Findas as celebrações de boas-vindas a 2024, está na hora de pensar seriamente naquilo que se coloca nos nossos horizontes. 2023 foi um ano de muitos desafios que colocou a nu muito dos problemas que o nosso país ainda enfrenta e enfrentará, se não conseguirmos puxar o travão de mão e mudarmos de rumo rapidamente.
Um ano onde várias urgências fecharam e onde milhares de portugueses viram o seu direito fundamental à Saúde retirado, ou então à distância de dezenas de horas de espera, onde grávidas quase perderam os seus bebés porque tiveram de fazer muitos mais quilómetros do que era suposto ou aceite como razoável.
Um ano onde o futuro foi colocado em causa novamente, onde várias gerações ficaram sem aulas, onde os professores foram para a rua a pedir melhores condições e onde uma vez mais foram ignorados. Onde os resultados dos testes PISA mostram algo que os mais atentos já suspeitavam há muito: a qualidade do ensino baixa e, quando se tenta melhorar um bocadinho, as propostas são chumbadas na Assembleia da República.
Um ano onde pessoas começaram a viver em tendas, porque não há habitação e a que há está demasiado cara e inacessível aos bolsos do típico português. Um ano onde pessoas tiveram que escolher viver num carro, na rua ou ter dinheiro para comer…
Um ano onde se colocaram alarmes nos produtos alimentares nos supermercados, porque os rendimentos não esticam – mas a fome também não para – e onde tivemos de impedir que as pessoas roubassem, para comer.
Um ano onde o mundo foi marcado por duas guerras sangrentas e, em vez de nos preocuparmos com quem realmente sofre e na efetiva resolução ou mitigação dos (complexos) problemas, gastámos a nossa preocupação em juízos de valor que não se materializaram em nenhuma ação em concreto.
Um ano onde a classe política, seja isso o que for, continuou a dar provas que não é digna da confiança dos portugueses, onde a corrupção ativa e passiva encheu os telejornais, onde cai um governo por suspeitas de roubar dinheiro àqueles que os elegeram. Onde atores políticos se demitem por não terem legitimidade política para continuarem e, passados alguns meses, surgem como salvadores da pátria como se não tivessem culpa alguma no estado em que o país está.
Parece um cenário de um país de terceiro mundo, mas é Portugal, meus caros!
Os tempos que correm merecem o nosso olhar sagaz. Queremos um ano de 2024 igual a 2023? Queremos que, no ano em que se celebram os 50 anos do 25 de Abril de 1974, sejam eleitos corruptos ou extremistas? No 25 de novembro, há 49 anos, lutou-se para não termos radicais encostados à esquerda no poder…e este ano vamos permitir que isso aconteça? A geringonça não causou problemas suficientes? Mas esperem: foi ela que nos salvou do Passos… salvou-nos daquilo que nos salvou de irmos à bancarrota. E por muito estranho que nos pareça, as políticas da mesma quase nos colocaram lá novamente. Não tenham memória curta em relação à esquerda.
Mas peço-vos também para terem cuidado com os populismos, porque entre dizer aquilo que queremos ouvir e fazer aquilo que precisamos que seja feito, há um fosso gigante no meio.
Por isso, reitero a pergunta, este foi o país que tivemos, que temos, mas será que é o país que queremos? Ou queremos um país que dê melhores condições aos nossos avós, que merecem um fim de vida melhor do que aqueles míseros 400€ que recebem permitem e quando querem ir ao médico esperam horas e horas a fio. Os nossos filhos não merecem ter creches gratuitas, mas de preferência com vagas, e quando chegarem a escola terem professores e poderem realmente aprender coisas úteis na sua vida? E por fim, não queremos que os nossos filhos tenham a possibilidade de escolher se querem ou não fazer a sua vida em Portugal e não serem obrigados a emigrar para terem oportunidade de terem uma vida digna. Não queremos todos ter a possibilidade de respirar melhor quando olhamos para a carteira no final do mês? Não queremos todos nós um Portugal que seja para todos?
A minha resposta é sim, se a vossa também é, no novo ano cortem com vícios antigos e com caminhos que só nos trouxeram ruína e desgraça, escolham a mudança, escolham Portugal.