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Primeira Comissão Nacional com Pedro Nuno na liderança aconteceu em Coimbra
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Primeira Comissão Nacional com Pedro Nuno na liderança aconteceu em Coimbra

LUSA

Primeira Comissão Nacional com Pedro Nuno na liderança aconteceu em Coimbra

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Pedro Nuno inclui costismo em núcleo duro "de combate" e define estratégia "humilde" até às eleições

Núcleo duro contará com governantes do costismo. Comissão Nacional foi "serena", com militantes prontos para repetir guião do líder "até à exaustão". E houve um aviso sobre listas de deputados.

O sábado de encontro entre socialistas serviu para fechar etapas no lançamento da liderança de Pedro Nuno Santos. Na primeira reunião da Comissão Nacional com o novo líder, Pedro Nuno desenhou um guião de campanha “humilde” que os socialistas apreciaram — e que, acreditam, terão de “repetir até à exaustão” até março para convencer os eleitores mais descontentes — e puxou costistas para o seu novo núcleo duro, que funcionará como uma equipa de “combate” político.

A eleição do secretariado do partido — cujos membros são escolhidos diretamente pelo secretário-geral — estava marcada para esta manhã e a composição do órgão foi cuidadosamente mantida em segredo pelos pedronunistas até a votação começar. Na meticulosa escolha para o secretariado do PS, que será o órgão mais restrito do partido e funcionará como núcleo duro do líder, Pedro Nuno Santos fez um jogo de equilíbrios e apresentou uma solução que conjuga nomes do costismo — incluindo socialistas que não o apoiaram durante a corrida interna à liderança do PS — com pedronunistas de sempre. É esta junção que funcionará já como uma espécie de “direção de campanha”, como descrevem várias fontes próximas do líder ao Observador, começando já a dedicar-se à preparação das eleições de 10 de março.

Dentro dessas escolhas encontram-se dois dos braços direitos de António Costa durante o Governo que agora termina: é o caso do secretário de Estado Adjunto de António Costa, António Mendonça Mendes, e da ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, que já fazia parte da equipa anterior. Não só são dois nomes fortes do costismo como também se tinham mantido neutrais durante a corrida interna do PS, optando por não manifestar apoio a nenhum dos candidatos.

Ainda assim, ambos têm boa relação com Pedro Nuno — que elogiou publicamente Mariana Vieira da Silva durante o jantar de Natal do PS pelos tempos de trabalho comum durante a geringonça — e trazem “experiência” governativa ao núcleo pedronunista. Também Francisco André, atual secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e antigo chefe de gabinete de Costa, foi incluído nas escolhas de Pedro Nuno, sendo também uma escolha de continuidade — fazia parte do secretariado de Costa.

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Das hostes pedronunistas de primeira hora também vieram várias figuras de relevo, como é o caso do ministro do Ambiente e amigo próximo de Pedro Nuno Santos, Duarte Cordeiro, da ministra da Habitação, Marina Gonçalves, ou dos deputados Francisco César — seu diretor de campanha durante a corrida interna no PS –, João Paulo Rebelo, antigo secretário de Estado, Isabel Moreira e Pedro Delgado Alves. A presidente da câmara da Amadora, Carla Tavares, e antigo chefe de gabinete do novo líder Nuno Araújo também ganham um assento no órgão.

Carneiro e Pedro Nuno fizeram acordo para listas à Comissão Nacional e Comissão Política

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A equipa inclui também rostos que têm assumido protagonismo na equipa de Pedro Nuno Santos e que terão lugares de primeira linha no caminho até às eleições de março, incluindo João Torres, que era até agora secretário-geral adjunto de António Costa e será diretor de campanha de Pedro Nuno Santos, e Alexandra Leitão, responsável pela coordenação do programa eleitoral.

O secretariado fica completo com a presidente dos autarcas do PS, Isilda Gomes, e o deputado Marcos Perestrello — um dos nomes da chamada ala moderada que manifestaram apoio ao novo líder durante a corrida interna. Saem algumas caras do Governo que estavam no elenco anterior — casos de Ana Catarina Mendes, Ana Mendes Godinho ou Fernando Medina —assim como o eurodeputado Pedro Marques e o deputado João Azevedo.

Dentro do PS, o secretariado é descrito como uma equipa “de combate”, com um perfil muito político e que já trabalhará a pensar na campanha. “É uma equipa de combate político e com muita experiência. São apostas seguras”, descreve fonte socialista. “Na prática, vai ser uma direção de campanha”, reforça outra fonte.

Outro pedronunista aponta para uma transição geracional que “colhe as flores que Costa plantou”, isto é, que agarra uma camada mais jovem também dentro do costismo e a puxa para a nova etapa do PS. Uma camada que vem ajudar a acrescentar uma ideia de “maturidade” ao núcleo de Pedro Nuno, acrescenta.

