Existem programas televisivos de desporto que não passam ao lado de ninguém. Aliás, há fenómenos até curiosos de espaços criticados publicamente mas que poucos deixam de ver. Exemplo? Rui Santos e o “Tempo Extra” na SIC Notícias. Para o bem ou para o mal, percebe-se pelas conversas entre candidatos à presidência do Sporting que todos querem saber a sua opinião sobre cada semana de campanha que vai sucedendo. As críticas tendem a ser secundarizadas, os elogios acabam por ser potenciados. E a ideia transmitida pelo comentador sobre a figura de Dias Ferreira, tido como o mais experiente e que melhor conhece os meandros nos bastidores do futebol, não passou ao lado.
Essa tem sido uma das grandes bandeiras do advogado nos últimos dias: a experiência. A isso junta o conhecimento. E ainda acrescenta uma boa dose de paixão. E, num episódio contado ao almoço, recorda uma figura que gostaria de ter do outro lado da barricada. “Agora venho aqui mas durante muitos anos costumava ir ali ao Chagão [na zona de São Sebastião, perto do escritório]. Ali havia sempre os mesmos grupos: eu costumava ir com alguns engenheiros da Engil, depois havia duas mesas que eram de médicos do Hospital Particular, depois uma sala mais escondida ao fundo. E tanto estavam sportinguistas como benfiquistas, lá íamos aproveitando o almoço para nos metermos uns com os outros”, começa por contar. “Na altura era o único ou dos poucos sítios que servia gambas à brás, mas era conhecido sobretudo pelo bacalhau à sexta-feira. Ia lá mesmo muita gente. Uma vez já tinha visto quem estavam nessa sala lá ao fundo e meti-me com eles: estava um benfiquista a puxar por mim, a dizer ‘Eh pá, você é que devia ser presidente do Sporting!’ e eu a brincar respondi-lhe ‘Mais depressa vou para presidente da Comissão Liquidatária do Benfica’. Nisto, levanta-se uma pessoa que estava a almoçar com o Joaquim Oliveira, levanta o dedo e diz a rir: ‘Olhe, para isso conte comigo para vogal!’. Quem era? O Pinto da Costa!”
[Veja o vídeo em que Dias Ferreira responde às perguntas do Observador — e dá uns toques na bola]
Aos 71 anos, Dias Ferreira, que se candidata pela segunda vez às eleições do Sporting depois de ter ficado no terceiro lugar em 2011 com 16,5% de votos, tem uma energia que faz inveja. Mesmo depois de um dia com cerca de 14 horas que ainda não tinha acabado, ainda se deslocou dos estúdios da CMTV para a sede de campanha, na zona do Campo Grande, para a última parte do dia. À entrada reencontra o amigo Pinheiro, com quem tinha estado na tropa em Tavira. “Meu grande amigo, gosto tanto de te ver. E está tudo bem? Já estás melhor daquele problemazito que tiveste? Ainda bem… Mas olha que ainda tens de perder um bocado de barriga”, vai falando, visivelmente emocionado pela surpresa que estava guardada à noite. Mas também ele tinha uma surpresa para contar. “Sabe quem me deu esta gravata com que apareço nos cartazes? Não consegue adivinhar: Ricciardi, quando fiz 60 anos, veja lá. Eu não me esqueci que foi ele que deu, ele também não se esqueceu quando a viu”, acrescenta.
A seguir, o advogado tinha ainda uma intervenção de hora e meia pela frente no podcast Sporting 160. Dias Ferreira não deu grande importância ao primeiro estudo de opinião que saiu e o colocava no quarto lugar com apenas 3% — mas também sabe que, para melhorar o resultado, tanto precisa de ganhar maior expressão no eleitorado mais sénior como está obrigado a chegar aos mais jovens. Foi por isso que, já depois das 22 horas, passou apenas pelo restaurante para ir buscar um prego e disfarçar a fome, e chegou à sede para a parte final da maratona do dia. Um dia com quatro debates na SIC em formato de dez minutos, mais um na CMTV com Rui Jorge Rego e outro que acabou por não acontecer na Sporting TV com José Maria Ricciardi, entre reuniões de trabalho sobre o Sporting e com a sua equipa. Durante 90 minutos, o tema voltava a ser o seu clube de coração e, para isso, há sempre espaço. E tudo num dia marcado por um episódio com o banqueiro.
