Uma publicação no Facebook alega que “um médico na Alemanha fez 40 autópsias” a quem tomou a “sopinha” (expressão usada pelo autor em várias outras publicações do perfil para se referir à vacina contra a Covid-19, para que aquela rede social não sinalize os posts). De acordo com o mesmo texto, “metade” dessas pessoas autopsiadas terão morrido como consequência da toma da vacina, “como era de prever”, sublinha o mesmo autor. Mas será mesmo assim?

O artigo citado pelo autor do post descreve que Peter Schirmacher, patologista alemão e chefe da unidade de Patologia da Universidade de Heidelberg, pede mais autópsias às pessoas que foram vacinadas contra a Covid-19, mas o próprio nunca garante que “metade” das autópsias que realizou provam que foi a vacina a matar essas pessoas.

É o próprio médico a assegurar que a vacinação é parte essencial do combate ao vírus, apesar de considerar que alguns efeitos secundários das vacinas estão a matar mais pessoas do que se pensa. Isto porque, diz Schirmacher, os médicos não estabelecem ligação com a vacina quando se dá o óbito.

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O médico legista pede, por isso, uma investigação sobre os efeitos secundários graves e raros da vacinação, como é o caso dos coágulos, tromboses ou até o desenvolvimento de doenças autoimunes. Fá-lo porque participou num estudo que envolveu 40 pessoas que morreram duas semanas após tomarem a vacina contra a Covid-19, e estima que entre 30 e 40% desses pacientes tenham morrido devido aos efeitos secundários da vacina.

Na verdade, é muito difícil comprovar uma ligação direta entre os dois fenómenos — vacinação e morte. Daí que o próprio médico só possa presumir essa ligação, e daí também que peça mais investigação sobre o tema. Problemas como as tromboses, coágulos ou doenças autoimunes (aqueles que são apontados por Schirmacher como prova de que as vacinas estão a matar mais do que se pressupõe) podem surgir por um grande número de outras razões que não o fármaco. Mas o médico não acredita que se trate apenas de uma coincidência temporal com a administração da vacina contra a Covid-19. Do lado dele está a Associação Nacional de Patologistas na Alemanha, órgão que já vem, de resto, pedindo às autoridades daquele país mais investigação sobre as mortes que podem ser consequência da toma da vacina contra o novo coronavírus. Apesar disso, o organismo não avança com números sobre o quanto o fenómeno pode estar a ser subestimado, como faz Schirmacher.

Depois das declarações polémicas, as autoridades de saúde não tardaram em desmentir o médico. O Instituto Paul Ehrlich, agência do medicamento do Ministério da Saúde Alemão, garante que os perigos da vacinação não estão a ser subestimados. As reações graves – que incluem a morte – são obrigatoriamente notificadas às autoridades. Explicamos como neste artigo.

Conclusão

O médico não afirma que “metade” das autópsias feitas a 40 vacinados concluem que a causa da morte foi a vacina contra a Covid-19. Na verdade, é impossível estabelecer essa ligação de forma direta. Peter Schirmacher apenas presume que as mortes como consequência da vacina são subestimadas, e de entre uma pequena amostra de 40 pessoas — sobre o qual não são revelados dados demográficos, que permitam perceber a predisposição para outras comorbilidades –, conclui sem base científica sólida que 30 a 40% morreram por fenómenos que são apontados como efeitos secundários raros da toma das vacinas. Além disso, Agência do Medicamento da Alemanha desmente o patologista.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

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