Quatro mil táxis em marcha lenta só em Lisboa. Porto e Faro juntam-se ao protesto e, no total das três cidades, 6500 táxis irão paralisar o trânsito destas cidades, aponta a Lusa. Vai ser assim o dia desta sexta-feira, naquele que os taxistas dizem ser a maior manifestação do setor. Com um alvo concreto: a Uber, a plataforma online de aluguer de carros com condutor. A guerra taxistas vs. Uber tem quase um ano e esta sexta-feira atingirá o seu ponto máximo.
Em Lisboa, o percurso entre a zona do Parque das Nações e a Assembleia da República ameaça parar o trânsito nas principais vias da cidade durante toda a manhã. A partida está prevista para as 9h00 e o protesto final, frente ao Parlamento, às 13h00. Não anunciando medidas especiais de controlo, a PSP fez contudo alertas para que os lisboetas usem os transportes públicos. No entanto, nem o Metro nem a Carris vão reforçar a frota.
Uber
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A Uber opera através de uma aplicação móvel para smartphones, com o objetivo de ligar motoristas privados a utilizadores. Nasceu nos Estados Unidos da América e chegou a Portugal em julho de 2014.
Já a Uber sugere aos clientes que partilhem a viagem com outros clientes para reduzir o número de carros na estrada e apela a que evitem as zonas do protesto, por uma questão de “segurança” e “rapidez” das viagens. Mas o serviço de transporte, que está na base do protesto dos concorrentes taxistas, garante que não vai parar: “Estaremos ao dispor para ajudar em qualquer altura e sobretudo neste dia em que as opções de mobilidade serão limitadas”, sublinham.
À marcha, a maior das maiores manifestações de táxis contra a plataforma digital de uso de carros com condutor, juntam-se várias zonas de Lisboa em obras. Prevê-se, por isso, uma manhã muito congestionada e, para quem precisa de se deslocar em Lisboa, todas as sugestões são preciosas. O Observador construiu um mapa interativo com as indicações do percurso do protesto dos taxistas, que deve ser evitado entre as 8h00 e as 13h00 (pelo menos). E que pode dar uma ajuda a quem queira escapar ao protesto.
O mapa é interativo. Para o utilizar, clique no botão “Começar”. De seguida, carregue nas setas laterais para avançar ou retroceder no mapa que mostra os pontos principais da manifestação. Também é possível saltar diretamente para algum dos pontos indicados no mapa, ao clicar sobre os marcadores. Na parte superior do mapa, encontram-se as funções “Vista geral do mapa” e “Voltar ao início”.
O trajeto dos taxistas em Lisboa é o seguinte: Parque das Nações – Av. D. João II, Av. João Pinto Ribeiro (Moscavide), Praça José Queiroz, em direção à Av. de Berlim, passagem pelo Aeroporto de Lisboa e Rotunda do Relógio, Av.ª Almirante Gago Coutinho, Av.ª Estados Unidos da América, Entrecampos, Av.ª das Forças Armadas (IMT), Av.ª 5 de Outubro, Av.ª da República, Saldanha, Praça Marquês do Pombal, Avenida da Liberdade, Restauradores, Rossio, Rua do Ouro, Avenida 24 de Julho, Avenida Dom Carlos I – Assembleia da República.
A PSP aconselha os cidadãos a “utilização preferencial de transportes públicos para deslocações na cidade de Lisboa” e avisa que poderão igualmente ser afetadas zonas da cidade adjacentes às ruas do trajeto. Há uma recomendação especial para os passageiros do Aeroporto de Lisboa, a quem a PSP recomenda o uso do metro como meio de transporte, tanto para as partidas, como para as chegadas.
Durante os condicionamentos a PSP não prevê medidas extra de segurança, mas terá agentes a desviar o trânsito e a informar das alternativas aos condutores. A polícia de Lisboa deixa ainda os números de telefone que devem ser usados para reportar situações ou pedir esclarecimentos: 21 765 42 42.
No Porto, os taxistas concentram-se às 8 horas no Castelo do Queijo e iniciam a marcha às 9 horas. Seguem depois pela Via do Infante até à Câmara Municipal do Porto, onde esperam chegar por volta das 11 horas. Em Faro, o ponto de encontro é à mesma hora junto ao Estádio do Algarve e a marcha dos taxistas passa pelo Aeroporto de Faro, terminando em frente à Câmara Municipal.
