820kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

GettyImages-1973657054
i

NurPhoto via Getty Images

NurPhoto via Getty Images

O filho "escolhido", o papel da Guarda e o risco de o poder cair na rua. Morte de Raisi acelera sucessão do Líder Supremo do Irão

A morte do favorito para suceder a Khamenei abana as fundações do regime. Irá o país dos ayatollahs passar de teocracia a monarquia? Ou a junta militar? Só há uma certeza: o radicalismo deve aumentar.

    Índice

    Índice

O ano era 2009 e o Irão vivia dias atribulados. A eleição do Presidente Mahmoud Ahmadinejad levou milhares às ruas, em protesto contra o que denunciavam ser uma fraude eleitoral. Entre as várias palavras de ordem gritadas, uma frase ouvia-se por vezes no meio da multidão: “Mojtaba, que morras e não te venhas a tornar Líder Supremo!”

Treze anos mais tarde, o país atravessava nova convulsão. A morte de Mahsa Amini às mãos da polícia da moralidade, depois de ter sido detida por não estar a usar o véu islâmico, incendiou novamente o Irão e levou a uma vaga de protestos de meses, que acabaram esmagados pela repressão policial. Mas, no meio da multidão, um grito foi reavivado: “Mojtaba, que morras e não te venhas a tornar Líder Supremo!”

GettyImages-1243371980

Os protestos pela morte de Mahsa Amini abalaram o Irão ao longo do ano de 2022

AFP via Getty Images

O homem a quem os manifestantes desejaram a morte é um dos filhos do atual Líder Supremo, o ayatollah Khamenei. A raiva era-lhe dirigida pelo papel que terá tido na promoção de Ahmadinejad a Presidente, primeiro, e pelo incentivo à repressão violenta dos protestos, de seguida. Desde então, o clérigo Mojtaba Khamenei tornou-se persona non grata entre os iranianos reformistas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Pouco se sabe sobre este homem, cujo primeiro nome significa “O Escolhido” em persa. Não há muitas fotografias disponíveis de Mojtaba. A voz dele não é imediatamente reconhecível. E, no entanto, “na corte do Líder Supremo, ele é um vulto poderoso por trás do pano”, resumia ao Wall Street Journal o especialista nos serviços de segurança iranianos Saeid Golkar, em 2022.

GettyImages-2153293674

Equipas de resgate no local do acidente que matou Ebrahim Raisi

Anadolu via Getty Images

Agora, dois anos depois, Mojtaba talvez abandone de vez a sombra. A morte do Presidente Ebrahim Raisi neste domingo, num acidente de helicóptero onde também seguia a bordo o ministro dos Negócios Estrangeiros Hossein Amir-Abdollahian, abalou toda a estrutura do regime teocrático do Irão.

O ayatollah Khamenei garante que “não haverá interrupção das funções do país”: já nomeou  um líder interino e pôs em marcha o processo para se realizarem novas eleições. Mas as próximas presidenciais revestem-se de particular importância, por uma razão: podem bem ditar quem será o sucessor do Líder Supremo, atualmente com 85 anos. É que Raisi era o claro favorito na corrida, apontado por todos os especialistas na política iraniana como provável sucessor de Khamenei. E qual era o outro nome frequentemente invocado — e que agora, à partida, tem o caminho livre? O “Escolhido” Mojtaba.

[Já saiu o segundo episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio.]

O “Escolhido” que pode suceder ao pai

Raisi estava a ser preparado para suceder a Khamenei por se ter tornado um homem de plena confiança do ayatollah. “Não era alguém que exalasse carisma. Os seus discursos não levavam pessoas às ruas. Limitava-se a executar as políticas”, resumiu ao New York Times Sanal Vakil, diretora do programa de Médio Oriente da Chatham House.

O papel que teve como jurista na execução de milhares de pessoas na década de 1980 valeu-lhe a alcunha de “Carniceiro de Teerão” e, perante os recentes protestos sobre a morte de Mahsa Amini, ordenou que fosse aplicada a repressão necessária. Não era um líder popular — a sua eleição em 2021 (depois de o Conselho dos Guardiães ter afastado quaisquer possíveis concorrentes mais moderados) contou com uma abstenção acima dos 50%, um valor raro em eleições iranianas.

