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O três suspeitos foram detidos na madrugada desta segunda-feira
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O três suspeitos foram detidos na madrugada desta segunda-feira

Getty Images/iStockphoto

O três suspeitos foram detidos na madrugada desta segunda-feira

Getty Images/iStockphoto

Um assalto que acabou mal ou onda de assaltos. De que foi vítima o filho do ex-inspetor morto no Campo Grande?

Ninguém testemunhou o crime, além da vítima mortal e do autor ou autores do homicídio. Pedro Fonseca foi alvo de um crime premeditado ou estava no local errado à hora errada?

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Pedro Fonseca jantou com os pais em casa, para depois se encontrar com os amigos. Era fim de semana: noite de sábado, 28 de dezembro. Os amigos esperavam perto do restaurante 100 Montaditos, no Campo Grande, mas o jovem de 24 anos nunca chegou a encontrar-se com eles. 

Veio de autocarro da Pontinha, onde morava com os pais e onde tinha estado a jantar com eles. Por volta das 23h00 chegou à paragem Campo Grande. Passava junto ao Museu de Lisboa, quando terá sido abordado por três outros jovens, mais novos que ele, que o ameaçaram e exigiram que entregasse todos os bens que trazia consigo. Se tentou resistir ou não ao assalto, só os alegados autores do homicídio poderão contar: ninguém testemunhou o crime, além deles e da vítima. Nem os amigos — que continuavam à espera do jovem, no restaurante 100 Montaditos. Certo é que Pedro Fonseca acabaria por ser esfaqueado mortalmente. Segundo a versão dos assaltantes, Pedro terá ido contra o punhal enquanto se tentava defender.  Ficou caído junto a uma passadeira. 

O relato foi contado ao Observador por fonte familiar, que nega que Pedro Fonseca tivesse estado a jantar no McDonalds naquela noite ou que tivesse sido abordado pelos assaltantes quando se dirigia para o seu carro — como chegou a ser avançado inicialmente. O que aconteceu entre a paragem do Campo Grande e a passadeira junto ao Museu de Lisboa é ainda, em parte, uma incógnita — mas que começa a ser desvendada.

A Polícia Judiciária está a investigar o crime e já deteve os três suspeitos

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Nove dias depois do crime, a Polícia Judiciária (PJ) anunciou a detenção de três suspeitos pela prática de crimes de homicídio qualificado e de roubo. A investigação ainda está em curso. Os motivos para matar aquele jovem de 24 anos — se os há — ainda estão por descobrir. Pedro Fonseca foi alvo de um crime premeditado ou estava no local errado à hora errada?

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“Fazer um funeral a um filho é um ato contra a natureza da vida”

Os suspeitos fugiram e o jovem estudante ficou caído no chão. O alerta chegou à Polícia de Segurança Pública (PSP) pouco depois das 23h00: um jovem tinha sido encontrado, gravemente ferido, na zona do Campo Grande. Apesar do socorro prestado, Pedro Fonseca não resistiu aos ferimentos. O óbito foi declarado no local.

Pedro Fonseca tinha 24 anos e era finalista no curso de Engenharia Informática na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Ia entrar no mercado de trabalho em breve. Logo no dia após o homicídio, ficou a saber-se que a vítima era filho de um antigo inspetor-chefe da PJ, aposentado há seis anos depois de ter prestado serviço no Departamento de Investigação Criminal de Aveiro.

Logo no dia após o homicídio, ficou a saber-se que a vítima era filha de um antigo inspetor-chefe da PJ, aposentado há seis anos depois de ter prestado serviço no Departamento de Investigação Criminal de Aveiro.

O inspetor escreveu esta segunda-feira uma carta, que partilhou nas redes sociais. “No dia de ontem, depois de uma noite muito mal conseguida, com um grande intervalo pelo meio, que a TV ajuda a preencher, às 8h25 estava junto ao mar a sentir a brisa fresca e reconfortante”, começa por escrever, para depois continuar: “Ao observar as ondas que parecem lutar contra o areal, para conseguir dominar a terra e os jovens surfistas que naquele vai e vem andam numa luta constante, questionei-me. Se um daqueles jovens sofre um acidente mortal, como será a dor do pai? Será como a minha?“, continua.

Deixando uma mensagem de agradecimento a todos os que o apoiaram nestes dias, o pai de Pedro rematou dizendo que “fazer um funeral a um filho é um ato contra a natureza da vida e muito menos nestas circunstâncias”.

Ao nono dia de fuga, a PJ deteve os suspeitos e encontrou uma arma e mais de 50 doses de cocaína

As imagens das câmaras de videovigilância da estação de metro do Areeiro terão sido uma peça importante para identificar os suspeitos que por lá terão passado. Não foi a única, mas permitiu, pelo menos, encurtar o caminho dos inspetores da PJ até aos alegados autores do crime, noticia a TVI24. Esta segunda-feira, logo pela madrugada, os investigadores conseguiram pôr fim a uma fuga que durava há nove dias.

