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Não é um tanque de guerra. Mas é um “canhão” a superar obstáculos
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Não é um tanque de guerra. Mas é um “canhão” a superar obstáculos

FABIO PRINCIPE

Não é um tanque de guerra. Mas é um “canhão” a superar obstáculos

FABIO PRINCIPE

Lamborghini Urus prova que é um “canhão” na  Nazaré

Não é todos os dias que nos passam para as mãos um “monstro” com 650 cv (só) para ir à praia. A questão é… por que caminhos lá chegaríamos! O Urus resistiu à tortura, sem levantar (grandes) ondas.

“Esperienza Dinamica Terra.” Só o nome já nos parece uma cantiga trauteada em italiano, mas a parte mais entusiasmante da música estaria por vir quando tivéssemos, na Nazaré, a oportunidade de dançar ao volante do SUV da Lamborghini e testá-lo em todos os seus modos de condução, excepto neve (por motivos óbvios). E o melhor é que o refrão desta canção de ensaiar seria apenas entoado a oito vozes – precisamente o número de jornalistas que compunham o selecto coro desta experiência desenhada para satisfazer e esclarecer os entusiastas da marca mais virados para o todo-o-terreno.

Antes, porém, convém voltar um pouco mais atrás. Impõe-se mesmo um regresso às origens, porque assim será mais fácil perceber toda a magia em redor da Lamborghini, que vai alimentando a paixão dos fãs por esse mundo fora. O fabricante italiano que integra o Grupo Volkswagen, via Audi, começou a lide no campo. Era um (respeitado) construtor de tractores até que o despeito da compatriota Ferrari forçou o touro (símbolo da Lamborghini) a lidar com a sua raiva fora dos terrenos agrícolas. Desde então, o campo dos superdesportivos é lavrado com muito mais animação, não só pela eterna contenda Ferrari versus Lamborghini, como pela própria afirmação do construtor de Sant’Agata Bolognese no seio do conglomerado.

Hoje, a Lamborghini valida a sua supremacia técnica nos circuitos – basta lembrar o Aventador SVJ, o desportivo que detém o recorde da volta mais rápida na pista de Nürburgring. Mas não se escusou a sair (mais uma vez) da sua área de conforto, o universo dos superdesportivos, para mostrar que também saberia confeccionar a receita que mais agrada ao paladar nos dias que correm: um SUV superdesportivo. Dois conceitos incompatíveis, à partida, mas que o Urus consegue harmonizar acrescentando, ao invés de retirar, atributos às criações que envergam o respeitado emblema. Para saborear todos os argumentos que este super SUV reúne, é preciso esperar tanto quanto pelo nascimento de um filho. Pródigo, só podia. Em média, quem encomendar hoje um Lamborghini Urus só o receberá dentro de nove meses. O tempo de espera pode chegar mesmo a um ano, tal é a procura e o nível de personalização colocado em cada reserva, o que se traduz em margens de lucro bem mais generosas.

Como anfitrião neste evento da Nazaré, tivemos Emanuele Camerini, responsável pela Comunicação da Lamborghini, que nos confessou que “o Urus mais que excedeu as expectativas de vendas”. Mas, mais que vender, o curioso é o tipo de comprador que o modelo está a atrair para a marca.

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Não podemos dizer que temos um perfil de cliente específico para este produto, mas a verdade é que o Urus trouxe-nos novos clientes e não deixa de ser relevante o impacto que este SUV tem nas mulheres – elas estão a crescer nos nossos indicadores, seja pela compra, seja por aquilo que influenciam na decisão de compra”, partilha Camerini.

A explicação mais plausível para esta tendência surge à mesa, durante o jantar que antecedeu o dia de testes. Sarah Bovy, a instrutora belga que liderou o pelotão onde seguiu o Observador no dia seguinte, comenta que “o Urus é um excelente carro para a família, porque tem muito espaço a bordo, uma óptima bagageira e ainda consegue oferecer prestações entusiasmantes, apesar de ser capaz de enfrentar qualquer tipo de terreno”. Só vantagens que teríamos de pôr à prova, num percurso desenhado especificamente para mostrar por que razão a Lamborghini insiste que este não é um SUV qualquer. Em estrada e fora dela, é um “super SUV”.

