A tecnologia 5G tem sido dos temas mais ligados à pandemia de Covid-19, desde que o novo coronavírus surgiu. Só que desta vez, a história é diferente: um vídeo garante que no Canadá não existem telefones com 5G. Ou seja, trata-se de uma fraude. “Isto é um golpe, o governo está a usar a torres 5G para outra coisa”, refere o utilizador que partilhou o vídeo.

Publicação viral alega que existe uma fraude com a rede 5G no Canadá.

Olhando para o que é dito no vídeo, percebe-se que a intenção do autor, que se apresenta como técnico de telemóveis, é demonstrar que a tecnologia não existe nos telemóveis Samsung. “É um esquema de marketing”, refere, alegando que a empresa vende aqueles aparelhos prometendo algo que não existe: o 5G. Mais nenhuma informação é dada além da sua opinião e do aparelho que mostra. Mas será verdade?

“Em primeiro lugar, e logo à partida não se consegue perceber se houve ou não uma manipulação do dispositivo antes da gravação do vídeo publicado. Por isso, a Samsung não está em posição de assumir a veracidade do conteúdo. No mesmo é impercetível saber que modelo está a ser utilizado para confirmar a presença do suposto chipset 5G ou mesmo se este modelo suporta 5G.” É assim que a Samsung Portugal responde ao Observador, após ter analisado as imagens da publicação original. Ou seja, não se pode confiar em absoluto no que estamos a ver porque, mais uma vez, faltam dados.

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Só que, logo de seguida, a empresa tecnológica afirmou “muito claramente”, que todos os seus equipamentos vendidos como 5G, têm essa tecnologia. “Todos os nossos dispositivos vendidos como tal, estão preparados para ter 5G assim que existirem redes disponíveis e o processo de certificação com os operadores locais estiver concluído”, refere.

Há também outro aspeto importante a reter, partilhado pela Samsung: é que, tal como referido, a rede 5G ainda tem de ser ativada por software. Ou seja, depende sempre da região em que o telemóvel esteja a operar, até porque, neste momento, a Samsung tem disponíveis duas tecnologias de 5G, que têm bandas suportadas diferentes. “Todos os modelos 5G têm 5G de hardware dedicado, mas em relação ao software, depende da região”.

Por outro lado, o vídeo já tinha sido verificado anteriormente pelo Lead Stories num fact-check de 4 de junho deste ano. A publicação garante que os telemóveis em questão — Samsung Galaxy S20 Plus e Samsung Galaxy S20 FE — têm a capacidade para trabalhar com 5G. Os telemóveis foram identificados através da ferramenta de identificação de imagens, Google Images.

No entanto, alguns modelos no Canadá não possuem “uma antena milimétrica de ondas” (e não um chip, tal como garantido pelo vídeo) que só são usadas, por vezes, nos Estados Unidos da América. Ou seja, e em linha com o que foi garantido ao Observador pela Samsung em Portugal, nem todas as redes 5G funcionam através da mesma frequência de banda.

Convém dizer, por último, que a rede 5G já está disponível no Canadá desde 2020. A cobertura ainda não é total mas já teve início. Para isso, basta fazer uma pesquisa sobre o assunto para se encontrar logo resultados imediatos com a promoção de vários pacotes mensais para possíveis utilizadores daquela rede.

Conclusão

A publicação viral que alega que a rede 5G no Canadá “é uma fraude” peca por dar informações credíveis sobre a alegação que faz. Ainda assim, já foi anteriormente verificada, sendo considerada como falsa. Os telemóveis em questão, que são da marca Samsung, podem trabalhar com a tecnologia 5G mas nem todos os modelos vendidos do Canadá possuem uma pequena antena (e não um chip, tal como é alegado no vídeo viral). Já a representante da marca em Portugal garante que, mesmo com a falta de informação disponível, só os primeiros modelos 5G incluíam um chipset 5G dedicado.  E mesmo que o dispositivo tecnológico em questão suporte aquela rede, pode não ter o software ativado enquanto a rede não for validada.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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