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ANA MARTINGO/OBSERVADOR

ANA MARTINGO/OBSERVADOR

Séries de 2021: as nossas favoritas, os melhores episódios e as personagens inesquecíveis (e as maiores desilusões do ano)

Famílias genialmente disfuncionais, resorts de luxo para gente perdida, detetives sem soluções, bandas que nunca vão terminar e juventude inquieta. Este ano houve até espaço para um pôr do sol na TV.

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Em princípio, as listas de final de ano procuram sempre a mesma coisa: unanimidade. Legitimar (pelo menos) um título, uma figura, uma obra como “o que levamos destes 12 meses”. Mas se há coisa que a lista que se segue não conseguiu atingir foi precisamente a unanimidade, sintoma óbvio de que é cada vez mais difícil (arriscaremos dizer “impossível” um dia, sem medo?) assumir sem margem para dúvidas um título como “os melhores do ano”.

O principal culpado disto, no campeonato das séries, é o streaming. Cada vez mais plataformas, cada vez mais produções, muitas delas só as vamos descobrir depois deste ano ter terminado. Escolher os melhores é uma tarefa virtualmente infinita, seria necessário ver tudo, conhecer tudo, absorver tudo. A lista que se segue é exemplar a mostrá-lo: não há repetições na escolha de “Melhor Série”; há títulos americanos, franceses, portugueses e britânicos; ficção e documentário, drama e comédia, sucessos e desilusões. Esta é uma lista perfeita para recordar o que vimos, questionar as avaliações que fizemos ao longo do ano e, acima de tudo, descobrir o que ainda não vimos e vamos querer ver.

Alexandre Borges

Melhor Série: “Vernon Subutex” (Filmin)

Não é perfeita, porque sê-lo talvez fosse uma contradição nos termos com a geração que retrata. “Vernon Subutex” é um requiem indie, o epitáfio aos anos 90, mortos pelo tempo, pela net, pelo inevitável fracasso da grande ilusão da geração sem ilusões. Adaptação da trilogia de Virginie Despentes, traz Romain Duris à frente de uma legião de músicos falhados, groupies sem grupo, sem-abrigo da própria juventude. Nove episódios de 35 minutos para ver na Filmin e pensar no que isto tem ou não tem já a ver connosco.

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Melhor Personagem: “Joseph”, por Stephen Graham em “The Virtues” (Filmin)

Shane Meadows é um dos mais talentosos realizadores britânicos da atualidade, mas o que vemos em “The Virtues” é algo diferente da verve e do nervo que lhe são habituais: é uma confissão, um exorcismo, e Joseph (Stephen Graham) o seu Cristo pessoal. O Cristo ordinário alcoólico, que cresceu num orfanato, tem de se despedir do filho que vai emigrar com a mãe e o novo pai e enfrentar os traumas recalcados que não quer lembrar. O Cristo que tem de ressuscitar para se salvar a ele mesmo.

Melhor Episódio: “Beard After Hours”, da série “Ted Lasso”, S2, Ep09 (Apple TV+)

Há muitos grandes episódios também na 2.ª temporada de “Ted Lasso”, mas este nº9 é qualquer coisa… Depois da humilhação diante do City, nas meias da Taça, acompanhamos Coach Beard, o adjunto de Lasso à frente do Richmond FC, numa noitada para “pôr as ideias no lugar”. Beard – aliás, Brendan Hunt, um dos autores da série – é das personagens menos faladoras, mais secundárias e, aparentemente, mais unidimensionais da trama; entregar-lhe o protagonismo de um episódio seria sempre um risco. Mas “Ted Lasso” está tão seguro das suas qualidades que faz mais do que isso: dá-lhe todo o episódio, quase sem a presença do restante universo da série. O resultado é praticamente um telefilme, no melhor sentido do termo, que se estende por 43 minutos em que seguimos de acontecimento surreal em acontecimento surreal, até ao auge, ao som dos Blur e de “The Universal” (aqui, “Lasso” manteve a assinatura: uma banda sonora de exceção). Assumidamente inspirado no “Nova Iorque Fora de Horas” de Scorsese, cabe tudo lá dentro: drama, comédia, suspense, musical. É da melhor TV que se viu neste e nos últimos anos, ou não fosse – dúvidas houvesse – o episódio menos pontuado no IMDb.