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Porquê a Nazaré?

Não é a primeira vez que a Lamborghini desafia os clientes a testarem as habilidades do Urus numa Esperienza Dinamica Terra. A marca já tinha estado na Nazaré em Março e decidiu regressar porque “funciona muito bem a afinidade” que existe entre a praia portuguesa e o SUV italiano. Se a Nazaré se agigantou internacionalmente quando, em 2011, correram mundo imagens impressionantes de Garrett McNamara a surfar uma onda de 23,77 metros, a verdade é que, deste então, o canhão não pára de subir a parada. Literalmente: um novo recorde foi estabelecido em 2017, com uma onda de 24,38 metros de altura surfada por Rodrigo Coxa.

“É este espírito de constante desafio, é esta vontade de esmagar recordes, de superar obstáculos que está na génese do Urus”, realça Camerini, admitindo que a própria concepção deste modelo foi desafiante para quem estava habituado a fazer desportivos.

Mas a realidade é que a Lamborghini levou a sua avante e muito adiante da Ferrari, cujo FUV, CUV ou SUV ainda está por vir. Enquanto isso, a compatriota vê as vendas crescerem, mas não só. Até as experiências propostas pela marca com o Urus estão a alargar as fórmulas de rendimento e evidenciam uma crescente procura. Daí o regresso da marca a solo luso. “O interesse por este tipo de desafios está a crescer muito”, garante Camerini. Tanto assim é que estava planeado confinar o evento a 15 dias, mas o “comboio de luxo” formado pelos 10 Urus acabou por se passear na zona durante praticamente três semanas. As últimas do mês de Setembro e aquelas em que começaria a despontar a probabilidade de surpreender os participantes com as impressionantes ondas da Praia do Norte. Não aconteceu, mas esta nossa aventura também meteu uma prancha de surf especial.

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Antes de meter água, meteu lama, gravilha, areia e asfalto. Tivemos direito a tudo, tal como os clientes que vieram depois ocupar o nosso lugar, em constante rotação ao longo de três semanas. “Aquilo que vamos fazer convosco é, sem tirar nem pôr, o que fazemos com os nossos clientes”, assegurou-nos Emanuele Camerini. “O hotel, os pontos de paragem, o percurso, os exercícios, os locais das refeições são sempre os mesmos”, acrescentou. Tudo igual, excepto a ementa, que iria variar para que a equipa no local não tivesse um “Simplex” de digestão. E ainda bem porque, no capítulo da gastronomia, almoçámos carne e carne jantámos. Daí que, à noite, um dos nossos colegas se tenha queixado entre dentes, quando lhe serviram o prato principal: “You kill all the bulls!” O comentário até teria piada, esquecendo por momentos o emblema que nos juntou à mesa…

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Haja Anima, que o Urus vai a todo o lado

As “tropas” assentaram praça no Marriott Praya D’El Rey, nas imediações de Óbidos. Foi este o hotel escolhido como base para acomodar clientes habituados a exigir o melhor. Contudo, nesta Esperienza Dinamica Terra, as verdadeiras estrelas da companhia não eram cinco, mas sim 10: o número de Urus, que estavam impecavelmente dispostos à volta da entrada da unidade hoteleira à nossa espera. De manhã reluziam no seu off-road package, à noite viriam a exigir alguma dedicação à equipa encarregada da limpeza…

Um curto briefing técnico, que demorou pouco mais de meia hora, não preparou os menos habituados a estas andanças para a segunda impressão causada pelo SUV italiano. Depois de impressionar pela imponência e pela agressividade estética, chega-nos ao ouvido a tal segunda impressão: um roncar poderoso que desperta a vontade de seguir viagem. Mensagem recebida.

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A comitiva parte como que partida. A controlar os “ímpetos” dos jornalistas e a distribuir orientações via rádio, dois pilotos – um à frente e outro a meio – asseguram que o programa se cumpre sem desvios, sendo cada um deles responsável por quatro convidados. A fechar, um último carro garantia que ninguém ficava para trás. Também por uma questão de segurança, havia regras a cumprir: em estrada, era necessário guardar uma distância de 10 metros para o veículo da frente; fora de estrada exigia 30 metros. Ou mais, se não quiséssemos levar um banho de pó que não nos deixava ver um palmo à nossa frente.

