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Joe Biden no debate contra Donald Trump a 27 de junho

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Joe Biden no debate contra Donald Trump a 27 de junho

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Poucas entrevistas e uma operação "superprotetora": como Biden escondeu os problemas de memória que "chocaram" os democratas

Prestação no debate e gaffes levaram Partido Democrata a retirar apoio a Biden. Durante o mandato, Presidente deu poucas entrevistas — mas campanha obrigou-o a falar em público e assustou democratas.

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Sussurros, gaffes, dificuldades em terminar os raciocínios ou a expressar ideias. O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, colecionou durante os últimos meses lapsos de memória e momentos constrangedores. No debate frente ao adversário Donald Trump as dificuldades foram mais visíveis do que nunca. Na cimeira da NATO em Washington, o Chefe de Estado também cometeu dois erros que causaram embaraço e preocupação: trocou o nome de Volodymyr Zelensky com o de Vladimir Putin e chamou Donald Trump à vice-presidente Kamala Harris.

Os democratas ficaram apreensivos e preocupados. As falhas de memória e a idade avançada de Joe Biden já eram problemas reconhecidos nesta campanha e, mesmo no passado, tinha havido sinais preocupantes. Por exemplo, em fevereiro deste ano, o Presidente norte-americano confundiu Emmanuel Macron com François Mitterrand, o líder francês entre 1981 e 1995 e que morreu há 28 anos. Mas parte do Partido Democrata ia ignorando os sinais, ainda que várias sondagens indicassem que os norte-americanos consideravam que o Chefe de Estado não reunia as condições cognitivas e mentais para se recandidatar. Por exemplo, uma do início de julho, mostrava que 72% dos inquiridos acreditavam que Joe Biden não tinha capacidades para ser Presidente por mais quatro anos.

Nos últimos dias, com um diagnóstico de Covid-19, Joe Biden afastou-se da vida pública. Ao mesmo tempo, a pressão para que renunciasse na campanha aumentou e contou com duas personalidades de peso: a antiga líder da Câmara dos Representantes, Nanci Pelosi, e o antigo Presidente, Barack Obama. Enquanto a primeira apelou publicamente a que o Chefe de Estado não se recandidatasse, o segundo nunca foi vocal, fazendo apenas circular na imprensa norte-americana informações de que estaria preocupado com a viabilidade da candidatura do seu antigo vice-presidente por causa do seu estado de saúde.

Biden trocou o nome de Zelensky pelo do Putin na cimeira da NATO e causou embaraço

AFP via Getty Images

A pressão resultou e, este domingo, Joe Biden publicou nas redes sociais uma carta em que anunciava que não iria recandidatar-se. “Perdeu o apoio do seu partido”, explica ao Observador Raymond La Raja, professor de Ciência Política na Universidade de Massachusetts Amherst, acrescentando: “Ele é um político inteligente o suficiente para saber que não pode vencer sem o seu partido unido”. 

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O porquê de Joe Biden ter subitamente perdido o apoio do Partido Democrata? Em declarações ao Observador, Rosanna Perotti, professora de Ciência Política na Universidade de Hofstra, em Nova Iorque, não tem dúvidas de que a “idade de Biden” foi um “fator primordial” para que isso tivesse acontecido, juntamente com os “problemas cognitivos relacionados com o envelhecimento, como a perda de memória”. A falta de “estamina” do Presidente, refere a docente, “mostrou uma fragilidade que chocou o seu staff e apoiantes”.

Os democratas demoraram, contudo, a entender essa fragilidade de Biden, de 81 anos, que — se vencesse as eleições em novembro —, apenas sairia do cargo aos 86 anos. Nos últimos meses, as primárias realizadas pelo Partido Democrata foram um passeio no parque para Joe Biden e ninguém foi capaz de lhe fazer frente. Na altura, poucos pareciam preocupados com o estado de saúde e com as capacidades cognitivas do Chefe de Estado, algo que, numa questão de semanas, se alterou profundamente.