O episódio dedicado ao treinador Beard, de Ted Lasso, interpretado por Brendan Hunt, é da melhor TV que se viu nos últimos anos, ou não fosse – dúvidas houvesse – o episódio menos pontuado no IMDb

Desilusão do ano: “Losing Alice”, Apple TV+

Nestas coisas da opinião publicada, a necessidade de ser o primeiro a chegar, a informar, empurra-nos muitas vezes para o erro. Quando “Losing Alice” estreou, escrevemos aqui que o que a tornava tão apelativa era “a forma como se movimenta facilmente entre fronteiras. Fronteiras entre géneros, entre temas, até entre sexualidades. O carácter fluído torna-a, simultaneamente, refrescante e imprevisível: após quase quatro horas de história, mantém-se caminhando na linha, mas ela está suspensa umas dezenas de metros acima do chão. É um arame, o fio da navalha.” Infelizmente, a segunda metade da série não confirmou a história da lenta “perdição” da mãe e realizadora Alice (Ayelet Zurer) como uma das melhores do ano. Se chega a ser má? Nem pensar – nem há hoje tempo ou desculpa para ver más séries. Mas não confirma a ilusão criada, fazendo crer que o ambiente dúbio e sinuoso criado nos primeiros episódios fosse mais acaso e indecisão do que complexidade e subtileza.

André Santos

Melhor série: “Genera+ion” (HBO)

Há alguns anos, “Euphoria” (que regressa em breve para uma segunda temporada) lançou a semente para a “vida real” dos adolescentes de hoje. Por “vida real”, entenda-se sempre aquilo que os pais não querem ver. “Genera+ion” foi escrita por um pai e uma filha, Daniel e Zelda Barnz, a experiência de um juntou-se ao conhecimento e flexibilidade da linguagem do outro. Os dezasseis episódios da série, cuidadosamente dividida em duas partes, são um exercício sobre personagens que mimicam relações e estreitamentos sentimentais humanos. Fala da contemporaneidade sem bandeiras, confunde honestidade com ficção e, pelo meio, mistura cinema com televisão. Tal como “Louie”, criada e interpretada por Louis C. K., muitos episódios de “Genera+ion” vivem-se como filmes, narrativas que respiram à parte do contexto e exploram emoções – e afazeres sociais – com um princípio, meio e fim. Talvez por se sentir como uma série tão realizada, “Genera+ion” não justificou a existência para lá de uma temporada. O final ficou em aberto, mas quando se criam personagens como Chester, é mesmo melhor assim.

Muitos episódios de “Genera+ion” vivem-se como filmes, narrativas que respiram à parte do contexto e exploram emoções – e afazeres sociais – com um princípio, meio e fim

Melhor Episódio: “How to Find a Spot”, da série “How to With John Wilson” (HBO)

Há cerca de um ano, a primeira temporada de “How to With John Wilson” foi um rebuçado para chuparmos enquanto víamos a luz ao fim do túnel da pandemia. O que era uma mentira. A série documental de John Wilson tinha um travo pré-pandemia que era magnífico. A segunda temporada pode chamar-se um “durante a pandemia”, mas não é por isso que os seus temas convergem para ela. Em “How to Find a Spot”, John Wilson explica as regras de ocupação de lugares não pagos em alguns bairros de Nova Iorque. Através de filmes e de séries, o espectador já está farto de saber que é difícil, mas talvez nunca tenha percebido o porquê. Através da explicação de Wilson, percebem-se um sem número de códigos sociais, dos nova iorquinos e dos humanos no geral. Como somos egoístas, péssimos vizinhos e como nos tornamos desprezíveis pelo facto de existirmos no dia-a-dia. Nada de pessimismo, mas isto de viver em sociedade tem muito que se lhe diga. E John Wilson tem feito um ótimo trabalho em desmontar isso.

Melhor Personagem: todas as personagens de Tim Robinson, em “I Think You Should Leave with Tim Robinson” (Netflix)

Há pouco lugar para a comédia em sketch nos serviços de streaming. A escassez não se reflete na qualidade. As duas ótimas temporadas de “I Think You Should Leave” são um manifesto de como precisamos deste tipo de humor de quando a quando. Tim Robinson interpreta várias personagens, estereótipos que podemos colocar aos amigos, colegas, pessoas que conhecemos ou tipos de pessoas que achamos que existem. Os textos adaptam-se ao seu desconforto e o seu desconforto torna toda e qualquer situação banal num escalar de argumentos que rapidamente viram em algo absurdo: sem ser absurdo por absurdo, mas absurdo por exaustão. Todas as personagens de Tim Robinson dizem-nos que a realidade cansa.

Desilusão do Ano: “Cowboy Bebop” (Netflix)

Visualmente seria sempre difícil transformar uma série de animação de ficção científica, com tantos episódios em diferentes planetas, com várias cenas no espaço, com um design muito cuidado e intemporal em todos os objetos, em algo real. Esse era o primeiro desafio de “Cowboy Bebop”, que se desculparia sempre, porque há soluções e algumas foram encontradas por esta adaptação da Netflix. O raciocínio que é difícil de seguir é a obsessão em desligar a série da sua componente de aventuras/western/space opera e concentrar grande parte da ação na resolução do passado das personagens. O original era entusiasmante e conquistou adeptos ao longo de duas décadas. A versão Netflix, apesar de algumas mais valias e de dois episódios bastante bons, é um tique em muitas caixas erradas.