10h-14h
A Avenida da Liberdade, a reunião “surpresa” e um arroz de coelho
Em condições normais, fora deste período de campanha eleitoral que torna a agenda numa autêntica aventura com grande grau de imprevisibilidade, a vida de José Eugénio Dias Ferreira anda muito em torno da Rua Filipe Folque, onde tem o escritório Dias Ferreira & Associados – Sociedade de Advogados. É ali que começa o seu dia, mas já o encontramos mais tarde na Avenida da Liberdade, onde passa parte da manhã reunido com elementos da sua candidatura. “Estava a ver se conseguia reunir de manhã com uma pessoa, mas por causa dos horários acabou por não dar, por isso aproveito para acabar umas coisas que tinha para fazer e vou ter com outra pessoa”, explica.
O encontro realiza-se numa unidade hoteleira da Avenida da Liberdade, muito próximo do escritório onde tinha estado com o gestor Ricardo da Silva Oliveira, vice-presidente para as áreas de governance e finanças. Curiosamente, são as pastas que, a par da questão dos estatutos, ocupam os dois primeiros pontos do programa intitulado Porta 10-A (o nome foi escolhido pelas dez chaves programáticas nele contidas e numa alusão a um dos míticos elementos do clube que transitaram do antigo para o novo estádio José Alvalade). A dupla, tal como o vice José Braz da Silva, explicara na semana passada, em conferência de imprensa, que a candidatura tinha um crédito de 150 milhões de euros para construir dez academias de futebol de formação em África e um plano para reduzir o passivo e comprar os VMOC (Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis). Mas não se fica por aí.
Desde que entrou na corrida eleitoral, Dias Ferreira tem sido o candidato menos preocupado com a situação financeira do clube e da SAD. Não que esteja tudo bem, longe disso, mas por recusar traçar teorias de caos. Tudo tem como base a conclusão da reestruturação financeira que estava a ser negociada pelo atual Conselho Diretivo ao longo de vários meses e que permitirá, por exemplo, baixar o passivo do clube em cerca de 35% ou recomprar os VMOC para assegurar cerca de 90% do capital social da SAD (pensando, a médio ou longo prazo, na possibilidade de adquirir os restantes 10% para colocar a sociedade 100% nas mãos do clube). Em paralelo, existe ainda a necessidade de fazer o empréstimo obrigacionista a rondar os 30 milhões de euros para pagar o atual, que venceria em maio mas foi empurrado com o acordo da Assembleia Geral de Acionistas para novembro. Poucos minutos depois, chega a surpresa envolta num certo secretismo pelo menos durante 24 horas, altura em que deram uma conferência conjunta: o encontro era com Carlos Vieira, antigo vice no Conselho Diretivo de Bruno de Carvalho, que chegou a anunciar a sua própria candidatura mas acabou por não avançar por estar suspenso.
Durante mais de uma hora, foram dissecadas ideias sobre a questão financeira do Sporting. Dias Ferreira, até antes de haver este cenário de eleições antecipadas pela destituição da antiga Direção em Assembleia Geral a 23 de junho, tinha conhecimento da reestruturação que estava a ser negociada com os bancos (Millennium BCP e Novo Banco). Concordava com ela e até a saudava. No entanto, nada como conferir que aqueles papéis que trazia na mão, alguns dos quais sobre a situação financeira (e outros com alguns prints de blogues afetos aos leões), estavam a bater certo. Que estavam. Sai satisfeito do café (que afinal teve sobretudo águas) e fecha o primeiro capítulo de um dia longo. Dias Ferreira não gostou propriamente da forma como o antigo Conselho Diretivo forçou a continuidade até ser destituído na Assembleia Geral de 23 de junho, mas também sabe dos elogios à reestruturação e à figura do antigo financeiro do clube e da SAD. A hora para almoçar já começa a ser ligeiramente apertada, mas nem por isso deixa de apanhar o táxi para São Sebastião.
