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Provas de aferição. Onde falham os alunos? Quando é preciso raciocinar

Os relatórios das provas de aferição, que acabam de ser revelados, mostram que a grande dificuldade dos alunos do Básico surge quando é preciso raciocinar, argumentar e relacionar conceitos.

Quando a pergunta é simples, sem rasteira e de conteúdos fáceis de memorizar, os alunos do Básico conseguem acertar na resposta, com maior ou menor dificuldade. Mas quando os mesmos conteúdos implicam capacidade de raciocínio e de interpretação do que foi aprendido na sala de aulas, os resultados caem a pique. Esta é uma das principais conclusões que se pode tirar do Relatório Nacional 2016-2017 sobre as provas de aferição do Ensino Básico, divulgado esta terça-feira pelo IAVE, Instituto de Avaliação Educativa.

O retrato dos alunos, que vai tendo alterações suaves à medida que avançam no percurso académico, é este: grande dificuldade em interpretar textos, escrita pejada de erros ortográficos e gramaticais, incapacidade de resolver problemas com frações e grandes bloqueios no cálculo. Também nas ciências, principalmente na Físico-Química, os conhecimentos consolidados são muito poucos.

Na prova de Ciências Naturais e Fisico-Química do 8.º ano, de 2017, mais de 80% dos alunos revelaram dificuldades nas respostas ou não conseguiram dar uma resposta apropriada.

Desde há dois anos que a forma de olhar para as provas de aferição mudou. Em vez de notas, os alunos recebem agora relatórios onde o exame que fizeram é analisado ponto por ponto. A vantagem deste método, no entendimento do próprio IAVE, é que é possível os encarregados de educação e as escolas olharem para o documento e perceberem em que matérias específicas os estudantes são bons ou em quais precisam de consolidar conhecimentos. Em alguns casos, o relatório traz indicações sobre as áreas que precisam de reforço.

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Para além do relatório individual da prova de aferição que cada aluno leva para casa, o RIPA, passaram a existir também os REPA, relatório de turma e de escola da prova de aferição, enviados para os diretores com análise detalhada do seu estabelecimento de ensino, turma a turma, ano a ano.

Outra das mudanças instituídas é que já não são os alunos dos anos terminais de cada ciclo que são submetidos a teste (as provas finais realizavam-se no 4.º e no 6.º ano) , mas antes os de anos intermédios, neste caso os alunos do 2.º, do 5.º e do 8.º anos do básico. A justificação, dada pelo Ministério de Educação, é simples: se as fragilidades dos alunos forem detetadas antes de terminarem o ciclo de ensino, as escolas ainda vão a tempo de mudar o que se passa na sala de aula e de melhorar as aprendizagens.

A análise agora divulgada pelo IAVE olha para cada um dos anos submetidos a prova, disciplina a disciplina.

Primeiro Ciclo do Ensino Básico

Alunos do 2.º ano (com 7 e 8 anos de idade)

Dificuldade em interpretar um texto não literário, erros ortográficos e pontuação fora do sítio. Grande dificuldade nas frações, pouca na geometria. De Estudo do Meio sabem muito pouco, cantam uma melodia mais ou menos harmoniosa, dançam melhor e são ótimos a chutar uma bola. Este é o retrato dos alunos do 2.º ano do Básico.  

Português

Quanto é que aprendemos quando só ouvimos? A ciência dá-nos um número bastante baixo, 20%. Os relatórios do IAVE sobre as provas de aferição de Português (de 2016 e 2017) mostram-nos isso mesmo. À primeira vista, o cenário parece bom: a percentagem de respostas certas na Compreensão Oral, avaliada em quatro itens depois da audição de um texto, foi elevada nos dois anos. Mas quando se olha para as respostas erradas, a conclusão repete-se: a maioria das respostas incorretas surge quando é preciso capacidade de interpretar aquilo que foi ouvido. E a dificuldade ainda é maior quando é preciso localizar informação necessária para responder às perguntas a partir das audições dos textos.