Durante as buscas, realizadas nas casas dos suspeitos no concelho de Sintra, foi encontrada uma arma branca de “elevadas dimensões”, como a PJ descreve, num segundo comunicado emitido sobre este caso. Será a arma do crime. Aquela que terá provocado os “dois golpes” mortais à vítima. “Na sequência das diligências hoje [segunda-feira] realizadas, a PJ apreendeu elementos de natureza probatória demonstrativos da prática dos crimes, neles se incluindo a arma utilizada nos factos delituosos”, diz o comunicado.

A operação da PJ que levou à detenção dos suspeitos foi realizada na madrugada desta segunda-feira

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Além da arma, foram ainda encontradas e apreendidas mais de “cinquenta doses individuais” de cocaína que estavam na posse dos suspeitos. A elevada quantidade de droga pode indiciar também que possam existir crimes de tráfico envolvidos. Estas provas juntam-se a outras recolhidas logo no dia do homicídio: roupas e provas científicas recolhidas no local do homicídio.

A PJ conseguiu assim recuperar a suposta arma do crime e localizar os três suspeitos. Dois deles são menores, um com 16 e outro com 17 anos. O terceiro tem 20, revelou este órgão de investigação em comunicado. De acordo com o Correio da Manhã, todos eles residem em Monte Abraão, em Queluz, e não opuseram resistência no momento da detenção, tendo mesmo confessado o envolvimento no crime.

Suspeitos já estavam referenciados. Tinham assaltado outro estudante horas antes do homicídio

Apesar de não terem registo criminal, segundo o mesmo jornal, os três suspeitos já estavam referenciados por alguns assaltos. Nomeadamente, na zona da Cidade Universitária, em Lisboa — exatamente na mesma área onde Pedro Fonseca foi assassinado. Na verdade, além das imagens de videovigilância da estação do Areeiro, houve outros dados recolhidos pelos inspetores que lhes permitiram chegar aos suspeitos: testemunhos fornecidos por pessoas que tinham sido assaltadas na mesma zona, pouco antes do crime.

Um segundo assalto, anterior ao homicídio, acabou mesmo por ser confirmado pela PJ, no segundo comunicado emitido esta segunda-feira. “Os detidos são, também, suspeitos da prática de um crime de roubo, cometido cerca de duas horas antes, na mesma área geográfica, vitimando um estudante que passava no local“, lê-se.

Os detidos são, também, suspeitos da prática de um crime de roubo, cometido cerca de duas horas antes, na mesma área geográfica, vitimando um estudante que passava no local.
Comunicado da Polícia Judiciária

Esta confirmação poderá afastar a hipótese de o estudante ter sido vítima de um assalto que correu mal, ou que este homicídio tenha sido um caso isolado. Pelo contrário, parece reforçar a tese de que os autores do crime se dedicavam a este tipo de assaltos. Até porque a PJ adiantou, em comunicado, que, com a investigação ainda em curso, um dos objetivos será “esclarecer o eventual envolvimento dos suspeitos noutros crimes patrimoniais violentos”.

Os detidos serão presentes a tribunal já esta terça-feira, para aplicação das medidas de coação consideradas adequadas. Daquele que é o primeiro interrogatório judicial, poderão sair mais detalhes de um crime que está a preocupar a comunidade universitária, mas que os alunos interpretam como um “culminar de várias incidências”.

Em dezembro houve 30 assaltos no Campo Grande. Estudantes estão preocupados

Foi pelo menos o que escreveram 12 associações de estudantes num comunicado conjunto onde chamam a atenção para a atividade criminosa na zona da Cidade Universitária: casos de “prostituição, assédio, assaltos armados, furtos a carros ou tráfico de droga”. Numa reunião recente entre a PSP e as associações de estudantes, esta força de segurança adiantou que, no mês de dezembro, foram registados 30 assaltos na zona da Cidade Universitária, disse ao Observador fonte de uma das associações. Um número que aumentou nos últimos dois meses do ano passado.

Em comunicado, os estudantes pedem um “maior investimento no policiamento das faculdades”: “Apesar dos esforços da polícia para impedir a criminalidade nesta zona, é fundamental a alocação de mais agentes”. Mas também um investimento de iluminação: “São muitas as áreas com falta de luz nestas zonas, que geram um clima de insegurança para os estudantes e facilitam ações criminosas”, salientam.

São variados os casos de assaltos que chegam a conhecimento das associações de estudantes. Segundo disse ao Observador fonte de uma das associações, acontecem “maioritariamente em paragens de autocarros”. “Foi-nos relatado recentemente que um grupo de dois jovens andam com uma faca a assaltar estudantes“, disse ainda, detalhando que este grupo será outro que não o dos três alegados autores detidos pela morte de Pedro Fonseca.

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