Guardadas as devidas distâncias, fomos convidados a andar por maus caminhos. Daqueles mesmo maus, que até poderemos sentir-nos tentados a recomendar a alguém de quem gostemos menos porque, num SUV “normal”, não é evidente que não se fique lá… Mas, para o Urus, não foi nada demais. Haja Anima e o SUV italiano responde às exigências do momento.

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O Anima transforma o Urus num animal civilizado ou numa fera fora de estrada. É um comando localizado na consola central, junto à alavanca da caixa, que adapta tudo, do setup à altura ao solo, configurando seis modos distintos de condução: Strada (automático), Sport, Corsa, Sabbia, Terra e Neve. Ao escolher um, o Urus actua em conformidade: cada modo tem uma configuração específica para a resposta do motor, caixa automática de oito velocidades ZF, suspensão (adaptativa a ar) e controlo de estabilidade, podendo a distância ao solo ir dos 158 mm (Sport/Corsa) aos 213 mm (Neve/Terra/Sabbia). O Strada, que procura chegar a um consenso entre performance e conforto, fica no nível intermédio (173 mm).

Um cocktail embriagante

Saímos do hotel rumo à terra prometida – a Nazaré, claro! Não haveríamos de lá chegar pelos caminhos convencionais, mas por aqueles que nos dariam a ver vistas incríveis e a que o comum dos mortais não costuma aceder, salvo se receber dicas dos conhecedores da zona e tiver um veículo à altura da expedição. Era o nosso caso. Viríamos a perceber umas horas mais tarde por que razão Sarah Bovy nos tinha garantido com tanta convicção que o percurso definido assentava que nem uma luva nas capacidades do Urus.

“É este espírito de constante desafio, é esta vontade de esmagar recordes, de superar obstáculos que está na génese do Urus”
Emanuele Camerini, responsável de Comunicação da Lamborghini

Para esta peregrinação, o Lamborghini não precisou de milagres. O SUV que foi colocado à nossa disposição nem sequer montava pneus especiais. As generosas jantes de 21 polegadas calçavam uns pneumáticos standard Pirelli Scorpion All Season, aptos a circular em asfalto, mas mais à vontade em piso molhado, terra, lama ou neve. De resto, o facto de contar com o off-road package reforça-lhe a capacidade de evoluir em qualquer tipo de piso. Não é um tanque de guerra, mas está apto para as batalhas mais lamacentas e para ataques inesperados. O pack integra uma “prancha” no pára-choques dianteiro mais elevada para melhorar o ângulo de ataque, protecções mais alargadas no fundo do carro para evitar danos no todo-o-terreno e ponteiras de escape “escovadas”. O conjunto inclui ainda dois dos modos de condução que testámos, Terra e Sabbia, mas estes podem ser comprados sem necessidade de adquirir o pack que, em Portugal, custa 3.585€ (fora IVA).

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Depois de uns curtíssimos quilómetros em asfalto, a circular em Strada, iniciou-se a sessão de off-road. Pela frente, a comitiva teve de avançar em piso de terra, gravilha e zonas até com areia, com subidas de bradar aos céus e descidas de pedir ajuda aos santinhos. Isso se não fizéssemos fé na tecnologia ao nosso dispor. O Urus usufrui de um sistema de tracção integral com diferencial anterior integrado e um diferencial central Torsen com função autoblocante, que distribui a força do motor entre a frente (60%) e a traseira (40%). Mas, no limite, pode colocar 70% nas rodas anteriores ou 87% nas posteriores, dependendo do modo de condução.

Aquilo que verdadeiramente pode fazer a diferença neste tipo de desafios é a forma como o diferencial posterior gere a vectorização do binário, repartindo automaticamente a potência para a roda que precisa de mais “força”. É isto que permite ao Urus avançar no terreno como se estivesse no alcatrão, o que é particularmente evidente na areia onde o sistema actua de maneira a manter-nos no trilho sem qualquer esforço, cortesia das barras estabilizadoras activas. Tudo isto se processa de uma maneira tão eficaz que não requer especiais habilidades ao volante. Bastava-nos, simplesmente, descrever a trajectória certa e ir actuando o Anima para acompanhar o andamento, como se circulássemos sobre um tapete – o que esteve longe de ser caso. Desníveis e inclinações abruptas, como os que existiam na última parte do percurso que nos conduziu à Praia do Norte, são digeridos com facilidade, concorrendo para tal à altura ao solo que podemos ir regulando a nosso bel-prazer (dentro dos limites acima referidos) e a preciosa ajuda do Hill Descent Control, que dispensa a utilização de travão e isso traduz-se num maior controlo sobre o veículo, especialmente quando necessitamos de poder utilizar a direcção para evitar obstáculos e bloquear rodas seria a última que gostaríamos que acontecesse.