Em relação à Leitura, houve uma diferença nas provas dos dois anos. Em 2016, o suporte foi apenas de um texto literário. No ano seguinte, recorreu-se também a um texto não literário. Enquanto na oralidade os alunos revelaram problemas em encontrar informação explícita depois da audição dos textos, essa dificuldade não se sente quando a procura é feita num texto escrito. A generalidade consegue responder de forma correta a este desafio.

A grande diferença dos resultados de um ano para o outro está na capacidade de interpretar o texto. Enquanto os alunos do 2.º ano em 2016 manifestaram muitas dificuldades em refletir sobre o conteúdo do texto que leram, — o que valeu uma recomendação do IAVE no sentido de insistir mais na leitura de textos literários e na sua interpretação — no ano seguinte essa dificuldade parece estar atenuada quer no texto literário quer no não literário, com a percentagem de respostas corretas a variar entre os 67% e os 90%. Em 2017, a grande dificuldade de interpretação — com 64% de respostas erradas — foi num texto onde era necessário interpretar um horário (conteúdo de Estudo do Meio).

Na Gramática, não se encontra um padrão claro de um ano para o outro. Em 2016, os alunos do 2.º ano conseguiram boas percentagens de respostas corretas nos 5 itens que avaliavam este conhecimento. Com duas excepções: identificar nomes masculinos e uso correto de sinais de pontuação. Em 2017, escreve o IAVE, verifica-se que há conhecimentos que não estão consolidados enquanto outros estão completamente adquiridos. Curioso é que, na pontuação, as respostas corretas subiram exponencialmente, ficando nos 61% e nos 81% nos dois itens que avaliavam este conhecimento. As dificuldades dos alunos em 2017 foram reconhecer e distinguir nomes, adjetivos e verbos e reconhecer sons num conjunto de palavras ouvidas.

Na análise da Escrita, que foi avaliada através da redacção de um texto narrativo, o que se verificou em 2016 é que os alunos mostraram dificuldade em pontuar o texto corretamente e mais de metade fez erros ortográficos. Destes, 13% cometeu entre 11 e 15 erros em 50 palavras. Outra das fragilidades dos alunos foi manterem-se fiéis ao tema que lhes foi dado: só 32% conseguiu ficar dentro do tema pedido. No ano seguinte, a dificuldade aumentou e só 21% cumpriu integralmente a instrução quanto ao tema.

Em 2017, as dificuldades sentidas foram também ao nível gramatical: só 15% redigiu um texto em que os tempos verbais foram utilizados com coerência. A pontuação e o fraco vocabulário foram outros problemas sentidos.

Matemática

É com facilidade que os alunos do 2.º ano, quer em 2016 quer em 2017, identificam números pares, ímpares e naturais. As maiores dificuldades no domínio dos Números e Operações surgem quando nos exercícios aparecem fracções. Outro problema dos alunos nesta categoria é a visão relacional do sinal de igual. Se os alunos não encontram dificuldade em encontrar o número que somado a 11 dá 19, já não conseguem dizer que número deve ser somado a 11 para ser igual a 14+5.  O IAVE sugere que na sala de aula os alunos sejam mais vezes confrontados com situações que permitam explorar o sinal de igual passando-se de uma visão procedimental (a seguir ao sinal coloca-se o resultado) para uma visão relacional.

No domínio de Geometria e Medida, em nenhum dos dois anos avaliados foi este um domínio especialmente problemático. Aliás, em 2017, o IAVE refere mesmo que não se registaram dificuldades assinaláveis. Ainda assim, importa referir que as maiores dificuldades tiveram a ver, em ambos os anos, com a identificação correta dos elementos de um paralelipípedo, cálculo de perímetros e nos itens que implicavam resolução de problemas.

Foi na Organização e Tratamento de Dados que os alunos obtiveram melhores resultados: nos dois itens que avaliaram este domínio em 2016 as respostas certas foram de 86% e de 90%. No ano seguinte, de 85% e de 71%.

Estudo do Meio

Os conhecimentos de Estudo do Meio foram avaliados nas provas de Português e Matemática, não tendo havido uma prova específica para esta disciplina. E, quanto a ela, a parte mais difícil é encontrar um domínio onde os alunos se distingam pela positiva.