A mudança de opinião dos democratas: o fim da proteção de imagem durante a campanha

Para justificar esta mudança de opinião, Rosanna Perotti faz uma distinção entre as funções governativas e a realização de uma campanha. “As habilidades necessárias para fazer campanha não são exatamente as mesmas que são necessárias para governar. Para fazer campanha, é necessário: comunicar, debater e saber vender bem a imagem; a forma de fazer política, não é tão importante”. “Governar, por outro lado, requer a habilidade para distinguir diferentes opções políticas, fazer acordos e construir coligações partidárias, muitas vezes nos bastidores.”

"As habilidades necessárias para fazer campanha não são exatamente as mesmas que são necessárias para governar. Para fazer campanha, é necessário: comunicar, debater e saber vender bem a imagem; a forma de fazer política, não é tão importante"
Rosanna Perotti, professora de Ciência Política na Universidade de Hofstra, em Nova Iorque

A docente universitária defende, por isso, que levar a cabo uma campanha é mais exigente fisicamente do que propriamente governar. Além disso, é necessário falar em público e em entrevistas em distintos momentosA legislar e a tomar decisões juntamente com a sua administração, essas gaffes não são visíveis; em contraponto, em campanha, são e dão azo a embaraços.

Assim sendo, na opinião de Rosanna Perotti, Joe Biden continua capaz de “governar”, contando ainda com uma vantagem: “Uma experiência executiva e legislativa longa”. A mesma opinião tem Raymond La Raja: “Biden parece ser capaz de exercer as funções na presidência. Mas era claro que não podia fazer isso e fazer campanha. Fazer as duas tarefas é muito complicado, mesmo para alguém novo como foi o Presidente Obama”. 

Ora, os democratas tiveram apenas a versão governativa de Joe Biden nos últimos três anos e meio. Ainda que cometesse erros, a imagem global não era propriamente negativa. E havia uma preocupação especial pela administração presidencial para proteger a imagem do Chefe do Estado. Em declarações ao Wall Street Journal, o congressista democrata Lloyd Doggett, o primeiro a pedir que o Presidente não se recandidatasse, criticou a “operação superprotetora” por parte dos assessores de Joe Biden, que levaram a que os “norte-americanos não tivessem um entendimento total” da saúde do Chefe de Estado — algo que se estendeu até a dirigentes dentro do Partido Democrata que não integravam a administração.

"Biden parece ser capaz de exercer as funções na presidência. Mas era claro que não podia fazer isso e fazer campanha. Fazer as duas tarefas é muito complicado, mesmo para alguém novo como foi o Presidente Obama"
Raymond La Raja, professor de Ciência Política na Universidade de Massachusetts Amherst

“Nós víamos Joe Biden na televisão ou numa cerimónia, ou até o vimos no piquenique da Casa Branca este ano — começámos a pensar que talvez estivesse um pouco mal, mas não era o suficiente para perceber”, admitiu Lloyd Doggett. Fechado no seu gabinete — e confiando em poucas pessoas —, os democratas nunca terão tido uma real perceção das condições cognitivas do atual Presidente. Apenas no debate se tornaram visíveis.

Adicionalmente, as eleições intercalares norte-americanas — um teste ao mandato de Joe Biden — não correram nada mal aos democratas. Mantiveram o controlo do Senado e perderam a Câmara dos Representantes por pouco, contrariando a ideia de que haveria uma “onda vermelha” como davam conta as sondagens da altura — que previam um arraso dos republicanos. Isso nunca acabou por acontecer e o Partido Democrata, após o resultado satisfatório, viu como única opção a recandidatura do Chefe de Estado.

Em declarações à agência Reuters, em novembro de 2022, um membro da campanha já comentava que o Presidente Biden “devia recandidatar-se” e que iria “ganhar” em 2024. “Ele tem uma administração tremendamente bem-sucedida e o povo americano reconhece isso”, disse a mesma fonte no rescaldo das eleições intercalares. No início de 2023, já era quase garantido que o Chefe de Estado ia novamente concorrer à Casa Branca. 