Menção Honrosa: “Ramy”

As duas temporadas de “Ramy” estrearam-se em 2019 e 2020, mas só vi ambas em 2021, numa altura em que todas as séries de comédia que estava a ver tinham o nome de alguém no título: “Dave” ou “Ted Lasso”, por exemplo. “Ramy” abre como uma comédia, mas à medida que a personagem se desenvolve, sobretudo na passagem da primeira para a segunda temporada, percebe-se que a série vai além da crónica de um jovem muçulmano à procura de mulher em Nova Iorque. Apesar de também nunca deixar de ser isso, mas é nessa procura que se vive o egoísmo e a não-presença tão inerente aos millennials. Acontece que Ramy (Ramy Youssef) é muçulmano e isso dá toda uma outra dimensão à personagem — e também à sua família: alguns dos melhores episódios viram-se para a sua mãe, irmã e pai. “Ramy” foi a melhor série que vi em 2021, só que não é de 2021.

Andreia Costa

Melhor Série: “The Beatles: Get Back” (Disney+)

São sete horas e uns pozinhos, mas quem me dera que tivessem sido 14. Houve boa ficção este ano — não posso deixar de referir “Mare of Easttown”, “Criada” ou “It’s a Sin” — mas nada me mexeu tanto com as emoções como a série documental de Peter Jackson. A expetativa era alguma, em relação a “The Beatles: Get Back”, mas não previa a verdadeira relíquia que a Disney+ estava a guardar para o final do ano. É pura magia que nos deixa, por um lado, melancólicos; por outro, com um sorriso daqueles que duram tanto que nos deixam os maxilares doridos; e ainda há uma terceira fase, a angústia de sabermos mais do que os intervenientes. Aquele era realmente o fim e, embora as coisas não estivessem incríveis no reino dos Beatles, isso não estava propriamente definido. Podemos já ter visto, ouvido ou lido 50 mil coisas sobre a banda britânica, embora nenhuma nos tenha dado acesso ao lado mais íntimo e complexo de Paul McCartney, Ringo Starr, John Lennon e George Harrison como este projeto. No fim, aqueles que no início eram inseparáveis têm noção que as coisas estão diferentes mas, de vez em quando, quando McCartney e Lennon improvisam e escrevem os dois ainda é possível vislumbrar os sorrisos e os brilhos nos olhos. Não é por isso de estranhar que George Harrison tenha sempre sentido que era o elemento a mais, incapaz de arranjar espaço neste casal criativo. E é em pleno documentário que Harrison decide abandonar a banda, seguindo-se um momento de arrepiante premonição em que, num dia de ensaios, estando apenas presentes Ringo Starr e Paul McCartney, este diz: “e depois restaram dois”. Restam efetivamente estes dois e só de escrever isto fico com os olhos cheios de água, tal e qual como McCartney. Teremos sempre as canções e agora as imagens de pura felicidade e desafio, como se fosse uma criança, de Paul McCartney ao ver a polícia interromper aquela atuação inesquecível no topo do edifício.

A expetativa era alguma, em relação a “The Beatles: Get Back”, mas não prevíamos a verdadeira relíquia que a Disney+ estava a guardar para o final do ano

Personagem do Ano: “Paula”, por Andie MacDowell, na série “Criada” (Netflix)

Há anos em que não é preciso pensar mais do que dois segundos. O vencedor é claro e a maratona já estava ganha ainda os adversários não tinham passado os primeiros 500 metros. Depois há outros em que a coisa anda renhida até ao fim. 2021 é um desses exemplos. Durante grande parte do ano a Mare de Kate Winslet (“Mare of Easttown”) esteve no topo da minha lista — não há nada em que a mulher não seja incrível. Depois apareceu “Criada” e a minha primeira reação foi torcer o nariz. OK, já tinha visto o talento de Margaret Qualley em “The Leftovers” (se não sabem que série é, tratem disso), mas a rapariga não deixa de ter apenas 27 anos. Achei que seria pouco credível no papel de uma mãe que escapa a uma relação abusiva e é constantemente deitada abaixo enquanto tenta refazer a vida dela e da filha. Estava muito enganada e, se não fosse a surpresa escondida no meio da série da Netflix, era Qualley a justa vencedora desta categoria. Porém, apareceu Andie MacDowell, que é mãe de Qualley e que na história é mãe de Alex, a protagonista. Que conveniente, arranjar um biscate à mãe, não é? Mais uma vez, pensei antes do tempo. Não me lembro do último projeto que vi com MacDowell e claramente não me lembrava que ela podia ter um desempenho destes. Paula, a personagem que interpreta, é uma mulher bipolar que faz um pingue-pongue constante entre a euforia, a tristeza e uma desatenção constante às coisas importantes. É enganada por homens que a maltratam e a enganam mas, ao mesmo tempo, é de uma ternura constante com a neta e desperta do seu mundo alternativo — nem sempre quando é preciso — para mostrar gestos genuínos de amor. Paula é impossível de aturar na mesma proporção que é impossível de largar. Andie MacDowell foi buscar as experiências que viveu com a própria mãe, que tinha uma doença mental, e talvez por isso a sua interpretação seja tão real, dura e ternurenta — e, sim, aqui estes conceitos que não deviam cruzar-se cabem todos no mesmo pacote.

