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Bibi Van Der Velden, escultora, designer de jóias e fundadora do projeto Auverture. Vive em Portugal. Cascais, 23 de Maio de 2022. FILIPE AMORIM/OBSERVADOR
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Além das suas coleções, Bibi van der Velden faz joias por encomenda porque acredita que o pináculo do luxo é ter uma peça pensada e feita para uma pessoa com base numa joia de herança ou algo com valor pessoal que acrescente história à peça. Tudo começa com uma conversa com o cliente e muitas vezes confiam-lhe pedras de peças antigas ou até mesmo as próprias joias e a designer dá-lhes uma nova vida.

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Além das suas coleções, Bibi van der Velden faz joias por encomenda porque acredita que o pináculo do luxo é ter uma peça pensada e feita para uma pessoa com base numa joia de herança ou algo com valor pessoal que acrescente história à peça. Tudo começa com uma conversa com o cliente e muitas vezes confiam-lhe pedras de peças antigas ou até mesmo as próprias joias e a designer dá-lhes uma nova vida.

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

“Vejo a joalharia como um mapa da vida de uma pessoa”. Bibi van der Velden, a joalheira que trocou Amesterdão pela Malveira da Serra

Nasceu em Nova Iorque, viajou pela Austrália, e em 2019 trocou os Países Baixos pela Malveira da Serra, onde a joalheira e a família se instalaram num paraíso entre o mar e a serra.

Bibi van der Velden é uma reconhecida designer de joias e escultora. Em 2019 ela, o marido e companheiro nos negócios Thomas de Haas, e os dois filhos pequenos trocaram Amesterdão pela Malveira da Serra. Transformaram uma casa escondida no meio da vegetação no seu pequeno paraíso e mudaram radicalmente de estilo de vida. A mudança do centro da Europa para este santuário familiar entre o mar e a serra foi atribulada, mas passados quase três anos estão felizes com a sua nova vida.

Ao fundo de uma estrada muito rústica e algumas curvas apertadas surge este refúgio, com Thomas de Haas a receber o Observador com um simpático cumprimento em português. Depois aparece Bibi van der Velden e é justo mencionar também os dois cães da família, verdadeiros anfitriões que mantiveram uma simpática companhia durante toda a visita. As amplas janelas mostram a vegetação envolvente e o mar à vista lá muito ao fundo. Pelas janelas abertas sente-se a brisa da chuva leve que cai ocasionalmente e também se ouvem os pássaros a cantar. Sentamo-nos à conversa com Bibi van der Velden à volta do balcão da sua cozinha. É uma artista plástica e joalheira apaixonada pelas artes, empreendedora e mãe de família. Em Amesterdão fundou a sua marca própria de joias, Bibi van der Velden, e também a plataforma Auverture na mesma área. Ambos os projetos têm escala internacional e neles forma uma equipa com o marido.

Mas como é que Portugal entrou nos planos de vida desta família? É preciso recuar até 2017 e atravessar o globo. Nesse ano Bibi, o marido e os dois filhos, Charlie e Balthazar, partiram em viagem pela Austrália e pela Nova Zelândia e ficaram de tal forma apaixonados pelo estilo de vida descontraído e próximo da Natureza que chegaram a considerar mudar-se para o outro lado do mundo. Mas apenas por breves momentos, porque estar tão longe do resto da família e da base dos seus dois negócios seria impossível. Então começaram a pensar na segunda melhor hipótese e Portugal apresentou-se como a melhor escolha. Embora nenhum dos dois conhecesse muito bem o país, rapidamente se deixaram conquistar.