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Lloyd Doggett foi o primeiro congressista democrata a pedir que Joe Biden deixasse a corrida para Presidente

Getty Images

Ninguém se atreveu a cruzar no caminho de Joe Biden e a cúpula do partido esteve com ele. Os democratas acreditavam num bom resultado em 2024 e que este seria capaz de derrotar novamente Donald Trump. Estava, ainda assim, protegido e numa espécie de bolha: tinha reuniões apenas com os seus confidentes, realizava poucas conferências de imprensa sozinho (foram apenas 14 nos primeiros três anos de mandato) e concedia poucas entrevistas.

Uma contagem publicada pelo jornal Axios dá conta de que o Presidente norte-americano apareceu 164 vezes diante dos meios de comunicação social. Em comparação com os seus antecessores, o atual Chefe de Estado foi o que deu menos entrevistas e conferências de imprensa. O seu antecessor, Donald Trump, deu 468, e antes do mandato do magnata, Barack Obama tinha dado 570. Havia, por isso, uma preocupação especial em prevenir aparições públicas de Joe Biden.

O debate de junho de 2024 tornou-se, desta forma, no primeiro momento em que Joe Biden tinha de dar a cara e não estava na bolha criada pela sua equipa, ainda que o tivessem ajudado a preparar-se. Foi igualmente a primeira vez que os seus correligionários perceberam o seu estado — e o pânico instalou-se no Partido Democrata após o mau desempenho do atual Presidente, como relata a CNN internacional. Até ao debate, havia receios; depois disso, houve a confirmação de que a idade era o maior obstáculo na campanha do atual Presidente.

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Má prestação no debate de Biden preocupou os democratas

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Em declarações ao Observador, Stephen Farnsworth, professor de Ciência Política e diretor do Centro de Liderança e Estudos dos Media na Universidade de Mary Washington, considera que a recandidatura tornou-se “insustentável”. “Dia após dia, os democratas incitavam-no a afastar-se. Essa batida do tambor minou a sua capacidade de permanecer na corrida”. “O estatuto de Biden como candidato estava a dividir os democratas como poucas coisas o fizeram nos últimos anos”, expõe o especialista.

Apneia de sono e alergia: relatórios médicos de Biden não mencionam doenças neurológicas

Muitos democratas também não expressavam preocupação com o estado de saúde, porque não havia nenhuma evidência que o justificasse. Todos os anos, a Casa Branca publica um relatório que detalha os problemas de saúde do líder norte-americano. O deste ano foi publicado a 28 de fevereiro, assinado pelo médico Kevin O’Connor, e concluiu que o “Presidente Biden é um homem de 81 anos saudável, ativo e robusto que permanece saudável para executar com sucesso os deveres da presidência, incluindo as funções executivas, de Chefe de Estado e de comandante supremo das Forças Armadas”.

No relatório médico não há referência a qualquer problema do foro neurológico. Segundo o diagnóstico de Kevin O’ Connor, o Chefe de Estado norte-americano sofre de apneia de sono, hiperlipidemia (níveis irregulares de lípidos no sangue), refluxo gastroesofágico, alergias, artrite e um problema no pé, estando a ser medicado e sob vigilância médica.

Numa conferência de imprensa tensa no início de julho, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, prestou esclarecimentos sobre o estado de saúde de Joe Biden. Questionada sobre se o Presidente sofria da doença de Parkinson, a resposta foi “não”. A responsável da presidência detalhou ainda que o Chefe de Estado foi visto por um neurologista “três vezes” durante o seu mandato, recusando-se a revelar o nome do médico que o seguiu e quando é que o viu. Para além do relatório médico, publicado anualmente, Joe Biden faz um check-up médico “várias vezes por semana”, enquanto “faz exercício”, destacou Karine Jean-Pierre.

