Uma publicação — partilhada no Facebook e que critica duramente o confinamento, o uso de máscaras e as vacinas contra a Covid-19 — alega que as máscaras (que foram de uso obrigatório durante grande parte do período da pandemia) “nunca poderiam proteger de um vírus 100 vezes mais pequeno que uma molécula de oxigénio”. Mas será que o SARS-CoV-2 é assim tão pequeno?

O autor do post começa por se insurgir contra os tratamentos usados nos hospitais na fase inicial da pandemia, quando ainda não existiam terapêuticas direcionadas para os casos graves de Covid-19. “O protocolo ventiladores e remdesivir matou pessoas nos hospitais e chamaram-lhe ‘morte covid'”, refere-se. De seguida, o autor escreve que “o distanciamento e os confinamentos não tinham base científica” e, por fim, surge o ataque às vacinas, que, sublinha, “não salvaram vidas”.

“As vacinas destroem o vosso sistema imunitário e por isso é que não passam 3 meses sem terem uma gripe ou uma reação adversa, por isso continua o excesso de mortalidade e os hospitais cheios. As vacinas não impediam a transmissibilidade e as crianças não transmitiam aos adultos. O perigo de teres uma miocardite ou pericardite é real e deves fazer análises com regularidade”, conclui.

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O texto acompanha um vídeo em inglês (do procurador geral do Kansas, Kris Kobach, um conhecido crítico das vacinas contra a Covid-19), em que este responsável estadual norte-americano fala sobre os alegados efeitos adversos da vacina da Pfizer em grávidas e dos efeitos adversos que essa mesma vacina terá a nível cardiovascular.

Mas se a maior parte das alegações do post são recorrentes nas redes sociais, a frase sobre o tamanho do vírus SARS-CoV-2 é mais rara. Será este vírus de facto muito mais pequeno que uma molécula de oxigénio e, portanto, impossível de reter pelas máscaras? A resposta é não.

O SARS-CoV-2 mede 120 nanómetros (qualquer coisa como 1/8300 partes de um milímetro), segundo um documento do Instituto de Biociências da Faculdade de São Paulo. Parece muito pequeno, mas, comparado com o oxigénio, não é.

De acordo com o site especializado Science Daily, uma molécula de oxigénio mede apenas 0,3 nanómetros, ou seja, é 400 vezes mais pequena do que o SARS-CoV-2.

Conclusão

Não é verdade que as máscaras sejam ineficazes na proteção contra a infeção por SARS-CoV-2 devido ao tamanho anormalmente pequeno deste vírus. Aliás, e ao contrário do que alega a publicação do Facebook em análise, o SARS-CoV-2 é muito maior que uma molécula de oxigénio.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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