Contudo, quando regressaram da Austrália para Amesterdão os planos de mudança de vida foram postos em espera por um motivo de força muito maior. A filha Charlie, na altura com cinco anos, foi diagnosticada com uma leucemia. Descobriram que o melhor local para ser tratada estava ali mesmo, nos Países Baixos e seguiram-se dois anos de tratamentos. “Portugal tornou-se um projeto no qual estávamos a trabalhar para assim que ela ficasse melhor. Pensámos que não queríamos pôr os nossos sonhos em espera”. Ao fim de um duro primeiro mês de tratamentos, Bibi achou que podia tirar uns dias para si. A filha ficou acompanhada pelo resto da família e a designer rumou a Portugal. “Descobri esta casa por acaso, quando visitava uns amigos que viviam também aqui na Malveira, estávamos a caminhar no topo da montanha e vi a casa lá em baixo. Percebi que não estava a ser habitada, era uma grande selva, mas apaixonei-me verdadeiramente”. Conta que começaram a procurar quem eram os donos e descobriram que a casa pertencera a um casal que não tinha filhos e, depois de morrer, deixou-a a uma fundação da qual faziam parte. “Tivemos de provar à fundação que merecíamos esta casa. Por essa altura houve também nos Países Baixos quem quisesse comprar a nossa casa, mesmo não estando à venda.” Entretanto, pela Malveira, apareceu um outro casal, também neerlandês, interessado em comprar a mesma casa, mas no final nasceu uma amizade entre todos e Bibi e Thomas ficaram com a propriedade.

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Bibi Van Der Velden, escultora, designer de jóias e fundadora do projeto Auverture. Vive em Portugal. Cascais, 23 de Maio de 2022. FILIPE AMORIM/OBSERVADOR
Bibi van der Velden à beira da piscina, na sua casa na Malveira da Serra.
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Bibi Van Der Velden, escultora, designer de jóias e fundadora do projeto Auverture. Vive em Portugal. Cascais, 23 de Maio de 2022. FILIPE AMORIM/OBSERVADOR
A casa esteve desabitada durante muito tempo. Depois de um processo de renovação, é a nova casa desta família.
FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

A designer concorda que os astros se estavam a alinhar para concretizarem a mudança de vida que ambicionavam. “A Charlie acabou os tratamentos em maio de 2019 e em agosto mudámo-nos para Portugal.” Quando se mudaram, a casa estava em obras e estiveram algum tempo a viver numa outra morada alugada ali perto. Quando a Covid-19 apareceu em força, Bibi foi um dos primeiros casos de infeção, depois de uma passagem pela semana da moda de Paris (que decorreu entre 24 de fevereiro e 3 de março de 2020). Seguiu-se a fase de confinamento, já no novo endereço. “Graças a Deus!” suspira Bibi, recordando como tinham a casa cheia de caixotes e exploraram a zona de uma forma que em outra situação não o teriam feito. “Não podemos dizer que abraçámos a Covid, mas tirámos o maior partido possível.”

Conversadora e carismática, Bibi van der Velden desliza entre a cozinha e o atelier, no que poderia ser uma visita guiada pelas assoalhadas, recheadas de peças com histórias para contar e também recantos de conforto, entre o design contemporâneo e o lado prático de uma casa habitada por uma família. Entre acessórios espalhados pela casa,  objetos pendurados nas paredes e muitas fotografias do clã, há um ecletismo harmonioso no qual é fácil perder o olhar. Lá fora um jardim, uma piscina e uma infinidade de boas sugestões para desfrutar ao ar livre. O projeto de renovação desta casa não passou despercebido e tanto o jornal britânico The Times como a Vogue neerlandesa já quiseram fotografar o espaço e saber a história de mudança de vida que envolveu.

Os mais pequenos da família, Charlie e Balthazar (agora com 10 e sete anos), adoram a vida que têm agora e, em relação à sua educação, Bibi defende que as melhores escolas internacionais da Europa estão em Portugal. “Ela sofreu tanta dor desnecessária”, descreve sobre a experiência vivida por Charlie, que levou os pais a criarem a Fundação Charlie Braveheart, que se foca em criar experiências hospitalares sem trauma e sem stress para as crianças em várias áreas. “Nós promovemos a reeducação de médicos, enfermeiros e pessoal do hospital sobre como abordar uma criança, como ganhar a confiança, o que dizer e não dizer.” Por enquanto a fundação tem presença nos Países Baixos, Bélgica e Suíça e, eventualmente, estará também em Portugal.

