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É em Matosinhos que se encontra o grupo de alunos que teve as melhores médias dos exames nacionais do secundário. E é no Colégio Efanor que eles estudam, colocando, com as suas notas elevadas, esta privada no primeiro lugar do ranking das escolas de 2022. Com uma média de 16,4 valores, o colégio fica no topo da tabela, tal como tinha acontecido o ano passado (quando a média foi de 16,1 valores).
Este ano, depois de em 2020 ter deixado cair a exigência de um número mínimo de provas, o ranking do Observador volta a considerar apenas as escolas que tenham realizado pelos menos 20 exames nacionais, tal como fez em 2021. No Colégio Efanor, as aulas do secundário vão no sexto ano de existência (esse nível de ensino só foi introduzido no ano letivo de 2017/2018) e, desde o arranque, os alunos têm tido notas altas. Como o grupo que fazia exames era reduzido, a escola ficou fora do ranking do Observador até 2020.
Tinha, nesse ano, uma média de 17,95 valores e 76 exames realizados, ficando no 3.º lugar do ranking. O Colégio Efanor foi criado em 2008, através da Fundação Belmiro de Azevedo, idealizado pelo próprio empresário. O nome não é um acaso: a escola nasceu nas antigas instalações da empresa têxtil Efanor, a mesma onde, em 1963, Belmiro de Azevedo deu os seus primeiros passos no mundo do trabalho.
Com propinas acima de 500 euros mensais, o colégio tem também alunos que frequentam o ensino gratuitamente através de bolsas da fundação dadas a quem mostra ter mérito académico.
Os nomes que surgem imediatamente a seguir ao Colégio Efanor são os habituais e são todos de colégios, num ranking onde os alunos das escolas privadas continuam a ter melhores resultados que os colegas da escola pública. Assim, o 2.º lugar da tabela é para o Grande Colégio Universal, no Porto, onde a média é de 16,39 valores.
Segue-se o Colégio D. Diogo de Sousa, em Braga, com 16,09 (3.º lugar) e o Colégio Nossa Senhora do Rosário, no Porto, com 16,02 valores (4.º lugar). Estas quatro escolas são as únicas onde as médias passam os 16 valores.
Em 5.º lugar, surge a primeira escola de Lisboa: a Academia de Música de Santa Cecília, onde os alunos da privada conseguem uma média de 15,87 valores nos exames nacionais de 2022.
Subidas e descidas na tabela. Os do costume, no sítio do costume
Entre as privadas que aparecem no top 5, o Grande Colégio Universal é o que tem surgido em posições mais baixas nos anos anteriores (exceção para 2018, quando ficou em 3.º lugar), mas, apesar disso, sempre entre as 15 melhores classificadas. Em 2021, ficou em 15.º lugar (14,47 valores); em 2020, em 7.º (17,12); e, em 2019, em 15.º lugar, com uma média de exames de 14,11 valores.
O Colégio Dom Diogo de Sousa é uma escola católica, propriedade da Arquidiocese de Braga desde 1954, e que tem mostrado sempre bons resultados. Na tabela atual, tem a medalha de bronze, a mesma que tinha conseguido no ano anterior com os 15,81 valores de média dos alunos. Antes disso, em 2020, ficou em 5.º lugar (17,38 valores) e, em 2019, o terceiro lugar também foi seu (14,94 valores).
No Porto, o Colégio Nossa Senhora do Rosário (4.ª posição) fica no mesmo lugar da tabela que em 2021 (15,75 valores) e 2020 (quando teve 17,61 valores), depois de, em 2019, a escola católica ter ficado em 1.º lugar (15,62 valores).
A escola de música de Lisboa também tem lugar habitual no topo dos rankings. Este ano, a Academia de Santa Cecília fica no mesmo 5.º lugar que tinha alcançado no ano anterior, então com 15,67 valores. Antes disso, em 2020 e com uma média 18,17 valores, tinha alcançado o 1.º lugar do ranking dos exames.
Primeira pública surge em 40.º lugar
Continuando a percorrer a tabela, de cima para baixo, são só escolas privadas aquelas que aparecem até à posição número 39.