Episódio do Ano: “All the Bells Say”, de “Succession”, s03e09 (HBO)

Já é hábito nas temporadas de “Succession” a tensão ir crescendo devagar até acontecer uma explosão no final que nos apanha desprevenidos, deixa atordoados e sem qualquer ideia sobre o que se segue. Também nos ensina que não vale a pena acharmos que já vimos tudo nesta série porque há sempre alguma personagem que tem um truque na manga para deitar os outros peões ao chão. Não há elogios suficientes para os diálogos e para a construção destas personagens de uma família que detém um império no universo da comunicação social. Ambiciosos, traiçoeiros, com falta de empatia e profundamente descompensados — é destas relações pessoais que se misturam com as profissionais que vive “Succession”. Não são necessárias cenas de ação ou choradeira, o que aqui está é mais do que suficiente para atirar o projeto para o top dos melhores conteúdos de sempre da HBO. A melhor parte é que a qualidade continua a crescer. “All the Bells Say”, que encerra a terceira temporada, tem mais de uma hora e parece um mini filme. A forma como são filmadas as cenas de helicóptero e de barco, os planos aproximados que denunciam (ou escondem) as intenções das personagens, aqueles acordes do genérico que vão aparecendo aqui e ali e que mantêm a classe que muitas vezes falta a estas pessoas. O episódio tem tanta coisa inesquecível que é impossível dissecar tudo num texto tão curto. Tal como no início do episódio, os nervos e as inquietações voltam para nos atormentar. O que é que vai acontecer a partir daqui, quem é que se vai virar contra quem, é possível haver mais surpresas? Venham elas, queremos tudo aquilo a que temos direito.

Desilusão do Ano: “Tiger King 2” (Netflix)

“Tiger King” apareceu no final de março de 2020, estávamos nós enlatados pela primeira vez nas nossas respetivas casas. Numa altura em que as vacinas eram uma miragem, foi a medicação certa para nos abstrairmos das mortes e casos diários de Covid-19. Puro entretenimento: figuras sinistras com a mania do estrelato, desaparecimentos inexplicáveis, amigos que viram inimigos em três segundos, ameaças de morte, fraudes, demasiadas cuecas com padrão tigresse, mulheres exploradas, tigres explorados, pessoas asquerosas com dinheiro vindo sabe-se lá de onde, uma suposta carreira musical tão má que provoca vergonha alheia. Foi o cocktail de white trash perfeito, servido pelos rivais Joe Exotic e Carole Baskin, cada um dono de uma espécie de zoo manhoso de tigres. O magnetismo foi tanto que os dois até viraram disfarces de Carnaval. Por isso, a expetativa em relação à segunda temporada era grande. Problema: Joe Exotic está preso e a sua participação nos novos episódios resume-se a telefonemas esporádicos, de Carole Baskin nem sinal. O que nos resta? Personagens secundárias, de categoria B e interesse quase nulo. A temporada perde tempo a analisar o desaparecimento do primeiro marido de Baskin, fazendo suposições entediantes que nem para encher chouriços são boas; dá protagonismo a médiums que se emocionam com recipientes usados de comida (nem vale a pena gastar frases a explicar); e tempo de antena a pessoas que deixam morrer animais enquanto tentam ganhar fortunas à custa deles. Resumindo, são quase cinco horas perdidas. Mantenham-se longe de “Tiger King 2” porque, lá enfiado na prisão, Joe Exotic não é rei de nada. Nem do entretenimento rasca.

Joana Stichini Vilela

Melhor Série: “The White Lotus” (HBO)

É uma escolha anticlimática. Em ano pandémico, com um segundo confinamento em cima, a única coisa que “White Lotus” tem de ar dos tempos é o facto de as personagens estarem isoladas. Numa ilha. Num resort de luxo. No Havai. Mas depois tem tudo o resto. E se não rasga pela atualidade ou pela originalidade, compensa pela execução sem falhas, num registo tão ácido como satírico. O que aqui se faz é crítica de costumes. Com qualquer coisa de britânico no tom. O alvo são os ricos – ou afluentes, se preferir – mas também o politicamente correto, as armadilhas das aparências e a vacuidade das boas intenções. O autor, Mike White, é o criador de “Enlightened” (com Laura Dern), o que poderá servir-lhe de referência no que a diz respeito a crueza e desconforto. Murray Bartlett, no papel de gerente do resort, é imperdível. Jennifer Coolidge regressa no seu melhor. E há uma cena com ela a bordo de um barco que vale por toda a temporada. No fim, não restará pedra sobre pedra. E isso é muito bom.