Bibi van der Velden nasceu em Nova Iorque, mas mais tarde os pais mudaram-se para Inglaterra onde, conta, vivia em contacto com a Natureza, dedicava-se a construir coisas e vivia imersa no seu mundo de fantasia. “A minha mãe era escultora e eu estava sempre a trabalhar no seu estúdio e foi muito claro para mim que esse seria o meu percurso de vida.” E assim foi. Partiu para Florença, onde estudou escultura numa escola clássica e foi também por esta altura que começou a fazer experiências com joalharia e a acumular elementos. “A dada altura decidi que tinha de fazer alguma coisas com estas coleções senão elas iam apenas acumular-se. Comecei a fazer joias, mas ficava muito frustrada com as minhas limitações.”

Seguiu-se Amesterdão, onde continuou a estudar escultura e foi aqui que se começou a dedicar a sério à ourivesaria. Uma arte que andou a aprender à noite com os mestres da aldeia de Schoonhoven, o local de onde são originários muitos artesãos da arte de trabalhar o ouro e a prata. “Para mim esculpir é algo muito físico e conceptual, enquanto a joalharia é mais meditativa e técnica”. Depois de acabar o curso fez desfiles de moda onde combinava a escultura e a joalharia e explorou diferentes técnicas. Conta que fez esculturas com vidro a envolverem o corpo e também trabalhou com um taxidermista para criar peças com pássaros, penas e ovos de avestruz. Foi nesta altura, em 2005, que a sua marca em nome próprio ganhou asas, a Bibi van der Velden. Desde cedo foi muito claro para Bibi que era na direção da alta joalharia que queria seguir. O primeiro espaço onde vendeu foi no Dover Street Market, em Londres, e o seu foco foi desde cedo este tipo de concept store. “Eu sempre tive consciência de que aquilo que fazia se destinava a um público internacional”. Os Estados Unidos da América definiram-se rapidamente como o seu melhor mercado e ainda hoje o são, seguidos pela Europa, onde destaca Londres.

Sempre tentou separar a escultura da joalharia, mas hoje vê muitos paralelos entre ambas. “De uma perspetiva intelectual, a escultura sempre me preencheu mais”, confessa. E diz que se não esculpir durante algum tempo isso terá um efeito físico sobre si, contudo a joalharia é o seu negócio principal. Por isso o ideal é ter ambas as artes na sua vida, como acontece atualmente: “a joalharia que faço hoje é como escultura em miniatura”. Para criar uma coleção de joias, a sua atividade de colecionismo é o ponto de partida: “Eu vejo-me como uma colecionadora. De ideias, de pensamentos, de coisas que encontro… para mim uma coleção é a resposta à anterior. Vejo-as como um processo orgânico que passa de uma história para a seguinte. Gosto de me sentir imersa nos temas, através da literatura, da música, dos locais que se visita, está tudo ligado.” Depois mergulha nos cadernos e desenha, dá forma a uma série de  ideias e mais tarde decide em que peças se vai focar, de forma a criar uma coleção com diferentes elementos.

Bibi Van Der Velden, escultora, designer de jóias e fundadora do projeto Auverture. Vive em Portugal. Cascais, 23 de Maio de 2022. FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Bibi van der Velden, a trabalhar à mesa da sua sala. Na parede uma série de referências e fontes de inspiração.

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Além das suas coleções, Bibi van der Velden faz joias por encomenda porque acredita que o pináculo do luxo é ter uma peça pensada e feita para uma pessoa com base numa joia de herança ou algo com valor pessoal que acrescente história à peça. Tudo começa com uma conversa com o cliente e muitas vezes confiam-lhe pedras de peças antigas ou até mesmo as próprias joias e a designer dá-lhes uma nova vida. “É muito íntimo. Tenho clientes que se tornaram amigas ao longo dos anos, porque me envolvi muito na vida delas. É uma das coisas de que mais gosto nas peças por encomenda, ao contar as histórias das pessoas, ficar incluída nelas e entrar nos guarda-joias destas pessoas…” Mas acrescenta: “Acho que o meu ponto forte é ver e sentir estes elementos diferentes e uni-los numa peça. Uma joia não deve ter muitos elementos, deve ser uma peça bonita e homogénea.”

