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Maria Martins começou da melhor forma o ano de 2023, vencendo as provas de scratch, omnium e eliminação dos Nacionais e a de scratch nos Europeus
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Maria Martins começou da melhor forma o ano de 2023, vencendo as provas de scratch, omnium e eliminação dos Nacionais e a de scratch nos Europeus

Eurasia Sport Images

Maria Martins começou da melhor forma o ano de 2023, vencendo as provas de scratch, omnium e eliminação dos Nacionais e a de scratch nos Europeus

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Maria Martins, uma campeã europeia no ciclismo a estudar para piloto de aviação comercial: "Ainda me faltam muitas coisas na carreira"

Em seis meses foi terceira no Mundial, teve dúvidas sobre futuro, recebeu convite no Instagram de uma das melhores equipas de ciclismo, sagrou-se campeã europeia. Aos 23 anos, Maria está só a começar.

Tudo corria bem, tudo esteve em risco, tudo acabou da melhor forma. Depois de ter renovado por dois anos com a Drops-Le Col até 2023, o projeto desportivo da equipa começou a “patinar” por questões financeiras. Se já era complicado para Maria Martins, ainda pior poderia tornar-se para quem só quer ter as condições para ser melhor e competir ainda melhor contra as melhores no mundo do ciclismo. Enquanto o agente ia procurando uma solução, a Fenix-Deceuninck contactou-a através de uma mensagem direta no Instagram. Foi quase uma conjugação cósmica de vontades que terminou com o desejado acordo entre ambos.

As semanas de incerteza passaram e a atleta de 23 anos ia tornar-se a primeira portuguesa de sempre a representar uma formação do World Tour em mais um marco de uma carreira ainda curta mas já preenchida como nunca ninguém conseguira em termos nacionais. Há dois anos, fez a estreia nos Jogos Olímpicos com um sétimo lugar no omnium do ciclismo de pista; no ano passado, ganhou a medalha de bronze no scratch dos Mundiais; agora, sagrou-se pela primeira vez campeã europeia no scratch, após somar em edições anteriores dois bronzes. Agora, em entrevista ao programa Nem tudo o que vai à rede é bola da Rádio Observador, Maria Martins projeta os próximos desafios não só nas pistas e nas estradas mas também fora do ciclismo, onde está a tirar o curso de piloto de aviação comercial para concretizar mais um sonho.

[Ouça aqui o programa Nem tudo o que vai à rede é bola da Rádio Observador]

“Quero igualar ou fazer ainda melhor em Jogos”: a entrevista com a campeã europeia de ciclismo Maria Martins

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A que é que sabe este ouro nos Europeus depois dos dois bronzes em 2019 e em 2021? Foi uma espécie de aquecimento para o sucesso?
Sabe muito bem… Depois de tantos anos à procura deste título, a bater na trave várias vezes, soube mesmo a ouro. No sentido literal! Sem dúvida alguma de que é uma recompensa por todo o trabalho que temos vindo a fazer ao longo destes últimos dois, três anos.

Quando é que percebeu que podia chegar ao ouro? Isto porque, no início, a prova não teve propriamente muitos ataques, a Maria andou na frente mas depois desceu, até que aparece aquele ataque da Eukene Larrarte que acaba por ser a chave.
Sim, atacámos a oito, nove voltas do final, num momento em que a corrida já tinha sido algo atacada, ou seja, já existia alguma fadiga nas outras atletas e, quando assim é, qualquer iniciativa que apareça torna-se mais eficiente porque pode haver ou não resposta. Foi isso que aconteceu, não houve resposta. Abrimos um espaço para o pelotão e esse espaço foi suficiente para depois poder disputar as medalhas e a camisola com apenas uma atleta. E sendo eu uma atleta rápida… Foi perfeito para mim poder vencer daquela forma depois de um ataque nas últimas voltas.

Um início de sonho festejado no pódio “à Ronaldo”: Maria Martins conquista medalha de ouro no Europeu

Ainda ficou em sexto lugar na prova de pontos, numa altura em que já era reconhecida pelo festejo à Cristiano Ronaldo no pódio. Estava pensado ou foi uma coisa do momento?
Não estava pensado, de todo. Estava a Seleção toda no pódio a cantar o hino comigo e, no final do hino, um dos meus colegas, o João Matias, teve a brilhante ideia de dizer: ‘Faz o Ronaldo, Tata!’. E depois a Seleção toda foi atrás e eu saltei e fiz a comemoração do Ronaldo. Foi um momento que marcou os Europeus e até as redes sociais naquele dia. É a diversão no meio do desporto. E é fazer referência a um dos ícones do desporto mundial que é nosso, que é o Ronaldo, e que inspira os atletas portugueses a criarem a sua própria história.

