Uma publicação atribuída ao ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, está a ser difundida nas redes sociais, alegando que o governante se recusou a atribuir verbas federais para as habituais celebrações do Carnaval, da Marcha Gay ou da Marcha para Jesus. “Não destinaremos recursos financeiros. (…) Cada qual que faça com o seu próprio dinheiro. O dinheiro do povo vai para a saúde, educação, (…)”, pode ler-se na montagem acompanhada de uma fotografia do ministro.

Este conteúdo já terá sido difundido em 2018 e voltou a ser este mês amplamente partilhado nas redes sociais, a poucos meses do Carnaval, festejado no final de fevereiro. Contudo, não existem dados que comprovem que, de facto, o ministro brasileiro proferiu tal afirmação.

Citado pela imprensa brasileira, o gabinete de Paulo Guedes nega a veracidade do conteúdo que está a ser difundido sobre a alegada rejeição de atribuir verbas públicas a celebrações do Carnaval. “Estas informações não procedem”, assegura, numa resposta enviada por e-mail, a assessoria de imprensa do Ministério da Economia do Brasil. Além desse desmentido, uma rápida pesquisa nos motores de busca faz concluir que não existem quaisquer registos, notícias ou entrevistas que abordem as declarações em causa proferidas pelo governante brasileiro. Mas, afinal, de onde podem vir os recursos para a realização das celebrações de Carnaval no Brasil?

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De acordo com os órgãos de comunicação social brasileiros, essas verbas, para celebrações como o Carnaval ou a Marcha Gay, podem ter várias origens — mas não podem ser desembolsadas pelo Ministério da Economia. As organizações dessas festividades podem receber fundos através de cofres estaduais e municipais, patrocínios de iniciativa privada, recursos provenientes do Ministério do Turismo do Brasil ou através do Ministério da Cultura — através da Lei Rouanet, promulgada em 1991 e que se assume como o principal mecanismo de incentivo à cultura no país.

Por exemplo, no caso da Marcha Gay, a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transsexuais e Intersexos), citada pela imprensa brasileira, recebe verbas geralmente de iniciativa privada ou através de financiamentos coletivos. Quanto à Marcha da Maconha, como sugere a publicação em análise, não recebe dinheiros federais, mas sim financiamentos coletivos. E a Marcha para Jesus já terá obtido financiamento proveniente de dinheiros municipais, mas nunca de recursos do governo federal brasileiro.

Conclusão

Apesar de estar a circular uma publicação que atribui ao ministro da Economia do Brasil declarações em que alegadamente rejeita distribuir verbas federais para a celebração do Carnaval, da Marcha Gay ou da Marcha para Jesus, o ministro Paulo Guedes não é responsável por tais palavras. Uma rápida pesquisa demonstra que não existem entrevistas ou notícias que liguem essa declaração ao governante brasileiro.

O próprio gabinete do ministro Paulo Guedes desmentiu essa publicação, que já terá sido partilhada noutros anos nas redes sociais. A imagem, que associa as declarações à imagem do ministro brasileiro da Economia, voltou a ser difundida pela internet, mas não tem veracidade. Não é verdade que Paulo Guedes tenha afirmado que iria cortar recursos financeiros destinados às celebrações de Carnaval, até porque essas festividades não vivem desse tipo de dinheiros do governo federal.

Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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