Circula nas redes sociais uma fotografia de um panfleto com o logótipo da aplicação “paySimplex” e um código QR, onde se lê: “Pagamento de estacionamento por telemóvel.” De acordo com os utilizadores, trata-se de uma “fraude”: nomeadamente, quando se acede ao código QR, são pedidos os dados do “cartão de crédito e depois tiram dinheiro”. Mas este código QR apenas direciona o utilizador para a plataforma, permitindo-lhe fazer download da aplicação, se assim pretender.
Antes de mais, o que é a paySimplex? É uma empresa portuguesa que entrou no mercado em 2013 e que lançou um sistema que permite fazer pagamentos através do telemóvel ou computador “em qualquer momento e local de consumo”, como “lojas de retalho, restauração, hotéis, parques de estacionamento”, segundo explica a empresa no seu site.
A imagem que se vê na publicação é verdadeira e corresponde a um dos panfletos que foi distribuído no âmbito de uma campanha de divulgação do serviço de pagamento de estacionamento. Mais concretamente, é um dos mais de 20 mil flyers distribuídos na zona de Oeiras, no distrito de Lisboa, no início de junho, segundo detalhou o CEO da empresa, Miguel Santos Garcia, ao Observador.
Questionado sobre as acusações de fraude, o responsável afirma que a acusação não tem fundamento pelo simples facto de “o sistema de pagamento com recurso a cartão de crédito não estar sequer disponível na aplicação”. “Apenas é permitido fazer carregamentos de saldo, com recurso à MB Way, PayPal ou com Referência Multibanco, saldo esse criado por ordem e instrução do utilizador e destinado unicamente a futuros pagamentos de estacionamentos”, explica ainda, afirmando:
Nunca a paySimplex foi alvo de qualquer queixa relacionada com fraude, como a presente, acusação que se refuta perentoriamente, por não ter qualquer fundamento.”
Além disso, depois da ação de marketing, o número de registos na plataforma “aumentou em 50%”, garante a empresa. “Isto é sinónimo [de] que existiram muitas centenas de pessoas a ler o código QR sem que daí adviesse qualquer problema ou reclamação”, afirma Miguel Santos Garcia. Mas este código QR não está apenas nos panfletos que foram distribuídos. Já antes se encontravam “em mais de quatro mil autocolantes colados nos parquímetros das várias cidades e localidades”, onde a empresa atua. “Estes números mais do que provam que não há nem nunca existiu qualquer problema com a leitura do código QR da paySimplex”, reafirma o CEO da empresa.
Teste feito pelo Observador mostra que não são pedidos dados de cartão de crédito ao aceder ao código QR
Ainda assim, o Observador testou o código QR em causa para perceber para onde o utilizador é reencaminhado e se de facto são pedidos os dados do cartão de crédito e é depois retirado dinheiro da conta dos utilizadores, como acusa a publicação que circula no Facebook. Como se pode ver nas imagens abaixo, ao aceder ao código QR, o utilizador apenas é direcionado para a página que possibilita descarregar a aplicação. Não são pedidos quaisquer dados de cartão de crédito, segundo comprovou o Observador.
A empresa explicou ainda que este rumor surgiu depois de uma problema com uma utilizadora, que foi exposto pela filha, blogger e com influência nas redes sociais. Segundo explicou a paySimplex, a utilizadora idosa não sabe ao certo explicar o que fez, mas acabou por aceder a um site “que não o da paySimplex”, garante a empresa — onde se registou e colocou os dados do cartão de crédito. “E de imediato foi cobrado no cartão de crédito a importância de 50 euros [e] a Unicre [instituição financeira de crédito], entretanto contactada pela senhora, irá proceder à sua devolução”, explica o CEO, acrescentando: A paySimplex é uma empresa séria e reconhecida no mercado, presente em várias cidades do país, pelo que exigirá uma retratação pública da autora da publicação, se necessário, com recurso à via judicial.”
Conclusão
Publicação afirma que código QR presente em panfletos da paySimplex é uma fraude para fazer cobranças não autorizadas em cartões de crédito. Mas este código QR apenas direciona o utilizador para a plataforma, permitindo-lhe fazer ou não download da aplicação. O Observador testou o código QR em causa e comprovou que o utilizador apenas é direcionado para a página que possibilita descarregar a aplicação.
Além disso, o responsável da empresa garantiu que “o sistema de pagamento com recurso a cartão de crédito não está sequer disponível na aplicação” e que a paySimplex nunca foi alvo de qualquer queixa relacionada com fraude.
Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.