do PS do deputado Tiago Barbosa Ribeiro — que, como o Observador revelou, terá alegadamente sido informado por Azeredo Lopes sobre o caso. Para Cristas, as escolhas do PS não são aceitáveis, “mas os eleitores têm a sua palavra daqui a 8 dias” e considera a postura “condizente com o que PS tem sido e continua a ser”.

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Vangelis, o Estado “javali” e o Costa “cara de lobo”

Pela manhã, ainda Assunção Cristas não tinha chegado à Feira da Palhaça, em Oliveira do Bairro, já os carros de som disputavam eleitorado. Ora, saía Vangelis dos altifalantes das carrinhas do PS, ora saía o hino do PSD das carrinhas do PSD, ora saía a voz de Dina da carrinha do CDS. Antes de a líder chegar, o PSD ainda faria uma demonstração de força, qual claque de futebol com as suas bandeiras com cânticos: “É a força, assim se vê. É a força PSD”. Na comitiva, seguia Ana Miguel Santos, a cabeça de lista laranja, e o deputado Bruno Coimbra. Os elementos do CDS limitaram-se a ver.

Lá chegou Assunção Cristas para ouvir várias pessoas a dizer “tenha força”, a frase que mais ouviu logo a seguir: “É mais gordinha na televisão”. A presidente do CDS teria a sua pequena vingança da provocação do PSD, com uma das primeiras pessoas que encontrou a dizer a Cristas juntos dos microfones da comunicação social: “Eu era do PSD, mas vou mudar, porque gosto muito da senhora”. Uns segundos antes já tinha ouvido: “Eu voto CDS, são sete lá em casa”. Houve também quem se emocionasse e chorasse só por abraçar Cristas, mesmo com uma fita do Partido Socialista à volta do pescoço.

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Mais à frente, Cristas também foi abordada por uma mulher que lhe disse que era uma “coisa rica”, que a vê sempre na televisão e que a prefere “àquela cara de lobo que lá está não presta para nada.” A mesma eleitora queixou-se de não conseguir acesso gratuito a tratamento das termas e a atacar o Estado, qual liberal: “Veja o Estado que nós temos, é um comedor, é um javali que lá está”.

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