Melhor Personagem: Mare Sheehan, por Kate Winslet, em “Mare of Eastown” (HBO); Alex, por Margaret Qualley, em “The Maid” (Netflix)

É bom sinal quando é difícil decidir. O primeiro instinto seria seguir sem hesitações por Winslet e pela sua magnífica detetive Mare Sheehan que, a viver um luto patológico, se entrega maníaca a casos quase impossíveis de resolver, incapaz de olhar e reconhecer aqueles a amam e rodeiam. Mas, já na segunda metade do ano, Margaret Qualley apanhou-nos de surpresa. Se em Mare Sheehan tudo é treva, Alex é feita de luz. A sua luta é pela sobrevivência. Por se libertar daqueles que abusam dela, a começar pelos mais próximos – o marido e a mãe (excecional Andy MacDowell, mãe de Qualley na vida real) – até chegar ao sistema social e económico norte-americano. Numa performance contida e delicada, Alex passa despercebida até que de repente tomou conta de nós. E quando ela não respira, nós também não conseguimos respirar. E quando todo o seu mundo parece desabar, nós desabamos com ela. Em comum entre as duas personagens, aquilo que têm de mais visceral e a força que lhes tira ou dá: o momento em que se tornaram elas próprias mães.

Kate Winslet é magnífica a interpretar a detetive Mare Sheehan que, a viver um luto patológico, se entrega maníaca a casos quase impossíveis de resolver

Michele K. Short/HBO

Melhor Episódio: “Bo Durnham: Inside” (Netflix)

Em 2015, no auge da fama, mas a sofrer cada vez mais ataques de pânico, o humorista Bo Durnham abandonou os palcos. Sentir-se-ia por fim pronto a regressar ao cabo de cinco anos. Poucas semanas depois, o mundo confinava pela primeira vez. Salvo a ironia da situação, enquanto muitos de nós se entretinham com puzzles, massa-mãe e jogos de bebida via zoom, o norte-americano dedicou-se a criar aquele que será o mais honesto e original registo artístico destes tempos no dito primeiro mundo, da solidão incontornável ao contacto digital permanente, passando pela sensação de incerteza que aos poucos foi tomando conta de cada um de nós. Fechado no quarto de hóspedes de sua casa, em Los Angeles, escreveu, compôs, filmou, realizou, editou e interpretou. Ufa. Entre o maníaco e o melancólico, o autobiográfico e o ficcional, um Burnham cada vez mais desmazelado vai reportando o declínio da sua saúde mental. É notável o domínio sobre os múltiplos registos narrativos. Pelo caminho, faz-nos quase rir com números musicais sobre experiências que, entretanto, se tornaram universais: uma chamada de Facetime com a mãe; sexting com uma namorada; tentar manter-se em forma numa bicicleta estática. O “quase” é intencional, porque toda a experiência é, tal como o estado do mundo, distópica, dissonante. Daqui a uns anos, quando todos já nos tivermos feito por esquecer os sucessivos confinamentos, restará esta obra-prima.

Desilusão do ano: “In Treatment”

O regresso prometia. O formato é um dos mais copiados de sempre, com o original israelita obliterado pela primeira versão americana: Gabriel Byrne no papel de psicoterapeuta; Mia Wasikowska, entre outros, como pacientes. Quem viu, recorda-se por certo da intensidade de certos momentos. Do despojamento das interpretações. Das força e clareza de cada uma das histórias pessoais. Podia ser qualquer um de nós. Treze anos depois, em plena pandemia, numa altura em que a saúde mental passou para a ordem do dia, “In Treatment” voltava com uma lógica semelhante, mas uma concretização ao lado. E até o facto de ter uma mulher negra no papel principal – a excelente Uzo Aduba, “Crazy Eyes” em Orange is The New Black – se revelou apenas mais um artifício. No momento em que o mobiliário do consultório e o guarda-roupa das personagens chama mais a atenção do que as histórias de cada um se calhar está tudo dito.