Com outro critério, com o grupo a funcionar de outra forma a meio da prova de pontos, era possível ter conseguido ir buscar mais uma medalha? Ou o facto de também já estar “marcada” pelas adversárias dificultou essa missão?
Acredito que sim. Mas, independentemente do ouro ou não, sabemos que já somos uma Seleção com bastante nome, já somos respeitados em muitas das competições e já nos olham de forma diferente. De qualquer das formas, nunca é fácil criar estas situações de fuga porque somos sempre atletas de referências para as outras seleções. No entanto, é sempre um “se” que fica, se eventualmente poderia ter tido mais liberdade ou não. Mas faz parte do desporto e temos de pensar sempre naquilo que foi feito e não naquilo que poderia ter sido feito.

Presença nos Jogos de Tóquio em 2021, onde foi sétima classificada no omnium, foi um dos objetivos alcançados quando já pensa em Paris-2024

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Antes destes Europeus, ganhou as provas de omnium, scratch e eliminação dos Campeonatos Nacionais. Foi uma aposta para ter a camisola de campeã nacional e somar pontos ou tem mesmo essa vontade de entrar e ganhar todas as competições que conseguir encaixar no calendário?
Os Campeonatos Nacionais são sempre provas importantes para cada atleta, porque permitem-nos vestir a camisola e as nossas cores em provas internacionais. É sempre um objetivo para todos os atletas. No entanto, no caso de omnium, que é disciplina olímpica e que é importante para a qualificação para os Jogos Olímpicos de 2024, o objetivo foi mais tentar conseguir a melhor pontuação possível. Era um objetivo que estava planeado, conseguir sair daquela competição com os 100 pontos.

Já tinha a alcunha de “Mulher História” no ciclismo mas alcançou mais um feito ao tornar-se a primeira portuguesa no World Tour. Como é que foi gerir todas as emoções, entre as dúvidas com o futuro do projeto da Drops-Le Col e o convite que chegou da Fenix-Deceuninck?
Confesso que foi um dos momentos mais instáveis que tive, passar de ter um ano de 2023 assegurado para não ter qualquer ideia daquilo que poderia vir. Foi um misto de sensações num curto espaço de tempo que me deixou emocionalmente instável e com alguma dificuldade em reencontrar o foco novamente. Mas o facto de ter as melhores pessoas ao meu lado — um bom agente, que foi muito importante nesta situação toda com a equipa — permitiu-me, dentro do possível, manter-me focada e continuar o meu trabalho diário para chegar a esta semana e alcançar estes resultados ótimos para o nosso futuro. Sem dúvida de que foi um misto de sensações mas fico feliz por ter terminado desta forma e por ter conseguido entrar na Fenix-Deceuninck, que é uma equipa que encaixa nas minhas características e acredito que o futuro possa ser muito bonito com esta equipa.

E o convite da Fenix-Deceuninck chegou mesmo através de uma mensagem no Instagram?
Sim, foi mesmo isso. Falei com o meu agente, na altura, ele contactou algumas equipas e esta foi a única que veio ter connosco e que nos contactou. E foi a que ficou. Foi engraçado.

"[O final de 2022] foi um misto de sensações mas fico feliz por ter terminado desta forma e por ter conseguido entrar na Fenix-Deceuninck, que é uma equipa que encaixa nas minhas características. Acredito que o futuro possa ser muito bonito com esta equipa."
Maria Martins

O que é que espera desta ligação a uma das melhores equipas do mundo? Qual é a importância de ter um salário fixo?
Claro que estar numa equipa do World Tour é um alívio, financeiramente falando. A questão financeira fica assegurada. Mas também traz outras condições que são muito importantes, tanto a nível de bicicletas, de equipamentos, de calendário. Temos sempre convite para as provas. E tudo isso é importante para um atleta ter as oportunidades que deseja nas provas que deseja. Essas foram as condições que esta equipa me deu e vai dar no próximo ano. Tenho a certeza de que vai ser muito importante para o meu crescimento e para continuar a mostrar o meu valor também na estrada.

Maria Martins bronze no omnium dos Mundiais de ciclismo de pista

O ano de 2022 tinha terminado com mais uma medalha de bronze no omnium nos Mundiais, o segundo depois do terceiro lugar nos Mundiais de 2020 no scratch. É isso que falta na carreira, uma vitória num Campeonato do Mundo?
Ainda faltam muitas coisas na carreira… Confesso que, em 2021, realizei o maior sonho que tinha no desporto, que era estar nos Jogos Olímpicos. Realizei isso em Tóquio e era um dos meus objetivos de vida. Com isso alcançado, já tenho muitos outros objetivos na cabeça. Claro que passam por conseguir um ouro e vestir a camisola do arco-íris num Campeonato do Mundo, é um dos meus objetivos e de qualquer atleta, creio eu. Vou continuar a trabalhar para o alcançar e acredito que as coisas vão acontecer quando tiverem de acontecer.

