Chamaram-lhe “ressonância magnética do amor” nas primeiras partilhas feitas em inglês e, à primeira vista, parece representar exatamente isso. A imagem que agora se tornou viral acompanhada por um texto em português mostra uma mãe a beijar o filho bebé e a reação, representada a laranja, que esse ato desencadeia no cérebro de cada um. Contudo, essa informação não é verdadeira.

Publicação alega que manchas mostram a atividade cerebral.

O exame, geralmente feito para detetar problemas de saúde, pertence a Rebbeca Saxe e ao seu filho. É de 2015. Ela, professora de neurociência cognitiva e uma das responsáveis pelo Departamento do Cérebro e das Ciências Cognitivas do MIT (Instituto de Tecnologia do Massachusetts), deitou-se com o filho dentro do túnel onde são feitas as ressonâncias e ficou imóvel durante vários minutos, enquanto o bebé dormia, para que a imagem fosse captada de forma perfeita. “Não foi feito com o propósito de obter um diagnóstico, nem sequer para a ciência. Ninguém, que eu saiba, tinha alguma vez feito uma ressonância magnética de uma mãe e de um filho. Fizemos esta porque queríamos ver [essa representação]”, explicou Saxe à “Smithsonian Magazine”.

A fotografia original não tem qualquer mancha colorida

A foto original não tem nada destacado a laranja. O que aconteceu mais tarde foi que Rebbeca Saxe lhe juntou informações de outro estudo e foi essa imagem alterada que se tornou viral nas redes sociais. Os dados acrescentados pertenciam a uma ressonância magnética funcional (ou fMRI, uma técnica não invasiva que recolhe e mede a atividade do cérebro durante determinadas condições) que comparava a atividade produzida no cérebro de crianças quando lhes eram mostrados diferentes tipos de imagens — neste caso, paisagens e caras.

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“A dado momento pensámos: não seria giro sobrepor essa ativação (do nosso estudo científico a a reagir a uma série de imagens de caras) a esta imagem? Foi o que fizemos”, contou a neurocientista no Twitter em setembro de 2019.

“As respostas são resultados reais da ressonância magnética funcional, de respostas hemodinâmicas ao ver caras, comparadas com cenas [naturais]. São realmente daquele bebé”, clarificou Rebecca Saxe antes de desfazer o mito da “ressonância magnética do amor”. “Não têm nada a ver com oxitocina, hormonas, beijos ou amamentação”, garantiu.

Conclusão

Ressonância magnética é de uma mãe a beijar o filho mas as partes destacadas a laranja não correspondem à reação que esse ato provoca. A imagem que se tornou viral é uma segunda versão e incorpora dados de um estudo que analisou a atividade no cérebro daquele bebé quando lhe eram apresentadas fotos de caras.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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