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Qual vai ser o facto mais importante de 2016? As 12 previsões dos nossos especialistas

Qual vai ser o facto mais importante do próximo ano? Orçamentos, atentados, referendos, eleições. O Observador usou a bola de cristal e diz-lhe o que pode esperar (e temer) dos próximos meses.

O próximo ano vai ser agitado — por isso, o Observador tenta antecipar os principais problemas. Qual vai ser o facto mais importante de 2016? Aqui, encontra 11 respostas. David Dinis escreve sobre um provável Orçamento rectificativo, Paulo Ferreira sobre a relação entre Marcelo e António Costa, José Manuel Fernandes sobre um eventual atentado na Alemanha, Luís Aguiar-Conraria sobre um possível chumbo de Bruxelas ao próximo orçamento, Rui Ramos sobre o fim do dinheiro barato, Alexandre Homem Cristo e João Marques de Almeida sobre a ameaça do “Brexit”, André Azevedo Alves e Maria João Marques sobre o próximo Presidente americano, Helena Matos sobre o declínio dos partidos socialistas e Paulo de Almeida Sande sobre as ameaças à União Europeia e Manuel Villaverde Cabral sobre os conflitos cruzados em todo o mundo.

HUGO AMARAL/OBSERVADOR

David Dinis. Um retificativo em agosto

O primeiro Orçamento de Mário Centeno passa sem dificuldade em Bruxelas, mas a implementação revela-se difícil. A despesa pública sobe para lá do que está previsto no quadro macroeconómico, a economia sobe menos do que o esperado (porque a Europa não cresce, a recuperação de rendimentos não ajuda muito e o desemprego estagna). A pressão para pequenas medidas de correção da austeridade mostram-se mais pesadas do que o estimado, face à pressão do BE e PCP, também dos sindicatos — para além dos custos de reversão das privatizações. Com a pressão de Bruxelas e os avisos da DBRS sobre uma descida do rating, Costa e Centeno preparam um retificativo, para acertar as contas. O BE e o PCP põem-se de fora, já com as principais medidas do programa de emergência aprovadas e promulgadas por Marcelo. Passos entra em black-out, recebendo pressões de Merkel, Draghi e Juncker para aprovar o documento. Como é que esta história acaba? O melhor é ligar para o Palácio de Belém — o eleito saberá responder.

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Diretor do Observador

Gerardo Santos / Global Imagens

Paulo Ferreira. Marcelo e António, bff

Marcelo adora ser popular, consensual, influente, conciliador, consultado, querido, citado, considerado. Ser Presidente da República permite-lhe continuar a ser isso tudo. Mas é preciso que não haja crises políticas que obriguem a decisões difíceis e fraturantes, que indisponham uma fatia importante dos partidos contra a outra. Marcelo que continuar a ser tão querido na Quinta da Atalaia como na Quinta da Marinha. E tendo herdado esta solução governativa tudo fará para que ela dure. António Costa quer manter-se no poder e mostrar serviço para, daqui a algum tempo, ousar ganhar eleições e legitimar-se inequivocamente, libertando-se do BE e do PCP. Marcelo precisa de António. António precisa de Marcelo. Marcelo e António, a dupla cúmplice que vai marcar 2016. bff, best friends forever.

Jornalista, colunista do Observador

Sean Gallup/Getty Images

José Manuel Fernandes. O atentado de Berlim

Madrid, 11 de março de 2004. Londres, 7 de julho de 2005. Paris, duas vezes em 2015. E Berlim, algures em 2016. Não sei se vai acontecer, mas pode bem acontecer: não é só na série “Homeland” que se lida com o cenário de um ataque terrorista de grande impacto em Berlim. Acontecerá, mais tarde ou mais cedo. Se não for em Berlim, talvez em Hamburgo. Ou em Dresden. Quando a Alemanha se confrontar com horror semelhante aos vividos nessas outras capitais europeias, a grande interrogação será a de saber até que ponto isso despertará fantasmas que já começam a dar sinais de estarem por aí. Nessa altura o problema menor será o de saber se o único grande estadista europeu, Angela Merkel, sobrevive a uma tempestade que pode fazer implodir a sua política de abertura aos refugiados. Nessa altura o problema maior poderá ser o de percebermos que, se vamos vivendo, melhor ou pior, com o sucesso de uma Frente Nacional em França, somos bem capazes de não saber como lidar com um fenómeno semelhante na Alemanha. Os ingredientes estão lá, num mal-estar já indisfarçável. Será que falta só o detonador, e que esse pode estar nas mãos de uma simples célula do ISIS?

