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O candidato do Partido Social Democrata (PSD) à Câmara Municipal de Oeiras, Alexandre Poço, durante uma ação de campanha em Oeiras, 16 de setembro de 2021. No próximo dia 26 de setembro mais de 9,3 milhões eleitores podem votar nas eleições Autárquicas, para eleger os seus representantes locais. JOSÉ COELHO/LUSA
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Contrato entre autarquia de Oeiras e a mãe de Alexandre Poço foi assinado a 14 de fevereiro de 2022

JOSÉ COELHO/LUSA

Contrato entre autarquia de Oeiras e a mãe de Alexandre Poço foi assinado a 14 de fevereiro de 2022

JOSÉ COELHO/LUSA

Oeiras. Poço suspendeu mandato de vereador e PSD contratou a mãe por ajuste direto para gabinete

Cerca de um mês depois de ter anunciado a suspensão do mandato, o gabinete dos vereadores do PSD na Câmara Municipal de Oeiras contratou a mãe de Alexandre Poço para serviços de assessoria.

Alexandre Poço anunciou, a 6 de janeiro, que tinha decidido “suspender as funções de vereador na Câmara Municipal de Oeiras”, no dia anterior, considerando “não reunir condições para a continuidade do mandato”. Também o nome que se seguia, Gonçalo Costa, tomou uma decisão no mesmo sentido, tendo sido a social-democrata Susana Duarte a assumir o lugar vago na autarquia. Cerca de um mês depois, a 14 de fevereiro, Susana Duarte assinou com a mãe de Alexandre Poço um contrato de prestação de serviços de “assessoria técnica e política” por um prazo de onze meses.

O contrato, de 16.500 euros, isto é, 1.500 euros por mês (a que se somam 23% de IVA) foi assinado com Maria Antónia Silva e, ao Observador, o gabinete do PSD rejeita qualquer relação entre a suspensão de mandato de Poço e a contratação da mãe do líder da JSD. “Não teve a mais remota correlação com esta situação [de contratação]”, diz o gabinete que admite, ainda assim, não ter consultado outras pessoas para o mesmo cargo.

Contrato entre a autarquia de Oeiras -- para o gabinete do PSD -- e a mãe de Alexandre Poço, vereador que suspendeu o mandato

Segundo o contrato, Maria Antónia Silva foi selecionada para “serviços de assessoria técnica especializada ao gabinete da Sra. Vereadora Susana Isabel Duarte, em regime de avença”, mas o gabinete do PSD responde ao Observador que se trata de uma “secretária para desempenhar funções de secretariado num gabinete político de apoio à vereação do PSD”.

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Para a seleção da funcionária, esclarece o gabinete social-democrata em Oeiras, contou a “confiança política por parte da vereadora do PSD assim como o currículo com mais de duas décadas de experiência profissional em secretariado e assessoria em várias empresas”. Maria Antónia Silva “é militante do PSD há praticamente uma década” e “é uma militante empenhada do PSD, ativa e comprometida com a vida partidária, e é uma cidadã interventiva na vida cívica no concelho de Oeiras.”

Maria Antónia Silva integrou, aliás, em várias ocasiões, as listas do PSD a órgãos autárquicos no concelho de Oeiras. Nas últimas autárquicas, quando o filho concorria à autarquia de Oeiras, Maria Antónia foi um dos nomes que o PSD apresentou na lista candidata à Assembleia de Freguesia de Porto Salvo. Também em 2017 tinha integrado a lista de candidatos ao mesmo órgão na freguesia de Porto Salvo, embora à data estivesse na condição de suplente.

"Existe assim uma relação pessoal e política consolidada e estabelecida com as restantes pessoas que compõem o gabinete de apoio à vereação do PSD"
Fundamentação do gabinete do PSD na autarquia de Oeiras para a contratação da mãe de Alexandre Poço

O gabinete do PSD em Oeiras frisa ainda que “Maria Antónia Silva apoiou e participou ativamente nas três últimas campanhas eleitorais das candidaturas lideradas pelo PSD no concelho de Oeiras, desde 2013”, onde se inclui, naturalmente, a do filho Alexandre Poço nas últimas eleições autárquicas, em setembro 201.

