Desde o inicio do ano de 2020 que a doença Covid-19 entrou na agenda mediática. E mesmo anos depois, e com um peso substancialmente menor no quotidiano das populações, o vírus continua a ser tema, e subsequentemente alvo de teorias da conspiração e fake news.
Desta feita, surgiu uma confusa publicação no Facebook, que dá conta de que o Fórum Económico Mundial pediu aos Governos para criarem de campos de concentração para refugiados que “questionem a narrativa” oficial de combate à pandemia. Não é completamente claro aquilo a que o autor desta publicação — que, aliás, não foi o único a partilhar este conteúdo — se refere. Ainda assim, a ideia passa pela criação de uma área de prisão para quem conteste as medidas restritivas de combate à pandemia.
A publicação nas redes sociais remete para um artigo do site “El Contacto”, que tem uma coletânea de textos de rigor duvidoso, imprecisos e que propagam desinformação relacionados com a pandemia e não só. Ao clicarmos neste link, encontramos de imediato um problema de base. O título é na verdade a única menção ao Fórum Económico Mundial. Não há nenhuma outra referência ao organismo. Ou seja, o artigo não está relacionado com o título do mesmo.
Em seguida, são apresentadas algumas ideias sobre os alegados riscos das vacinas contra a Covid-19: “Os dados mostram que, todos os anos, cada pessoa vacinada tem maior probabilidade de morrer, a uma taxa de sete por cento, por dose, por ano”, pode ler-se. Este tipo de declarações já foi várias vezes desmentida pelo Observador.
Fact Check. As vacinas contra a Covid-19 são inseguras e não foram devidamente testadas?
O artigo no “El Contacto” refere depois uma lei aplicada em Nova Iorque, que é apresentada no texto como uma medida que “força humanos a entrar em quarentena contra a sua vontade e que tem a capacidade de os colocar em campos de quarentena, também conhecidos como campos de concentração”.
Esta foi, na realidade, uma lei aplicada em março de 2020, para controlar os contágios provocados pelo novo coronavírus. A medida estabeleceu um protocolo de isolamento e quarentena para controlar a doença, e permitia que esse período de quarentena fosse realizado em alojamentos temporários. A lei foi suspensa em julho de 2022.
Não há, como se percebe, qualquer referência à criação de “campos de concentração”, nem sequer ao Fórum Económico Mundial. E se for feita uma pesquisa pela Internet, não encontramos também qualquer sugestão por parte do organismo para a criação de tal mecanismo de combate à pandemia.
Conclusão
Não é verdade que o Fórum Económico Mundial tenha defendido a criação de “campos de concentração” para quem conteste as medidas de combate à pandemia. O próprio artigo que “sustenta” esta afirmação não contém qualquer referência ao organismo. Tudo não passa de desinformação alarmista, em que o titulo nada tem a ver com o conteúdo do artigo.
Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.