"Presidente Biden é um homem de 81 anos saudável, ativo e robusto que permanece saudável para executar com sucesso os deveres da presidência, incluindo as funções executivas, de Chefe de Estado e de comandante supremo das Forças Armadas".
Relatório médico de 2024 sobre o estado de saúde do Presidente Biden

Fora do circuito presidencial, houve, contudo, um procurador que questionava as capacidades cognitivas de Joe Biden. Num relatório que apresentava as conclusões sobre uma investigação que tentava entender por que motivo o Presidente manteve na sua posse documentos confidenciais, Robert Hur escreveu que a memória do “senhor Biden era significativamente limitada, quer em entrevistas com um ghostwriter em 2017, quer em entrevistas [com os procuradores] em 2023″.

Embora explicando que o Chefe de Estado norte-americano não iria ser levado a julgamento por manter documentos confidenciais, a explicação irritou a Casa Branca. O procurador Robert Hur descreveu Joe Biden, em fevereiro de 2024, como um “homem velho, simpático, com boas intenções e com uma fraca memória”, não o levando a julgamento por isso — e colocava o dedo na ferida sobre as capacidades cognitivas do atual Presidente.

Robert Hur detalha no relatório que Joe Biden “não se lembrava de quando tinha sido vice-presidente”, esquecendo-se “na primeira reunião quando é que o seu mandato terminou”: “‘Foi em 2013 que eu deixei de ser vice-presidente?””. “Ele não se lembrava quando é que o seu filho Beau morrera. E a sua memória parecia nebulosa quando descreveu o debate sobre o Afeganistão, que foi tão importante para ele”.

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Robert Hur descreveu Joe Biden como um "homem velho, simpático, com boas intenções e com uma fraca memória"

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Interrogado sobre a descrição de Robert Hur, Joe Biden não escondeu a irritação: “Sou um homem bem intencionado, sou velho, mas sei bem o que raio estou a fazer. Eu sou Presidente. Reergui este país”. “A minha memória está bem. A minha memória — olhem para o que fiz desde que me tornei Presidente. Ninguém pensava que eu podia fazer muitas coisas que fiz.”

No mesmo sentido, os assessores e conselheiros de Joe Biden iam defendendo o seu legado — e iam mostrando que as gaffes e a prestação do debate eram apenas “maus momentos”. “O Presidente deu mais de 50 entrevistas este ano, recentemente uma de uma hora, fez mais de 580 de entrevistas aos jornalistas da Casa Branca e viaja pelo país para falar diretamente ao povo norte-americano sobre a sua agenda para tornar as suas vidas melhores”, sublinhava o porta-voz da Casa Branca, Andrew Bates.

Sobre o debate de 27 de junho, alguns democratas concordaram com a versão apresentada pela equipa de Joe Biden de que tinha sido uma “má noite”. Contudo, outros questionaram diretamente o Presidente norte-americano sobre as suas capacidades cognitivas. Em resposta a 20 governadores, o Chefe de Estado ter-lhe-ás dito, de acordo com o que apurou o New York Times, que precisava de dormir mais, trabalhar menos horas e evitar eventos antes das 20h00.

"O Presidente deu mais de 50 entrevistas este ano, recentemente uma de uma hora, fez mais de 580 de entrevistas aos jornalistas da Casa Branca e viaja pelo país para falar diretamente ao povo norte-americano sobre a sua agenda para tornar as suas vidas melhores"
Porta-voz da Casa Branca, Andrew Bates

A desistência e o argumento do Partido Republicano: “Biden não tem condições para ser Presidente”

Apesar de todas as garantias de que não se demitiria, Joe Biden acabou por ceder à pressão de maioria do partido e não se recandidata, apoiando a candidatura da vice-presidente Kamala Harris. Segundo apurou a CNN internacional, a equipa presidencial garante que o Chefe de Estado não desistiu pelos problemas de saúde ou de memória, mas antes por causa das projeções e das sondagens.

