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Qual é o maior objetivo no râguebi?

Marcar ensaio. Consegue-se quando um jogador leva a bola até à área de ensaio, que fica nas extremidades do campo, atrás dos postes, e toca com ela na relva. Não a pode deixar cair nem atirá-la para o chão.

Pontos-Ensaio

Caso não tenha adversários por perto, o jogador pode apenas baixar-se um pouco e pousar a bola na relva. Mas o mais frequente é ver jogadores a mergulharem para o relvado com a bola encostada ao peito ou encaixada no braço. Bryan Habana, o sul-africano que se farta de correr e vai com 10 ensaios marcados em Mundiais, faz isto várias vezes no vídeo em baixo.

Cada equipa começa um encontro com 15 jogadores em campo e o jogo divide-se por duas partes de 40 minutos. Um ensaio vale cinco pontos.

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Um ensaio é a única maneira de marcar pontos?

Não senhor. Sempre que uma equipa marca um ensaio tem direito a um pontapé de conversão, ou seja, a uma tentativa para chutar a bola e fazê-la passar entre os postes da metade do campo do adversário.

Pontos-Pontape-de-Conversao

Este pontapé é executado em qualquer ponto de uma linha perpendicular ao sítio onde foi marcado o ensaio, com a bola parada, na relva. Nem sempre é fácil, sobretudo se o pontapé tiver que ser dado junto à linha lateral. O jogador tem um minuto e meio para dar o pontapé a partir do momento em que o ensaio é marcado. A equipa adversária tem que ter os jogadores na área de ensaio, atrás dos postes. Caso a bola passe entre os postes a equipa tem direito a dois pontos — logo, um ensaio convertido vale sete pontos.

De vez em quando aparecem pontapés como este, de Daniel Carter, médio de abertura com um pé esquerdo sempre afinado com os postes. O neo-zelandês tem, aliás, o recorde de mais pontos marcados em jogos internacionais (1516).

Depois, há mais duas hipóteses de marcar pontos. Uma delas é o pontapé de penalidade, que basicamente é igual a uma conversão, mas que ocorre quando o árbitro assinala uma falta mais grave. Vale três pontos e há quem os tente praticamente de todo o lado (como François Steyn, sul-africano que já acertou um a 66 metros dos postes).

Por último existe o pontapé de ressalto, ou o drop. Acontece durante o jogo, com a bola a correr, quando um jogador a deixa cair na relva, fazendo-a dar um pequeno ressalto antes de a chutar em direção aos postes. Se a bola passar no meio a equipa também recebe três pontos.

Pontos-Pontape-de-Ressalto

Agora imaginem alguém que nunca tinha acertado um pontapé destes e que quase nem os tentava, acertar um, nas meias-finais de um Mundial, a 48 metros dos postes. Aconteceu com o australiano Stephen Larkham, em 1999.

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Como se chega à área de ensaio então?

Aqui começam a entrar as regras. No râguebi não se pode passar a bola para a frente com as mãos: só para trás ou numa linha paralela à linha de ensaio. Passar a bola entre os jogadores, enquanto todos correm e fintam adversários, é a maneira mais comum de chegar à área de ensaio. Mas há mais.

Regra-1

O jogo ao pé também é permitido e os pontapés são a única maneira de dirigir a bola oval para a frente. E há vários à escolha. Um deles, o Up and Under (algo como Para cima e Por Baixo), dá-se quando um jogador pontapeia a bola bem para o alto, de modo a que tenha tempo de correr e apanhá-la mais à frente, ou para que outro jogador da equipa a apanhe.

Regra-2

Nota: quando isto acontece, os jogadores têm de estar atrás de quem chutou a bola, ou então esperam para que o chutador os ultrapasse, para que possam disputar a bola. Caso contrário estão em fora-de-jogo.

Depois há o Grubber Kick, que se vê quando alguém decide chutar a bola rasteira, de modo a que não se afaste da relva e seja apanhada mais à frente.

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Como é um campo de râguebi?

