Face às exigências de isolamento dos últimos anos, a digitalização do ensino médico permitiu colmatar a resposta às necessidades educativas das Faculdades de Medicina e, assim, catalisar a equidade da acessibilidade do ensino dos estudantes independentemente da sua localização geográfica. Deste feito, a estrutura educacional tradicional de ensino adaptou-se às necessidades da sociedade. E não tendo sido apenas nas faculdades que se assistiu à digitalização. O teletrabalho, como exemplo, expandiu-se e permitiu abrir portas a um modelo híbrido que catalisou a produção face às entraves da pandemia.

Com a atual crise do SNS questiona-se: “Qual será o próximo passo para a evolução do SNS dados os desafios atuais?”. Atualmente, o modelo centralizado de Saúde persiste, onde hospitais de menor dimensão carecem de recursos na atratividade formativa tanto para os internos como para especialistas, prevalecendo a prática empírica, dada a necessidade de recursos humanos, face ao investimento de tempo no conhecimento médico-científico, como a dedicação em projetos de investigação. Sabe-se que a Medicina requer multidisciplinaridade e partilha de conhecimento dos desafios clínicos, sendo o pilar da construção de uma Medicina coesa e sensata. Então, indaga-se:

1. Se existe a necessidade de interligação de conhecimento, porque é que o SNS mantém o modelo centralizado e desagregado adoptado desde 1979?”

2. E se o acesso à divulgação científica de grandes centros hospitalares for partilhada com unidades hospitalares e de Cuidados de Saúde Primários das áreas abrangidas?

3. Será que a interligação de informação não poderá despoletar um incremento da qualidade da Medicina em todo o país?

A resposta a estes desafios é complexa e multifatorial. No entanto, a solução necessitará de ser flexível e interligada aos atuais desafios, passando pela Digital Health. O acesso de mais informação, como de ofertas científicas em formato digital permitiria incluir qualquer instituição de Saúde e assim agilizar tanto a formação médica e consequente qualidade da Medicina praticada como a gestão hospitalar pela articulação harmoniosa entre as diversas especialidades.

Porventura, não se pode descurar a preocupação da classe médica face à desumanização da prática clínica associada à informatização. Acima de tudo, a Digital Health deve ser complementar e integradora para o doente vulnerável, permitindo um incremento das soluções dos diversos quadros clínicos mantendo premente a empatia do médico integrado no contexto do doente.

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