Um utilizador de Facebook partilha uma notícia que afirma que “milhões de crianças em todo o mundo vacinadas com a vacina mRNA Covid da Pfizer desenvolveram a imunodeficiência adquirida (VAIDS)”. A notícia cita “um relatório governamental chocante”. A informação é falsa. O presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública acredita que estes casos não existem. Quanto ao termo “VAIDS”, Gustavo Tato Borges explica ao Observador que “não é uma doença real”.
A publicação tornou-se viral nas últimas semanas, não só em Portugal, mas também noutros países. Neste caso, o utilizador de Facebook afirma que “as multinacionais não visam a cura, mas o lucro”.
O site em questão, “Tribuna Nacional”, descreve-se como “uma publicação de notícias internacionais e nacionais, comprometida em cobrir as manchetes das quais os principais meios de comunicação evitam” [sic].
A suposta notícia cita um estudo da revista científica Frontiers. O estudo em causa foi publicado no dia 25 de agosto de 2023. Em momento algum o estudo indica que “milhões de crianças” desenvolveram esta síndrome depois de serem vacinadas contra a Covid-19.
O que se conclui é que “a vacinação com BNT162b2 em crianças altera as respostas de citocinas a estimulantes heterólogos, especialmente um mês depois da vacinação”. Logo aí, percebemos que a informação contida na publicação de Facebook está errada.
Ao Observador, o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública também desmente.
VAIDS é um termo que não tem correspondência no léxico da saúde e não existe nenhuma síndrome de imunodeficiência adquirida associada às vacinas. Aliás, tal seria um contrassenso, uma vez que as vacinas servem para fortalecer e não atacar o nosso sistema imunitário”, começa por explicar Gustavo Tato Borges.
O médico de Saúde Pública explica que, caso a “VAIDS” fosse real, “já teria que ter sido identificada, porque a ciência já identificou e foi capaz de estudar variadíssimas doenças, nas últimas décadas, que eram desconhecidas ou incompreendidas”. Gustavo Tato Borges afirma que “se existisse alguma condição pós-vacinal que causasse uma imunodeficiência, esse grave problema teria sido identificado, estudado e combatido”.
Quanto às vacinas contra a Covid-19, Tato Borges garante que não foi registado, em momento algum, tal efeito adverso. “Assim, a VAIDS não é uma doença real”, conclui.
Quanto aos supostos casos de “imunodeficiência adquirida”, o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública acredita que não existem.
Dentro do que é meu conhecimento e na ausência de um alerta pelas entidades de saúde internacionais (algo que deveria acontecer se fosse real, porque seria um efeito adverso gravíssimo), diria que ou não existem ou têm outra razão explicativa mais lógica e concreta que deve ser estudada e elucidada”, explica, em resposta ao Observador.
O que existe, sim, é o vírus da imunodeficiência humana (VIH) que pode causar o síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA). “O vírus ataca e destrói o sistema imunitário do nosso organismo, isto é, destrói os mecanismos de defesa que nos protegem de doenças”, lê-se no site da Direção-Geral da Saúde.
Conclusão
Circulam publicações nas redes sociais que citam uma notícia que diz que, “em todo o mundo, milhões de crianças desenvolveram a imunodeficiência adquirida (VAIDS)”. Ou seja, um síndrome após a vacinação contra a Covid-19.
A informação é falsa. O presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública acredita que estes casos não existem. Quanto ao termo “VAIDS”, Gustavo Tato Borges explica ao Observador que “não é uma doença real”.
Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.