A ciclista portuguesa Maria Martins (3D) em ação durante uma das provas de Omnium do Ciclismo de Pista dos Jogos Olimpicos de Tóquio2020, no velodromo de Izu, 08 de agosto de 2021. TIAGO PETINGA/LUSA

Nova equipa de Maria Martins vai permitir uma outra gestão do calendário internacional da portuguesa tendo em vista a qualificação para os Jogos Olímpicos de Paris

TIAGO PETINGA/LUSA

Em 2021 estreou-se nos Jogos Olímpicos, em Tóquio, e desde logo com um diploma graças ao sétimo lugar no omnium. A partir de agora, a preparação vai entroncar nos Jogos Olímpicos de 2024? Até onde é que acha que pode chegar em Paris?
Antes de tudo isso há um processo de qualificação que tem de ser feito e essa é uma das prioridades que tenho neste ano e no próximo. É um processo que demora. Infelizmente, são poucas as atletas femininas portuguesas que podem participar na qualificação olímpica. Neste momento, sou só eu e outra atleta que não está disponível devido a uma fratura na clavícula. Isso limita-nos logo e mantém-nos algo cautelosos porque é preciso estar sempre em todas as provas e, sendo só eu, não existe um plano B ou C. É essa a maior prioridade, qualificar-me para Paris. Durante este ano e o próximo vamos ter Europeus, Taças do Mundo e Mundiais e é importante estar com as melhores e pontuar o máximo possível para entrar na qualificação olímpica. E depois, uma vez estando em Paris, é reestruturar os objetivos e tentar igualar ou melhorar o resultado de Tóquio. Seria um sonho para mim.

A surpresa ficou guardada para o fim: Maria Martins é 7.ª no omnium e conquista diploma olímpico na estreia nos Jogos

O que é que recorda dessa participação de estreia nos Jogos Olímpicos?
A minha prova foi mesmo no último dia de competição dos Jogos Olímpicos, foi a última prova em Tóquio, e isso permitiu-me ter a equipa de Portugal toda no velódromo a apoiar-me. Foi ótimo poder ser a última e fechar dessa forma o programa dos Jogos. No entanto, foi muito complicado lidar com a espera até ao dia. Cada dia parecia mais longo do que o outro e tinha de esperar, esperar, esperar. Todos os atletas iam terminando as provas e eu sempre à espera. Foi complicado, nesse aspeto. Gerir as emoções. Estamos a falar dos Jogos Olímpicos, é o auge do desporto. Mas terminar daquela forma, com um sétimo lugar, foi impressionante para mim. Foi um resultado que teve muita importância, principalmente depois de uma qualificação olímpica complicada. Foi especial ter lá a equipa comigo e terminar daquela forma, com aquele resultado, foi ainda melhor.

"Sou grata por tudo o que já alcancei e tenho orgulho em tudo o que consegui mas sei bem as minhas raízes e valorizo todas as pessoas que fazem parte da pessoa que sou hoje."
Maria Martins

Depois dos Campeonatos Nacionais disse que, apesar de ser agora a primeira portuguesa a integrar o World Tour, não deixava de ser a pessoa que é. Quem é a Maria Martins?
Sou uma miúda, ainda. Tenho 23 anos e muitos sonhos por realizar. Valorizo muito as minhas origens e as pessoas que me têm acompanhado ao longo deste percurso. Tento ser sempre humilde e simples e é assim que quero continuar a fazer o meu trabalho e a realizar os meus sonhos. Sou grata por tudo o que já alcancei e tenho orgulho em tudo o que já alcancei mas sei bem as minhas raízes e valorizo todas as pessoas que fazem parte da pessoa que sou hoje.

No meio de tudo isto, tenta conciliar o desporto com estudos e está a tirar um curso para ser piloto de aviação comercial através do ensino à distância. De onde vem este interesse?
O meu tio é a pessoa que mais me influenciou nas minhas escolhas de vida, provavelmente. Foi ele que me inseriu nas bicicletas e também foi ele que me incutiu este gosto pela aviação, já que ele também tirou o brevet na altura em que estava a fazer a sua formação e sempre desejou ser piloto de aviões. Acho que foi ele que me transmitiu esse bichinho, assim como o bichinho das bicicletas. E aqui estou eu, com dois sonhos na cabeça e a querer fazer de tudo para os realizar.

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