Explicador
Ao fim de 15 anos a TAP foi privatizada. E agora?
- Qual é o valor da venda da TAP?
- Depois de escolhido o vencedor qual é o próximo passo?
- O que vai acontecer na TAP até ao negócio ser concretizado?
- Quando ficará fechada a venda da TAP?
- Os socialistas ainda podem travar a venda se chegarem ao poder?
- Mas a venda da TAP é já irreversível?
- Quem vai mandar na TAP quando entrar o novo acionista?
- A TAP vai deixar de ser uma empresa portuguesa?
- O Estado irá vender os 34% com que fica na TAP?
- O que vai mudar na operação da TAP?
Qual é o valor da venda da TAP?
É uma pergunta que tem várias respostas e muitos milhões separam cada uma das possíveis respostas.
Começando pelo vendedor. O Estado vende 61% do capital da TAP por dez milhões de euros. Pelo mesmo valor (por ação), o comprador poderá comprar os 34% que ficam em mãos públicas nos próximos dois anos, o que representa mais seis milhões de euros. As contas excluem os 5% do capital que podem ser comprados pelos trabalhadores, mas que os privados terão de adquirir se não forem totalmente colocados.
O vencedor da privatização propõe, contudo, um bónus que permite melhorar o negócio para o Estado, elevando o encaixe total até 140 milhões de euros. Mas a concretização desta receita depende de vários ses: a TAP tem de apresentar uma margem operacional (EBITDAR) superior a 250 milhões de euros em 2015 e uma parte do capital terá de ser colocada na bolsa num prazo de quatro anos.
O encaixe do Estado que já está assegurado são 16 milhões de euros por 100% do capital. É pouco?
A TAP tem ainda uma dívida de 1.060 milhões de euros (dados de 2014) que é assumida pelo comprador.
O Governo lembra ainda que a companhia tem capital próprio negativo de mais de 500 milhões de euros. Este é o buraco nas contas que coloca a empresa em falência técnica e justifica as avaliações negativas feitas pelos consultores do Estado. A TAP foi avaliada num intervalo entre os 274 milhões e os 512 milhões de euros negativos. É aqui que entra o outro lado do negócio.
O Governo sempre disse que o principal objetivo desta privatização não era o encaixe do Estado, mas sim a recapitalização da TAP. Os acionistas privados têm de fazer aquilo que o acionista público está impedido de fazer, por regras europeias, pelo menos sem um custo elevado: meter dinheiro na empresa.
A dupla David Neeleman e Humberto Pedrosa prometeram investir 338 milhões de euros na TAP em capital, prestações suplementares ou outros ativos que valem como capital, incluindo aviões. A primeira tranche de 269 milhões de euros terá de ser entregue logo após o fecho do negócio. O resto será pago ao longo de um ano em quatro prestações trimestrais de 17 milhões de euros. Ainda assim, a empresa permanece em situação líquida negativa. Só mais capital ou resultados muito bons podem reverter este quadro.
Por isso, o governo diz que a oferta pela TAP varia entre os 354 milhões e os 488 milhões de euros. O que explica a diferença é o encaixe para o Estado que pode variar entre os 16 milhões e os 140 milhões de euros.