No domínio À Descoberta de Si Mesmo, e embora a maioria dos alunos tenha dado as respostas corretas, vê-se que ainda há uma percentagem significativa com dificuldade em responder a perguntas que envolvam os conceitos ‘antes de’ e ‘depois de’. Em 2016, apenas metade dos alunos deu a resposta correta à pergunta: “Quem chegou à meta em último lugar sabendo que a Lara chegou antes da Beatriz e depois da Carolina?”

Em 2017, a dificuldade com conceitos de relação espacial voltou a sentir-se: apenas 45% dos alunos conseguiram acertar a posição de cada um de três animais em fila. Nesse mesmo ano, a pergunta com menos respostas certas foi a que pedia para relacionar a estação do outono com o mês de novembro. Só 32% conseguiram fazê-lo.

Traçar um itinerário numa planta foi um exercício simples em 2016, com 89% de respostas corretas, e terrivelmente difícil em 2017, com 32% de respostas corretas. Nas perguntas que avaliavam o conhecimento do Ambiente Natural, volta a haver resultados paradoxais: no primeiro ano avaliado, só 43% conseguiu dizer corretamente que determinado animal tinha cauda longa. Em 2017, esse número subiu para 77% nas perguntas relacionadas com características externas dos animais.

Expressões Artísticas e Expressões Motoras

Estas duas provas autónomas não existiram em 2016, havendo apenas resultados para 2017. Nas Expressões Artísticas, avaliou-se a expressão musical, dramática e plástica. Foi com a Música que os alunos revelaram maiores dificuldades: só metade (51%) conseguiu cantar a mesma melodia da música que lhes foi apresentada. Exatamente o mesmo número de alunos que, na segunda parte da prova, conseguiu criar uma dança com fluidez e harmonia.

Já na Expressão Dramática, 78% dos alunos tiveram o máximo do desempenho quando lhes pediram para depois de olharem para um objeto imaginarem que ele era outro. Em seguida, deveriam explicar do que se tratava apenas por gestos. Na Expressão Plástica, a maioria dos alunos teve bons resultados nas duas tarefas pedidas: modelagem de um animal em plasticina a partir da observação de uma imagem e representação da personagem da canção ouvida na primeira parte da prova.

Nas Expressões Motoras também se conseguiram bons resultados em Deslocamentos e Equilíbrios (correr, saltar, equilibrar e rolar). A maior dificuldade foi na cambalhota à frente e sem interrupções — 40% dos alunos não conseguiram fazê-la corretamente.

Saltar à corda, lançar, receber e pontapear uma bola foram as quatro tarefas para avaliar Perícias e Manipulações. A tarefa mais fácil (90%) foi pontapear uma bola com força dentro dos limites de um corredor e a mais difícil lançar uma bola para acertar num alvo na parede: 23% revelou pouca precisão e 10% não conseguiu executar a tarefa.

Segundo Ciclo do Ensino Básico

Alunos do 5.º ano (com 10 e 11 anos de idade)

Sempre que é necessário interpretação, as respostas no domínio da Leitura são mais fracas. Os erros gramaticais mantêm-se e mais de metade dos alunos não conseguiu conjugar o verbo voar e cantar. Frações, denominadores comuns e percentagens são problema na Matemática. É na História e na Geografia que os alunos do 5.º ano brilham, com algumas perguntas a terem 99% de respostas corretas.

Português

Os estudantes do 5.º ano que fizeram a prova de aferição de Português em 2016 foram avaliados nos mesmos quatro domínios que os seus colegas do 2.º ano: Compreensão Oral, Leitura, Gramática e Escrita.

A Compreensão do Oral continua a não ser um problema, com as respostas corretas a variarem entre os 69% e os 84%, ao longo das quatro perguntas. Ao contrário dos colegas do 2.º ano, já não se nota uma maior dificuldade em interpretar o texto ouvido.

No domínio da Leitura, a percentagem de respostas certas varia muito e, ressalva o IAVE, esta diferença nos desempenhos está relacionada com a exigência cognitiva e com a especificidade do texto que têm à sua frente, informativo ou literário. O que se conclui é que, sempre que é necessário interpretação e integração das ideias do texto, os alunos têm mais dificuldade. Da mesma forma, lidam pior com um texto não literário do que com um literário. Por isso, o IAVE aconselha a que se reforce a leitura inferencial (que obriga à interpretação e dedução).