José Paiva Capucho

Melhor Série: “Mare of Eastown” (HBO)

Uma minissérie ser a melhor do ano é um exercício arriscado, porque agora o sucesso é sinal de segunda, terceira e quarta temporadas. E até “Mare of Eastown” pode vir a ter um regresso, o que seria um erro. Mas não nos precipitemos. Os sete episódios que nos dão a conhecer uma impenetrável Mare Sheehan (Kate Winslet sem espinhas, talvez no papel de uma carreira) que tem de resolver um homicídio numa pequena região ds Pensilvânia podia ser mais uma ficção sobre crime. Mas não é. Mare, cujo o filho toxicodependente se suicidou, vive ao lado do ex-marido, com a sua mãe (Jean Smart, outra interpretação na mouche) e dois filhos. É esse núcleo duro  que nos agarra e que daria para uma série paralela sozinha. E, dentro desse plot, sobressai o processo de luto de uma personagem durona que, ao estar (ou a querer estar) profundamente sozinha, encontra conforto num lar partido enquanto lá fora a tragédia se vai desenrolando. A grande mestria de Mare of Eastown é transformar o género de crime em algo simples, familiar e humano. É colocar a lente numa mulher adulta, que parece uma parede inquebrável, remexendo nas feridas para colher os cacos. São aquelas angustiantes sessões de terapia, as cervejas ao balcão com o parceiro, a vida sem qualquer glamour de uma América em decadência. Tudo isto a acontecer em pouco tempo. Se a realidade não olha para estas histórias do americano comum, tem de ser a ficção. Como não ser a melhor do ano?

Melhor personagem: “Tom Wambsgans”, por Matthew Macfadyen em “Succession” (HBO)

[Tenha cuidado, porque aqui vai spoiler] Na vida há sempre um pau mandado, habituado a seguir ordens superiores, sem contestar, porque isso lhe pode trazer algum proveito. Se for preciso alguém para atirar ribanceira abaixo, é ele o escolhido. E fá-lo, de sorriso na cara. O bajulador/homem troféu Tom Wambsganss, marido de Shiv Roy em “Succession”, é o exemplo máximo desse estereótipo. Na terceira temporada da aclamada série da HBO, a família Roy depara-se com a difícil tarefa de tentar não perder o controlo da empresa enquanto faz de tudo para se livrar de um mediático caso judicial destapado pelo filho mais velho Ken. Só que, enquanto irmãos e pai andam às avessas, Tom tem de encontrar o seu lugar. Não é sangue azul, sabe que só está ali por serventia da casa. Literalmente. Sacrifica-se pela família e vai preso? Arrisca tudo para convencer a mulher, que não o ama, a ter um filho (congelando embriões), garantindo que o seu nome fica impresso na Waystar? Não, nada disso funciona. Basta-lhe ser um fiel servo de Logan e colher os frutos. Essa foi a mestria desta terceira temporada, que, sendo ligeiramente inferior às restantes — mas mantendo um nível altíssimo naquilo que é mais forte: o guião –, foi salva por esta personagem. É no último episódio que Tom deixa cair a máscara de figura cómica e veste a pele de lobo (ou de Nero, com o seu Sporus, o primo Greg), como o resto da alcateia à qual nunca conseguiu pertencer. Na vida, por vezes, basta ser um pau mandado. Pelo menos, se isso for o que é preciso para garantir mais uns anos à mesa com o Golias, Logan Roy.

É no último episódio que Tom deixa cair a máscara de figura cómica e veste a pele de lobo (ou de Nero, com o seu Sporus, o primo Greg), como o resto da alcateia à qual nunca conseguiu pertencer

Melhor Episódio: “Rumo à Vitória”, da série “Glória, s01e01 (Netflix)

A primeira série portuguesa da Netflix, “Glória”, marca o início de uma possível era das nossas produções no estrangeiro. Se já devia ter acontecido? Já. Temos atores, produtores, criadores, guionistas. Só seria necessário um rumo e uma oportunidade. E mais dinheiro. “Glória”, não sendo perfeita, é um grande salto de qualidade na ficção nacional. Tem a história, a ação e a cinematografia de qualquer bom produto da Netflix. Tem quase tudo para resultar na perfeição. E tudo isso apresentado no primeiro episódio. A carne toda no assador para mostrar que Portugal tem mãozinhas para andar nas plataformas de streaming. O projeto realizado por Tiago Guedes e escrito por uma equipa de guionistas onde se destaca Pedro Lopes, olha para a história da Raret, posto de radiodifusão que se plantou na Glória do Ribatejo durante a Guerra Fria. Talvez seja aqui que a série mais falha: na História. Com uma realidade tão rica e pouco conhecida em acontecimentos, ficou-se à espera que a narrativa explorasse mais o tal passado português neste conflito, que olhasse mais para dentro da Raret e não ficasse tão presa ao que todos os thrillers têm que é a mania de estarem sempre desesperados em potenciar cliffhangers. Mas isto são opiniões. E para termos opiniões, é preciso termos séries. Eis a nossa, pronta para alegrar, desiludir ou encher de ódio seja quem for. Esperamos por mais, até porque, português que é português, quer inscrever um projeto lusitano nas desilusões do ano.