Para ser fiel à tradição que tem vindo a manter nos últimos três ou quatro anos, desloca-se ao restaurante do costume na Rua Tomás Ribeiro, perto do escritório. É lá que se encontra com o filho, André Dias Ferreira, que estava no escritório mas entretanto reservara mesa no local. “Gosto muito disto, da comida, da variedade, da simpatia das pessoas”, explica. “E até tenho um daqueles cartões de refeições, que quando chega aos dez dá o 11.º prato”, acrescenta. Acompanha o arroz de coelho com uma imperial e pede apenas para não colocarem coentros por cima. “Não é que não goste, mas tanto coentros como salsa prefiro quando já estão cozinhados”. Ao almoço, entre histórias que tem como poucos pela vivência de quase 40 anos ligado ao desporto, passamos ao de leve pelo Sporting e pela existência de sete candidatos. “Dos outros seis, falei com quase todos, só não falei com um que nem sabia que iria avançar, não me passava pela cabeça que o Rui Jorge Rego, que conheço e foi meu sócio, formasse uma lista. Quando comecei a perceber que não se poderia fazer muito mais e que teríamos mesmo um número anormal de sócios na corrida, tentei perceber se tinha as condições para levar a cabo o meu projeto, vi que sim e avancei. Alguns dizem que parti um pouco tarde mas primeiro tinha de montar a minha equipa. E isso não é só um simples aglomerado de pessoas, é uma equipa com os nomes que queria”, assegura.
15h-19h30
O momento quente com Varandas no debate e mais uma reunião de lista
Por graça, havia quem falasse num “speed dating“. Entre os candidatos, a descrição mais vezes usada era a de “rodízio”. Num modelo com muitas características anglo-saxónicas, a SIC tinha preparado um conjunto de debates de apenas dez minutos entre todos os candidatos. Dos sete, apareceram cinco: Fernando Tavares Pereira dissera antes que não marcaria presença, José Maria Ricciardi avisou no próprio dia que não teria disponibilidade. Dos que se deslocaram até Carnaxide, todos tinham gravata verde, todos acabaram por tirar a gravata devido ao fundo em chroma; Dias Ferreira, o único que não surgiu inicialmente de gravata mas que tinha uma espécie de backup caso fosse necessário, nem chegou a utilizar esse plano B.
“Desculpe, vai ter de estacionar no parque lá de baixo se não se importar. Isto hoje tem mais assessores do que candidatos…”, explicava o segurança. Além do corredor de acesso ao estúdio, onde as pessoas iam circulando de quando em vez a tentar fugir à câmara nos diretos se fosse o caso de não ser entrevistado, havia uma sala com cerca de dez cadeiras onde se poderia ver uma emissão que estava a ser gravada para ser passada na quinta e na sexta-feira. O sorteio tinha sido feito na véspera, Dias Ferreira seria o quarto a entrar. Assim, e já acompanhado também pelo vice para a comunicação e eventos, Luís Loureiro (antigo vogal do Conselho Diretivo de Bruno de Carvalho, que apresentou a demissão durante a crise), além da sua assessoria de imprensa, ficou de pé a ver os primeiros debates. Estreou-se com João Benedito, seguiu-se Rui Jorge Rego e saiu de estúdio.
Ao contrário do que acontecia com os outros candidatos, o advogado ia ter com as pessoas da sua equipa, não para tentar saber o que tinham achado mas mais para dar a sua opinião sobre o que se passara. “Acho que correu bem, apesar de ser curto”, atirou. De quando em vez, e até por conhecer bem a casa, ia sendo cumprimentado por algumas das caras conhecidas da estação, como Clara de Sousa ou Pedro Mourinho. Para trás ficou a saída extemporânea de estúdio durante uma emissão em direto do programa “O Dia Seguinte”, depois de mais uma desavença com Rui Gomes da Silva. Se ficaram marcas, não se notam. E os debates lá se iam sucedendo, sempre com um nervoso miudinho de quem estava lá dentro e de quem via cá fora. Até que surgiu o momento mais quente da série de duelos. “Você diz que é líder mas faz-me lembrar aquele capitão do barco italiano [n.d.r. Francesco Schettino do Costa Concordia] que quando chegou a altura foi o primeiro a ir embora”, apontou Dias Ferreira a Frederico Varandas, naquele que foi o rastilho para alguns minutos de maior fricção.
