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O que é a ansiedade social?

“É uma condição psicológica caracterizada por um medo intenso e persistente de ser julgado, humilhado ou rejeitado em situações sociais”, explica a psicóloga clínica e psicoterapeuta Catarina Lucas.

Quem sofre deste problema tem medo de estar exposto ao olhar dos outros, de falar com pessoas fora do círculo mais próximo, de conhecer pessoas novas, ir a uma festa ou até fazer coisas simples, como comer em frente aos outros.

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Como se distingue da timidez ou insegurança ocasional?

A ansiedade social é persistente e tem grande impacto na vida e no bem-estar da pessoa.

Distingue-se do nervosismo ocasional em situações importantes ou mesmo de uma personalidade mais tímida pela intensidade dos sintomas — que, embora possam variar, são mais fortes do que os dos introvertidos, reservados ou tímidos.

Há três critérios essenciais na classificação destes sintomas:

  • Intensidade e duração. Enquanto a timidez ou o nervosismo são temporários e relacionados com o contexto, a ansiedade social é persistente e pode surgir até por antecipação — antes de um evento social, por exemplo;
  • Impacto no dia-a-dia. As pessoas com ansiedade social muitas vezes evitam situações sociais importantes, alterando assim a sua vida com base neste medo ou enfrentando-as mas com extremo sofrimento;
  • Reações físicas e emocionais. Suor excessivo, tremores, batimentos cardíacos acelerados e pensamentos de autocrítica são muito mais intensos e incapacitantes para quem sofre de ansiedade social.
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Quais são os principais sinais e sintomas da ansiedade social?

O principal sintoma é o medo intenso de ser julgado, de parecer inadequado ou ser rejeitado. Atrás deste medo surgem comportamentos como “evitar situações sociais, procurando desculpas frequentes para não estar presente, preocupação e ansiedade por antecipação, com pensamentos sobre possíveis falhas e sintomas físicos como suor, tremor, ritmo cardíaco acelerado ou tontura”, diz Catarina Lucas. Há ainda uma autocrítica exagerada: “depois das interações, estas são passadas numa ‘lupa mental’ para aferir os erros”.

Por outro lado, em situações sociais particularmente desafiadoras, como falar em público, a ansiedade social pode desencadear ataques de pânico

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E qual a causa?

“Alguns estudos mostram que há uma componente hereditária: pessoas com familiares ansiosos têm maior probabilidade de desenvolver esta condição”, diz a psicoterapeuta.

No entanto, os fatores ambientais, relacionados com as experiências passadas da pessoa, desempenham um papel importante, nomeadamente, “experiências como bullying, críticas excessivas ou rejeição na infância, estilos parentais sobreprotetores ou negligentes, ou o comportamento dos cuidadores, especialmente se forem ansiosos ou evitarem situações sociais, também pode influenciar.”

Pessoas que vivem em culturas ou ambientes sociais muito críticos estão também mais em risco, por causa das pressões externas que sentem.

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As pessoas com ansiedade social também têm ansiedade noutros contextos?

Toda a gente tem algum nível de ansiedade em vários contextos, mas é possível que uma pessoa com ansiedade social não tenha níveis especialmente elevados de ansiedade noutras situações. “A ansiedade social é específica para situações que envolvem interações sociais ou medo de julgamento. Fora desses contextos, a pessoa pode sentir-se completamente tranquila e funcional”, diz Catarina Lucas.

Ainda assim, a psicóloga clínica reforça também que há uma probabilidade maior de que as pessoas com ansiedade social desenvolvam quadros de ansiedade mais generalizados e tenham um funcionamento geral mais ansioso.

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O que deve fazer uma pessoa com ansiedade social?

Deve procurar ajuda. Casos com sintomas mais graves e incapacitantes podem precisar e beneficiar do uso de medicação, defende a psicóloga Catarina Lucas. Mas, além disso, a psicoterapia ajuda a pessoa a identificar os medos, a verbalizá-los e a mudar a forma de pensar, além de a ajudar “a expor-se gradualmente a situações sociais e a treinar competências sociais que ajudam na comunicação e confiança”.

Algumas técnicas de mindfulness e relaxamento também podem ajudar a controlar a ansiedade no momento.

 

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Quanto tempo, em média, se demora a notar melhorias?

Com psicoterapia, o tempo necessário pode variar, mas em média, Catarina Lucas refere que as pessoas começam a notar melhorias após três a seis meses de terapia.

Há, no entanto, possibilidade de fazer tratamentos mais intensivos em que é possível notar progressos mais rapidamente.