A publicação em análise partilha a imagem de um tweet de um antigo ministro brasileiro da Educação do governo de Jair Bolsonaro, Abraham Weintraub, que fala no “fim da liberdade” e partilha cabeçalhos de dois sites de notícias que avançam que a Fundação Bill Gates criou uma “tatuagem secreta” que revela se alguém foi vacinado.
Um dos responsáveis pelo estudo, Kevin McHugh, explica ao MIT News que esta tecnologia poderia permitir uma “rápida deteção do histórico de vacinação de cada paciente” em locais onde os boletins ou comprovativos de vacinas “são muitas vezes perdidos ou não existem de todo. E onde as bases de dados eletrónicas não existem”. Ou seja, o MIT afirma que com esta tecnologia os pacientes teriam sempre consigo a informação sobre que vacinas já tomaram, e assim seria possível salvar vidas em regiões onde os registos físicos ou digitais não estão disponíveis.
Como funciona?
A “quantum dot dye” permanece na pele durante pelo menos cinco anos e pode vir a ser detetada por um smartphone. Mas a forma como as vacinas são administradas teria de mudar. Isto porque esta tecnologia não é compatível com uma seringa de agulha única — para administrar o fármaco e a “tatuagem”, seria preciso recorrer a um adesivo de microagulhas.
A “dye” — tinta, em português — a que se refere o nome desta tecnologia trata-se, na verdade, de nanocristais, invisíveis a olho nu, que podem ser administrados a par com as vacinas e que assim permitem que o histórico de vacinação do paciente não seja perdido, é o que esclarece o Massachussetts Institute of Technology News. Ana Jaklenec, outra das investigadoras responsáveis pela estudo, adianta ainda que ficou confirmado que “incorporar a vacina com os nanocristais não afeta a eficácia do medicamento”.
Conclusão
É verdade que a fundação do fundador da Microsoft financiou a investigação que levou à “quantum dot dye”, mas não a criou. Esta tecnologia serve para guardar informação médica sob a superfície da pele. Ainda assim, está apenas em fase experimental e “não está a ser utilizada atualmente — o que inclui a vacinação contra a Covid-19”, diz o MIT.
Aliás, de acordo com o Massachusets Institute of Technology, a equipa de investigadores que criou a “quantum dot dye” está há vários anos a desenvolver um método para registar a informação da vacinação de forma a que não seja necessária uma base de dados. O instituto destaca que “muitas vacinas, como do sarampo e rubéola requerem que as doses sejam administradas em intervalos de tempo específicos” o que sem registos, não é possível.
Ao contrário daquilo que sugere a publicação em análise, o método que está a ser estudado não pretende servir para diminuir a “liberdade” da população — serve, na verdade, como uma garantia de que as vacinas administradas em países com maiores dificuldades de registo oficial de atos clínicos cumprem as regras de segurança, uma forma de promover o acesso a cuidados de saúde seguros.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ENGANADOR
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.