Para quem passa na rua, as grandes janelas que deixam ver o interior do restaurante chamam a atenção pela explosão de cores, mas quando se entra no Mama Shelter Lisboa a experiência visual ganha uma dimensão de 360º. O hotel abriu no dia 12 de janeiro e é o primeiro membro do grupo na Península Ibérica. Para quem não conhece, trata-se de uma marca francesa fundada pela família Trigano em 2008, em Paris. A empresa mantém-se familiar e é também esse o ambiente que quer ter nos seus hotéis. Depois de sete unidades em França, de estar presente em outras cinco cidades europeias, em Los Angeles e no Rio de Janeiro, a capital nacional é a abertura mais recente. O projeto já estava a ser pensado antes da pandemia e esta não o travou.
E porquê Lisboa? “Lisboa é uma das cidades mais cool da Península Ibérica”, responde o diretor geral do novo hotel. Henrique Tiago de Castro conta que esteve 10 anos a viver fora de Portugal e durante esse tempo passou por sete países e pelos grupos Intercontinental e Accor, até regressar a casa com uma generosa experiência em hotelaria. Diz ao Observador que o começo do novo hotel foi muito melhor do que esperava, “principalmente, na restauração”. Arrancaram com 50 colaboradores, mas precisam de mais e continuam a contratar. A equipa é diversificada e composta por pessoas com experiência em diferentes contextos hoteleiros. “A minha ambição, tendo estado fora, foi criar uma equipa o mais diversa possível para tentar recriar uma cultura portuguesa, mas também com inspiração internacional.”
O grupo Mama Shelter gosta de ter os seus hotéis em cidades e bairros com história e abraçá-la dentro do espaço do hotel. Em Lisboa estão numa zona agitada e central da cidade, entre o Príncipe Real e a Avenida da Liberdade, onde a Avenida Alexandre Herculano se cruza com a Rua do Vale de Pereiro. A decoração do hotel é tema obrigatório, porque se apresenta como uma “abordagem excêntrica, atrevida, animada e acessível à hospitalidade”, e ficou a cargo do Mama Design Studio, a equipa de arquitetura e design de interiores do grupo, como acontece com todos os hotéis. A experiência visual cruza o estilo boémio e pop da cadeia com a herança marítima portuguesa.
Na fachada do edifício brilham os azulejos Viúva Lamego e há mais referências portuguesas. As peças Bordallo Pinheiro estão em exibição no restaurante e até nos quartos. O mármore branco do bar é de Estremoz. E os peixes da decoração foram “pescados” nas aventuras marítimas da nossa História. Mas há mais. Como a carta do restaurante que recria um painel de azulejos e as chaves dos quartos, que se inspiram nas chaves das antigas latas de sardinha.
Em sete pisos há 130 quartos em quatro tipologias: S, M, M com terraço e L. Em cada um deles, os padrões coloridos dos tecidos convivem alegremente com peças Bordallo Pinheiro e máscaras pousadas sobre os candeeiros, que desafiam a brincadeira. A estrela é a “cama de hotel de 5 estrelas” e talvez também as grandes janelas para a cidade. Na casa de banho as amenities são sólidas e sem plásticos, em busca do mínimo impacto ecológico possível.
Para quem não procura um quarto, a maior atração vai ser o restaurante, um espaço com especial importância nesta cadeia de hotéis. Uma sala de refeições onde se servem, atualmente, pequeno-almoço, almoço e jantar e, a partir de 20 de março, também brunch. Há ainda espaço para uma zona a que chamam cantina, dedicada a jantares de grupo e munida de grandes mesas de madeira, e um palco para música ao vivo. A decoração funciona como anfitriã que convida a entrar neste espaço para o descobrir. Este restaurante cumpre a tradição de todos os outros hotéis Mama Shelter e tem o teto pintado pelo artista francês Beniloys, com a técnica de fresco e com uma série de peixes a nadar a preto e branco.
Além de ter um estilo eclético, este restaurante tem 139 lugares e procura ser inclusivo, onde todos são bem vindos, dos amigos que vão pôr a conversa em dia, aos pais que vão jantar com os filhos e ao casal que vai almoçar e não se separa do seu cão. Nas palavras do diretor geral: “Gostamos da confusão que há numa casa familiar. Daí nos chamarmos Mama Shelter, que é o abrigo da mãe”. E continua a explicar que a origem deste nome tem, precisamente, como referência “o lugar onde nos sentimos bem, onde queremos estar, normalmente é em casa das nossas mães. Pelo menos para a família Trigano, que foi quem fundou a marca”. Para abril está prometida a abertura do rooftop, nove andares acima da rua com um grelhador e um salad bar e, o mais importante, com uma vista ampla e luminosa sobre a cidade.
Sobre a mesa brilham os pratos em três tamanhos, cores e temas diferentes, criados especialmente para este hotel e feitos pela Spal. A carta do restaurante partilha alguma influência de brasserie francesa com pratos bem portugueses. Na cozinha, o chef Nuno Bandeira de Lima prepara os sabores deste conceito que pretende ser híbrido, ou seja, que permite fazer uma refeição agradável e completa sem gastar um valor considerável, mas, simultaneamente, com opções para quem quiser uma experiência mais elevada e dispendiosa. Há ainda espaço para uma lista de pizzas que, diz quem conhece, são uma das atrações dos restaurantes Mama Shelter, e que até terão um serviço take away.
As tarifas de estadia começam em 89 euros por quarto, por noite. Rua do Vale de Pereiro, nº 19, 1250-189 Lisboa. Tel.: +351 210 549 899; lisboa@mamashelter.com.