894kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

GettyImages-2152516139
i

Nemo, o intérprete de "The Code", que deu a vitória à Suíça

Getty Images

Nemo, o intérprete de "The Code", que deu a vitória à Suíça

Getty Images

Protestos contra Israel, reuniões de emergência, o apelo de iolanda e a vitória da Suíça: a história da Eurovisão mais politizada de sempre

No fim ganhou a Suíça e Portugal ficou em 10º, mas antes houve polémica em volta da participação de Israel (que ficou em quinto lugar), a expulsão dos Países Baixos e até boicotes televisivos.

    Índice

    Índice

Foi a Suíça que ganhou a Eurovisão 2024, com a canção “The Code”, interpretada por Nemo, cantor pop de 24 anos, juntou um lado operático a uma canção de espectros largos, da melancolia ao hip hop. E ainda que fosse um dos favoritos há várias semanas, o verdadeiro protagonismo só lhe chegou com o anúncio final de todas as pontuações e com o regresso ao palco (o mesmo que viu iolanda conseguir o 10.º lugar com “Grito”). Antes, vários dias antes, foram outros os protagonistas, entre as interpretações, os bastidores e até as ruas — quase sempre com Israel no centro das atenções, tornando esta a edição mais politizada de sempre.

Dentro da arena do Festival da Eurovisão, durante a atuação de Eden Golan, a representante israelita, ouviram-se este sábado à noite apupos, assobios, pessoas a gritar pela Palestina, mas também aplausos. Muitos foram os artistas que, durante as últimas semanas, pediram o afastamento de Israel, que no fim conseguiu o 5.º lugar com 375 pontos na edição mais politizada de sempre da Eurovisão, marcada pelas sucessivas polémicas — desde o afastamento dos Países Baixos a reuniões de emergência por queixas de assédio contra Israel.

[a canção vencedora:]

Os ataques de Israel na Faixa de Gaza foram o centro das polémicas, mas 11 países acabaram por atribuir pontos à canção israelita, só na parte da votação do júri: Alemanha, Noruega e Chipre deram 8 pontos, Estónia e Bélgica deram 5, a Lituânia deu 4 pontos e Geórgia, Malta, Moldávia, França e Letónia atribuíram 3 pontos. E Israel acabou por ser o segundo país mais votado pelo público.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Eurovisão: o vídeo da atuação de iolanda na final, com o “Grito” e um apelo à paz

E também a atuação portuguesa marcou os protestos contra os ataques de Israel em Gaza. iolanda, que conseguiu o 10.º lugar nesta edição da Eurovisão, com 152 pontos, terminou a atuação com um apelo: “A paz vai prevalecer” (“Peace will prevail”), disse a cantora portuguesa, recebendo muitos aplausos, com as unhas pintadas com o padrão keffiyeh. Mesmo antes da atuação, durante o desfile das bandeiras com que arranca o evento, iolanda voltou a usar um vestido desenhado por uma marca palestiniana, a Trashy Clothing.

iolanda foi a única, entre os 25 artistas que cantaram nesta noite, que apelou à paz durante o evento da grande final. E foi também a única cujo vídeo da atuação foi publicado mais de uma hora depois da atuação. Na votação do júri, Portugal não atribuiu pontos a Israel, mas a votação do público deu os 12 pontos — a pontuação máxima — a este país.

[a atuação de iolanda e um apelo no final:]

Na emissão em direto da Eurovisão, os assobios não eram percetíveis, mas os vídeos partilhados nas redes sociais permitem perceber que não houve só aplausos quando Eden Golan cantou, nem quando foi a vez de Israel atribuir os seus pontos aos outros países (deu 12 pontos ao Luxemburgo, na votação do júri). No entanto, nem todas as televisões emitiram a exibição de Israel. De acordo com a Lusa, os sindicatos da televisão pública da região belga da Flandres cortaram a transmissão durante a atuação de Israel e projetaram uma mensagem de protesto contra a guerra em Gaza.

“Esta é uma ação sindical. Condenamos as violações dos direitos humanos por parte do Estado de Israel. Além disso, o Estado de Israel está a destruir a liberdade de imprensa. É por isso que interrompemos a imagem por um momento”, lia-se na mensagem projetada na tela sobre um fundo preto. O texto estava também acompanhado de slogans reivindicativos #CeaseFireNow (Cessar fogo agora) e #StopGenocideNow (Parar o genocídio agora).

Já fora da Malmö Arena, centenas de pessoas juntaram-se para protestar contra a participação de Israel nesta edição da Eurovisão e várias pessoas acabaram por ser detidas, incluindo a ativista sueca Greta Thunberg.

epaselect epa11333733 Swedish climate activist Greta Thunberg (C) is removed by police outside Malmo Arena during a pro-Palestinian rally against the participation of Israel in the 68th Eurovision Song Contest (ESC) in Malmo, Sweden, 11 May 2024. Protesters call for Israel's expulsion from the singing contest over the ongoing situation in the Gaza Strip. In 2022 Russia was prevented from participating in Eurovision over its invasion of Ukraine.  EPA/Johan Nilsson/TT SWEDEN OUT

A ativista sueca Greta Thunberg foi detida durante os protestos que aconteceram fora da arena da Eurovisão

Johan Nilsson/TT/EPA

As queixas contra Israel por perseguição, uma reunião de urgência e uma mudança de sala

A presença de Israel foi a questão central dos protestos desde o início das semi-finais e vários países não esconderam o descontentamento. Ainda esta sexta-feira, as delegações de Portugal, Grécia e Países Baixos — que nesta altura ainda tinha o respetivo cantor em concurso — pediram uma reunião de urgência com a organização da Eurovisão, que foi realizada no próprio dia. De acordo com a RTP, foram relatados casos de perseguição e assédio por parte da delegação israelita. As salas das delegações de Portugal e de Israel eram próximas uma da outra e, segundo a mesma estação de televisão, terá sido por isso que os portugueses assistiram aos casos relatados.

