São três fotografias a sépia. Em todas, salta à vista o tamanho do pescoço de algumas pessoas nas imagens. Aliás, em duas delas, o pescoço de três homens até são tão longos que os tornam mais altos que as casas que se vê ao fundo da imagem.

Em várias publicações nas redes sociais, estão a ser divulgadas estas fotografias, juntamente com uma descrição que aponta que estas “imagens” foram descobertas há pouco tempo e são de 1860. “Revelam a verdade por trás das famílias com os pescoços mais longos do mundo.”

Muitas destas publicações têm origem no portal cncnews ou fancy 4 news, que se apresentam como jornais. “Esta prova rara, que oferece um vislumbre de um mundo há muito esquecido, finalmente revelou o segredo do traço físico extraordinário que fascinou os cientistas e o público durante gerações”, lê-se na suposta notícia.

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Entre três fotografias, há uma que de facto corresponde à verdade: a do canto superior direito. Foi tirada em 1912 pelo fotógrafo Alfred J. Smith e publicada no livro Cenas de Todas as Terras pela National Geographic. Na descrição que acompanha a foto, lê-se que aquelas mulheres são originárias de uma tribo da “Alta Birmânia”, a que corresponde hoje o centro e sul do Myanmar. “As mulheres nesta parte do mundo aspiram ter um pescoço longo. Desde crianças, as mulheres usam aros apertados no pescoço para isso.”

Porém, as restantes duas fotografias não correspondem à verdade, muito por conta do tamanho dos pescoços. Segundo explica a Encyclopedia Britannica, os pescoços destas mulheres da tribo do Myanmar figuram entre os maiores do mundo, chegando perto dos 40 centímetros. É completamente impossível, como se nota na imagem à esquerda e na imagem no canto direito, que haja pescoços que tornem as pessoas maiores do que casas.

Assim sendo, as duas fotografias em que os homens têm um pescoço extraordinariamente grandes foram, muito provavelmente, geradas por inteligência artificial, como, de resto, provam os detetores para esse efeito, como o Sightengine.

Conclusão

Nas três fotografias apresentadas como retratando as “famílias com os maiores pescoços do mundo” na década de 60 no século XIX, apenas uma corresponde a duas mulheres com aquela parte do corpo muito maior do que o normal. As restantes duas fotos não são verdadeiras, tendo sido muito provavelmente geradas através de inteligência artificial.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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