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O candidato socialista esteve na rua, em Évora, mas não chegou a seu uma arruada. Dez apertos de mão e arrancou.
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O candidato socialista esteve na rua, em Évora, mas não chegou a seu uma arruada. Dez apertos de mão e arrancou.

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

O candidato socialista esteve na rua, em Évora, mas não chegou a seu uma arruada. Dez apertos de mão e arrancou.

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Pedro Marques deu um saltinho à rua (à última hora). E teve o Governo a dar uma mão na campanha

Depois das críticas, na agenda surgiu um pequeno contacto de rua em Évora -- que não estava previsto -- e Pedro Marques apelou ao voto no dia 26. À tarde jogou a carta dos fundos com ajuda do Governo.

Artigo atualizado ao longo do dia

E ao terceiro dia, a rua. A agenda oficial do candidato socialista não tinha nada previsto (aliás, até sexta-feira, em Coimbra, não havia ações de rua), mas na noite anterior a organização fez saber que de manhã cedo o candidato estaria na Praça do Giraldo, Évora, para tomar um café. O eurodeputado (e número sete da lista do PS) Carlos Zorrinho tinha insistido, garantia-se na caravana. E Pedro Marques teve, assim, o primeiro contacto de rua oficial, curto e com muito pouca gente. E à tarde teve um ministro ao seu lado — na qualidade de dirigente nacional do PS. À noite, chegará António Costa à campanha.

Cerca de uma dezena de eborenses viram o cabeça de lista às Europeias passar, de manhã, estender-lhes a mão para um cumprimento rápido e um discurso de apelo ao voto no dia 26 e da importância do que se decide na Europa. “Vai votar no dia 26? Há eleições Europeias. Veja lá, é importante votar na Europa, decidem-se lá muitas coisas da nossa vida”, ia dizendo Pedro Marques a cada passou-bem. A média de idade das poucas pessoas que encontrou por aquela altura na principal praça de Évora rondaria os 70 anos e ao apelo do socialista iam revelando algum desinteresse sobre o assunto. “Não ligo nada à política, nada nada, nada nada”, disse a Pedro Marques um senhor a quem o candidato dizia que mais importante do que o partido em quem se coloca a cruzinha, o importante era mesmo ir votar.

Estava o candidato a responder às críticas de não ter contactos de rua no seu programa? “Esse tema é absolutamente extraordinário, é próprio de campanhas eleitorais quando os outros partidos não têm nada para dizer. Como eu já referi, fizemos dezenas e dezenas de ações de rua. O que se passou é que foi aqui que nos encontrámos com a nossa equipa e daqui vamos para Embraer, com toda a normalidade”, desvalorizou o candidato. Pedro Marques voltou a garantir que está a “fazer a campanha” que fez ao “longo de três meses”: “De esclarecimento das pessoas e de falar com os trabalhadores”.

Pedro Marques sentado ao lado de Norberto Patinho para o café na Praça do Giraldo

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

O candidato socialista tinha chegado à hora certa, sentou-se numa esplanada na Praça para o tal café, à espera “da equipa”, ou seja, a tropa que Carlos Zorrinho, recandidato a eurodeputado mas também socialista da terra, tinha mobilizado para aquela manhã. Alguns membros da JS estavam a postos com bandeira, panfletos e canetas para distribuir.  A comitiva foi-se sentando em círculo por uns minutos à conversa e quando faltaram cadeiras para quem chegou depois, Pedro Marques saltou da sua e fez-se à rua – a rua possível àquela hora em dia de trabalho. Primeiro, uma paragem para ver a exposição dos 50 anos do Diário do Sul, depois a tal dezena de cumprimentos até serem horas de partir para a Embraer, empresa aeronáutica que tem fábrica na região.

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No final, em declarações aos jornalistas falou da importância de “mobilizar pessoas para o voto com mensagens positivas e explicar às pessoas como é tão importante votar na Europa”. Já não respondeu aos ataques de Paulo Rangel — como fez no dia anterior — e à pergunta sobre insistência do lado de lá da campanha de que por trás da sua candidatura a eurodeputado está afinal uma candidatura a comissário europeu, o socialista falou apenas na “vontade de fazer ruído” da oposição. E saiu sem garantir que será eurodeputado cinco anos: “Posso garantir que sou candidato ao Parlamento Europeu que é para isso que fui convidado”.

