Várias publicações alegam que uma fotografia que está a circular nas redes sociais mostra um leilão de uma menina cristã realizado pelo Estado Islâmico. A imagem mostra uma menina a chorar e um homem sorridente a falar ao microfone.

Esta imagem começou a circular em 2015 e voltou a ser partilhada no início do mês de maio. Mas a AFP árabe alega que a fotografia foi retirada de um vídeo de uma competição organizada pelo Estado Islâmico que consistia em recitar citações do Alcorão em Aleppo, na Síria.

O homem na fotografia aparece em outros vídeos que mostram essa atividade realizada no bairro de Al-Sakhour, em 2013. A AFP aponta também que estava disponível um vídeo em que a menina surge ao lado do homem, mas foi excluído do YouTube.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A edição em árabe da agência de notícias francesa descrevia o vídeo no artigo, para explicar que o momento captado na fotografia em análise é quando a menina percebe que perdeu a competição.

O mesmo membro do Estado Islâmico aparece noutro vídeo onde explica a atividade que a organização está a realizar na cidade de Aleppo.

Ainda assim, é importante destacar que já foi documentado por várias organizações que o Estado Islâmico escraviza mulheres e meninas. À Human Rights Watch mulheres da minoria Yezidi, do Iraque, descreveram ser “convertidas À força ao Islão, escravizadas sexualmente, compradas e vendidas em mercados de escravos”. A organização não-governamental de direitos humanos entrevistou sobreviventes e fala mesmo num “sistema organizado de violação, abuso sexual, escravidão sexual e casamento forçado da resposabilidade das forças do Estado Islâmico”.

Em julho de 2020 a Amnistia Internacional publicou um relatório de 57 páginas em que relatava as dificuldades de quase 2 mil crianças que tinham regressado às famílias depois de terem sido “raptadas, torturadas, forçadas a combater, violadas e sujeitos a várias violações de direitos humanos por parte do Estado Islâmico”. A organização de defesa dos direitos humanos aponta também para uma “política de violação sistemática e de escravidão sexual” levada a cabo pelo Estado Islâmico.

Conclusão

Não há nenhuma evidência que indique que a imagem em análise neste artigo seja do momento em que uma menina é leiloada. De acordo com vários meios de comunicação social, o momento captado na fotografia — e que é parte de um vídeo que já não está disponível no Youtube — mostra uma iniciativa para cantar partes do livro sagrado dos muçulmanos, o Alcorão.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

IFCN Badge