Tem clientes com quem trabalha desde o início da marca, há 16 anos. “Para muitas pessoas é uma forma muito bonita de materializar um momento ou uma emoção, em joalharia.” O tempo dedicado a cada uma destas peças varia muito. “Há muito amor, mas também é muito desafiador, temos de considerar os pedidos das pessoas, o seu visual, o seu estilo,” descreve Bibi. “Eu diria que 99% das vezes tenho uma ideia muito rapidamente”, depois seguem-se alguns desenhos e, se o cliente gostar, passam aos desenhos técnicos e depois aos moldes em cera esculpida, uma vez que não é usada a modulação por computador ou impressão tridimensional, à exceção de casos muito pontuais.

As marcas Bibi van der Velden e Auverture têm morada num atelier em Amesterdão, onde trabalham cerca de 25 pessoas. Bibi e o marido, Thomas, passam lá uma semana por mês, alternadamente. A distância trouxe os seus desafios, mas também permitiu à designer dedicar-se mais à parte criativa do seu trabalho. A produção é feita em Banguecoque, desde o início da marca, há 17 anos, cidade que Bibi descreve como uma meca de joalharia na Ásia. “No papel conseguimos ter uma ideia de como a peça vai ficar a 70%, no molde em cera podemos ter uma ideia a 95% e é nos acabamentos que se consegue o toque de magia”, explica.

Ao visitar as coleções de Bibi van der Velden percebe-se que a Natureza é um tema chave e os animais são uma inspiração recorrente. Durante a conversa a designer lamenta não ter mais joias em casa para mostrar, mas confessa que está a tentar manter a casa livre de joalharia o mais possível. Contudo saltou de uma caixa uma pulseira composta por uma fila de pequenos escaravelhos esculpidos e adornados com verdadeiras asas de escaravelho, numa mistura de azul e verde com efeito metalizado. Explica que as cabeças estão adornadas com pavé de diamantes e os corpos foram esculpidos em cera, trabalhados em prata e depois, as asas foram trabalhadas por uma pessoa especializada nesta técnica.

Mas há mais referências a animais. Bibi colabora com um taxidermista na Holanda que só trabalha com animais que morreram de causas naturais —  mostra um dos anéis que está a usar, em forma de uma cabeça de crocodilo que dá a volta ao seu dedo mindinho, para explicar que se trata de osso de mamute com oito mil anos, mas apenas descoberto há 14. “É uma consequência do aquecimento global”, diz, “estavam congelados e agora estão a aparecer”. Teve de aprender como trabalhar e cuidar este material, ou seja, foi preciso deixá-lo secar e é necessária a aplicação de uma cera especial para a sua manutenção. “É como uma história da evolução que levamos connosco e acho que é uma história super romântica”. Para a designer, o facto de trabalhar desde cedo sobre as peças que colecionava, e também uma forma de reciclagem.

Bibi Van Der Velden, escultora, designer de jóias e fundadora do projeto Auverture. Vive em Portugal. Cascais, 23 de Maio de 2022. FILIPE AMORIM/OBSERVADOR Bibi Van Der Velden, escultora, designer de jóias e fundadora do projeto Auverture. Vive em Portugal. Cascais, 23 de Maio de 2022. FILIPE AMORIM/OBSERVADOR Bibi Van Der Velden, escultora, designer de jóias e fundadora do projeto Auverture. Vive em Portugal. Cascais, 23 de Maio de 2022. FILIPE AMORIM/OBSERVADOR Bibi Van Der Velden, escultora, designer de jóias e fundadora do projeto Auverture. Vive em Portugal. Cascais, 23 de Maio de 2022. FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

A designer de joias no seu atelier de frente para um ampla vista que acaba no mar. Pormenores de algumas joias e um dos seus cadernos de desenho.