“Tive mesmo de dizer aquilo, é verdade. São factos, não inventei nada. Diz que é o líder, o líder, o líder mas deixou as suas tropas sozinhas quando desertou para ser o primeiro de todos a rescindir. Abandonou o balneário quando os jogadores ainda nem sequer tinham rescindido porque se queria já posicionar”, explicou ao assessor de imprensa enquanto se encaminhava para o carro após mais de duas horas. Pouco depois teria de estar na Sporting TV, que de carro fica apenas a dois minutos da SIC; no entanto, por haver uma reunião com toda a lista candidata ao Conselho Diretivo, regressa à Avenida da Liberdade mas também aqui com tempo contado porque o debate com Ricciardi era às 20h.
No projeto de Dias Ferreira, há claramente uma prioridade transversal a futebol e modalidades que se chama formação e foi por isso que avançou com o projeto de construção de duas academias mais perto e com melhores acessos em relação ao estádio José Alvalade do que existe hoje em Alcochete. E já se conhecem alguns nomes, como Francisco Marcos, português conhecido como o pai do futebol nos Estados Unidos (esteve em clubes, dirigiu ligas e fundou a United Soccer Leagues) e que terá assento como conselheiro executivo, sendo certo que gostaria de contar na equipa do futebol também com Paulo Futre e Augusto Inácio. No entanto, mesmo tendo ideias concretas sobre a Academia (para melhorar as camadas jovens) e o scouting, há esse grande objetivo de fazer uma transição sem grandes revoluções até conhecer a realidade.
19h30-00h
O choque com Ricciardi, a ida à CMTV e um prego a caminho da sede
Chegados à Sporting TV mais cedo do que Dias Ferreira, não demoramos a perceber que algo de mais delicado está prestes a acontecer. Expliquemos: durante a tarde, havia ainda algumas dúvidas sobre a presença de José Maria Ricciardi nos debates que tinha marcado no canal do clube, mas a confirmação de que estaria no das 20h50 com João Benedito parecia serenar um pouco os ânimos. Algo que não se confirmou – às 19h30 em ponto chegava um email que dava conta da indisponibilidade, devido a compromissos, para estar presente no debate das 20h com Dias Ferreira, tentando assim fazer-se representar pelo candidato a vice que também chegou a ponderar uma candidatura ao Sporting, Zeferino Boal.
“De: José Maria Ricciardi
Para: Sporting TV
Meus caros sportinguistas,
Por motivos de agenda infelizmente não me será possível participar neste debate com o dr. Dias Ferreira.
Como é público, estou no Algarve para encontros com os sócios e, face à impossibilidade de compatibilizar os dois eventos, de certo compreendem que não poderia faltar aos meus compromissos com os sócios sportinguistas.
Por também não querer deixar de honrar os meus compromissos com a Sporting TV e com todos os sócios, faço-me hoje representar neste debate pelo meu vice-presidente Zeferino Boal.
Aproveito para agradecer ao dr. Dias Ferreira pelo fair-play demonstrado.
Saudações leoninas,
José Maria Ricciardi”
A resposta do advogado depois de ter sido lido este comunicado em direto foi contundente. “A minha declaração tem a ver com os sportinguistas. Gostaria de saudar a responsabilidade que a Sporting TV tem mantido nestas eleições, que é uma casa que bem conheço e respeito. Foram estabelecidas regras, já se referiu a algumas, e o que quero dizer não tem muito a ver com o fair-play, porque não tenho nenhum, não aceitei nada a esse respeito. Aceitei as regras que foram acordadas de que a Sporting TV teria a prioridade, pelo que toda a minha agenda, porque também tenho muitos compromissos, está para isso e alguns tenho de recusar e que não queria. Portanto, não tem nada a ver com fair-play, que é aquilo que parece faltar a este meu concorrente nas eleições. A violação das regras tem sido habitual por parte do dr. José Maria Ricciardi porque havia compromissos que as pessoas da Comissão de Gestão não iriam para listas e foram duas. Tem tido um comportamento com outros concorrentes com coisas que me têm chocado; depois disse uma coisa do Rui Patrício que veio desmentir… Isto diz tudo sobre o comportamento, como se fosse o dono disto tudo, mas não é e estou exatamente nesta candidatura para que sejam os sócios de novo os donos disto tudo. Espero que saibam dar a resposta”.