É essa equipa que começará a trabalhar para pôr em prática a estratégia que Pedro Nuno definiu em dois atos nesta primeira semana como líder: primeiro, no congresso socialista, onde explicou a sua visão estratégica (e ideológica) para o país e avançou com as suas primeiras propostas; depois, na Comissão Nacional, que abriu com uma intervenção sobre “empatia” e “humildade”, as características que acredita que o PS deve assumir ao falar com os eleitores, assumindo erros e prometendo melhorar.

Discurso bem recebido: “As pessoas não acreditam em quem diz que tudo está bem”

Apesar de ter elencado todas as falhas e erros da governação do PS que antecipa que a oposição vá apontar-lhe, e previsto os ataques de quem argumentará que os socialistas governam há oito anos — logo, tiveram tempo suficiente para resolver essas falhas –, o discurso pareceu ser bem recebido pelos costistas (e carneiristas) que estavam na sala, de onde Pedro Nuno saiu direto para um almoço com os presidentes de federação do PS.

Ao Observador, um dos antigos governantes de Costa diz ter visto um líder a “identificar bem as prioridades“. Outro membro do núcleo costista assegurou que viu um “povo socialista sereno“, numa Comissão Nacional em que poucas figuras de primeira linha se pronunciaram — “tivemos congresso há uma semana”, recorda uma das fontes ouvidas pelo Observador.

Os apoiantes de José Luís Carneiro também não levantaram ondas no encontro. Um deles diz ao Observador que até à apresentação do programa os socialistas terão de ser disciplinados e seguir o guião traçado por Pedro Nuno: “Defender o legado, mas com empatia e humildade. É isso que vamos ter de repetir até à exaustão. As pessoas não acreditam em quem diz que está tudo bem. Nem os nossos eleitores aceitariam que se dissesse que está tudo mal…”.

O guião de Pedro Nuno: PS deve reconhecer erros e falar com “empatia e humildade” a “portugueses zangados”

O novo passo na emancipação do novo líder, que não teve pudor em reconhecer que o PS tomou opções erradas e escolheu medidas que não surtiram o efeito esperado em vários casos, ficou dado. Um dos pontos em que Pedro Nuno Santos reconheceu que é preciso dar um “novo impulso” às ações do PS foi, de resto, relativamente às forças de segurança que protestam neste momento contra o Governo — uma área que é tutelada pelo seu adversário na corrida interna, José Luís Carneiro, cujo trabalho elogiou.

Acabaram por concordar os dois, dentro da reunião, que será preciso continuar a valorizar esses profissionais, incluindo as suas “remunerações”, com promessas do novo líder de se encontrar com os respetivos representantes já esta semana.

O aviso de Carneiro e a crítica a Pizarro

Carneiro também fez questão de intervir dentro da reunião, mostrando-se focado na união do partido, pelo menos para já, mas com avisos à navegação. Depois de defender que a campanha pela liderança do PS mostrou a “força e qualidade democrática do partido” e resultou em órgãos políticos “renovados e unidos na pluralidade” — uma vez que chegou a acordo com Pedro Nuno Santos para indicar 35% dos nomes na Comissão Política e na Comissão Nacional –, lembrou que vem aí um desafio mais difícil: a construção das listas de candidatos ao Parlamento, para a qual não há um acordo formal.

“Importa manter este caminho de unidade na pluralidade e ter em conta que a legislatura foi interrompida. Pelo que, no essencial, o princípio da continuidade, dada a experiência alcançada, deve ser tido em consideração”, frisou na intervenção a que o Observador teve acesso. Ou seja, mesmo admitindo que a “renovação e a abertura” são princípios importantes, Carneiro quer assegurar que os nomes dos seus apoiantes (que representavam cerca de um terço da bancada socialista) não serão varridos das listas.

O candidato que ficou em segundo lugar deixou ainda ataques à nova Aliança Democrática — cuja “falta de soluções” só é superada “pela agressividade com que ataca o PS”, atirou — e, puxando pela sua pasta no Governo, defendeu que os tempos que correm “exigem um acréscimo de responsabilidades no domínio das funções de Soberania”.

Conforme apurou o Observador, durante a reunião também se pronunciou a presidente das Mulheres Socialistas, Elza Pais, a favor de mais apoios para famílias monoparentais. O secretário-geral da JS, Miguel Costa Matos, pediu um investimento na modernização da comunicação do partido, corrigindo a “fragilidade” do PS nas redes sociais, assim como novas reformas que respondam à “frustração” do eleitorado, num discurso em linha com o do novo líder; já o antigo ministro da Saúde António Correia de Campos, que deixou fortes críticas ao atual responsável pela pasta, Manuel Pizarro. Ainda assim, o tom geral terá sido de união, o estado em que o PS quer manter-se — pelo menos até às eleições.

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