No domínio da Gramática, avaliada em nove itens, a conjugação de verbos continua a ser uma das perguntas com maior número de respostas erradas. Por exemplo, só 48% dos alunos conseguiram conjugar os verbos “voar” e “cantar” no pretérito perfeito do indicativo. Distinguir adjetivos de advérbios é outra dificuldade, com 45% e 40% de respostas incorretas.

Em relação à Escrita, o IAVE concluiu que estão consolidadas as estratégias de redação de um texto que cumpre o formato narrativo. De salientar que foi na Morfologia e Sintaxe que os alunos revelaram maiores dificuldades, e só 7% dos estudantes mostraram segurança no uso de estruturas sintáticas variadas e complexas. Os erros ortográficos continuam presentes: 31% cometeu entre zero e três erros, 31% entre 4 e 7.

Matemática e Ciências Naturais

Frações, divisores comuns e percentagens. Dentro do domínio Números e Operações, os resultados da prova de 2016 foram muito fracos e repetiram-se em 2017. Neste último exame, os relatores do IAVE escrevem que os alunos manifestaram muitas dificuldades na Matemática, em todos os domínios curriculares e independentemente da complexidade cognitiva requerida. Por isso, dizem ser necessário reforçar e consolidar diversas aprendizagens devido à elevada percentagem de respostas incorretas e em branco.

Por exemplo, quando na prova de 2016 se perguntava qual o máximo denominador comum de 255 e 45, só 28% dos alunos deram a resposta correta. Ainda nas frações, em qualquer uma das provas de aferição os alunos conseguiam obter melhores resultados quando o denominador era o mesmo. Quando se pedia para ordenar frações por ordem crescente com o mesmo denominador, as respostas corretas eram na ordem dos 78%. Mas com o denominador diferente, só 46% acertou.

Tal como no 2.º ano, também os alunos do 5.º conseguem resultados um pouco melhores quando são testados a Geometria e Medida. No entanto, assim que é pedido para aplicar o conhecimento adquirido na resolução de problemas mais complexos, os resultados caem. Na prova de 2017, os melhores resultados foram na classificação de triângulos quanto ao comprimento dos lados, com respostas certas a variarem entre os 59% e os 72% nos diferentes subitens da pergunta. No outro extremo, estiveram o cálculo da área de um polígono (só 10% dos alunos o fizeram sem qualquer erro de cálculo).

Na Álgebra, nada de novo. As dificuldades mantêm-se nos dois itens que avaliaram este domínio, em ambos os anos. Perante expressões numéricas, os alunos não conseguiram respeitar as prioridades convencionadas das operações (multiplicação tem prioridade em relação à soma, por exemplo) e só 27% dos alunos responderam corretamente a esta questão. Já quando se tratava de calcular e simplificar uma expressão numérica, 70% não foi capaz de responder de forma correta e completa.

Se os alunos do 2.º ano revelaram mais facilidade neste último domínio da Matemática, a Organização e Tratamento de Dados, os seus colegas mais velhos não tiveram a mesma facilidade. Na prova de 2017, as respostas incorretas foram superiores a 40%. E apenas 9% conseguiu responder à pergunta: “Quantas crias de lince-ibérico deverão nascer em 2017 [eram dados valores para os outros anos] para que a média de crias nascidas no período de 2014 a 2017 seja 13?” Outras perguntas relacionadas com cálculo de médias tiveram maus resultados semelhantes no ano anterior.

Em ambos os anos, o IAVE faz o mesmo diagnóstico: nos itens que implicam a mobilização das capacidades de raciocínio e de abstração, as dificuldades diagnosticadas poderão ser ultrapassadas em posterior fase de desenvolvimento cognitivo. No entanto, quando se prende com conceitos e procedimentos básicos e essenciais deste ano de escolaridade, pode concluir-se que será importante reforçar o trabalho que envolve conhecimento de factos e de procedimentos matemáticos, com ênfase na compreensão de conceitos e na introdução progressiva de situações-problema que mobilizem a sua aplicação em contextos diferenciados.