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Da escola de vela ao aeródromo. Mas o desporto foi outro

Depois de uma curta paragem para retemperar energias no bucólico quadro descrito pela lagoa de Óbidos, a partir das instalações da Escola de Vela da Lagoa, seguimos para os terrenos do aeródromo. Sem perder a oportunidade de ir experimentando os modos Sport e Corsa, que dispensam qualquer sistema de infoentretenimento. Até o cantar do V8 biturbo em alumínio, de 4 litros a gasolina, muda, como que a recordar que o SUV é capaz de atingir 100 km/h em 3,6 segundos, os 200 km/h em 12,8 segundos e uma velocidade máxima de 305 km/h.

Uma sonoridade viciante que é acompanhada por um tremendo equilíbrio a descrever curvas, mesmo num ritmo mais vivo. E, depois, a facilidade com que os 650 cv se soltam e saltam para a frente, à mínima solicitação do acelerador, podem fazer parecer que a mais longa das viagens por estrada é, afinal, curta para fruir da incrível agilidade do Urus. E isso, em grande parte deve-se à sua “elegância”, pois com apenas 2.200 kg, este SUV pode orgulhar-se de uma relação peso/potência de 3,38 kg/cv.

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Há um novo Vira da Nazaré (e é brutal)

Chegados ao aeródromo, aguardavam-nos dois exercícios separados por uma estrada. Digamos que eram uma interpretação moderna (e mais divertida) do típico Vira da Nazaré. De um lado, testámos a eficácia das quatro rodas direccionais, num troço destinado a colocar em evidência a maneabilidade, do outro dedicámo-nos ao slalom. Ajudas desligadas, da única vez que tivemos a instrutora ao nosso lado, e lá tratámos de descrever oitos controlando o deslizar da traseira com o acelerador.

Depois deste prato, ficámos de barriguinha cheia e ainda sem almoçar. Mas a ementa passava pela “casa” de um surfista, no porto de abrigo da Nazaré. Alessandro Marcianò é o italiano que detém o recorde da maior onda surfada (18 metros, 2015). Tem também uma prancha única, desenhada pelo próprio chefe de estilo da Lamborghini. E foi ele quem nos conduziu numa visita guiada ao farol onde é exibida a sua outra prancha. Curiosamente, é a única que está partida… O próprio explica:

Surfar na água? Não, na areia é que é

Os surfistas de ondas gigantes “montam acampamento” na Praia do Norte à espera que chegue a tão desejada parede de água. A comitiva da Lamborghini arranjou um programa alternativo: surfar na areia.

No papel de prancha, o Urus simplesmente com menor pressão nos pneus; no papel de surfista, Max Venturi, chefe dos pilotos de teste da Lamborghini. Para uma hot lap com o modo Sabbia em acção, o equipamento à altura do momento: balaclava e capacete, estávamos prontos a arrancar. Mas não a “atascar”. O Urus levantou ondas de areia à sua passagem, descreveu as curvas como e quando Venturi quis e trouxe-nos de volta a terra firme com a sensação que aquilo era muito fácil de fazer. “Ele faz com que pareça fácil”, disse-nos Camerini.

Após esta chuva de areia, o regresso ao hotel foi maioritariamente por auto-estrada, o que nos permitiu fazer o gosto ao pé – mas sempre dentro dos limites da legalidade. Porém, no caminho que nos levou até ao acesso à A8, não havia como não reparar na quantidade de pessoas que viravam a cabeça à nossa passagem. Esqueçamos o preço: se o Urus tem algum defeito, talvez seja esse: pode massajar egos em excesso quando a estrela é mesmo ele.

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