«Esta semana fez-se serviço público: versou-se sobre a Saúde e o recurso abusivo,  planeado e organizado ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) por estrangeiros no  programa “Linha da Frente” da Rádio e Televisão Portuguesa (RTP). A irreflexão e a falta  de produção de dados concretos e atualizados sobre como a procura por cuidados de  saúde no SNS por estrageiros não residentes em Portugal, que recorrem às nossas  maternidades e às nossas urgências sem número de utente, sem capacidade de  comunicação através da língua portuguesa, sem informação clínica referente a  antecedentes pessoais, medicação prévia ou alergias, contribui para a falta de segurança  da prática médica, cria insustentabilidade económico-financeira do SNS e quebra os  contratos de justiça social e fiscal consagrados na sociedade portuguesa.

A insustentabilidade do sistema de saúde público português gera-se pela procura  de cuidados da parte de pessoas sem acesso a cuidados preventivos de saúde e sem  vigilância de doença, que aumentam a concentração de patologia nos hospitais públicos  e, por consequência, a despesa pública. A carência de informação clínica prévia e o  recurso a diferentes instituições de saúde promove a duplicação da realização de  exames complementares de diagnóstico, e o desconhecimento da status basal de saúde  do doente, o que põe em causa o raciocínio clínico para a marcha diagnóstica e  terapêutica, com consequências para os melhores cuidados de saúde prestados ao  doente. O financiamento do SNS advém dos impostos dos contribuintes, da tributação  daqueles cujo trabalho gera criação de riqueza para o país. A falta de contribuição dos  não residentes, que se socorrem nos nossos serviços hospitalares de forma passageira,  com acesso a cuidados caros, põe em causa o balanço entra a oferta e a procura,  podendo deixar à margem cidadãos por falta de recursos diagnósticos e terapêuticos, já  esgotados. Infringe-se a justiça social e fiscal, na medida em que o cidadão português se  vê na necessidade de recorrer à cobertura dupla de saúde, através de subsistemas e  seguros de saúde, para que possa usufruir do acesso aos cuidados de saúde.

Os hospitais também são confrontados com constrangimentos culturais, temas  de Desigualdade de Género e Direitos das Mulheres, uma vez que se observam mulheres  que, fruto da religião ou crenças, não podem ser observadas por profissionais homens,  e são acompanhadas por maridos ou tradutores, raras vezes falam português ou inglês,  ficando essa função a cargo do homem que as escolta, tirando proveito da falta de  investimento na educação da Mulher. Se há deturpação na comunicação médica doente, fica a dúvida que nem o google translator consegue eliminar completamente, e  a incapacidade para gerar Igualdade.

O tema da vinda a Portugal para usufruto exclusivo de cuidados de saúde não  pode ser confundido com o uso de cuidados de saúde por parte de população imigrante,  nem com os processos morosos de legalização. O controlo transfronteiriço e a Imigração  têm de suscitar debate público e originar políticas públicas, que não se circunscrevam a  argumentos da extrema-direita. Têm, sim, de ser um tema dos centristas moderados,  de forma que a Imigração seja estruturada, dignificando os Imigrantes, dando-lhes direitos e deveres sociais, protegendo-os do tráfico humano, violência e racismo. Os  Ministérios da Saúde, Negócios Estrangeiros, Trabalho, solidariedade e Segurança Social  têm de enfrentar estes desafios em conjunto. A empatia é estrutural na sociedade, o  problema ocorre quando o abuso impossibilita a capacidade de generosidade e origina  discriminação.

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