Ciências Naturais

O que é que os alunos sabem sobre Ciências? Relacionar características de um animal com o seu regime alimentar (71 a 95%) e reconhecer o tipo de desenvolvimento embrionário (83%). O que é que não sabem? Reconhecer o processo reprodutivo dos animais (29% certas). Outro problema detetado foi a total incapacidade de escrever um texto claro a explicar a importância da existência de centros de reprodução para proteção das espécies animais. Apenas 20% conseguiu responder de forma correta, mostrando que a organização do discurso escrito é um problema, conforme alerta o IAVE.

Tal como noutras disciplinas, quando se avalia a capacidade de aplicar conhecimentos na análise de uma situação concreta, 57% errou a resposta. O que se pedia era para relacionar a diminuição da população dos linces ibéricos com a atividade humana.

História e Geografia

A prova de aferição de História e Geografia foi apenas feita em 2017 e, para além de testar conhecimentos das duas disciplinas, testava também os que lhes são transversais. E é nesta prova, entre as várias feitas nos dois anos analisados, que os alunos conseguem alguns dos melhores resultados.

Com resultados corretos entre os 79% e os 99%, os estudantes mostraram saber identificar diferentes formas da superfície terrestre. As formas de relevo também não foram obstáculo para 71% dos alunos. Mas quando foi preciso atribuir o nome a um rio, para o qual havia apenas a sua descrição, e dizer se era português ou luso-espanhol, os alunos espalharam-se por completo. Nos extremos, temos o rio Mondego (28% conseguiram identificá-lo) e o rio Tejo (62% acertaram). Mas, ainda assim, 10% dos alunos não conseguiram dizer que este último é luso-espanhol.

Ainda na Geografia, os pontos cardeais não são um conhecimento consolidado e 23% dos alunos trocaram oeste com este. Na mesma lógica, 16% trocaram sudoeste com sudeste e noroeste com nordeste.

Quando foi preciso atribuir o nome a um rio, para o qual havia apenas a sua descrição, e dizer se era português ou luso-espanhol, os alunos espalharam-se por completo. Nos extremos, temos o rio Mondego (28% conseguiu identificá-lo) e o rio Tejo (62% acertou) mas 10% dos alunos não conseguiram dizer que este último é luso-espanhol.

Quanto à História, os alunos não tiveram grandes dificuldades em responder a perguntas sobre o Império Romano, influência, aspectos ou vestígios. O problema foi quando lhes foi pedido que escrevessem 218 a.C. em numeração romana. Mas atenção: 63% dos alunos responderam corretamente, embora este tenha sido o item com menos respostas corretas.

A dificuldade aumentou quando lhes foi pedido para distinguirem comunidades agropastoris de recoletoras. Só 27% respondeu bem.

Percentagem igualmente baixa (25%) foi obtida quando foi preciso relacionar três acontecimentos históricos com a data em que ocorreram. Aliás, o relatório do IAVE ressalva que os alunos mostram grandes fragilidades na localização de acontecimentos no tempo. Mas, tal como noutras disciplinas, é quando é preciso aplicar o conhecimento em enunciados mais complexos que os estudantes têm piores resultados.

Entre 84% a 88% dos alunos conseguiram responder a perguntas sobre causas e consequências dos fenómenos históricos associados à crise do século XIV. Mas assim que lhes foi pedido para interpretar uma carta de foral, que implica operações cognitivas de nível médio, as respostas corretas caíram para 48%. E só 10% conseguiram ordenar cronologicamente os eventos relacionados com a crise de 1383-1385.

Por último, o item em que os alunos revelaram mais dificuldade foi aquele em que era preciso mobilizar conhecimentos para interpretar o suporte e relacionar diversas informações relativas ao Tratado de Tordesilhas: 65% não teve sucesso em nenhum dos parâmetros avaliados com esta questão.