Os resultados dessa reunião não foram anunciados, mas no dia seguinte, já este sábado, ficou a saber-se que a delegação israelita tinha sido afastada das restantes delegações, mudado assim de sala, avançou o El Mundo durante a tarde.

O mesmo jornal espanhol adiantou ainda que a cantora sueca Loreen não iria entregar o troféu caso Israel vencesse a Eurovisão. “Tem a intenção de deixar clara a sua posição” e quer mostrar ao mundo “de que lado está a história”, referiu fonte próxima da artista. O plano seria deixar o microfone de cristal num pedestal, antes da subida da intérprete ao palco.

E também durante a tarde deste sábado, chegou mais uma notícia para adicionar às polémicas que marcaram esta edição da Eurovisão: as desistências para anunciar os pontos. Do lado da Finlândia, faltavam poucas horas para começar a grande final quando o cantor Kaarija disse que, afinal, já não ia aparecer a anunciar a pontuação do seu país. “Decidi não participar como porta-voz do júri finlandês na final da Eurovisão já este ano”, escreveu nas redes sociais o artista que no ano passado conseguiu o segundo lugar no concurso. “Dar os pontos não me parece correto.”

Antes de Kaarija, também Alessandra Mele, porta-voz do júri norueguês, seguiu o mesmo caminho. Nas redes sociais, a representante da Noruega no ano passado sublinhou que “há um genocídio em curso”. “Peço-vos para, por favor, abrirem os olhos, abrirem os vossos corações, deixem o amor guiar-vos até à verdade, que está mesmo à vossa frente. Palestina livre”, acrescentou.

As ausências e as interrupções no ensaio geral

O último ensaio dos artistas também não decorreu como é habitual. A concorrente da Irlanda acabou por não fazer o último teste e ainda apresentou uma queixa à organização. Bambie Thug anunciou que “houve uma situação” enquanto esperavam para entrar em palco para o ensaio. “Estamos em discussões com a UER/EBU (União Europeia de Radiofusão) sobre quais as medidas que serão necessárias”, escreveu a artista nas redes sociais, apesar de não ser conhecido o resultado das conversações, nem de ter sido divulgada mais informação sobre o que terá acontecido. “Isto significa que vamos falhar o meu ensaio final. Peço desculpa a todos os fãs que me vieram ver”, acrescentou.

Bambie Thug não chegou a ir ao ensaio geral, mas houve quem o aproveitasse para passar uma mensagem de paz. Slimane, concorrente francês nesta edição da Eurovisão, decidiu interromper o seu ensaio para fazer um discurso sobre o que tem acontecido — quer as manifestações contra a guerra em Gaza, quer a participação de Israel nesta edição, quer a expulsão dos Países Baixos. “Precisamos de estar unidos pela musica, sim. Mas com amor, pela paz”, disse o cantor. “Quando era criança, tinha um sonho. Tinha o sonho de ser cantor, de procurar a paz”, acrescentou.

E o último momento do ensaio geral também ficou marcado por outras ausências. Além da Irlanda, também a Grécia, Suíça e Israel não participaram no habitual desfile de apresentação dos países que vão competir.

O afastamento dos Países Baixos

Uma das maiores polémicas chegou no dia da final. Este sábado de manhã, a União Europeia de Radiodifusão (UER) confirmou que Joost Klein, concorrente dos Países Baixos, foi desclassificado da competição. Em causa esteve um “incidente”, como referiu a organização em comunicado, que envolveu o cantor e uma pessoa da produção, depois da última semi-final, na passada quinta-feira.

“A polícia sueca investigou uma queixa feita por um integrante da equipa de produção, depois de um incidente na sequência da sua atuação na semi-final na quinta-feira”, acrescentaram. Inicialmente, Joost Klein foi suspenso dos ensaios de sexta-feira e chegou mesmo a ser avançada a hipótese de o caso poder estar relacionado com algum desentendimento com a delegação israelita. Esta teoria foi, no entanto, desmontada com o comunicado que confirmou o afastamento dos Países Baixos, sendo este o primeiro país a ser afastado no dia da final.

Concorrente dos Países Baixos expulso da Eurovisão

Mais tarde, a emissora neerlandesa AVROTROS garantiu, em comunicado, que o artista fez “um movimento ameaçador”, mas que não tocou na repórter de imagem. A emissora explicou que quando Joost Klein saiu do palco da Eurovisão na passada quinta-feira e terá pedido para não ser filmado. “Indicou repetidamente que não queria ser filmado. Isso não foi respeitado e levou a um movimento ameaçador de Joost em direção à câmara. Joost não tocou na mulher”. “Esta penalização [de expulsão] é muito pesada e desproporcional”, escreveu ainda a emissora, acrescentando que “uma ordem de expulsão não é proporcional a este incidente.”

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.