Focando o olhar nos dez lugares cimeiros, o Colégio da Rainha Santa Isabel, em Coimbra, destaca-se em 6.º lugar (15,80 valores), o Colégio Manuel Bernardes, em Lisboa, está em 7.º (15,79), o Externato Senhora do Carmo, na Lousada, em 8.º (15,76) e, na posição seguinte, surge o Colégio de São João de Brito, em Lisboa, com 15,51 valores. A fechar os 10 primeiros lugares está o Colégio Valsassina, também na capital, com 15,50 valores.
A escola pública onde os alunos tiveram médias mais altas nos exames é a Secundária de Vila Nova de Paiva, onde o valor foi de 14,10 valores, colocando-a no 40.º lugar da tabela que ordena 601 escolas. Esta é também a única pública onde a média ultrapassa os 14 valores.
A sua subida na tabela é enorme: em 2021, a Escola Secundária de Vila Nova de Paiva estava na posição número 189 e a média dos alunos era de 11,96 valores. Em 2020, estava ainda mais abaixo — com uma média de 12,94 valores, ficava na segunda metade da tabela em 354.º (tricentésimo quinquagésimo quarto) lugar. Em 2019, antes da pandemia de Covid-19, a escola estava melhor posicionada, na 154.ª posição (11,38 valores). Nesse ano, a Secundária de Vila Nova de Paiva conseguia um outro feito: ficava em primeiro lugar no ranking do sucesso (indicador entretanto substituído pelo da equidade). A tradução? Os seus alunos carenciados tinham resultados académicos superiores à média dos alunos de perfil idêntico de todo o país.
Um dos motivos apontados então pelo diretor da escola para ficar acima da média nacional era o facto de ser uma escola com poucos alunos, turmas pequenas e uma grande proximidade entre professores e alunos. “Aqui, conhecemos os alunos pelo nome, não pelo número. E como somos poucos acabamos por ser uma família”, dizia João Adelino naquela altura, ideia que volta a repetir ao falar com o Observador a propósito do ranking de 2020. O agrupamento tem 552 alunos, do pré-escolar ao secundário, incluindo cursos profissionais.
Sobre as oscilações, o diretor explica-as exatamente com o facto de ser uma comunidade pequena. “Como estamos no interior rural, temos a consequência de ter poucos alunos e, por isso, basta haver dois ou três que tenham insucesso num ano letivo que isso sente-se logo em termos percentuais. Cada aluno tem um peso muito elevado”, explica João Adelino.
Por outro lado, o sucesso explica-se com o foco da escola na qualidade das aprendizagens, mais que no sucesso académico. Aliás, ser a primeira classificada entre as públicas surpreendeu o diretor. “Não esperava estes resultados, até por um motivo principal: não trabalhamos para as médias, mas para as aprendizagens dos alunos. Numa primeira fase, o foco era a promoção do sucesso escolar, agora, é na qualidade das aprendizagens. O que vier além disso, será por acréscimo”, sublinha o professor.
Para isso, o agrupamento tem várias estratégias e a prevenção está no topo da lista. “Estamos sempre atentos a indícios para atuar de forma preventiva e, felizmente, temos recursos humanos especializados que nos permitem dar essa resposta: temos psicóloga, mediadora escolar, temos terapia da fala, artista residente — todo esse conjunto de recursos contribuem para que, depois da pandemia, houvesse um retomar da normalidade.”
Além disso, o agrupamento tem um observatório de qualidade que monitoriza todas as valências do agrupamento. “Não basta ter sucesso. Aderimos, por exemplo, ao Projeto MAIA — Monitorização, Acompanhamento e Investigação em Avaliação Pedagógica, em que nos centramos no paradigma da avaliação formativa, ou seja, avaliar para as aprendizagens. Não é avaliar as aprendizagens, mas avaliar para as aprendizagens.” E isso, na opinião, de João Adelino faz toda a diferença.
Outra aposta do diretor é garantir que o agrupamento tem a oferta formativa que alunos e pais procuram. “Mesmo que com condicionantes, procuramos responder às expectativas dos alunos, especialmente na transição do 3.º ciclo para o ensino secundário. No ensino regular, como temos poucos alunos, torna-se difícil, mas tentamos sempre abrir os cursos que os alunos procuram.” O mesmo se passa com o ensino profissional, esclarece João Adelino, dizendo esperar sensibilidade do Ministério da Educação para a questão da interioridades, aprovando essas propostas educativas.