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Terceiro Ciclo do Ensino Básico

Alunos do 8.º ano (com 13 e 14 anos de idade)

Melhora um pouco a Gramática e diminuem os erros ortográficos, mas piora a Matemática em todos os seus domínios e só um terço dos alunos consegue ordenar números reais de forma crescente. Os alunos continuam também a ter dificuldades em conjugar verbos. A Físico-Química é uma hecatombe: 90% dos alunos não conseguiram apontar duas condições necessárias à existência de vida.

Português

A prova de Português, desta feita para os alunos do 8.º ano (em 2016 e 2017), voltou a incidir sobre os mesmo quatro domínios fundamentais da disciplina: Compreensão do Oral, Leitura, Gramática e Escrita.

Na Compreensão do Oral, os bons resultados mantêm-se: no primeiro ano avaliado, mais de 90% dos alunos escolheram as respostas corretas em dois dos quatro itens avaliados. Os problemas surgiram na pergunta mais complexa, onde só 36% conseguiu acertar. O cenário manteve-se em 2017, ou seja, os alunos esbarraram nas perguntas que implicavam operações cognitivas de nível médio.

Na Leitura (avaliada em 13 itens) os alunos tiveram de interpretar e relacionar ideias de um texto informativo e de um texto literário. O padrão já revelado nos alunos de 5.º ano mantém-se. As dificuldades são maiores quando a análise versa sobre um texto informativo. Em 2017, quando foi pedido aos alunos que localizassem informação explícita no texto, só metade conseguiu fazê-lo, mesmo quando se tratava apenas de transcrever uma expressão que surgia no texto (neste item 70% errou).

Mais preocupantes são os resultados das perguntas de maior exigência cognitiva: 83% deram respostas erradas. O que se pedia era para reconstruir uma cadeia de causa e efeito a partir de informações dadas no texto.

Na Gramática, começa a notar-se uma evolução no conhecimento em relação aos anteriores ciclos de ensino, tratando-se agora de alunos que, em média, terão 13 e 14 anos. Na prova de 2016, 83% dos estudantes conseguiram reconhecer relações semânticas de meronímia-holonímia e de hiponímia-hiperonímia entre palavras. Os resultados foram ainda melhores quando foi preciso reconhecer formas verbais adequadas com 94% de respostas corretas.

Os resultados caem drasticamente (8% de respostas corretas) quando lhes foi pedido para identificar a classe a que pertence a palavra ‘que’ em quatro frases distintas. Outra grande dificuldade foi identificar duas das cinco frases em que uma expressão sublinhada desempenhava a função sintática de sujeito: 89% das respostas estavam erradas.

Na prova de 2017, houve dificuldades em reescrever frases com pronomes pessoais assim como em passar discurso direto para indireto, com menos de metade dos alunos a fazê-lo corretamente (42%). A conjugação de verbos continua a ser um obstáculo: só 29% dos alunos conseguiram conjugar o verbo “haver” no plural e 83% dos estudantes erraram quando lhes foi pedido para conjugar o verbo “construir” na terceira pessoa do singular.

Enquanto em 2016 os estudantes tiveram de redigir um texto narrativo, no ano seguinte foi-lhes pedido que escrevessem um artigo de opinião para serem avaliados na Escrita. Neste último caso, só 25% cumpriu as regras deste tipo de redação, tomando uma posição sobre o tema em análise. Apenas 15% conseguiu escrever um texto organizado e coeso. Salienta-se ainda que só 11% mostrou segurança no uso de estruturas sintáticas, e apenas 14% conseguiu o valor máximo no uso da pontuação. Uma boa notícia é que os erros estão a diminuir. A maior parte não cometeu mais de 8 erros ortográficos (35% entre zero e dois; 44% entre 3 e 8 erros).

Piores resultados encontram-se quando foi pedido aos alunos para referirem duas condições necessárias à existência de vida: apenas 11% dos alunos conseguiram apontá-las. Metade dos alunos não conseguiu reconhecer a camada de ozono como condição necessária à existência de vida.

Matemática

A prova de aferição de Matemática aconteceu apenas em 2016. E os resultados não são animadores, podendo ler-se no relatório do IAVE que os estudantes manifestaram muitas dificuldades nesta prova em todos os domínios curriculares. Os relatores deixam uma outra nota: a elevada percentagem de respostas erradas e em branco mostra a necessidade de reforçar e consolidar diversas aprendizagens.