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Em 2015, embora estivesse a trabalhar com algumas das plataformas de venda online de moda de luxo mais conhecidas (como por exemplo Moda Operandi ou Matches Fashion), sentia que não havia nenhuma realmente focada em alta joalharia ou em designers independentes. Descreve o sentimento como uma certa desilusão e foi isso que a empurrou para a criação de um novo projeto: a Auverture, uma plataforma que reúne designers independentes, criadores de alta joalharia que trabalham com novos materiais e partilham, por exemplo, a preocupação com a sustentabilidade ou o facto de serem contra um mercado massificado de joalharia. Para Bibi a exclusividade é essencial numa experiência de luxo. “Especialmente a joalharia, que é tão cara por causa dos materiais que usamos. Vejo a joalharia como um mapa da vida de uma pessoa. Quando te casaste, quando tiveste o primeiro filho, as peças que herdaste, o primeiro ordenado do primeiro trabalho com o qual compraste uma peça e que tem a ver com empoderamento. Tudo conta uma história.”

Ao longo de muitos anos na indústria da joalharia conheceu muitas pessoas que trabalham na área com perspetivas muito próprias. A fundadora escolhe todos os criadores e respetivas peças a incorporar na Auverture e diz que vê o projeto mais como um coletivo do que como uma plataforma. São mais de 80 designers de todo o mundo, mas Bibi diz que parece que são da mesma família: “Há uma ligação emocional, mais do que uma ligação estética.” E enumera alguns dos nomes, como por exemplo o brasileiro Fernando Jorge (cujas joias já foram usadas por Michelle Obama e Beyoncé) ou Delfina Delettrez, membro da família Fendi. Ao construir esta comunidade está também a defender duas das suas preocupações: a cópia e a manutenção de técnicas antigas, porque explica que como os membros são criativos muito fiéis a si próprios, há muito espaço para partilha.

Recentemente, há cerca de oito meses, Bibi levou para a Auverture a sua paixão por colecionar joias antigas e nasceu uma nova área no projeto dedicada à alta joalharia vintage. Peças de marcas bem conhecidas, como Cartier, Bulgari, Boucheron, bem como de designers icónicos vêm de todo o mundo. Bibi conta que está a ser um sucesso. Para alguém tão apaixonado pela arte da joalharia, as joias devem ser usadas e não estar fechadas em caixas durante décadas. Diz que não gosta de clichés, toda a sua vida profissional tentou fugir deles, e que este grupo de designers conta com pessoas que estão a fazer experiências, a divertir-se e a quebrar barreiras. “Quando tens algo que é esculpido, ou artístico, é divertido, tem sentido de humor e pode ser combinado com as pulseiras africanas de plástico [como as que ela própria estava a usar], é aí que se torna real para mim.”

Volvidos quase três anos em Portugal, haverá alguma coisa de Amesterdão de que Bibi realmente sinta falta aqui? Pára para pensar e a resposta mais instintiva é a família. Mas também sente falta de fazer tudo de bicicleta. Em Amesterdão “nunca se entra num carro”, tinha uma bicicleta para os miúdos, para as compras. Onde vive agora, precisa do carro para tudo. Mas há ainda um outro elemento que lhe faz sentir saudades. Ri-se e confessa que é um pormenor: são as flores — confessa que nos Países Baixos gastava entre 50 a 80 euros por semana em flores no mercado. Aqui, além de não ter tanta variedade, os preços são muito mais elevados. “As pessoas pensam ‘flores, quem quer saber?’, mas quando se cresce com elas é assim”. Acrescenta ainda que, do ponto de vista da criatividade, as flores permitem-lhe mudar a casa todas as semanas, por isso pôs mãos à obra e já tratou de plantar uma série delas no seu vasto jardim.

Bibi van der Venden diz que mesmo durante a pandemia continuou a viajar muito e hoje não quer voltar a essa forma de vida, optando por um equilíbrio entre os seus negócios e também o seu jardim e a horta. “Portugal para nós, à parte de adorarmos o estilo de vida, as pessoas, a comida, a temperatura, a Natureza, é também o nosso novo começo.”

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