Publisher do Observador

LUSA

Luís Aguiar-Conraria. Bruxelas chumbará o Orçamento de 2016

Os economistas são tão maus a fazer prognósticos que até quando apostam que estão errados se enganam. Eu sou economista, logo o leitor deve dar um desconto de 90% às minhas previsões e esquecê-las rapidamente; caso eu acerte, cá estarei para lembrar o meu tiro certeiro. Para Portugal, o facto mais importante será ter o Orçamento do Estado de 2016 chumbado em Bruxelas, o que exigirá que o Orçamento seja retificado, o que provocará convulsões nos partidos que apoiam o governo. Na consequência disso, o PCP conseguirá impor na agenda a discussão sobre se Portugal deve ou não sair do euro.

Professor na Universidade do Minho

JOSE COELHO/LUSA

Rui Ramos. O fim do dinheiro barato

Não sei qual vai ser o grande facto de 2016. Mas sei qual poderia ser o grande facto de 2016. Provavelmente, já foi o grande facto de 2015: a subida das taxas de juro decidida pela Reserva Federal Americana. Desde a crise de 2008 que os EUA, a Europa ocidental, e a China têm vivido de “estímulos”, isto é, da fabricação de dinheiro barato. Assim se evitaram as “reformas” que todos, por outro lado, dizem ser necessárias. O princípio do fim dos juros baixos poderá finalmente dissipar o fumo que tem impedido toda a gente de ver a parede para onde nos dirigimos a boa velocidade.

Historiador

KIRSTY WIGGLESWORTH/EPA

Alexandre Homem Cristo. A ameaça do “Brexit”

Quem adia tomar decisões acaba forçado a aceitar o que o destino lhe trouxer em sorte. Ora, a União Europeia (UE), sob a pressão do crescimento eleitoral dos eurocéticos, vai empurrando com a barriga a crise dos refugiados, a Síria, o combate ao terrorismo ou a crise do euro – desafios que não desaparecerão tão cedo. E 2016 poderá mesmo ser o ano de o destino se pronunciar, testando a solidez dos pilares da UE naquele que se adivinha o momento-chave de 2016: as negociações do Reino Unido sobre o seu papel na UE e o referendo popular à sua permanência na união. Bastará a ameaça da vitória do “não” para abalar o continente e as economias europeias – com Portugal na primeira linha. Por isso, o país poderá até passar 2016 em suspense por eventuais novas eleições legislativas, mas nada definirá tanto o seu futuro como o que suceder no referendo ao “Brexit”.

Conselheiro no Conselho Nacional de Educação

AFP/Getty Images

André Azevedo Alves. Os desafios do novo Presidente americano

O próximo ano ficará marcado pelas eleições presidenciais nos EUA. Eleito com expectativas sem precedentes, Obama termina o seu segundo mandato com índices negativos de popularidade e deixa um panorama assustador na esfera internacional: o declínio da liderança dos EUA, a incapacidade de combater eficazmente o terrorismo jihadista, o Médio Oriente em chamas e a agressividade russa para com a vizinhança. Em retrospetiva, o Nobel da Paz atribuído a Obama parece hoje não só irónico, mas também trágico. O desafio para o próximo POTUS é por isso mesmo imenso e daí a importância decisiva dessa escolha: não só para os EUA mas também para o mundo.

Professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa

AFP/Getty Images

Helena Matos. O declínio dos partidos socialistas

“Qual vai ser o facto mais relevante de 2016?” – pergunta-me o Observador. Não sei. Mas sei que a não ser que estejamos perante uma catástrofe natural pouco falaremos dele. Há anos que isto dura: aquilo que nos ocupa, que nos entretém, que nos anima é a discussão em torno de assuntos que pouco mais representam além das agendas minoritárias de protagonistas com uma exposição mediática mais do que maioritária, totalitária. Contudo, há um facto que condicionará não só 2016 mas os nossos próximos anos. É ele o declínio dos outrora grandes partidos socialistas cujos eleitorados alimentam agora com notável leviandade os movimentos esquerdistas.