Desilusão do ano: “White Lotus” (HBO)

Não é que seja a pior série do ano, mas “White Lotus” prometia muito e foi estragando o hype ao longo dos episódios. Há quem defenda que esta deve ser a era televisiva em que adoramos ver os ricos a sofrer. Não há nada que dê mais gozo do que ver quem foge aos impostos e planta os seus negócios em offshores a esvaziar-se em sangue. Ora, melhor do que isso, só vê-los a sofrer de férias. Era isso que esta série criada por Mike White oferecia: ricos no Havai a chorar por causa dos seus problemas de classe muito alta. Mete-se um homicídio lá para o meio e os ingredientes para uma boa sátira estavam prontos para ser cozinhados. Ora, ao contrário de “Succession”, “White Lotus” tem personagens ricas e terríveis, mas com pouco para oferecer, exceção feita a Tanya McQuoid (interpretada por uma Jennifer Coolidge no seu pico de forma). Enquanto esperamos para saber quem matou quem, estamos a ver pessoas a passar férias. Só. E quando chega ao desfecho, pior se torna.

Susana Romana

Melhor Série: “Sucession” (HBO)

“Sucession” é uma absoluta obra-prima, é de longe a melhor série atualmente em exibição e limparia a dormir todas as categorias deste resumo do ano. Só em nome de uma diversidade que ninguém me exigiu é que me inibo de despachar a minha parte deste artigo com louvas sempre insuficientes à série de Jesse Armstrong. A terceira temporada de uma série cujo conceito já poderia estar há muito às voltas numa rotunda sem sair do lugar (afinal, quem vai ficar à frente da Waystar RoyCo na sucessão ao patriarca Logan Roy?), é afinal ainda melhor que as anteriores. O cheiro a queimado de uma guerra civil ainda é bem potente. Esta season oficializa uma família em cisão, e a já prometida quarta será ainda mais intensa. O tom e o clima de uma série permanentemente tensa e conflituosa poderia ser insuportável se não fosse um ligeiro detalhe: “Sucession” é o melhor drama atualmente em televisão, mas é igualmente perfeito quando decide – amiúde – ser uma comédia. E sim, é na categoria de Drama que limpa, merecidamente, tudo o que é Emmy ou Globos de Ouro. Mas esta acidez corrosiva não se faz sem muita graça. Os diálogos são brutos e witty e há, a tempos, uma burrice e desligamento da realidade com grande potencial humorístico.

Atores em perfeito pico de forma (Jeremy Strong, aqui como Kendall, é um ator obsessivo no seu método, a lembrar Daniel Day Lewis, como foi exposto num já polémico artigo da New Yorker), uma realização a lembrar pinturas renascentistas (no último episódio há uma cena que tem tanto de belo como de desconfortável, misturando luz toscana com caixotes do lixo), guiões à prova de bala (além dos soberbos diálogos, há sempre volte-faces por acontecer, como prova o fim de temporada), banda sonora de joalheria (do omnipresente tema do genérico ao uso genial de “Rape Me” dos Nirvana). Como é que algo é tão perfeito que parece feito em laboratório, mas ao mesmo tempo é tão cru que só pode ser feito por humanos?

Menção Honrosa: “Pôr do Sol” (RTP1)

É raro, talvez inédito, que uma série portuguesa consiga gerar um burburinho suficiente para romper a hegemonia de conteúdos das grandes plataformas de streaming multi-nacionais. Numa altura em que o espectador médio de ficção se depara com a sofreguidão de ter de se manter na crista da onda das “séries do momento”, foi uma inesperada boa notícia para a sempre frágil indústria portuguesa do entretenimento que a tal série que toda a gente estava a ver passasse diariamente na dita “televisão normal”. Ainda mais tratando-se de uma comédia que parodia esse ex libris tão tuga que é a telenovela.

Escrita por Henrique Cardoso Dias, realizada por Manuel Pureza e com um elenco que peneira alguns dos melhores atores de telenovela da nossa praça (e sim, temos muitos e bons), “Pôr Do Sol” começou como uma aposta da RTP para os meses calmos do verão e descambou num fenómeno que leva a uma inesperada segunda temporada, acompanhada por memes de internet com fartura e até por concertos da banda surgida na ficção, os “Jesus Quisto”. Mostrou que não é viral quem quer, é viral quem se consegue distinguir dos demais. Que este sol não se ponha depressa, porque o seu sucesso é uma boa notícia para todos, dos criadores aos espectadores.