Continuando a olhar para a rede pública, há mais duas escolas que ficam no top 50. A Escola Secundária de Vouzela, em 43.º lugar (13,94 valores), e a Secundária D. Filipa de Lencastre, em 48.º lugar. Esta escola de Lisboa foi, em diversos anos, a escola pública com melhor classificação do concelho.
Em Vouzela, os anos da pandemia não ajudaram a escola. Em 2021, estava em 139.º lugar (com uma média de exames de 12,25 valores) e, no ano anterior, em 93.º lugar, conseguindo, com a média de 14,36 valores, ficar no top 100. Em 2019, ficava em 98.º lugar e, um ano antes, a Secundária de Vouzela aparecia bastante mais acima na tabela, na 51.º posição.
A seguir às três primeiras classificadas, no top 10 das escolas públicas, há escolas de todo o país e todas com médias acima dos 13 valores. Em Matosinhos, a Secundária João Gonçalves Zarco fica em 51.º lugar (13,76 valores) e, na Maia, a Secundária Dr. Vieira de Carvalho em 53.º (13,73).
Voltando a Lisboa, a segunda melhor classificada do concelho é a Escola Secundária do Restelo (54.º lugar com 13,69 valores de média). Segue-se a Secundária da Trofa (56.º lugar com 13,68) e, na posição imediatamente abaixo, a Escola Secundária Infanta D. Maria (13,68), que mantém a tradição de ser a escola que se destaca no concelho de Coimbra.
Em 58.º e em 59.º lugar estão a Escola Básica e Secundária de Oliveira de Frades (13,59) e a Escola Secundária Alves Martins, em Viseu (13,51).
Equidade. É na Covilhã que se puxa mais pelos alunos mais pobres
Além do ranking clássico, que ordena as escolas pela média que os seus alunos alcançaram nos exames nacionais, o Ministério da Educação disponibiliza um outro indicador, a que chama equidade, apenas disponível para os Agrupamentos de Escolas Públicas de Portugal Continental. O que ele faz é aferir a diferença entre a conclusão do secundário no tempo esperado (três anos) dos alunos beneficiários de Ação Social Escolar (o apoio do Estado para os alunos financeiramente vulneráveis) e a média nacional para alunos com o mesmo apoio e nível anterior semelhante.
Assim, o que este ranking de equidade pretende traduzir é quais as escolas do país que conseguiram puxar pelos alunos mais pobres, uma vez que o contexto socioeconómico está fortemente ligado ao sucesso académico, com os mais pobres a ter, por norma, piores resultados.
Em 2022, é no concelho da Covilhã que se encontra a escola que segura o primeiro lugar do ranking da equidade, a Secundária Frei Heitor Pinto, onde 28,3% dos alunos têm ASE. A subida em relação ao ano anterior é substancial, já que em 2021 se encontrava na 194.ª posição. Em 2020, estava ainda mais abaixo, em 321.º.
Agora, quando se coloca lado a lado os resultados destes alunos com aqueles que o Ministério da Educação considera serem alunos comparáveis, o seu desempenho é 30,57% superior — o único valor do país acima de 30. No ranking dos exames, a escola ficou em 554.º lugar (em 601) e a média dos exames foi de 10,23 valores.
Em contrapartida, a escola que no ano anterior tinha ficado no topo da tabela, a Secundária Mouzinho da Silveira, em Portalegre, desce vários degraus, ficando agora em 106.º lugar, com apenas 2,33% acima da média.
Voltando aos resultados de 2022, o segundo lugar no ranking da equidade é para a Secundária de Alcácer do Sal (29,99% acima da média), o terceiro para a Secundária Dr. Manuel Fernandes (29,6%), em Abrantes, o quarto para a Professor Ruy Luís Gomes (26,32%), em Almada, e o quinto para a Secundária de Fafe (24,63%).
Entre elas, apenas a escola de Alcácer do Sal não aparecia no ranking. De resto, a escola de Abrantes sobe de um 26.º lugar, enquanto as restantes já se encontravam bem colocadas. A Professor Ruy Luís Gomes e a Secundária de Fafe ocupavam, respetivamente, o 8.º e o 2.º lugar.