Uma fotografia partilhada no Facebook mostra um passeio no bairro de Campo de Ourique, em Lisboa, onde foram recentemente instalados pilaretes que impossibilitam a passagem de peões. Numa das publicações em que a imagem figura, que aqui reproduzimos, um utilizador comenta: “Mais uma idiotice de um iluminado”. A imagem é verdadeira e foi captada há pouco tempo, mas o utilizador faz uma acusação — em que sugere que a colocação de pilaretes resulta de um erro humano ou de mau cálculo — que torna a publicação enganadora, por a situação estar contada de forma incompleta e descontextualizada.

Contactada pelo Observador, a Junta de Freguesia de Campo de Ourique confirmou que se trata de facto de uma zona desse bairro, “mais exatamente na Rua Saraiva de Carvalho, no troço entre os números 64A e 104, junto ao muro do Cemitério Inglês”, e explicou que o passeio em causa não se destina à circulação pedonal, pois não tem largura suficiente para os peões circularem em segurança. Foi, aliás, com o objetivo de alargar os passeios na rua, porque os “existentes não apresentavam largura de circulação adequada” (tinham menos de 50 centímetros de largura), que se realizou a intervenção, que ainda decorre, no âmbito da qual foram colocados os pilaretes.

A publicação que mostra os pilaretes no estreito “passeio” em Campo de Ourique, em Lisboa

“Estas dimensões faziam com que em ambos os lados da rua o peão se visse obrigado a circular por diversas vezes na faixa de rodagem, visto a largura dos passeios não permitir quer o cruzamento de duas pessoas, quer a circulação de peões com crianças pela mão ou com carrinhos de bebé (…), precipitando uma situação que colocava obviamente em risco a segurança do peão”, afirmou a Junta de Freguesia numa resposta que fez chegar ao Observador põe email.

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Uma vez que não era possível alargar a rua, optou-se por aumentar “de forma muito significativa” um dos lados, o do números pares, onde existem portas de acesso a edifícios, “eliminando o corredor pedonal do lado oposto”, onde apenas existe o muro do Cemitério Inglês. “Assim, a intervenção permite assegurar uma largura mínima de 1,70 m no seu ponto menos favorável, chegando a ser superior a 3 m em zonas de maior dimensão. Em suma: permite aos peões cruzar em segurança e evita os conflitos de circulação anteriores”, sintetizou a Junta de Freguesia.

Relativamente à zona que surge na fotografia, a Junta de Freguesia de Campo de Ourique explicou que houve “a necessidade de manter parte do lancil e calçada, ainda que com uma largura muito reduzida (em alguns pontos apenas lancil)”. Esta, como já referido, não se destina à circulação pedonal, mas a “proteger a projeção do muro para a faixa de rodagem (encontra-se ligeiramente abaulado), evitando que os veículos viessem a circular demasiado perto do mesmo”, a “assegurar a geometria correta da rodovia” e a “fazer transição entre materiais”. Já os pilaretes foram colocados “com vista a evitar o estacionamento abusivo à esquerda que não só impossibilitaria a circulação automóvel como as manobras de acesso às garagens no lado oposto da rua”.

A Junta de Freguesia garante que, uma vez terminada a intervenção, “o peão terá um caminho de circulação continuo e delimitado por passadeiras (para fazer a travessia para o lado com largura adequada) absolutamente seguro e adequado à mobilidade de todos, incluindo cadeiras de rodas ou carrinhos de bebé, com pisos confortáveis e sem desníveis perigosos ou imprevisíveis”.

Conclusão

A zona que surge na fotografia que circula nas redes sociais, referente ao “troço entre os números 64A e 104, junto ao muro do Cemitério Inglês”, na Rua Saraiva de Carvalho, em Campo de Ourique, em Lisboa, não se destina à circulação de peões, não tendo largura suficiente para estes circularem em segurança. Tem sim por objetivo “proteger a projeção do muro para a faixa de rodagem (encontra-se ligeiramente abaulado), evitando que os veículos viessem a circular demasiado perto do mesmo” e a “assegurar a geometria correta da rodovia”. Os pilaretes foram colocados durante uma intervenção recente (que ainda decorre), para evitar o “estacionamento abusivo”. Isto significa que se trata de um planeamento adequado e não de um erro humano ou de falta de atenção da autarquia, como a publicação sugere. ,

Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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