"Pôr Do Sol" começou como uma aposta da RTP para os meses calmos do verão e descambou num fenómeno que leva a uma inesperada segunda temporada

Melhor Episódio: “In The Room”, da série “This Is Us”, s5e08 (FOX Life)

A escolha de um episódio de “This Is Us” — série de grande sucesso, mas nem sempre bem-amada pela crítica — prende-se sobretudo com o facto de ter sido, provavelmente, a série que melhor conseguiu encaixar a pandemia na sua narrativa. Foi onde pareceu menos forçado e simultaneamente menos ignorado, com um bom balanço que reflete o impacto da Covid-19 nas nossas vidas sem tornar os episódios aí centrados. O drama — que foi vendido pelo criador à NBC como “uma espécie de Lost, mas sobre uma família” — usa flashbacks e flashforwards para ajudar o espectador a construir uma narrativa completa dos Pearson, mas também para o confundir e dar a entender que grandes mudanças ainda misteriosas estão a caminho. É assim que, entrecruzado com um episódio em que um pai tenta chegar a tempo ao nascimento dos filhos gémeos, surgem duas personagens nunca vistas em “This Is Us”: um engenheiro eletrotécnico chamado Nasir e a sua mulher, Esther. A história de ambos passa-se décadas antes da narrativa corrente e demoramos algum tempo até percebemos como se cose com a história dos protagonistas. Até descobrirmos que Nasir é Nasir Ahmed, o inventor que permitiu que hoje a tecnologia da videochamada seja comum. Tal como a família de “This Is Us” permaneceu junta no meio de um parto em era pandémica através do FaceTime, também nós o usámos para sobreviver às distâncias impostas nos últimos dois anos.

Se tudo isto é piegas? Sim, claro que é. Mas ao contrário do mito urbano que cinicamente circula, é muito difícil fazer piegas bem feito. Num ano em que volta e meia precisámos de chorar, aqui está um catalisador eficaz e bem urdido.

Melhor Personagem: Ted Lasso (Apple TV+)

E à segunda temporada, o amável treinador Ted Lasso ganhou mais camadas. Numa season que dividiu muito os fãs, “Ted Lasso” abordou eficazmente o tema da saúde mental, usando o seu protagonista como cara do trauma e da ansiedade. Até aqui, o mister da equipa londrina da Premier League AFC Richmond, era um certo símbolo de pureza. É que Ted Lasso é o personagem mais bonzinho, dócil e apaziguador de que há memória recente numa ficção cada vez mais cáustica. Dito assim, parece meio caminho andado para uma série aborrecida, irrealista, irritante e a fazer lembrar o Poupas da “Rua Sésamo” ou a rubrica do Padre Vítor Melícias nos primórdios da TVI com a cruz como logótipo. Não é o caso. O otimismo, a inteligência emocional e a generosidade deste treinador em modo peixe fora de água compõem o cobertor quentinho de que precisamos depois de tanta pandemia, pós-pandemia e depois pandemia outra vez. Ted Lasso provoca gargalhadas, comoção, mas acima de tudo provoca alívio. Depois de tanto tempo de confinamentos, más notícias e distanciamentos, esta sensação de que a empatia é que colhe é uma canjinha de galinha pelos olhos adentro.

Esta função de canjinha não se perdeu nos novos episódios, mas ganhou outra dimensão. Lasso é imperfeito. E Lasso não é bondoso porque nunca conheceu dificuldades; é sim bondoso apesar das dificuldades. Na segunda temporada ganhou um némesis, e talvez tenha perdido a consensualidade, mas conquistou dimensão e importância sem perder a graça. E é preciso uma personagem de antologia para aguentar tudo isso.

Desilusão do Ano: “The Morning Show” (Apple TV+)

Aquando da estreia da primeira temporada, no fim de 2019, “The Morning Show” era uma das séries mais caras de sempre, em muito devido ao elenco de luxo repleto de estrelas de cinema. O resultado desta carne toda no assador foi o de uma temporada eficaz, empolgante e bastante coesa em torno das problemáticas do movimento Me Too. Esses 10 episódios teriam bastado.

Mas não, “The Morning Show” tinha que voltar para uma segunda temporada. Talvez estivesse assim decidido deste o início, talvez não e foi o sucesso que assim o ditou — mas, em qualquer um dos casos, esqueceram-se que esta season de regresso também tinha de ter, sei lá, uma história.

Temos covid! — mas não desenvolvemos devidamente até ao último episódio, feito à pressa. Temos assédio! — mas menos, porque ainda não decidimos se queremos que tenham pena do abusador ou não. Temos lesbianismo! — porque, aparentemente, isso ainda é polémico. Temos personagens italianas! — porque a Europa é tão exótica, não é? Temos triângulos amorosos que ninguém pediu! — porque são o reduto mais fácil quando não sabemos o que fazer às personagens. Temos drogas! — mas numa personagem secundária e insuficientemente explorada. Temos uma morte de um personagem principal! — porque desde a “Guerra dos Tronos” que percebemos todos que é a maneira mais fácil de inflacionar interesse numa série.

À segunda temporada, “The Morning Show” é uma balbúrdia que dificilmente se desculpa a uma equipa que já antes se mostrou competente. Vem aí terceira temporada. Temo o pior. Estão aqui, estão a ir buscar os guionistas da “Casa de Papel”.

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