Primeiro, é feito de relva. De comprimento tem sempre entre 94 e 100 metros e de largura pode ir dos 68 aos 70 metros. Em cada extremidade existem dois postes, afastados 5,6 metros um do outro e com uma barra horizontal a uni-los, aos três metros de altura. Atrás dos postes está a área de ensaio, que pode ter entre os 10 e os 22 metros de comprimento.

raguebi_campo

Ao longo do campo há várias linhas marcadas, começando pela que divide o relvado ao meio. Depois, em cada lado do campo, contam-se 22 metros a partir da linha de ensaio. Assim se define a área de 22 metros. Se houvesse uma hierarquia de importância para as zonas do campo, a área de 22m viria logo a seguir à área de ensaio. Porquê? A próxima pergunta explica-o, mas damos já uma pista — no râguebi cada metro conta e os pontapés na bola são a forma mais rápida e eficaz de ganhar (ou perder) terreno.

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Como funcionam os pontapés para colocar a bola fora de campo?

Ora bem, aqui tudo se complica um pouco. Durante um jogo de râguebi, os pontapés na bola não servem apenas para a manter dentro de campo — também funcionam para ganhar terreno caso a bola seja chutada para fora, obrigando a equipa adversária a realizar um alinhamento no sítio onde ela sair de campo.

Mas não é apenas uma questão de chutar a bola para fora.

Se um jogador estiver dentro da área de 22 metros da sua equipa e pontapear a bola diretamente para fora, o adversário tem um alinhamento lateral nesse local. Há exceções: isto não se aplica caso a bola seja passada por um jogador que esteja fora dos 22 metros para que outro, que esteja dentro, a chute para fora. Quando isto acontece, a outra equipa tem um alinhamento paralelo ao sítio onde foi dado o pontapé.

Caso o jogador esteja fora da área de 22 metros e decida chutar, precisa de fazer com que a bola bata dentro de campo antes de sair. Ou seja, é bem mais complicado e requer um pé com a mira afinada, já que apenas assim conseguirá que a equipa adversária tenha um alinhamento onde a bola sair do campo.

Depois, há outra situação em que, aí sim, o pontapé na bola serve mesmo para ganhar terreno. Quando o árbitro assinala uma falta considerada grave, a equipa que a sofre tem duas escolhas — ou tenta um pontapé aos postes (penalidade), ou opta por chutar a bola para fora. Neste caso, é a equipa que chuta que beneficiará do alinhamento no local onde a bola sair de campo.

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O que é isto do alinhamento?

O alinhamento (há quem lhe chame apenas Touch) acontece quando a bola sai do campo e uma equipa a tem de repor em jogo. Aí, cabe a um jogador introduzi-la, lançando-a, por norma, com as duas mãos.

À sua frente, dentro de campo e a uma distância mínima de dois metros, estão duas filas de jogadores, uma de cada equipa. A bola é lançada obrigatoriamente para o meio. A equipa que a introduz tem várias jogadas ensaiadas e o mais frequente é que dois jogadores levantem, com os braços, um terceiro, para que ele conquiste a bola no ar. A partir do momento em que um jogador apanha a bola no alinhamento, o jogo recomeça.

Os restantes jogadores de campo têm de estar a uma distância mínima de 10 metros do local onde o alinhamento é realizado.

Não é obrigatório que haja um alinhamento sempre que a bola sai do campo — os jogadores têm a hipótese de introduzir a bola rapidamente em jogo. Podem fazê-lo caso não haja qualquer jogador adversário já alinhado à sua frente e se tiveram nas mãos a mesma bola que foi chutada para fora. Aí podem fazer um passe normal, desde que a bola percorra uma distância de, pelo menos, cinco metros.

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E uma formação ordenada, o que é?

SYDNEY, AUSTRALIA - AUGUST 08: A general view is seen a scrum packs during The Rugby Championship match between the Australia Wallabies and the New Zealand All Blacks at ANZ Stadium on August 8, 2015 in Sydney, Australia. (Photo by Mark Kolbe/Getty Images)

Os franceses chamam-lhe mêlée e os ingleses scrum. O árbitro assinala uma formação ordenada sempre que há um toque para a frente na bola, um fora-de-jogo ou quando a bola fica presa num ruck (já lá vamos).