Não sabe como chegar ao destino de transportes públicos? Temos algumas apps que o podem ajudar
Se não está acostumado a utilizar o metro ou o autocarro, não sabe qual é a paragem mais próxima da sua casa ou desconhece o tempo do trajeto entre dois pontos, o Observador reuniu uma lista de aplicações para o ajudar na missão de evitar a marcha lenta dos taxistas.
Moovit
Disponível para iOS e Android
Preço: gratuito
É a mais conhecida aplicação sobre transportes públicos no mundo. Permite encontrar o melhor itinerário para um determinado trajeto, quer de metro quer de autocarro ou por ambos. A aplicação atualiza em tempo real o tempo previsto de chegada do transporte até a paragem e calcula a duração da deslocação até ao destino final.
Lisboa Move Me
Disponível para iOS e Android
Preço: gratuito
Planeia rotas intermodais, em tempo real, para diferentes meios de transporte na cidade de Lisboa. Basta indicar a localização do utilizador no mapa ou escrever o local e a aplicação indica quais as paragens que se encontram mais próximas da sua posição e quais as próximas viagens para os seus destinos.
IZI Carris
Disponível para Android
Preço: gratuito
A aplicação mostra, em tempo real, os tempos de espera nas paragens da Carris. Para isto, utiliza os mesmos equipamentos GPS instalados em cada veículo que também servem para atualizar os painéis instalados em algumas paragens de autocarro de Lisboa.
Transportes
Disponível para iOS
Preço: gratuito
Permite a consulta de itinerários dos autocarros e elétricos da Carris de Lisboa, além de atualizar os tempos de espera das linhas.
Metro Lisboa
Disponível para iOS
Preço: gratuito
A aplicação permite simular um percurso de metro, com os diferentes horários e tarifários, oferece a ficha técnica de todas as estações, informa se há problemas nas linhas e apresenta as estações mais próximas do utilizador.
Metro LX
Disponível para Android
Preço: 0,99€
Apresenta as mesmas funções da aplicação “Metro Lisboa” para os utilizadores do Android.
PCP vai participar. Ministro não se compromete
O grupo parlamentar do PCP vai participar na marcha lenta dos taxistas, pelas 8h30, avançou Carlos Ramos, presidente da Federação Portuguesa do Táxi (FPT). A novidade surge depois de a FPT e a ANTRAL terem enviado um convite de participação na manifestação aos partidos com assento parlamentar.
Na base do protesto está a “não decisão do Governo”, disse ainda Carlos Ramos, que espoletou “indignação e revolta”. Mas o responsável sublinhou que não vai admitir violência, numa concentração que vai reunir milhares de táxis e milhares de pessoas.
Os taxistas criticam a inação do Governo e o Governo diz que é difícil fazer alguma coisa. O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, admitiu esta quinta-feira que é difícil bloquear o serviço da Uber. Em entrevista à TSF, o responsável declarou: “É difícil dizer que a Uber vai parar” e justificou que o serviço “funciona de forma desmaterializada”. Será criado um grupo de trabalho para estudar o assunto, anunciou o ministro. Conclusões, só perto do final do ano. João Pedro Matos Fernandes pediu ainda “serenidade” na manifestação desta sexta-feira.
Mas “serenidade” é palavra que não rima com esta história. São várias as notícias de carros da Uber danificados e motoristas da Uber com ferimentos. O cenário repetiu-se algumas vezes em Lisboa e outras no Porto. Um dos últimos aconteceu há um mês, quando duas turistas se preparavam para seguir viagem num veículo Uber em frente ao hotel Ipanema Park, no centro do Porto. O carro terá sido apedrejado e o motorista terá recebido tratamento hospitalar. Já houve mesmo um taxista condenado por suspeita de danificar vários veículos que operavam ao serviço da tecnológica Uber.
Mas afinal, como é que isto começou?
A Uber é uma empresa tecnológica, que nasceu nos EUA em 2009. Chegou a Portugal em julho de 2014 e, segundo o responsável, tem dezenas de milhares de clientes a usar a plataforma regularmente. Para usar a Uber, é preciso ter a aplicação num smartphone, que pede depois os dados de um cartão de débito ou crédito através do qual são feitos os pagamentos. Quando o cliente quer usar o serviço, chama um veículo do sítio onde está e, através do serviço de geolocalização, o motorista encontra-se com o cliente. No ano passado, os taxistas interpuseram uma providência cautelar à Uber por considerarem o serviço ilegal mas o processo está longe de ser pacífico.