Inúmeros vídeos nas redes sociais mostram Greta Thunberg, a jovem ativista ambiental sueca, numa entrevista a um canal de televisão britânico. No vídeo que dura aproximadamente um minuto, a jovem apela ao uso de granadas vegan, tanques sustentáveis e a caças elétricos capazes de transportar mísseis biodegradáveis.
Contudo, o vídeo é falso. Embora pareça que Greta Thunberg está a dizer aquelas palavras, e que a voz seja idêntica à sua, o vídeo foi gerado com recurso a inteligência artificial. Este tipo de adulteração em vídeo, que coloca pessoas a dizer coisas que não foram ditas ou em situações em que nunca estiveram, tem um nome: deepfake.
“Se queremos continuar a batalhar, como humanos com consciência ambiental, temos que fazer a mudança para tanques e armamento sustentável“, começa por ouvir-se Greta Thunberg dizer no vídeo. No minuto e meio que se segue, a jovem ativista, embalada pela causa ambiental, apela ainda a mais “novidades” no panorama do armamento. “Há novos conceitos de caças que funcionam a bateria, e que conseguem transportar muitos mais mísseis. Mísseis biodegradáveis, claro“, continua. Mas o destaque das partilhas que se encontram nas redes sociais é noutra suposta declaração de Greta: “Muito importante: se usas granadas de mão, por favor, usa granadas vegan. Elas têm um autocolante especial. Não as pode evitar qualquer mercado de armas, ou onde quer que as compres”.
A entrevista em causa foi divulgada pelo canal televisivo britânico BBC, durante um programa chamado “The One Show”. O vídeo original, que pode ser visto no Youtube, foi publicado em novembro do ano passado. Na entrevista, Greta Thunberg fala sobre o início da sua jornada como ativista e sobre o conceito de ansiedade ambiental.
Outro pormenor diferente entre os dois vídeos é o nome do livro que Greta Thunberg está a apresentar na entrevista. No vídeo manipulado, é possível ouvir a jovem a afirmar que o seu novo livro se chama “Vegan Wars”, “Guerra Vegan” em inglês. Na realidade, o livro apresentado pela ativista chama-se “The Climate Book” e foi lançado em outubro do ano passado, dias antes de a entrevista ter acontecido.
Comparando os dois vídeos, é possível notar que, no vídeo adulterado, quando a jovem fala, existem alguns momentos em que a expressão labial não condiz com o que está a ser dito. A qualidade do vídeo também foi reduzida drasticamente, muito possivelmente na tentativa de disfarçar alguns defeitos da montagem.
Na maioria dos vídeos manipulados que se podem encontrar nas redes sociais, é possível identificar a origem. O vídeo adulterado é da autoria de um canal de comédia alemão chamado Snicklick, que na própria página de Facebook assume o slogan: “Deepfakes para esquerdistas.”
Conclusão
Um vídeo de Greta Thunberg, numa entrevista ao “The One Show” da BBC, tornou-se viral nas redes sociais com a jovem ativista sueca a incentivar o recurso a novos materiais de armamento para tornar as guerras mais ambientais. Granadas vegan, tanques biosustentáveis e misséis biodegradáveis são alguns dos itens que a ativista sueca recomenda para o combate, de forma a não prejudicar o planeta. Contudo, o vídeo é falso. Trata-se de um deepfake, um vídeo gerado com recurso a inteligência artificial que manipula declarações, conseguindo colocar alguém a dizer de forma exímia algo que nunca disse ou num lugar onde nunca esteve.
Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.