“Existe assim uma relação pessoal e política consolidada e estabelecida com as restantes pessoas que compõem o gabinete de apoio à vereação do PSD”, considera o gabinete da vereadora Susana Duarte.

Susana Duarte é uma velha conhecida de Alexandre Poço, tendo caminhado ao lado do atual líder da JSD nas estruturas do partido durante muitos anos. Próximos da cúpula da juventude social-democrata entre 2016 e 2020, no último mandato de Simão Ribeiro e o de Margarida Balseiro Lopes, Susana Duarte teve, por exemplo, funções na direção administrativa e financeira da JSD, enquanto Poço era vice-presidente.

O Observador contactou Alexandre Poço, mas não foi possível obter ainda uma reação do líder da JSD à contratação feita pelo gabinete do PSD na autarquia de Oeiras.

Poço prometeu “dar tudo por Oeiras”, mas acabou a suspender o mandato

A campanha que começou com um cartaz de meias cor de laranja e levou o líder da JSD a saltar de avião prometia um forte compromisso de Alexandre Poço com os oeirenses, mas a “relação séria” apregoada não foi além dos quatro meses. Depois de falhar, tal como as sondagens sempre apontaram, a eleição para a presidência da câmara municipal, Poço manteve-se apenas até ao início de janeiro nos corredores da autarquia que continuou nas mãos de Isaltino Morais.

Alexandre Poço salta de avião para mostrar que não há missões impossíveis nem “terras de um homem só”

Durante os dois meses de campanha eleitoral, Alexandre Poço recusava a ideia de que a vitória de Isaltino Morais em Oeiras estava garantida e repetia o mantra de “dar tudo por Oeiras” para tentar mostrar que havia uma alternativa no município. “Nada é eterno, não há terras nem sítios de um homem só”, disse na apresentação da candidatura, numa referência a Isaltino Morais que, a 21 de setembro conseguiu a reeleição sem dificuldade.

Certo é que, de facto, não “correu bem”, como Poço suspirava e Isaltino Morais conseguiu uma esmagadora maioria em Oeiras. Com oito vereadores da lista de Isaltino, sobraram apenas três lugares no executivo para a oposição. Foram divididos irmãmente pelo PS, PSD e pela Coligação Evoluir Oeiras (do Livre, Bloco de Esquerda e Volt).

Com Alexandre Poço a cabeça de lista, a não ter intenção de aceitar os pelouros delegados por Isaltino Morais, a solução do líder da JSD (e do número dois da lista) foi suspender o mandato logo em janeiro. A concelhia do PSD de Oeiras publicou, no mesmo dia, em que Poço anunciou a suspensão do mandato que “aceitava os pelouros” que Isaltino Morais tinha “manifestado vontade em delegar na vereação do Partido Social Democrata”.

Ouça aqui o episódio do podcast “A História do Dia” sobre o poder da família Gonçalves no PSD-Lisboa.

Que poder e influência têm os Gonçalves no PSD Lisboa?

Em resultado, Susana Duarte assumiu o cargo de vereadora com os pelouros das Feiras e Mercados,  Cemitérios e Atividades Económicas que Alexandre Poço não quis assumir, continuando com o mandato de deputado na Assembleia da República.

Entretanto, com a chegada de Luís Montenegro (que Alexandre Poço apoiou) à liderança do PSD, o líder da JSD subiu na estrutura da bancada parlamentar. Na nova composição, Poço foi proposto pelo líder e eleito como um dos vice-presidentes da bancada — que teve de mudar os estatutos para ser possível passar a ter 12 vice-presidentes (um dos dois novos era precisamente o líder da JSD).

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