824kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

i

André Maia/Observador

André Maia/Observador

Saki, o sósia alemão que ganha a vida a "ser" Cristiano Ronaldo e tentou jogar no Sporting

Seja na Alemanha ou na Ásia, é parado em todo o lado para mais uma foto. Saki faz futebol freestyle, mas principalmente é Ronaldo em part-time. Falámos com o sósia de CR7, que fez testes no Sporting.

    Índice

    Índice

Foi há precisamente 20 anos, durante o Euro 2004, que disseram pela primeira vez a Saki que era parecido com Cristiano Ronaldo. A ideia não pegou logo, mas ficou lá. Os anos foram passando, Ronaldo tornou-se cada vez mais famoso e o jovem alemão foi aproveitando também esse estrelato. Não, não tem os mesmos seguidores do capitão da Seleção, mas as parecenças com ele valeram-lhe quase 250 mil seguidores no Instagram e uma carreira à qual aliou ainda algum talento com bola. Saki Athanassios tem 31 anos, nasceu em Frankfurt, e é artista de football freestyle, que traz as fintas e os truques com bola para debaixo dos holofotes. E tornou-se sósia de Cristiano Ronaldo.

É precisamente isso que tem feito na última década e com trabalho reforçado agora, no Campeonato da Europa. Antes do início do Euro, enviámos um convite para entrevistar este “Cristiano Ronaldo”. Era abril, mas o trabalho já era muito: Saki avisou logo que estaria em Berlim, Leipzig, Estugarda e sempre sem planos definidos. Ficou o compromisso de que assim que regressasse a Frankfurt, daria notícias. Chegariam quando estávamos perto de Hamburgo.

Saki é bem mais baixo que o capitão da Seleção — tem 1,71 contra os 1,87 do capitão da seleção — e olhos mais claros, e mesmo que não seja uma fotocópia autêntica, tem muitas parecenças com CR7. Na cara, mas também na mentalidade. A história do sósia de Cristiano inclui ainda um teste no Sporting, palavras de Florentino Peréz e o sonho de conhecer o melhor jogador português de sempre.

Saki, numa das ações promocionais que faz, como sósia de Cristiano Ronaldo

Saki

“Nos EUA tive gente a correr para mim, a gritar. Foi inacreditável”

Há muitas profissões, mas poucas como a sua: como é “ser” o Cristiano Ronaldo?
Eu adoro. Adoro o Ronaldo, Portugal, os portugueses, a sua mentalidade, a forma como amam o futebol. Até tenho alguns amigos portugueses. Mas primeiro que tudo, sou artista de futebol. Tenho viajado muito pelo mundo e por causa disso já conheci pessoas importantes da área. Conheci há algum tempo o Florentino Peréz, o presidente do Real Madrid, por exemplo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

E o que é que ele lhe disse?
Ele estava chocado, disse-me que eu era muito parecido com o Cristiano e gostou dos truques que faço com a bola.

E é exigente ter de se parecer sempre com o Ronaldo? Faz algum tratamento facial ou capilar para manter essas parecenças?
Não, nada, nada. É tudo natural.

Saki em 2015; Ronaldo em 2014

Mas os seus pais e os pais do Ronaldo também são parecidos?
Não, não, totalmente diferentes. Não sei explicar.

As pessoas que têm passado por nós têm olhado bastante: o que é que lhe costumam dizer quando passam por si na rua?
Falam logo. Na Ásia então foi incrível, achavam mesmo que eu era o verdadeiro Ronaldo. Tirei tantas fotografias, foi uma loucura!

Qual foi o momento mais louco que já viveu por ser parecido com ele?
Foi talvez aí, na Ásia. Ou nos Estados Unidos. Lá, uma vez, as pessoas até vieram a correr para mim, a gritar. Foi inacreditável.

E quando é que percebeu que era parecido com o Ronaldo?
Tenho origens gregas. Nasci aqui, mas os meus pais vieram da Grécia. E notámos que era parecido quando Portugal jogou contra a Grécia pela primeira vez, no Euro 2004. Foi aí que algumas pessoas começaram a dizer que era parecido com ele.

Esse Euro é de má memória para Portugal, foi jogado em Portugal. Já alguma vez visitou o nosso país?
Sim, fui a Lisboa uma vez fazer um conteúdo patrocinado. Estive no centro da cidade, a jogar nas ruas. E os portugueses adoraram, só visto. Aliás, podem ver nas minhas redes sociais, senão acham que estou a mentir. Só vendo é que se sente a energia que as pessoas me dão. Não consigo explicar por palavras o sentimento.

E já conheceu o Cristiano Ronaldo? Ou ainda não?
Infelizmente ainda não. Já conheci antigos colegas dele do Real Madrid, mas ele ainda não. Houve uma vez que estive perto: o Real foi a Munique jogar a Audi Cup, mas ele ficou em Madrid. Mas falei com o Marcelo, o Gareth Bale e eles ficaram malucos, não paravam de olhar.

Se pudesse falar com ele? O que lhe diria?
Acho que não preciso de dizer aqui, ele sabe o que lhe diria. Há milhões de pessoas a adorá-lo e ele sabe, é um tipo inteligente.

Saki falou com o Observador em Frankfurt, a sua terra natal e casa do Portugal-Eslovénia, dos oitavos de final do Euro 2024

André Maia/Observador

“Tinha praticamente um contrato com o Sporting em cima da mesa”

Como é o seu dia a dia como sósia do Ronaldo?
Trabalho com crianças, sou artista de football freestyle e treinado. Tento ensinar a parte mais técnica, os truques que usamos. E depois tento passar a mentalidade do Cristiano, tento fazê-las acreditar que elas podem ser melhores, que devem acreditar nelas mesmas.