“A Europa que faz diferença” e o cluster que “ganhou asas”

A mensagem que ganhou asas esta terça-feira de manhã foi precisamente esta de estar em campanha não para “dizer mal de ninguém”, mas para “dizer como a Europa faz a diferença na vida das pessoas” e das empresas, já que esta frase foi dita já na visita à empresa brasileira de aeronáutica que tem oficinas em Évora.

Pedro Marques visitou a Embraer para realçar importância dos fundos comunitários para zonas do interior

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

João Taborda, vice da empresa para a Europa, explicou que a empresa tem projetos de valor superior a 93 milhões de euros elegíveis para apoio comunitário, mas não revela quanto conseguiu do Portugal 2020 para apoiar a produção, por exemplo, do E2 (nova geração de aviões comerciais). Pedro Marques acrescentaria a seguir que este é um setor “absolutamente crítico para o Alentejo” e “está a acontecer com o apoio da Europa”, destacando que no Portugal 2020 mais de 20 projetos vinham deste setor, tratando-se de projetos “acima de 50 milhões de euros” para um cluster que ganhou asas em Portugal: “Vai desde Matosinhos até Ponte de Sôr, Évora, Beja, Grândola, Setúbal”.

E apesar de garantir que não está em campanha apenas para “dizer mal”, nesta matéria continua a atirar ao PSD que acusa de pôr areia na engrenagem do PT2020. Pedro Marques garante que foram “aprovados 1800 milhões de euros para projetos para a região de baixa densidade”, mas “em abril de 2018, o eurodeputado do PSD José Manuel Fernandes, apresentou uma queixa à Comissão a acusar o Governo de desviar fundos do inteiro para o litoral. Felizmente a Comissão reconheceu que não desviámos um euro dos fundos de coesão”.

O ministro que não estava ali como ministro mas que falou como ministro para atacar a direita

À tarde, o plano mudou para a agricultura, em Beja, com paragem na Edia, Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva, e toda uma longa explicação sobre o sistema de regadio do Alentejo e o potencial de expansão. Depois, Pedro Marques e a sua comitiva seguiram para a Herdade Vale da Rosa, onde são produzidas as uvas sem graínha, também em Beja. À sua espera estava o comendador António Silvestre Ferreira, administrador da Herdade, mas também o antigo eurodeputado e atual ministro da Agricultura Capoulas dos Santos. Uma ajuda do Governo, que Pedro Marques fez questão de mencionar no discurso que fez, no final da visita, sendo imediatamente corrigido pelo ministro que estava ali, sim, mas “como dirigente do Partido Socialista“.

Tenho sempre esse cuidado, estando aqui como dirigente do PS, é de facto o nosso rosto, o rosto que o PS tem para apresentar aos portugueses e aos agricultores portugueses como a nossa melhor referência”, retificou Pedro Marques que ia embalado até porque Capoulas tinha acabado de dar um empurrão forte ao seu discurso de campanha sobre os fundos comunitários. O ministro que não estava ali como ministro garantiu que o Governo está a “utilizar integralmente os fundos comunitários. Vamos fazer — ao contrário do que fez o Governo anterior que entregou a Bruxelas 20 milhões de euros depois de ter feito uma festa — a execução a 100%. Estamos empenhados em executar plenamente juntando todas estas variáveis de forma positiva”.

A ajuda a Pedro Marques ficou ali expressa de forma ainda mais direta — e não só no discurso –, com Capoulas a reclamar por “bons deputados europeus, que continuem a defender os apoios comunitários: ninguém melhor do que Pedro Marques para conseguir esse objetivo”. O candidato socialista somava-se ao ministro na decisão no Governo, enquanto ministro das Infraestruturas, de “fazer arrancar um programa de 280 milhões de euros de apoio ao regadio para fazer mais 50 mil hectares de regadio no Alqueva”, isto quando a direita “tinha deixado o regadio do Alqueva de fora do PDR”. “PSD e CDS travaram a expansão do Alqueva e essa foi uma decisão errada, contra o interesse dos alentejanos e da agricultura do alentejo”.

Entre cachos de uvas miudinhas — onde a comitiva socialista foi praticamente só para a fotografia — apenas Capoulas tinha ouvido o comendador elogiar o seu trabalho na “gestão do Alqueva. Não é senhor doutor?”. O ministro respondia que sim e lembrava o que disse Pedro do Carmo, deputado socialista também ali presente, que “na agricultura há mais tecnologia num tomate do que num Ferrari”.

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