Isto foi apenas o que passou para fora, em pouco mais de cinco minutos em direto. Antes e depois, houve mais para contar. Mal houve essa conversa de que seria Zeferino Boal e não José Maria Ricciardi a marcar presença no debate, Ricardo Oliveira e Francisco Teixeira, responsáveis pela assessoria de comunicação do advogado, que tinham acompanhado Dias Ferreira até aos estúdios, pediram satisfações pela quebra do que tinha sido acordado nas reuniões de Alvalade. Ainda ficou no ar a ideia de que haveria “medo” de ir a debate, mas pediu-se sobretudo que o próprio clube tomasse uma posição. A Comissão de Gestão foi então contactada e houve um pequeno compasso de espera até se conhecer uma decisão, enquanto o advogado tinha essa janela para passar pela maquilhagem. Nisto, em cima das 20h, chegou a Carnaxide Zeferino Boal.
O vice da lista do banqueiro percebeu o clima de mal estar à porta da World Channels, empresa responsável pelo canal do clube, mas seguiu com a sua pasta para o interior das instalações. E acabou mesmo por esperar noutro espaço por Ricciardi, enquanto se decidia o que fazer entre telefonemas. Ficou assim acordado que seria lido o email enviado meia-hora antes do debate e dada a palavra em estúdio a Dias Ferreira para uma declaração, sem que com isso os ânimos sossegassem muito.
Quando saiu do estúdio, o advogado foi à zona de maquilhagem para passar um lenço na cara. Ao perceber que o concorrente estava a chegar para o debate com Benedito, evitou o contacto direto. Ainda houve algumas trocas de palavras mais azedas entre elementos das candidaturas e a recusa num cumprimento, mas tudo serenou pouco depois; já o advogado foi pelo corredor, olhou para dentro da sala de maquilhagem fixando por breves instantes o olhar em Ricciardi e saiu.
À chegada à sala de espera na CMTV, onde passava o encontro da segunda mão do playoff de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões entre PAOK e Benfica, percebia-se o desconforto pelo que se tinha passado e até o encontro com Paulo Futre, o antigo internacional português com quem sempre manteve uma relação especial e de grande proximidade, não foi tão caloroso como seria normal. Rui Jorge Rego já se encontrava também no local, havendo depois espaço para discutir a ausência de José Maria Ricciardi na Sporting TV perante a incredulidade do antigo sócio de escritório e agora concorrente que ainda não sabia o que se tinha passado. O debate no canal foi mais curto do que é normal mas puxou de novo pelo lado mais descontraído do advogado, como se viu quando admitiu não ter tido qualquer receio por ter ido na caixa de segurança com os adeptos para a Luz mas que não gostava muito das “morteiradas”. “Não gosto, nunca gostei nem de foguetes nem de fogo de artifício. A brincar, costumo dizer que, quando estiver morto, se rebentarem uma dessas ‘morteiradas’ ainda me levanto.” Depois, recolocou o foco nos seus adversários. Mais uma vez, não em Rui Jorge Rego mas sim em Frederico Varandas — e em Ricciardi.
À saída dos estúdios da CMTV, está na parte final do dia mas percebe que tem de se preparar fisicamente para o que falta. Enquanto desce as escadas do edifício, encomenda um prego para ele e outro para o filho, “um deles muito bem passado”, e segue para a sede de campanha, no Campo Grande. É lá que, já mais descontraído, recorda que quando jogava futebol era sempre à baliza “e que para isso havia algum jeito”. De resto, no desporto, só andebol, que não seguiu por ser muito rápido mas sem a força de braços para fazer a diferença. “Isto agora é com gravata, sem gravata? Ah, é só falar para o computador… Vamos a isso então”, atira no arranque do Sporting 160. Antigo vice-presidente de João Rocha – aquele que tomava quase como um pai adotivo e que considera ser a figura que melhor simboliza os leões – e Amado de Freitas, e presidente da Mesa da Assembleia Geral com José Eduardo Bettencourt, aquele que chegou a ser o comentador mais “representativo” dos verde e brancos na TV mostra energia para melhorar os 16,5% de 2011 e chegar à presidência. A sua confiança é igual à da sua equipa: “Sempre em crescendo”.
O Observador vai publicar até às eleições do Sporting reportagens com todos os candidatos à presidência do clube.