(artigo atualizado às 20h30 com mais informação relativa ao Hospital de São João, no Porto)
A partir deste sábado fica operacional o novo hospital de campanha que vai ocupar três pavilhões do Estádio Universitário de Lisboa — estão previstas até 500 camas, tal como avançou o jornal Público e confirmou o Observador. A ideia é “reforçar a capacidade de resposta dos hospitais de Lisboa”, explica fonte da Câmara Municipal de Lisboa.
As cinco centenas de camas vão ser cedidas pelo Exército. Já a Câmara Municipal de Lisboa será a responsável pela preparação da estrutura — reforço de redes elétricas e questões de saneamento incluídas — e prevê gastar cerca de 300 mil euros por mês. Está ainda a ser montada uma tenda com quase 1.000 metros quadrados junto à entrada do estádio. O hospital de campanha funcionará “o tempo que for necessário”, garante fonte da câmara ao Observador. Esta quinta-feira será feita uma visita guiada aos média.
Também o Hospital Curry Cabral, integrado no Centro Hospitalar Lisboa Central, prevê até 600 camas para o pico do surto: 300 delas no hospital em si, incluindo dois pavilhões internos, e outras 200 como resultado de uma parceira com a Ordem dos Cavaleiros da Cruz de Malta — a qual prevê a instalação de 26 tendas de campanha no interior do campo Campo Pequeno.
Além destas 500 camas, fonte do centro hospitalar confirma ao Observador que, caso seja preciso, a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa já disponibilizou um espaço capaz de albergar mais 100 camas.
Esta é uma das respostas ao pico do surto de Covid-19 em Portugal, previsto pelo Governo acontecer entre 9 e 14 de abril. Até ao momento, Portugal conta com quase 3 mil infetados e 43 vítimas mortais.
Em entrevista ao Observador, Fernando Maltez, diretor do Serviço de Infecciologia do Curry Cabral, já tinha garantido que a unidade hospitalar está a aumentar a capacidade de internamento — tanto na enfermaria como nos cuidados intensivos — e que o Curry Cabral será, se preciso, um hospital 100% dedicado à Covid-19.
No entanto, neste momento existe apenas um hospital de campanha no Santa Maria, em Lisboa, gerido pela Cruz Vermelha. Em declarações à Rádio Observador, Francisco George, presidente da Cruz Vermelha, afirmou que este não é bem um hospital de campanha, mas sim uma unidade preparada para isolar doentes infetados com o novo coronavírus. Trata-se, então, de uma unidade de triagem que evita a proximidade com os outros: as três tendas têm um circuito próprio que não se cruza com a urgência central.
O plano de assistência do hospital contempla ainda uma nova área de isolamento para casos suspeitos de Covid-19 que vai entrar em vigor já na próxima semana e à qual se acumulam as três tendas geridas pela Cruz Vermelha e ainda uma zona pré-fabricada que funciona como uma segunda zona de triagem para doentes infetados com o novo coronavírus, também ela instalada junto à urgência central.
O Santa Maria conta ainda com três enfermarias dispostas a receber doentes, cada uma com 21 camas, as quais podem crescer em função das necessidades, garante fonte do hospital. Uma das enfermarias já se encontra cheia com doentes infetados pelo novo coronavírus, sendo que se irá proceder à utilização da segunda; a terceira, essa, destina-se apenas a casos suspeitos. Até ao final da semana entra em funcionamento uma quarta enfermaria — no total, haverá 84 camas para casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 ao nível de enfermaria.
“Temos associada uma unidade de cuidados intensivos, colada à zona das enfermarias, que tem capacidade para oito doentes”, explica a mesma fonte, afirmando que uma segunda unidade já foi acionada. Aliás, o plano de primeira fase do hospital contempla oito unidades de cuidados intensivos com cerca de 80 camas. Ainda na próxima semana entra em funcionamento uma zona de isolamento específica para o novo coronavírus, a qual estará integralmente separada da urgência central.
Ao Observador é explicado que existem profissionais de saúde na reserva. São quadros do hospital que, neste momento, se encontram em casa resguardados à espera de serem chamados — a reserva de contingente resulta da diminuição da atividade hospitalar quer em termos de consultas, quer em termos de cirurgias.
No Porto, o Hospital de São João montou um hospital de campanha do INEM — ficou pronto a 7 de março e foi ativado a 12 do mesmo mês. São seis tendas que servem para fazer “avaliação inicial e decisão clínica” dos casos suspeitos de infeção por Covid-19. Entretanto, a mesma unidade hospitalar tem um equipamento que permite que se façam mais de 1200 testes diários se necessário.
Na terça-feira uma nova área de contentores começou a funcionar naquela unidade hospitalar — insere-se na nova fase do plano de contingência para a Covid-19, que foi ativada no início da semana. “Esta nova área está dirigida para doentes moderados com suspeita de Covid-19. Inclui a disponibilidade de gases medicinais e um equipamento de radiografia digital, complementando o Hospital de Campanha do INEM para doentes leves e as instalações do edifício principal para doentes graves e muito graves. Tratam-se, assim, de quatro áreas distintas do Serviço de Urgência, dedicadas exclusivamente a estes doentes”, explica ao Observador a administração do hospital.
Até ao momento, aquela unidade já realizou 4.066 testes, incluindo 699 casos confirmados, de utentes dos distritos do Porto, Viseu, Coimbra, Aveiro, Viana do Castelo, Braga, Vila Real; com idades dos 0-96 anos. “Trata-se da instituição hospitalar que possui a maior coorte de doentes COVID-19, tendo no seu plano de contingência já ocupado para estes casos enfermarias dos serviços de doenças infeciosas, ginecologia, otorrinolaringologia, medicina A, medicina B e duas unidades de cuidados intensivos.”
Já o Hospital Santo António, também na Invicta, vai receber mais 15 camas de cuidados intensivos, equipadas com ventiladores, monitores e restante equipamento, como resultado do facto de Cristiano Ronaldo e de o empresário Jorge Mendes terem prometido equipar uma ala daquela unidade hospitalar.
E se há duas semanas a Câmara do Porto garantiu a disponibilidade de vários espaços na cidade para mais hospitais de campanha, ao Observador fonte da ARS Norte explica que ainda nenhuma decisão foi tomada: “Para já estamos a responder, não houve necessidade” de criar mais infra-estruturas. “Vamos alargar a resposta, se houver necessidade”.
Em Coimbra, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra terá uma capacidade de pouco mais de 200 camas para receber doentes infetados com o novo coronavírus, tanto ao nível da enfermaria como de cuidados intensivos.