GettyImages-683781730

Ebrahim Raisi, apelidado de "Carniceiro de Teerão", não foi um Presidente popular

AFP via Getty Images

Mas, para Khamenei e para a elite, isso pouco importava, já que Raisi dava sinais de estar disposto a seguir a atual linha conservadora do regime: “Acima de tudo, ele era um produto do regime. Era um ideólogo que trabalhou dentro do sistema e através do sistema”, resumiu Vakil.

Essa lealdade à corrente atual, mais conservadora, num regime nascido da Revolução Islâmica de 1979, deu vantagem a Raisi na corrida para Líder Supremo. A maioria dos pesos-pesados apontados ao longo dos últimos anos ou morreram (como o ex-Presidente Ali Akbar Hashemi Rafsanjani e Mahmoud Shahroudi), ou caíram em desgraça (como o ayatollah Sadeq Larijani), como notava em 2022 um ator da cena política iraniana que mantinha o anonimato. Os moderados (como o ex-Presidente Hassan Rohani) deixaram de ter lugar no contexto atual do regime, cada vez mais radicalizado.

Sobrava assim Raisi e uma outra carta fora do baralho, que agora surge como a escolha mais provável: Mojtaba Khamenei. Mas na política iraniana nada é assim tão simples. E o filho do atual Líder Supremo também enfrenta dificuldades.

Com 55 anos, o segundo filho de quatro do ayatollah Khamenei tem os pergaminhos certos para encaixar no perfil pretendido atualmente pelo regime. Aos 17 anos, entrou no Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica e combateu na guerra Irão-Iraque, inserido no batalhão Habib — conhecido como uma das fações do Exército iraniano defensoras de um islamismo mais radical, como notaram os académicos Saeid Golkar e Kasra Aarabi num artigo publicado no Atlantic Council. Durante os anos 2000, Mojtaba fez os seus estudos como clérigo, orientado pelo ayatollah Mohammad Taqui Mesbah-Yazdi, um teólogo tão radical que, notam os mesmos autores, emitiu uma fatwa contra os jovens iranianos que promovessem “a imoralidade ocidental” — leia-se, pena de morte para quem fosse infiel.

Nos últimos anos, Mojtaba tem ocupado um papel central dentro do Beit-e Rahbari, o gabinete da Autoridade da Liderança Suprema. Na prática, isso significa que trabalha diretamente para o pai, num cargo de enorme autoridade que supervisiona todos os ramos políticos e judiciais do país. A sua nomeação como Líder Supremo seria, por isso, uma aposta na continuidade.

“Ninguém é mais próximo do atual líder e ninguém é mais de confiança para o aparelho de segurança do que Mojtaba Khamenei. Embora ele não tenha experiência executiva, tem gerido a casa do seu pai, que na prática funciona como um governo, há 35 anos. E entende as relações de poder."
Hasan Yousefi Eshkevari, clérigo e antigo apoiante destacado da Revolução de 1979, que acabou perseguido politicamente pelo regime

Dias antes da morte de Raisi, quando ainda não era possível prever o que iria acontecer, um jornalista iraniano comentava com o Financial Times como Mojtaba era o favorito de muitos dentro do regime: “Do ponto de vista deles, a liderança de Mojtaba representa a opção mais segura, a melhor opção. Temem que alguém como Raisi queira desenvolver a sua própria rede, à semelhança do que fez o próprio Khamenei.” Por outra palavras, mantendo a liderança na família, diminui-se a possibilidade de purgas, como aconteceu aquando da transição do ayatollah Khomeini para Khamenei, em 1989.

Fosse há umas semanas, seja agora, um primeiro problema coloca-se ao filho do atual Líder Supremo: “O Escolhido” não tem as credenciais teológicas exigidas ao ocupante do cargo. Como explica o Die Welt, para isso é necessário ter atingido o nível espiritual de Marja-e-Taghlid, com o qual se considera que o clérigo em questão é infalível nas suas interpretações da lei islâmica.

Mas o caminho já estava a ser feito. Em agosto de 2022, uma agência de notícias iraniana garantiu que, apesar de não ser reconhecido como um teólogo brilhante, Mojtaba tinha sido agraciado com o título de ayatollah — sem ele, seria impossível algum dia ser Líder Supremo. E a falta de estatuto religioso é contornável: isso mesmo aconteceu em 1989, quando Khamenei se tornou Líder Supremo aos 50 anos, sem tarimba suficiente como clérigo. Para isso, procedeu-se à alteração constitucional necessária, nota o especialista no Irão Afshon Ostovar.