A formação ordenada realiza-se no local onde foi assinalada a falta, mas nunca pode acontecer a menos de cinco metros da linha de ensaio ou de uma linha lateral. Cada equipa é obrigada a ter oito jogadores na formação e, embora não seja obrigatório, estes são quase sempre os oito avançados.

É das fases mais complicadas de um jogo de râguebi por vários motivos: implica que oito jogadores se encaixem uns nos outros e nos oito adversários; têm de se aguentar, agachados, sem caírem; e, no meio de tudo isto, têm de empurrar e aplicar grandes quantidades de força para ganharem a bola, que é introduzida no meio da formação ordenada. Cada grupo de oito jogadores organiza-se em três filas. Na primeira estão os dois pilares e o talonador. Depois vêm os dois segundas linhas e os dois asas. Na terceira fila fica o número 8.

O médio de formação é quem introduz a bola, rasteira, para o meio da formação ordenada. Neste momento já os jogadores estão a fazer força e a empurrarem-se. Quando a bola entra na formação, o objetivo é que o talonador de uma das equipas, o único que pode retirar a bola do meio da formação, a alcance com os pés e a mande para trás. Sim, já estamos a falar de posições de jogador, por isso é melhor explicarmos quais são.

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Como são as posições no râguebi?

Uma equipa de 15 divide-se por oito avançados e sete jogadores que pertencem à linha de três quartos (sim, é mesmo assim que se chama).

No pack de avançados existem dois pilares que, por norma, são os jogadores mais pesados da equipa e, muitas vezes, os mais baixos. A posição de talonador é do jogador que introduz a bola nos alinhamentos. Seguem-se dois segundas linhas, habitualmente jogadores bastante altos e que saltam, ou são erguidos no ar, para conquistarem bolas nos alinhamentos. Depois existem dois asas que, a par do número 8, costumam ser posições ocupadas por jogadores mais ágeis, rápidos e com melhor técnica de mãos e de corrida.

Na linha de três quartos há dois médios, o de formação e o de abertura. O primeiro costuma ser o melhor passador da equipa e tem a função de manter a bola jogável, sendo quase sempre ele a ir buscá-la a rucks (calma, está já na pergunta 10) ou a retirá-la das zonas onde houve um alinhamento ou uma formação ordenada. O segundo é uma espécie de pensador de jogo, o responsável por definir as jogadas ou decidir qual será executada. O jogador que ocupa esta posição costuma ser criativo q.b., ter boa técnica de mãos e, de preferência, um grande jogo de pé — por norma é o abertura a bater os pontapés aos postes ou os que procuram os alinhamentos.

De seguida vêm o primeiro centro e o segundo, homens rápidos, com técnica e hábeis nas fintas, trocas de pés e mudanças de direção. Em cada lado do campo está um ponta, posição reservada aos jogadores com maior poder de aceleração e mais velocidade da equipa. A posição que sobra é o de defesa, ou arriêr, que fica mais recuado, atrás da linha de médios e centros. Costuma ser um exímio placador e dono de um afinado jogo ao pé, já que é muitas vezes necessário que recorra aos pontapés para recuperar terreno ou livrar-se da pressão adversária.

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Chegamos à placagem, que também tem regras. Quais são?

No râguebi há uma maneira de parar um jogador — a placagem. É o derradeiro momento de confronto físico na modalidade, o tal em que a força de cada um é testada ao máximo. Há momentos em que o impacto é duro e impressiona, mas há várias regras a ter em conta e não é permitido que se faça muita coisa.

Uma delas é atingir um adversário acima dos ombros. Outra é rasteirá-lo ou utilizar as pernas para o derrubar. Um jogador é considerado placado quando toca com ambos os joelhos no chão. O jogador que placa tem obrigatoriamente que cair com o placado, libertando-o assim que tocam no relvado. Uma vez no chão, o jogador placado tem de largar a bola. Se não o fizer, é falta.