Mas trabalha num clube ou faz esses treinos e eventos por conta própria?
Em clubes, mas sou freelencer. São os clubes que me chamam, marcam uma hora comigo e vou. E não só clubes, há várias marcas e empresas que têm tido interesse, tenho estado completamente cheio de trabalho. Mas fundamentalmente gosto de trabalhar com as crianças. Elas são o futuro deste desporto. E é muito divertido.

E o que é que elas dizem quando o veem pela primeira vez?
Elas perguntam muitas vezes se somos irmãos [risos]. Fazem muitas piadas, claro. E depois, quando lhes mostro os truques com a bola, ficam ainda mais espantados, porque as parecenças ficam ainda maiores.

Isso no futebol freestyle, mas nunca tentou uma carreira no futebol profissional?
Tentei, tentei. Cheguei a fazer um teste numa equipa da Bundesliga, mas não fiquei. Mas sendo sincero, também nunca estive muito interessado em jogar profissionalmente.

Porquê?
Não sei. Nem é por falta de confiança. Concordo com o Ronaldo, temos sempre de pensar que somos os melhores e acho que sou o melhor em futebol freestyle. E até mesmo futebolistas profissionais já me perguntaram porque não tentei mais. Mas há que ser realista: futebol freestyle e futebol profissional não são a mesma coisa. Eu joguei futsal, mas também é diferente. Prefiro fazer isto. Mas cheguei a fazer testes, sim. Até fiz um no Sporting.

No Sporting? Em Portugal?
Sim. Foi em 2013. Estive lá uns dias. O primeiro dia foi muito bom, correu bem. Os seguintes já não foram bons. Ainda por cima estava lesionado. Tive de voltar. Acho que o presidente nem soube, mas ele viu-me no primeiro dia e gostou. Aliás, o meu agente disse-me que depois do primeiro dia tinha praticamente um contrato em cima da mesa. Só que estes testes não duram só um dia. Normalmente duram cinco dias, seis dias, uma semana. E tudo bem, o primeiro dia foi bom, mas os outros cinco ou seis não. Mas não conseguia jogar só com uma perna. Continuo a treinar, sempre que estou livre e acho que até conseguiria chegar ao futebol profissional. Mas não quero.

Saki em Alvalade, depois de um semana de testes no Sporting

“O Ronaldo tem de jogar… porque é o Ronaldo!”

Tem estado bastante ocupado. Principalmente agora no Euro 2024, não é?
Sim, tenho tido muitos pedidos. Há uns dias estive em Munique, agora vim de Leipzig. Tenho feito eventos nas cidades onde há jogos, tenho estado nos tapetes vermelhos, em eventos, em clubes, feito coisas para a televisão, publicidade. Muitas coisas diferentes. Mas o mais marcante tem sido ir às cidades do Euro para mostrar os truques e jogar com as pessoas.

Mas foi a UEFA que o convidou a estar presente?
Sim, sim, convidaram-me. Sexta-feira vou a Estugarda por causa do Alemanha-Espanha, por exemplo. Mas já estive em Leipzig, em Estugarda, em Berlim, aqui em Frankfurt. Tenho andado por todo o país.

Saki e o chanceler alemão Olaf Scholz, numa parecia que o artista fez com o Governo Federal da Alemanha para promover o Euro 2024

Saki

Não esteve no jogo, aqui em Frankfurt, mas viu à distância: como é que foi ver o Portugal-Eslovénia, com o Ronaldo a falhar o penálti e a chorar?
Foi duro. Mas não estou preocupado, isto é normal, é futebol. E ainda pode correr bem. Estou a torcer por Portugal neste Euro, mas nunca se sabe.

E acha que ele ainda deve ser titular?
Acho que sim, claro. Ele tem de jogar, porque… porque é o Ronaldo! As pessoas falam demais. Se depois de tudo aquilo que aconteceu, ainda tens coragem para bater o primeiro penálti no desempate, então é porque tens muita força dentro de ti. Se calhar outro jogador tinha ficado nervoso e não tinha batido. É esta a diferença. Claro que ele não vai jogar sempre bem, isto é futebol, às vezes é um jogo de sorte, um minuto decide se ganhas ou perdes. Mas acho que Portugal continua a ser a melhor das oito equipas que faltam.

E se Portugal e o Cristiano forem campeões europeus, isso seria bom para o seu negócio?
Eu já estou cheio, tenho marcações até dezembro, por isso acho que não fará diferença.

Acha que o Ronaldo ficaria feliz em saber o que tem feito todos estes anos com a imagem dele?
Ele fica, ele sabe o que faço!

Ah, ele sabe?
Sim, sim, ele sabe. Tenho um amigo brasileiro, o Lucas, que é o dono da maior página de fãs do Ronaldo em todo o mundo. Ele conhece a mãe dele, a irmã Kátia, e já lhes mostrou algumas vezes coisas minhas. Por isso sim, ele sabe que eu existo. E de certeza que fica feliz, porque é por causa dele que faço as pessoas felizes. As crianças, os pais. Quando fazes as pessoas e as crianças felizes acho que será sempre bom.

 
Assine o Observador a partir de 0,18€/ dia

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Já é assinante?
Apoio a cliente

Para continuar a ler assine o Observador
Apoie o jornalismo independente desde 0,18€/ dia
Ver planos
Já é assinante?
Apoio a cliente

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Apoie o jornalismo. Leia sem limites. Apoie o jornalismo. Leia sem limites.
Desde 0,18€/dia
Apoie o jornalismo. Leia sem limites.
Apoie o jornalismo. Leia sem limites. Desde 0,18€/dia
Em tempos de incerteza e mudanças rápidas, é essencial estar bem informado. Não deixe que as notícias passem ao seu lado – assine agora e tenha acesso ilimitado às histórias que moldam o nosso País.
Ver ofertas