Os domínios analisados foram Números e Operações, Geometria e Medida, Funções, Sequências e Sucessões, Álgebra, e Organização e Tratamento de Dados.

Apesar de poderem usar calculadora, os alunos tiveram desempenhos muito fracos nos Números e Operações. Por exemplo, quando lhes foi pedido para ordenarem números de forma crescente (números reais) só sensivelmente um terço (34%) conseguiu fazê-lo.

Na Geometria, os resultados foram sofríveis. Só 17% dos alunos conseguiram resolver um problema que envolvia o cálculo do volume de um cubo e só 7% conseguiu demonstrar através de um processo correto a amplitude de um ângulo interno de um pentágono. Nas perguntas sobre triângulos, apenas 41% conseguiu aplicar o Teorema de Pitágoras.

Os melhores resultados parecem ser no domínio das Funções, Sequências e Sucessões, pelo menos nos primeiros três itens avaliados. Mas, perante o desafio de calcular o ponto de intersecção de duas retas concorrentes e de relacionar paralelismo com declive, só houve 19 e 20% de respostas certas, respetivamente.

Nos quatro itens que avaliaram Álgebra, os resultados foram globalmente fracos. Apenas um quarto dos alunos conseguiu multiplicar duas potências com o mesmo expoente. E só 14% conseguiu multiplicar dois polinómios, desenvolver o caso notável da multiplicação e apresentar o polinómio na forma reduzida.

Ciências Naturais e Físico-Química

Esta prova de aferição foi realizada apenas em 2017 e pretendia avaliar duas disciplinas, Ciências Naturais e Físico-Química, de forma integrada quer nos conteúdos transversais quer nos conteúdos específicos. Os relatores do IAVE alertam que houve muitas dificuldades em todos os domínios testados — Terra no Espaço, Terra em Transformação, Sustentabilidade na Terra e Componente Experimental — embora notando que é nos conteúdos de Físico-Química que os estudantes mais erraram. A conclusão do IAVE é que será necessário reforçar e consolidar todas as aprendizagens.

Em qualquer um dos itens que avaliou os conhecimentos sobre a Terra no Espaço, mais de metade dos alunos responderam errado. Por exemplo, algumas perguntas tinham como suporte uma tabela
com dados relativos aos planetas Terra e Marte e eram necessárias operações cognitivas de nível médio (interpretação e aplicação) para interpretar os dados da tabela e dar as respostas corretas. Só 14% dos alunos conseguiram conceber uma estratégia para determinar, na unidade astronómica, a distância de Marte ao Sol. De resto, 42% não conseguiu responder e outros tantos deixaram a resposta em branco. As restantes respostas estavam parcialmente corretas.

Piores resultados encontraram-se quando foi pedido aos alunos para referirem duas condições necessárias à existência de vida: apenas 11% dos alunos conseguiram apontá-las. Metade dos alunos não conseguiu reconhecer a camada de ozono como condição necessária à existência de vida.

O domínio que apresentou melhores resultados, ainda que fracos, foi o da Sustentabilidade da Terra. Ainda assim, apenas 11% dos alunos conseguiram reconhecer as características das ondas sonoras e das ondas sísmicas, associando-as à estrutura interna da Terra e aplicando conhecimentos na interpretação do texto e na seleção das opções corretas.

Quiz. Passaria nos exames e provas dos seus filhos?

Este ano letivo, os alunos do 2.º ano já prestaram provas de aferição a Expressões Artísticas e Físico-Motoras. Este mês, voltam a ser testados a Português e Matemática nos dias 15 e 18 de junho. A avaliação de Estudo do Meio voltará a estar integrada nestes dois exames.

Da mesma forma, os colegas do 5.º ano já prestaram provas a Educação Visual, Musical e Tecnológica. A prova de aferição de Português será na próxima sexta-feira, dia 8.

Os prazos para os estudantes do 8.º ano do Básico testarem os conhecimentos a Educação Física e a Educação Visual decorria de 21 de maio até 5 de junho. A sua última prova de aferição será a de Matemática, no dia 12 de junho.

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