Há centenas de placagens em qualquer jogo de râguebi e, de vez em quando, algumas chegam para arregalar o olho. A que George Gregan fez a Jeff Wilson, em 1994,  praticamente no último minuto da Bredisloe Cup, a taça que se realiza anualmente, a um só jogo, entre a Austrália e a Nova Zelândia.

Depois há outras que impressionam pela dureza do impacto e a quase brutalidade do momento.

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Um jogador placa outro e começa uma molhada, certo? Não, chama-se ruck

Um ruck acontece quando um jogador é placado, cai no relvado e a bola não é jogada rapidamente. Portanto, tem que ser disputada. O objetivo da equipa do jogador placado é não perder a posse de bola, enquanto o da equipa do placador é ganhá-la.

Em suma, um ruck são vários jogadores de cada uma das equipas a empurrarem-se mutuamente, tentando ganhar uma posição de vantagem sobre a bola (que está no chão) para que alguém da sua equipa a retire dali. Parece uma molhada sem sentido, mas há várias regras a cumprir.

Um jogador só pode entrar num ruck vindo desde trás, nunca pode entrar de lado. Não é permitido mergulhar — os jogadores são obrigados a manterem-se de pé se quiserem disputar a bola. O jogador que foi placado não a poder agarrar e os que pertencem à equipa do placador não podem tocar na bola para a puxar para o seu lado — só lhe podem tocar caso tenham ganho posição para a retirarem do ruck.

O objetivo de qualquer jogador é limpar um ruck, ou seja, empurrar os jogadores adversários que lá estejam e, deste modo, conquistar o domínio do ruck e uma posição favorável para jogar a bola.

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E quando um jogador é apanhado, mas não cai?

Se for agarrado e estiver rodeado por jogadores, é provável que se forme um maul. Começa quando há pelo menos três jogadores metidos ao barulho — o que tem a bola, um da sua equipa, que o protege e empurra, e um adversário. Um maul apenas se forma quando o jogador com a bola está de costas para o adversário que o agarra.

Em suma, é um jogo de empurra e contra-forças no qual os jogadores se têm de manter de pé e não podem baixar os braços e ombros para lá do nível da anca. Não é permitido que um jogador derrube intencionalmente um maul. Esta é uma forma eficaz de conquistar metros de terreno com recurso aos avançados — sobretudo quando uma equipa tem um pack consideravelmente mais pesado que o adversário.

A seleção do Japão mostrou como se faz, nos vários jogos de treino que realizou antes deste Mundial.

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A arbitragem é diferente, mas em quê?

Nas principais competições (Mundial, Seis Nações, Quatro Nações, Super 15, Heineken Cup, etc.) e nas provas dos países com maior tradição no râguebi (Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e diferentes países do Reino Unido), ouve-se tudo o que o árbitro diz em campo.

O árbitro está equipado com um microfone, que está ligado às colunas do estádio e à transmissão televisiva. Por isso, todas as decisões que comunica ou conversas que tenha com os jogadores são audíveis para quem assiste ao jogo. E há mais — além dos dois árbitros de linha, existe um video-árbitro.

Este oficial (Television Match Official) permanece num dos camarotes do estádio, no qual tem acesso a várias imagens captadas por câmaras que estão espalhadas pelo estádio. O árbitro principal está autorizado a pedir-lhe que analise as imagens sempre que tem dúvidas em algum lance do jogo. As imagens, que são depois vistas pelo vídeo-árbitro, são transmitidas, em simultâneo, nos ecrãs do estádio. Toda a gente vê tudo.

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O que mais tem o râguebi que outras modalidades não têm?

Várias coisas. Uma é a possibilidade de uma equipa médica entrar em campo sem que seja necessário o árbitro interromper o jogo e dar autorização. Isto, contudo, não é exclusivo ao râguebi — nos basquetebol, por exemplo, também é permitido.

Outra é o cartão amarelo. Sempre que um jogador o vê tem de cumprir 10 minutos de suspensão, fora de campo.

Quando um jogador é alvo de uma pancada na cabeça e tem de ser examinado fora de campo, ou quando sofre um corte que o deixa a sangrar, é permitido que seja substituído temporariamente por outro jogador, para que uma equipa não passe alguns minutos a jogar com menos um.