Ainda Raisi era vivo e já havia quem apostasse todas as fichas em Khamenei filho. “Ninguém é mais próximo do atual líder e ninguém é mais de confiança para o aparelho de segurança do que Mojtaba Khamenei”, notava em março à edição persa da BBC Hasan Yousefi Eshkevari, clérigo e antigo apoiante destacado da Revolução de 1979, que acabou perseguido politicamente pelo regime. “Embora ele não tenha experiência executiva, tem gerido a casa do seu pai, que na prática funciona como um governo, há 35 anos. E entende as relações de poder”, decretou.

GettyImages-1243265839

Mojtaba Khamenei é clérigo e próximo de algumas das fações mais radicais dentro do regime

NurPhoto via Getty Images

Há, contudo, outro entrave muito maior do que a falta de experiência ou de conhecimento religioso no caminho de Mojtaba: o facto de ser filho do atual ayatollah supremo. A Revolução Islâmica de 1979 deitou abaixo precisamente o regime monárquico do Xá e assentou a identidade do novo Irão em lideranças religiosas. Se o próximo Líder Supremo for herdeiro de sangue de Khamenei, o próprio regime poderá estar a transformar-se de uma teocracia para uma espécie de monarquia.

Muitos não veem isso com bons olhos. É o caso do antigo primeiro-ministro reformista Mir Hossein Mousavi, que, apesar de estar em prisão domiciliária, tem publicado críticas a essa possibilidade: “Os rumores de uma conspiração para que um filho suceda ao pai circulam há treze anos. Se não são verdade, porque ninguém os vem negar?”, questionou ainda em 2022 — a mesma altura em que manifestantes pediam nas ruas a morte de Mojtaba.

A influência da Guarda Revolucionária, “o verdadeiro poder por trás da cortina”

Mas o filho do ayatollah Khamenei conta com aliados poderosos dentro do regime, como sublinham os investigadores Saeid Golkar e Kasra Aarabi: é próximo de alguns dos clérigos mais extremistas da elite, muitos deles membros da Guarda Revolucionária Islâmica. A milícia criada após a Revolução de 1979 ganhou o estatuto de ramo das Forças Armadas do país e tem ganho cada vez mais influência dentro do regime, radicalizando-o.

Os laços de Mojtaba à Guarda Revolucionária são evidentes e ganharam particular relevo durante a supressão dos protestos de 2009, altura em que o clérigo terá supervisionado a atuação da Guarda e da sua milícia Basij. O mesmo terá acontecido agora em 2022, durante a repressão dos protestos pela morte de Mahsa Amini. O site independente iraniano Daraj destaca como Mojtaba era próximo de Qassem Soleimani, antigo líder da Guarda assassinado pelos Estados Unidos em 2020. “Ele é próximo do aparelho de segurança”, reforçava aquando dos últimos protestos a investigadora Sanam Vakil ao Wall Street Journal. Se chegar ao poder, dizia, “não devemos esperar um liberal”. “De todo.”

“Khamenei tem preferido uma estratégia gradualista, tentando equilibrar a assertividade do Irão com um desejo de limitar a escalada”, escreve o especialista Afton Oshovar. Já a liderança da Guarda Revolucionária “é menos paciente e gostaria de adotar uma postura mais agressiva — e aplicar mais facilmente a força militar — se o líder permitisse.”

E a Guarda Revolucionária deseja precisamente que o próximo Líder Supremo seja da sua linha dura — e que, de preferência, seja uma figura que consiga senão controlar, pelo menos influenciar. O ayatollah Khamenei em tempos também se aliou à Guarda para consolidar a sua posição, de tal maneira que os militares começaram a ultrapassar os clérigos. Dados da Chatham House citados pela Economist notam que em 1980 apenas 6% dos membros do Parlamento iraniano pertenciam à Guarda; em 2023, eram 26%.

Mas o organismo e o atual Líder Supremo nem sempre estão de acordo, sobretudo no que diz respeito a política externa, nota Afshon Ostovar. “Khamenei tem preferido uma estratégia gradualista, tentando equilibrar a assertividade do Irão com um desejo de limitar a escalada”, escreve o especialista. Já a liderança da Guarda Revolucionária “é menos paciente e gostaria de adotar uma postura mais agressiva — e aplicar mais facilmente a força militar — se o líder permitisse.”