Colunista do Observador

YANNIS KOLESIDIS/EPA

Paulo de Almeida Sande. Os quatro cavaleiros do apocalipse europeu

O facto mais relevante de 2016 – com consequências para Portugal, para a Europa, para os cidadãos europeus, para todos nós – será sem dúvida a resposta que puder ser dada pela União Europeia àquilo que chamaria, com a devida vénia, os quatro cavaleiros do apocalipse europeu: a ameaça do terrorismo islâmico; a crise dos refugiados; o perigo russo; a fratura económica (ou do desenvolvimento desigual). Quatro cavaleiros que semeiam o medo nos corações dos europeus e potenciam o risco irredentista e o crescimento de sentimentos anti-integração europeia um pouco por todo o continente. Quatro cavaleiros cujo galope espezinha valores, princípios, memórias de outras ameaças, e inspiram discursos populistas, campanhas demagógicas, ideias simples mas perigosas. O que a União Europeia, as suas instituições, os dirigentes europeus e nacionais forem capazes de fazer – ou não – para lhes tolher o passo, marcará decisivamente o ano de 2016.

Colunista do Observador

ERIK S. LESSER/EPA

Maria João Marques. Hillary ou Trump

2016 ficará marcado pela eleição, em novembro, do sucessor de Obama. Como, ambições hegemónicas russas à parte, os EUA são o país charneira da ordem mundial, o novo Presidente vai determinar o curso das nossas vidas com a sua atitude mais belicosa perante o problemático mundo islâmico, a China, a desafiadora Rússia e outros países e regiões que reclamem atenção. A economia mundial vai continuar a influenciar-se com os humores mais ou menos expansionistas da futura administração americana e com as decisões do FED. Por mim, 2016 ficaria muito bem se Hillary Clinton fosse a senhora que se segue. Seria de uma enorme importância simbólica que “o líder do mundo livre” (como as séries de TV nos apresentam sempre o presidente dos EUA) fosse uma mulher. Mas podemos ter azar e sair-nos Trump na rifa.

Colunista do Observador

PATRICK SEEGER/EPA

João Marques de Almeida. O referendo no Reino Unido

A escolha dos britânicos sobre o seu futuro na UE terá profundas implicações para a Europa. Os britânicos estão divididos. Se escolherem a saída, poderá ser o início da fragmentação da UE. Não será o fim, mas nada será como antes. Os equilíbrios políticos mudarão de um modo significativo. Países periféricos, como os escandinavos e os de leste, aumentarão a sua desconfiança em relação ao poder da Alemanha e da França. E a própria relação entre Berlim e Paris será bem mais complicada. Por fim, a saída britânica alteraria as fronteiras da UE e não se deve excluir uma redefinição da zona Euro. Quando as fronteiras começam a mudar, nada fica garantido.

Se os britânicos ficarem, Cameron reforçará o seu capital político e o papel de Londres na União. O mercado comum e as politicas comerciais – durante décadas o núcleo central da União – voltarão a ocupar um lugar central, ao lado do Euro. A UE precisa de mais economia e de menos finanças publicas. O triunfo do Sim à Europa no Reino Unido poderá ajudar à viragem.

Colunista do Observador

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Manuel Villaverde Cabral. Mais do mesmo? Todos contra todos!

Por mais que me esforce, não logro adivinhar qual virá a ser o facto mais relevante do ano que vem… Já se sabe que as únicas revoluções bem-sucedidas são aquelas de que não estamos à espera; se não, impedi-las-íamos! Na minha bola de cristal, será mais do mesmo, sem prejuízo das pseudo-novidades atiradas para cima da monotonia da actual guerra de todos contra todos. Não é tanto essa “terceira guerra mundial” pontualmente anunciada, como sobretudo um fervilhar permanente de conflitos cruzados. Estes têm hoje tudo a ver com regiões desenvolvidas e emergentes; novas e velhas gerações; hóspedes e refugiados; religiões e seitas. Numa palavra, são conflitos ininterruptos que têm mais a ver com grandes e pequenas civilizações do que com “esquerda” ou “direita”. Daí que as políticas nacionais e internacionais se revelem desesperantemente inadequadas para lidar com conflitos menos ideológicos do que culturais e existenciais.

Investigador Jubilado do Instituto de Ciências Sociais e director do Instituto do Envelhecimento da Universidade de Lisboa

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