Assisti a uma grande parte dos curtos debates e a parte de algumas longas conversas entre comentadores e tenho imensa pena que o tema principal seja quem se coligará com quem, ou quem viabilizará o governo minoritário que quem, ou que pontuação tiveram os intervenientes nos debates.
Não compreendo a ausência de debate sobre o que realmente interessa, os temas são abordados pela rama e o que mais se discute é o cenário pós-eleitoral.
Será que ainda ninguém percebeu que interessa bem mais aos Portugueses que se discutam os reais problemas que vivemos e principalmente as propostas que cada um tem para os resolver ou atenuar?
Assistimos a promessas avulsas e a um vazio de soluções que nos inspirem confiança na resolução de muitos dos problemas que há para solucionar e depois admiram-se dos números da abstenção e do crescimento do voto de protesto.
A título de exemplo, sinto-me defraudado ao ver que os candidatos resumem o problema dos idosos à promessa do aumento de pensões. E o resto?
Não ouvi ninguém preocupado com o abandono dos mais velhos que em muitos casos até impacta na pressão sobre os hospitais do SNS, tendo em conta que muitos se mantêm internados sem necessidade clínica, mas apenas porque estão abandonados.
Não ouvi qualquer medida que proponha soluções para as famílias que não têm forma de acolher e/ou sustentar os mais velhos, quando todos sabemos que há falta de lares em Portugal.
Felizmente, a longevidade da vida das pessoas tem sido crescente e esse facto implica medidas estruturais que permitam melhorar a qualidade de vida das pessoas com mais idade e esse é um problema estrutural que tem sido ignorado por todos!
Outro exemplo que me deixa incrédulo, foi ainda não ter visto ninguém fazer qualquer referência às pessoas portadoras de deficiência e/ou mobilidade reduzida. Como se sentirão essas pessoas e respetivas famílias?
Há tanto trabalho a fazer na inclusão das pessoas com deficiência, seja na educação, na vida profissional ou na vida social e nem uma palavra!
Há imensos Pais que vivem com dificuldades para poderem proporcionar a melhor qualidade de vida possível aos seus filhos portadores de deficiência, não têm resposta adequada na aquisição de equipamentos, no custo de tratamentos e terapias ou em muitos casos na necessidade de um dos cônjuges ser forçado a deixar de trabalhar para cuidar do seu filho ou filha. Obviamente que referi o exemplo acima, mas também serve para outro tipo de grau familiar.
É importante procurar-se soluções para estas famílias, não só financeiras, mas também soluções que lhes permitam ter uma vida pessoal e profissional, por terem uma desejável opção para “deixar” os seus familiares bem entregues e bem cuidados.
E relativamente às pessoas com mobilidade reduzida, alguma palavra? Zero!
Temos muitas barreiras arquitetónicas, nomeadamente em edifícios públicos, mas temos ainda maiores barreiras culturais. É imperativo combater todas as barreiras e o Estado deve estar na linha da frente desse combate.
Havia mais a dizer, mas penso ter demonstrado com alguma clareza a incompreensível exclusão do que é importante nos debates políticos, independentemente dos protagonistas.