Após o debate desastroso e a tentativa de assassínio do adversário de Donald Trump, não havia qualquer caminho para a vitória por parte de Joe Biden, apuraram os conselheiros democratas, que recolheram dados poucos animadores nos chamados swing states e noutras partes do país.

Mas logo surgiu um argumento por parte do Partido Republicano. Se Joe Biden desistiu de se candidatar, terá condições para continuar no cargo? “Se Joe Biden não está bem para se candidatar a Presidente, ele não está bem para continuar a ser Presidente. Ele deve demitir-se imediatamente”, pediu o líder da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson.

epa11360706 US Speaker of the House Mike Johnson participates in a news conference with House Republican leadership on Capitol Hill, in Washington, DC, USA, 22 May 2024. House Republican leadership held a news conference to discuss crypto currency legislation, their condemnation of the International Criminal Court regarding an application for arrest warrants for Israeli President Netanyahu, and opposition to border security legislation in the Senate.  EPA/MICHAEL REYNOLDS
"Se Joe Biden não está bem para se candidatar a Presidente, ele não está bem para continuar a ser Presidente. Ele deve demitir-se imediatamente"
Mike Johnson, presidente da Câmara dos Representantes dos EUA

Quem ecoou esta mensagem foi igualmente Donald Trump. Ainda esta terça-feira, o ex-Presidente questionou diretamente, na Truth Social — rede social que fundou —, se a “mentirosa Kamala Harris pensa que Joe Biden consegue liderar os Estados Unidos nos próximos seis anos”: “Ela deve responder a essa questão. Parece que o Joe está a delegar a sua autoridade presidencial aos burocratas não eleitos de Washington. Ele nem sequer confia na sua vice-presidente”. “Quem está a governar o país?”, perguntou, numa frase escrita em caps lock.

Porém, os especialistas ouvidos pelo Observador consideram que este não é um “argumento válido”. Ao Observador, Ronald Schurin, professor de Ciência Política na Universidade do Connecticut, sublinha que não existem “provas de que o Presidente tenha problemas de saúde que o impeçam de cumprir os seus deveres como Presidente”.

“Ele desistiu não por causa dos seus problemas de saúde, mas porque a sua idade criava a clara impressão de que ele não tinha o vigor necessário para levar a cabo uma campanha eficaz”, prosseguiu Ronald Schurin. Lembrando os relatórios médicos, Stephen Farnsworth concorda que não existem “evidências médicas que sugiram que Biden não consegue continuar o seu mandato e isso era o que era necessário para que este argumento ganhasse tração”.

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"Ele desistiu não por causa dos seus problemas de saúde, mas porque a sua idade criava a clara impressão de que não tinha o vigor necessário para levar a cabo uma campanha eficaz"
Ronald Schurin, professor de Ciência Política na Universidade do Connecticut

Se bem que também tenham surgido dúvidas sobre os relatórios médicos de Joe Biden, Stephen Farnsworth assinala que este argumento “apenas funciona realmente para os eleitores de base”, isto é, “pessoas que sempre apoiaram Trump”. Fora disso, principalmente entre o eleitorado de centro e independente, era necessário que existissem evidências mais sustentadas.

Por sua vez, Raymond La Raja destaca que esta tese serve apenas para que os republicanos tentem passar uma imagem de “incompetência à administração Biden”, demonstrando o quão sem rumo está — e explorar uma eventual fraqueza na transição do poder. Independentemente da vontade dos republicanos, não há qualquer sinal por parte dos democratas de que o atual Presidente não prossiga o seu mandato até novembro.

Durante três anos e meio de mandato, Joe Biden governou o país quase à porta fechada, aparecendo em entrevistas e em público poucas vezes — quando comparado com os seus antecessores. Se isso até pode ser uma forma possível de governar e os problemas de memórias podem até nem atrapalhar, no terreno e em campanha as debilidades do Presidente foram expostas de uma maneira que surpreendeu até os democratas, que inverteram a marcha e preparam-se agora para eleger Kamala Harris como candidata presidencial.

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