GettyImages-1046988206

Membros da Guarda Revolucionária, que tem ganho crescente influência dentro da teocracia iraniana

AFP via Getty Images

Com Mojtaba, a Guarda Revolucionária pode ver uma abertura para aplicar a sua política de radicalização a nível internacional — o que, num cenário de tensão extrema no Médio Oriente em plena guerra de Gaza, poderia ter consequências imprevisíveis. E pode também tentar usar o candidato para reforçar o seu poder dentro da estrutura interna do Estado. O futuro, diz o académico, pode ser o de um “sistema pretoriano ou uma ditadura militar velada”.

E Ostovar não é o único a alertar para essa possibilidade. Ali Vaez, diretor do programa sobre o Irão do Crisis Group, dizia em fevereiro que o próximo Líder Supremo pode já não vir a ser verdadeiramente supremo, “porque o mais provável é que seja subserviente à Guarda Revolucionária”. “Assim sendo”, acrescentava, “o Irão assemelhar-se-ia ao Paquistão ou ao Egipto, onde o Exército é o verdadeiro poder por trás da cortina.”

A tensão das ruas e o possível caos entre as elites

Em tempos conturbados, o apoio das Forças Armadas revela-se ainda mais essencial a um novo líder. E o próximo Líder Supremo, seja ele Mojtaba ou qualquer outro, pode bem enfrentar tempos difíceis.

O Irão vive uma crise económica profunda, com uma inflação acima dos 40% e uma moeda a desvalorizar continuamente. O descontentamento popular pode estar agora abafado, não se revelando em protestos nas ruas, mas é notório na cada vez mais baixa participação eleitoral — as eleições parlamentares de março passado tiveram uma abstenção recorde de mais de 60%. O que saiu dessas eleições foi um Parlamento de linha ainda mais dura, onde os moderados têm cada vez menos lugar.

Agora, a propósito da morte de Raisi, alguns iranianos ousaram festejar em público, como testemunhou o Telegraph em Teerão: “Ouvi pessoas a cantar ‘Morte ao ditador!’”, disse um residente. “Fui a uma loja e foi incrível, o dono ofereceu-me um cigarro e disse ‘Esperemos que haja mais acidentes destes’”, contou outro.

GettyImages-1979277322

Com 85 anos, o ayatollah Khamenei estará a trabalhar para escolher o seu sucessor

Anadolu via Getty Images

A possibilidade de os protestos regressarem à rua é sempre real. E, para o analista do Carnegie Endowment Karim Sadjadpour, torna-se ainda mais provável se Mojtaba Khamenei se vier a tornar Líder Supremo. “A falta de legitimidade e popularidade dele significa que ele é completamente dependente da Guarda Revolucionária para manter a ordem. Isto pode apressar a transição para um regime militar ou o seu potencial colapso”, vaticina.

Outros, como Ali Alfoneh, acham mais provável o total esmagamento de qualquer dissidência pública, por a teocracia temer que o poder caia na rua: “Se surgirem protestos desses, não há razão para achar que o regime será menos eficaz a suprimi-los do que foi em esmagar protestos por todo o país no passado recente”, sentenciou o cientista político.

"O vencedor final pode ser uma surpresa até para os observadores mais bem informados. A única certeza é que a morte de Khamenei irá trazer grande incerteza — e caos.”
Ali Reza Eshraghi, analista

De qualquer forma, não há dúvidas que, com a morte de Raisi e a transição na Liderança Suprema a aproximar-se, a República Islâmica enfrenta um dos seus momentos mais instáveis de sempre. E, apesar de Mojtaba seguir com vantagem, nada está garantido.

Há cerca de um ano, o analista Ali Reza Eshraghi relembrava num artigo da Foreign Affairs como o processo de transição de Khomeini para Khamenei foiad hoc, transacional e amargo”. E previa que o mesmo volte a acontecer no futuro, mais de 30 anos depois: “As elites podem usar a competição para ajustar contas, dar facadas nas costas e lavar roupa suja. As regras, se é que existem, serão manipuladas. O vencedor final pode ser uma surpresa até para os observadores mais bem informados. A única certeza é que a morte de Khamenei irá trazer grande incerteza — e caos.”

 
FLASH SALE
Assine o Observador a partir de 0,12€/ dia

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

FLASH SALE - Assine o Observador
a partir de 0,12€/ dia
FLASH SALE Assine o Observador
a partir de 0,12€/ dia
*exclusiva para novos assinantes