Publicação no Facebook reproduz uma interação na rede social Twitter, em que se começa por elogiar o facto de o clube da Luz ter conseguido a segunda maior afluência de sócios a irem às urnas na história das eleições do futebol. Um outro utilizador ironiza sobre o facto de o primeiro estar “orgulhoso em ser do Benfica” e lembra que o clube teve quatro presidentes detidos ao longo da sua história. Mas esse dado é enganador porque omite casos que envolveram presidentes (ou ex-presidentes) de outros clubes.

A publicação erra ao sugerir que apenas os presidentes dos encarnados foram detidos, quando se conhecem outros casos no futebol português.

Mas comecemos pelos quatro presidentes mencionados. É verdade, em todos os casos, que houve detenções e até condenações. Mas apenas no caso de Luís Filipe Vieira (em 2021, não no processo de 1993) e de Vale e Azevedo estavam em causa suspeitas de ter sido lesado o Sport Lisboa e Benfica.

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No caso de Manuel Damásio, o antigo dirigente benfiquista foi detido pelo envolvimento no caso “Rota do Atlântico” (assim como outro dirigente benfiquista, José Veiga); enquanto Manuel Vilarinho terá sido detido por coação e resistência à autoridade durante uma operação de trânsito. A detenção de Manuel Vilarinho aconteceu em 2014, muito depois de ter assumido a presidência do clube da Luz (o que aconteceu entre os anos de 2000 e 2003).

Contudo, não é segredo que estes não são os únicos presidentes (ou ex-presidentes) de clubes portugueses detidos pela polícia.

Também o líder do Futebol Clube do Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, chegou a ser detido, no âmbito do processo Apito Dourado, em 2004. O presidente portista tinha sido convocado para comparecer em tribunal no início de dezembro de 2004. À hora em que se esperava que se apresentasse ao Tribunal de Gondomar, o dirigente portista não apareceu e, por isso, foi emitido um mandato de captura em seu nome. No mesmo dia, Pinto da Costa — que se encontraria no estrangeiro à hora para a qual tinha sido convocado — compareceu no tribunal e viu ser-lhe dada ordem de prisão. Mas o caso teve outros contornos: quatro anos mais tarde, a Relação do Porto condenou o Estado ao pagamento de uma indemnização de 20 mil euros ao presidente do FC Porto: o mandado era válido, mas como o líder portista se apresentou voluntariamente em tribunal a detenção tornou-se desnecessária — e ilegal.

Mas houve outros dirigentes desportivos detidos. Nesse mesmo ano de 2004, alguns meses antes do episódio com Pinto da Costa, em abril, Valentim Loureiro, antigo presidente do Boavista (e, à época, presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional e líder da Câmara Municipal de Gondomar) foi um dos 16 responsáveis desportivos portugueses detidos pela Polícia Judiciária no âmbito do processo Apito Dourado. Valentim Loureiro foi condenado.

Há cerca de dez anos, foi notícia a condenação do então presidente da Académica — Organismo Autónomo de Futebol, José Eduardo Simões. Mais recentemente, em 2018, foi detido o presidente do Sporting Clube de Portugal, Bruno de Carvalho, pelo alegado envolvimento no caso do ataque à Academia de Alcochete, do qual se suspeitava ser autor moral. Como aconteceu com outros dirigentes, o antigo presidente do Sporting foi detido quando já não exercia funções no clube de Alvalade – tinha sido destituído em junho e a detenção aconteceu em novembro.

Estes são apenas alguns exemplos que servem para contrariar a ideia defendida pelo post do Facebook, que sugere que apenas presidentes benfiquistas foram detidos pela justiça. Os processos mencionados não são os únicos que serviriam para desmontar essa alegação, mas são alguns dos mais mediáticos casos dos últimos anos.

Conclusão

Não é verdade que apenas os presidentes ou ex-presidentes do Sport Lisboa e Benfica tenham sido detidos, são públicos vários outros casos de dirigentes “apanhados” nas malhas da justiça. Há mais casos de detenções e condenações, e são ainda mais numerosos quando se fala em dirigentes desportivos que foram constituídos arguidos em processos judiciais.

Assim, de acordo com a classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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